sexta-feira, 26 de julho de 2024

Os 200 Anos da Chegada dos Alemães em São Leopoldo, RS, e a Casa da Real da Feitoria do Linho­-Cânhamo: 25 de Julho de 1824

A Colônia de Portugal no Sul do Brasil

No Município de São Leopoldo, no Vale do Rio dos Sinos, RS, havia a casa sede de uma feitoria, conhecida como “Casa da Feitoria” onde funcionou a Real Feitoria do Linho- Cânhamo desde 1788, até o fim de março de 1824, onde, depois, foram instalados os primeiros imigrantes vindos da Alemanha.



A Real Feitoria do Linho-­Cânhamo foi estabelecida pelo Governo português e tinha como objetivo principal incentivar o plantio do linho-­cânhamo evitando à importação do “linho de riga” dos países bálticos. Este empreendimento econômico utilizava mão-de-obra escrava que trabalhava na plantação do linho- cânhamo para a produção de cordas para os navios à vela, sendo que o escoamento da produção era realizado pelo Rio dos Sinos, São Leopoldo, até Porto Alegre, constituindo-se como forma de primeira economia da região.

Não há registro de doação de terras antes de 1765, ou seja, os açorianos não tinham a posse da terra. Incentivados pela política colonialista da época, em 1822 nove casais de açorianos que deveriam instalar-se em Santa Catarina, preferiram o Rio Grande do Sul e foram encaminhados para a Real Feitoria do Linho-Cânhamo, que sua sede originalmente era uma casa de taipa de pilão.

De Casa da Feitoria à Casa do Imigrante Alemão

A Cada da Feitoria originalmente de taipa foi reformada e se tornou a Casa do Imigrante, no modelo "enxaimel", casa com as características germânicas em estilo bavário, que simbolizou a imigração alemã, onde foram abrigadas as primeiras famílias de alemães recém-chegadas da Alemanha ocidental, Hamburgo, sendo a maioria da região de Hunsrück, mas também da região da Saxônia, Würtemberg e Saxe­Coburgo, até que se fizessem seus assentamentos.

(Enxaimel: Construção em peças de madeira unidas por encaixes, sem pregos ou parafusos, formando uma estrutura em treliça. Os vãos entre as madeiras são preenchidos por tijolos, taipa ou outros materiais.)





O primeiro grupo de imigrantes chegou à margem direita do Rio dos Sinos, onde está hoje a Praça do Imigrante, formado por 39 pessoas, no dia 25 de julho de 1824, data de aniversário da fundação do Município de São Leopoldo.

O desenvolvimento da colônia de São Leopoldo do século 19, ocorreu com a produção e manufatura agregando valores da produção agrícola, caracterizando- se pela expansão e consolidação do comércio dos excedentes entre os imigrantes alemães da capital e províncias vizinhas, através da navegação fluvial no processo de desenvolvimento econômico­-social da colônia de São Leopoldo, tornando-se o principal meio de transporte, tanto para passageiros quanto para todo escoamento da produção que foi transformando a economia. Aos poucos alguns agricultores começaram a desempenhar seus ofícios que praticavam na Alemanha, e apareceram os alfaiates, serralheiros, pedreiros, ferreiros, tamanqueiros, sapateiros e tantas outras foram se adaptando aos poucos.

A Casa da Feitoria e do Imigrante tornou-se Museu















Hoje a Casa da Feitoria transformada em Casa do Imigrante tem em seu acervo utensílios da história da antiga Colônia de São Leopoldo e suas famílias, inclusive lápides históricas familiares dos primeiros colonos estão no cemitério municipal que está quase à frente da casa no outro lado da Avenida Feitoria, em São Leopoldo. As antigas lápides compõem o museu da casa, além de carros de boi e equipamentos agrícolas.


*Nota: 
Com a intensidade de chuvas que ocorreram no sul do Brasil, nestes anos, colapsou-se as estruturas da Casa do Imigrante, na Avenida Feitoria, de grande importância histórica não só para São Leopoldo, mas para o Brasil, onde se instalaram os primeiros colonos imigrantes alemães em 1824. A Casa do Imigrante é administrada pelo Museu Visconde de São Leopoldo, tendo sido acionada a Secretaria de Cultura que avisou ao Instituto de Patrimônio Histórico do Estado para reconstrução deste patrimônio.




O Monumento ao Centenário da Imigração Alemã está localizado na Praça do Imigrante, à margem do Rio dos Sinos. Foi construído em 1924, em comemoração ao centenário da imigração.

 

 

                

Referências:

 

RAMOS,  Eloísa  Helena  Capovilla  da Luz.Entre a Doçura e a Brutalidade:a construção da imagem açoriana no Rio Grande do Sul. IN: Estudos Leopoldenses.Série História, vol. 1, nº 1, 1997


http://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_da_Feitoria


https://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_Hist%C3%B3rico_Visconde_de_S%C3%A3o_Leopoldo

https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2019/03/05/casa-do-imigrante-desaba-em-sao-leopoldo.ghtml

Fotos tiradas quando em pesquisa histórica sobre colonização alemã em São Leopoldo/RS, em 2007

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Jorge Fares o “Turco Bochófilo*” Santamarense e as Terras Rurais do Bairro Jardim São Luiz/SP

O BAIRRO JARDIM SÃO LUIZ TEM A RUA JORGE FARES, MAS POR QUÊ?

Jorge Fares de turco não tinha nada, nasceu na cidade de Beirute, Capital do Líbano, no ano de 1888. Ele era libanês, mas todo passaporte anterior a primeira guerra mundial (1914-1918) tinha o passaporte chancelado pelo Império Austro-Húngaro, que determinava o que se colocava em documentos oficiais.

Em 1903 imigrou para o Brasil com destino a São Paulo, onde foi residir com seu irmão Kalil Fares (1878-1941), na Vila autônoma de Santo Amaro, em São Paulo.

Casou-se pela primeira vez, em 1909, com Benedita Antônia Mariano, nascida em 1890, filha de Jacinto Antonio Mariano e Emília Antonia da Conceição. Com o falecimento de sua esposa promoveu segundas núpcias em 1915, com Maria do Carmo Pires de Oliveira, santamarense nascida em 1897, filha de Amador Pires de Oliveira e Joana Maria das Dores Oliveira.

 Como muitos do Oriente, iniciou-se no comércio, onde distinguiu-se pela presteza e honestidade, e foi conquistando aos poucos a estima e o respeito do santamarense, tornando-se um comerciante bem-sucedido que soube aplicar seus recursos financeiros em terras pelas imediações de Santo Amaro.

Jorge Fares tornou-se proprietário de 48 alqueires de terras no bairro Jardim São Luiz, que era considerada área rural e regularizada pelo INCRA. A gleba abrangia desde a Rua 7, hoje rua Adauto Batista Lima (onde por algum tempo era a oficina da ENTERPA, onde se faziam manutenção embarcações de dragagem do rio Pinheiros) até o atual cemitério do Jardim São Luiz.

Também era proprietário de imóvel na Rua Aurora, atualmente registrada como Rua Rio Branco em Santo Amaro, número 1429, onde hoje há um hotel. Possuiu também o primeiro sobrado na Rua Coronel Carlos Silva Araújo. Tinha um sítio no Parque do Nabuco, na cidade Ademar e outro sítio no antigo Vila Sofia, na Rua Carlos Gomes, onde havia antena para transmissão da Rádio Tupy como prefixo BY, B8 e B9, e onde terminava a Auto Estrada Sociedade Anonima, hoje Avenida Washington Luís, idealizada por Luís Romero Sanson, o mesmo que construiu o Aeroporto de São Paulo, o Autódromo e a Cidade Satélite de Interlagos.

Jorge Fares, juntamente com seu irmão Kalil Fares e seu cunhado Júlio Vital de Andrade fundaram a empresa Calil Fares e Cia, em 1919, localizada nas proximidades da Praça Doutor Francisco Ferreira Lopes, em Santo Amaro. Em 1960 a empresa recebeu nova Razão Social, tornando-se Fares & Andrade que mais tarde Jorge Fares desliga-se do comércio assumindo o controle da empresa o senhor Júlio Vital de Andrade.

De 1924 a 1926  dirigiu o time de futebol Bandeirantes, que tinha seu campo na Chácara dos Padres, no terreno que posteriormente foi adquirido pela empresa química Squibb, em Santo Amaro, na Avenida João Dias, que por muito tempo foi denominada Circuito de Itapecerica.

Havia entre seus participantes amigos próximos de Jorge Fares, entre eles: Moupyr Monteiro, Ascendino Helfenstein, os irmãos José e Joaquim Leal Monteiro, Adão Pires de Andrade, João Hessel e João Lira.


Jorge Fares, fundou em 1954 o Clube de Bocha Santo Amaro, na rua Coronel Luiz Barroso que participou de grandes torneios federados que era organizado pela Federação Bochófila Paulista e para entrar nos certames oficiais construiu o Estádio Bochófilo, competindo em alto nível.

Nesse ano de 1954 a Associação Comercial na gestão de Carlos Sgarbi Filho conferiu a Jorge Fares juntamente com seu cunhado, medalha enaltecendo os serviços prestados ao comércio de São Paulo e como os comerciantes em atividade por longos 35 anos ativos em Santo Amaro.

Mario Zanzini (direita) foi presidente do CBSA, com seu irmão Reinaldo Zanzini- (Foto cedida por Mario Zanzini) 

Em 1957 houve o 2º Campeonato Mundial de Bochas, no Uruguai, com homenagem ao 50º aniversário de fundação da Federacion Uruguaya de Bochas e onde estaria presente a França que se sagrou campeã mundial do primeiro campeonato da modalidade. O selecionado do Brasil estaria representado por alguns integrantes de Santo Amaro. As regras estabelecidas estavam a circunferência da bochas que seriam sintéticas e teriam a medida de 12,25 centímetros, com 1,4 quilogramas de massa. As “canchas” à época tinham as dimensões de 24 metros de comprimento e 4 metros. 

Em meados de 1960 foi idealizado um triangular que foi oficializado pela Federação como “Torneio Jorge Fares”, sendo disputado entes as agremiações do E.C.BANESPA, Grêmio Unido Santo Amaro e o anfitrião Clube de Bocha Santo Amaro.

Na oportunidade em poucas palavras resumiu o que se poderia ter em Santo Amaro em incentivo ao esporte:

“Como esportista lamento somente que Santo Amaro não possua uma praça de esportes completa para atender o crescimento progressivo dos esportes Santamarenses e que até hoje os poderes públicos nada tenham feito de concreto para auxiliar esse crescimento”.

Faleceu em 1970, sem ver seu desejo ser concretizado.

Quanto a seus atos de filantropia pode-se citar a doação para a Sociedade São Vicente de Paulo do prédio onde se localizava o Clube de Bocha de Santo Amaro na avenida João Dias.



Nota:

*Bochófilo = É o nome dado ao "jogador bochas". A etimologia é evidente, une bocha (bola usada naquele jogo) com o sufixo -filo ("amigo, amador") .



Ref.

Depoimento de Carlos Samaha, sobrinho de Jorge Fares, em 8 de fevereiro de 2017

Dicionário de Ruas de São Paulo

Como um “padre português” construiu uma igreja no “fim do mundo”


Em 14 de julho de 2024, participando da missa dominical, meu pensamento vagava nas 4 paredes da Paróquia São Luiz Gonzaga. Quando entrei não reparei ao meu redor, mas depois de alguns minutos vi uma singela homenagem a quem o bairro Jardim São Luiz/SP deve reverências.

O bairro Jardim São Luiz era um jardim bruto, ainda em formação na década de 1960 quando chegou um “padre” que se precisava naquele momento para as causas Divinas, época de mudanças na igreja, de missas feitas em latim, com o padre de costas para a assembleia, que nós não entendíamos nada, mas de repente as celebrações mudaram para o português, se não éramos clássicos, ao menos entendíamos um pouquinho.

Deus em sua sabedoria ainda mandou um português legítimo da “Santa Terrinha” que fez estágio na Freguesia do Ó, para depois aguentar a “marimba” de um bairro que não tinha absolutamente nada, só mata fechada e um bocado de gente misturada de todos os cantos imagináveis.

Uma paróquia que tinha se formado recentemente, e que precisava se estabelecer em uma grande cidade e uma “arquidiocese”.

O bairro do Jardim São Luiz era o fim do mundo de tudo, tanto que nem bispo paulistano da época nunca pisou nessa terra, mandava um auxiliar uma vez a cada dia de São Nunca.

O padre português tinha que “rachar madeira” para que o Fogo do Espírito Santo baixasse no Jardim São Luiz, como ele fez em Pentecostes, afinal Deus não desampara, ele ampara, apara e corta as arestas.

A sorte era que aqui tinham homens do tipo ferro batido, eram duros como pedras e eram desses que a nova Paróquia se apegou. Se um falava que era assim, era daquele jeito mesmo e o padre novo abençoava.

Foi assim que esse padre português que vendia o almoço para comer a janta, recebia as diretrizes da igreja e conheceu um time de bispos que passaram antes de firmarem uma diocese na região. Aqui “desembarcaram” aos poucos bispos auxiliares, não os camisa 10 do time principal, amassando o barro que o povo já estava acostumado a amassar.

E desse modo, a trancos e barrancos o padre português se tornou também prefeito do bairro com reinvindicações perante o governo municipal, para fazer as melhorias necessárias de infraestrutura, que não era nenhum favor e sim obrigação de quem governa.

A paróquia era ponto de encontro na quadra de futebol de salão que enchia de gente em fins de semana, claro que o padre português esperto em sua sabedoria lusitana, só liberava a quadra para o futebol depois da missa, com os atletas presentes.

“Enfim um dia chegou ao fim” essa etapa e o padre português achou que era um engenheiro civil e chamou um bando de loucos, que não tinha nada a ver com a torcida do Corinthians, e montou o seu time, só com gente de pulso firme, afinal, derrubar qualquer um derrubaria, mas idealizar uma outra construção por fora da velha igreja já existente era coisa desafiadora.

A construção começou, escavações aqui, ali, acolá, paredes levantando conforme o dinheiro dava, comprava-se areia, faltava cimento comprava cimento faltava blocos e as missas acontecia no meio dessa confusão e entulho e um enorme buraco que hoje é o salão sob o piso da igreja propriamente dita.

Nesse salão ele guardava o seu carro, uma D-10, que arrombaram as portas improvisadas e levaram o veículo embora. Achou-se lá para as bandas do Ângela, toda “esquartejada” desmontada, deu polícia no caso e depois o padre saiu no lucro e “ganhou” uma D-20.

Quando foi a fase do reboco das paredes, o padre português foi levado para a justiça, pois o pedreiro queria cobrar mais do que o combinado, a causa foi ganha e um acerto “acertado”!

Foram anos a fio, até bancos não havia, o povo participava das missas em pé, imitando o padre, até que os Céus resolveram o problema e a organização da Gazeta deu as cadeiras de seu antigo cinema. Mas o padre português queria era que a igreja ficasse bonita, com belas portas e bancos de qualidade, demorou, mas um dia abriu-se as portas novas com bancos novos.

O padre português, quando a obra já era realidade, cismou que as paredes eram brancas demais, então veio um artista religioso e até ensinou gente daqui como fazer uma obra sacra.

Ficou tudo bonito, como o padre português queria que fosse para o povo de Deus e o Jardim São Luiz ficou famoso, vieram todos para conhecer o bairro, que agora é cobiçado pelos políticos que não vinham no fim do mundo!

O padre português não descansou um minuto até ver “tal qual Moisés a Terra Prometida”.

O padre português já estava cansado e Deus resolveu enviar outro padre com a fibra necessária para preservar a obra e para descansar na Terra o padre português, que dentro de si sabia que a missão foi comprida e cumprida, e em 15 de julho de 2022 o padre português da Ilha da Madeira, Edmundo da Mata, que tinha um molho de chaves igual a de São Pedro, foi embora dizendo a todos os jardinenses:

Inté!!!

sábado, 13 de julho de 2024

A educação dos jovens e os interesses ideológicos dos velhos

As instituições educacionais são lugares de socialização. A família tem grande importância na formação de uma criança, mas chega o momento que a criança precisa adquirir conhecimento através da escola.
Esse será o momento e o lugar onde se iniciará a relação pessoal com professores, colegas de classe e o conteúdo dos livros escolares. É nesse ambiente que serão ministradas as aulas que terão um significado inestimável, o suficiente para impactar a forma como a criança verá o mundo quando adulto.
Não é surpresa alguma dizer que é um lugar propício aos interesses do poder que pode ministrar ideologias humanas de controle e manipulação através de ideologias, por vezes impressos nos livros escolares.
Quais são essas ideologias que são introduzidas?
São aquelas de interesse político-partidárias de manipulação das massas. Essa é a pedagogia impregnada dos controladores de poder, não as que formarão homens livres de pensamento, fazendo suas próprias escolhas sem os interesses de grupos, ou de direita, ou de esquerda, ou de centro, ou de qualquer outro lado (em cima, em baixo, no canto) que se pretenda formar futuramente.
Nas escolas pode-se manipular jovens em quaisquer momentos, evitando outros modos de pensamento de transmitir conhecimento, a fim de consolidar as vontades partidárias e seu controle sobre a população e convencer os estudantes de seus interesses políticos sociais imperativos, sem a possibilidade de escolha em qual caminho pretende-se andar, ou até nenhum.
(Imagem da internet, modificada)
Depois de alguns anos de educação massificante dos princípios ideológicos, as gerações seguintes irão interpretar conforme lhes foi impregnado:
O modelo ensinado por anos, colaborando no futuro com aquele apresentado, e será um vetor de réplica daquilo que aprendeu e defenderá o sistema que conheceu, transmitido na escola!

Todas as reações:
Vânia Adami

segunda-feira, 8 de julho de 2024

O Senhor José Fernandes Tem Tem, a Paróquia São Luiz Gonzaga e o Bairro Jardim São Luiz/SP

José Fernandes Tem Tem nasceu na Cidade de Funchal, na Ilha da Madeira, em Portugal, em 1946, sendo seus pais Manuel Fernandes Tem Tem e Elisa Gomes Valente Fernandes Tem Tem.


Funchal (imagens passadas por Antonio da Mata, [antes de seu passamento] amigo do facebook)            

A Europa saia de uma guerra onde muitos estrangeiros tiveram que decidir buscar novas perspectivas de vida, mesmo com a neutralidade portuguesa eram tempos difíceis para a humanidade. 

A família Fernandes Tem Tem enfrentou longa viagem marítima de 11 dias desembarcando no Porto de Santos em 1962, juntamente com seus pais e suas irmãs Maria José Gomes Valente Tem Tem, Maria Manuela Fernandes Duarte.

Já estava em São Paulo seu patrício José Fernandes Camisa Nova, que chegou no Brasil em 1952 e já estava estabelecido no Jardim São Luiz em 1957. 

Em dezembro de 1962 José Fernandes Camisa Nova foi encontrá-los na cidade de Santos e acomodou a família Tem Tem no bairro Jardim São Luiz, , na antiga Rua 28, hoje denominada Lázaro José de Paula, onde residiram algum tempo. Mais tarde mudaram-se para a Rua 3, atual Osvaldo Pires da Silva, onde fixaram residência.

José Fernandes Tem Tem casou-se no Brasil com a senhora Maria Adelina Fernandes Tem Tem com quem constituiu família e teve os filhos Ricardo e Odete Fernandes Tem Tem.

O loteamento bairro do Jardim São Luiz estava ainda em formação, estruturado pela Companhia Paulistana de Terrenos e as reinvindicações de asfalto, energia elétrica, esgoto eram feitas junto ao poder municipal pela Sociedade Amigos de Bairro do Jardim São Luiz, fundada em 1956, que pertencia ao 30º subdistrito de Santo Amaro.


José Fernandes Tem Tem entrou no comércio em Santo Amaro, empregando-se com o senhor João Arnaldo Fernandes Camisa Nova que possuía seu comércio localizado à Rua Herculano de Freitas, número 116, hoje essa rua tem a denominação Desembargador Bandeira de Melo.

Sendo um comerciante forjado no trabalho árduo desde jovem, logo se estabeleceu por conta própria na antiga Avenida São Luiz, nº 559, hoje denominada Avenida Maria Coelho Aguiar, no Bairro Jardim São Luiz, adquirindo um bar que estava decadente nas mãos do antigo proprietário e o transformou em um recinto familiar, onde os moradores começaram a frequentar, crescendo a freguesia.




 Nessa mesma época chegava ao bairro o Padre Edmundo da Mata, outro patrício da Ilha da Madeira, que foi transferido da Freguesia do Ó em 15 de outubro de 1964, onde foi empossado como pároco, na Paróquia São Luiz Gonzaga e também responsável da Capela de Nossa Senhora da Penha, conhecida pela população simplesmente como Penhinha, e que era promovida todos os anos a festa em honra a Nossa Senhora da Penha dia 8 de setembro.

Alguns paroquianos, onde se incluía a família de seu José Fernandes Tem Tem juntamente com os vicentinos, acompanhavam o Padre Edmundo da Mata que presidia missas além da paróquia do bairro, também na Capela de Nossa Senhora da Penha, sendo o responsável de mantê-la em ordem o espanhol Constantino Felipe Dias Lopes, que residia em frente a capela do Bairro da Penhinha e mantinha a segurança e ficava com as chaves da capela. (A Capelinha de Nossa Senhora da Penha, ou simplesmente Penhinha, foi demolida em maio de 1973) 

Em 1967 seu José Fernandes Tem Tem adquiriu o Bar Esportivo, também na Avenida São Luiz, nº 452 permanecendo no estabelecimento por 11 anos.

 

Com o desenvolvimento do Jardim São Luiz que já possuía linhas de ônibus regulares da Viação São Luiz Ltda, que hoje é o Consórcio 7 do Grupo Empresarial Ruas, seu José Fernandes Tem Tem expandiu sua atividade, implantando a padaria[1] que a população ainda hoje conhece como Repolho, no bairro vizinho da Vila das Belezas.


 

José Fernandes Tem Tem participou e ainda participa ativamente em muitos eventos da Paróquia São Luiz Gonzaga, onde conjuntamente com o Padre Edmundo da Mata e na atualidade com o Padre Luciano Borges, assume a maioria dos eventos, sendo pessoa marcante nas “Festas Julhinas” da Paróquia São Luiz Gonzaga, de grande importância para a comunidade.


Seu Tem Tem e sua filha Odete, ativos colaboradores na comunidade jardinense

 

 

 

 

Notas:

Depoimento de José Fernandes Tem Tem, em julho de 2024.

Crônica sujeita a alterações , sem prévio avido.

 

 

 

 



[1] A panificação é uma atividade muito antiga. Os primeiros pães foram assados sobre pedras quentes ou debaixo de cinzas há 12 mil anos na Mesopotâmia, região onde hoje é o Iraque. Da Mesopotâmia o pão ultrapassou fronteiras chegando ao Egito, onde estima-se que há 7 mil a.C. foi assado o primeiro pão, e depois acrescido de líquido fermentado à massa do pão para torná-la leve e macia, que mudou a forma de fazer o pão. O pão chegou à Europa em 250 a.C., sendo preparado em padarias, mas, com a queda do Império Romano, elas fecharam e o pão passou a ser feito em casa.  

O Dia do Padeiro é comemorado em 8 de julho em alusão ao fato dos pães convertidos em rosas, ocorrido em Portugal, em 1333, com a rainha Santa Isabel, que se tornou santa e foi canonizada em 25 de maio de 1625 pelo papa Urbano VIII, sendo considerada a padroeira dos panificadores e padeiros.