sábado, 26 de dezembro de 2009

OS TERRATENENTES DO BRASIL (01): OS LATIFUNDIÁRIOS DA AMÉRICA

A FORMAÇÃO ÉTNICA DA PENÍNSULA IBÉRICA

Parece existir certo modelo de influências que não perdem o visgo em manter certos privilégios e quanto possível mantê-los vitalícios, mesmo quando o titular já não faça parte dos vivos. O que há de admirar-se são os privilégios decorrentes que sobrevivem ao longo do tempo, mesmo quando não cabem mais títulos de nobreza eles subsistem no mundo contemporâneo, considerado excelência de modernidade as transformações ocorridas pelos séculos afora.

O Brasil e sem dúvida exemplo claro do que mais tarde iriam resultar os filhos dos conquistadores nascidos nas Colônias, mazombos, que antes se haviam misturados na Península Ibérica com vários outros povos constituídos de fugitivos acuados pelo poderio do Império Romano, que na fuga adentraram-se por inúmeros marcos divisórios de fronteira numa desenfreada corrida para o mais extremo da Europa, formando deste modo Espanha e Portugal. A Península Ibérica era o último reduto dos fugitivos acuados, um retalho de grupos amontoados em povoados para formar uma resistência tenaz e manter a vida.

Algumas outras “turbas” em movimento pela Europa enfrentaram os poderosos guerreiros romanos, detentores do arsenal moderno de guerra da época. Eram os Godos, visigodos e suevos que ousaram furar este bloqueio militar e uniram-se aos montanheses locais, resultando uma rudeza identificadora que marcou a tenacidade deste local ainda pouco explorado. Mais tarde entravam pela África, pelo ponto mais próximo do Marrocos, com o Estrito de Gibraltar, árabes acostumados em viver com o mínimo necessário para a subsistência, homens do deserto, rudez no trato, ávidos pela conquista penetraram na Europa ao sentido contrário das primeiras levas que somente deslocavam-se dentro do continente europeu, fincaram outro modelo de identidade que não o habitual conhecido através do modelo romano.
Evidentemente que estes ingredientes foram fundidos num grande cadinho com todos os povos, misturando-se entre si formando uma “amálgama de povos” que no todo não apresentavam mais nem uma e nem outra identidade das características originais, mas outra formação resultante de uma fusão que não houve como interpretar o resultado deste novo subproduto e que forjou o modelo étnico da Península Ibérica.
Neste subproduto estavam presentes as características do meio, a localidade geográfica, determinante causa pela vontade de conseguir a todo custo manter o essencial que é lutar para a preservação da espécie. Um povo que era uma mistura de tudo quanto se cruzou pela Europa e o continente africano com a presença árabe constituiu deste modo, a “ponta” da Europa, a Península Ibérica, formada por fugitivos na última condição de manter-se sem serem atirados ao mar. Conseguiram-se suplantar as adversidades e sair rumo ao Mar Mediterrâneo e aventurar-se como último recurso em mares nunca dantes navegados, que na época assim se pensava ser o Atlântico completado pelas aventuras do Pacífico em busca do mercantil.

Estava aberta a fronteira das conquistas ultramarinas, de um povo forjado a ferro e fogo, embrutecido, atarracado a terra, única riqueza mensurável de então e de onde extraíam o sustento, iriam tornar-se navegantes e fincar bandeira em nome da cruz, e em nome dela martirizar povos ainda desconhecidos, em terras ainda não exploradas, que num primeiro contato assumiriam a estratégia do pacificador até conhecer as fraquezas dos nativos, e a partir deste momento fazê-los escravos, ou como sentença última se necessário exterminá-los e assumir a posse local.

Estes homens sem preparo no trato de relações entre pensamentos contrários ao europeu promoveram as maiores barbáries contra os povos locais, atrocidades de extermínio, carnificina em nome do poder, em troca ganharam as honras do rei com paga de bons serviços prestados em guerras justas, foram agraciados como “terratenentes”, os primeiros latifundiários da América.

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