sábado, 26 de dezembro de 2009

OS TERRATENENTES DO BRASIL (02): NOVOS BÁRBAROS

OS BÁRBAROS CHEGAM À AMÉRICA

A Herança do Brasil faz parte de uma estrutura do sofrimento dos povos perseguidos, que em um momento na história, os ibéricos passaram de perseguidos da Europa a condição de algoz de povos da América, pilhando-os como butim de guerra, produto de roubo daquilo que fazia parte de outro modelo e a não aceitação do outro.
Quando assumiram serem donos das terras do continente, dividiram os primeiros latifúndios através das capitânias do lado português. Não houve um interesse imediato pela posse, mas quando perderam possessões nos caminhos das Índias, começara os “novos bárbaros ibéricos” a incentivar os cativos a cultivar a terra e dela extrair a riqueza necessária para sustento da ganância da Metrópole.

O produto de grande valia era o açúcar que recebia nos portos da Europa elevados lucros. Portugal e Espanha intensificaram aprisionar nativos para trabalharem para El-Rey. Do lado espanhol conseguiram pela força da conquista militar, algum sucesso por haver entre os povos a mitra, um trabalho servil usado no vasto território inca, mas os nativos do lado das “terras baixas”, como eram chamadas as localidades do Brasil, não estavam neste estágio de consentirem serem aprisionados e servir um senhor desconhecido.

Os nativos eram nômades nunca havendo sedentarismo porque viviam em deslocamentos constantes, e não formavam vínculo de permanência de posse local. Certas localidades tinham um valor sagrado onde lembravam os antepassados que um dia passaram a formar aquela nação. Os portugueses prearam nativos penetrando em território espanhol, invadiram terras além de suas fronteiras no afã de descobrirem riquezas extraídas das minas, e que fazia a Espanha uma das mais ricas nações com a prata de Potosi, na atual Bolívia. Não tendo o sucesso da Espanha, e sendo um país relativamente de poucos braços para fomentar a empreitada expansionista, assumiu a Metrópole como exclusivo metropolitano a aquisição de africanos aprisionados por guerras internas entre etnias locais ou através dos árabes que vendiam escravos africanos como cativos de guerra aos portugueses.

Deste modo as levas de mão de obra escrava das costas litorâneas de África adentraram no Brasil para fazer parte de uma estrutura de desenvolvimento precário e arcaico. Evidente que o ponto mais próximo com a Europa era Pernambuco com cabotagem em Fernão de Noronha, de onde se comandava o fluxo econômico tanto da mão de obra escrava quanto o açúcar, produto valiosíssimo da época. Há de se dizer que do lado espanhol no continente americano do sul, pouca mão de obra escrava africana foi empregada, preferindo-se aprisionar os nativos e obrigá-los a trabalhos forçados através da mitra, e somente nas ilhas Caribe houve um fluxo considerável de mão de obra escrava vinda da África para trabalhar em canaviais dos “senhores de engenho”.

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