sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

OS TERRATENENTES DO BRASIL (06): IDENTIDADE MOURISCA

OS NATURAIS DA AMÉRICA

Os naturais, que os invasores pejorativamente denominaram “negros da terra” era um novo elemento que precisaria ser incorporado e ser “adestrado” aos interesses da posse local e que forçosamente faria parte nesta teia histórica, de uma urdidura complexa, fazendo parte da miscigenação com os elementos aportados no Brasil.

O modelo e o sentido de vida para os primeiros habitantes da América lusa era outro e diferente do europeu, sendo a terra aliada a sua auto-suficiência em um processo integrado à natureza da “Terra sem Mal” sem os cercamentos de posse. Este encontro trágico para os autóctones criaram-se matizes diferenciados com este elemento desconhecido e que por um erro histórico do Ocidente convencionou-se denominá-los como habitantes das Índias, portanto denominados índios, falha jamais alterada pela historiografia.
Como fatores determinantes apresentados por cada lado, do dominado e do dominante, houve novo modelo de condição transformadora com outras possibilidades desconhecidas que alteraria e deformaria a gênese da Pindorama, que seria rebatizado por Brasil.

O negro da África nortista, já estava presente na cultura Ibérica, na transposição mourisca, de cor acobreada, proveniente da mestiçagem entre árabes e africanos, o mouro da Mauritânia com sarracenos dos desertos, vindos através de um nomadismo da Síria e Arábia.
Mouriscos eram todos aqueles que deslocavam em caravanas provenientes da Arábia, África e Península Ibérica. Uma nova caravana foi iniciada em direção ao “deserto do mar” e será responsável pelo “ACHAMENTO” de uma nova e surpreendente civilização, algo que não tinha nada haver com a “superioridade” do eurocêntrico.

Os primeiros ibéricos eram de castas das fimbrias da Europa, sendo uma mistura somada de recessivos genéticos e valores ligados a ocupação de vários povos bárbaros empurrados constantemente para a ponta do final do império romano, que constituíram os íberos, formação esta que não predominava a origem do “sangue azul” das dinastias continuístas da Europa. De tudo isto resultou a uma latinidade mestiça, sem “pureza romana” latina, impregnada em cada elemento rude que já havia sido formado por variantes genéticas por casamentos compondo misturas originadas por outro modelo transformador nos vernáculos e costumes[1] existentes ao longo do domínio romanos.

Estas etapas determinadas como evolução estavam impregnada de adaptações e ajustamentos às novas condições apresentadas, numa negação do vencido em favor do modelo do vencedor. Este é um campo fértil de análise e de possibilidades investigativas na busca da identidade formadora da América, como modelo distinto entre Castela e Leão e o reino de Portugal, mas mesmo representando impérios distintos ambos eram dominantes e interessados em apoderarem do serviço do exclusivo mercantilista europeu[2], domínio anteriormente exercido por genoveses e florentinos, e que a partir do século dezesseis será fortemente exercido por ibéricos e sua mestiçagem.

Todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios supliciados. Como descendentes de escravos e de senhores de escravos seremos sempre marcados pelo exercício da brutalidade sobre aqueles homens, mulheres e crianças. Esta é a mais terrível de nossas heranças. Mas nossa crescente indignação contra esta herança maldita nos dará forças para, amanhã, conter os possessos e criar aqui, neste país, uma sociedade solidária.
[1] Videiras e oliveiras, únicas alternativas de intercâmbios de rotas comerciais forjaram costumes macerados nos lagares dos vinhos e azeites europeus, considerados primordiais na alimentação européia.
[2] Vide “Convergencia y Especificidad de Los Valores de América Latina y El Caribe”, In Avaliação Questão 1,Tópico “Submissões”

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