domingo, 26 de maio de 2024

200 Anos da 1ª Imigração Alemã ao Brasil: São Leopoldo/RS-25 de Julho de 1824

 Uma terra arrasada de todos os lados, mas com um povo de fibra: Terás de volta teu Rincão...o Rio Grande do Sul!!!


PRIMEIRA COLÔNIA ALEMÃ NO BRASIL
A imigração alemã para o Brasil foi quase toda voltada para o povoamento da região sul, com o objetivo de ocupar terras ameaçadas pelos vizinhos espanhóis, de equilibrar a economia no sul do país, além da intenção de conseguir soldados para o Corpo de Estrangeiros, pois com a Proclamação da Independência, o Brasil perdeu parte de sua força militar formada por portugueses que seguiram para Portugal, assim eram necessárias providências urgentes de segurança do Brasil.
As terras do sul da América, anteriormente pertencentes à Espanha, precisavam ser militarizadas rapidamente pois as fronteiras no Prata sempre foram tensas e de conflitos, exigindo estratégias de proteção militar da fronteira do país. José Bonifácio, ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros e do representante da Província de São Pedro do Rio Grande, José Feliciano Fernandes Pinheiro, Visconde de São Leopoldo, pretendiam organizar uma linha de colônias germânicas desde Porto Alegre, precisamente na Colônia Alemã de São Leopoldo.
A imigração alemã no Brasil foi o movimento imigratório intensificado a partir do século 19 para várias regiões do Brasil. As causas deste processo podem ser encontradas nos frequentes problemas sociais que ocorriam na Europa e a farta disponibilidade de terras no Brasil.
A viagem de Hamburgo, Alemanha
O Veleiro Argus partiu de Hamburgo em 27 de julho de1823, sofrendo avarias no trajeto e parando no porto holandês de Texel para consertos. Em 10 de setembro reiniciou a viagem com uma tempestade os obrigou a parar na Ilha de Wight, também na Holanda, onde sarpou depois de 15 dias, parando por causa de um furacão no Porto de Biscaia na Espanha e depois parando em África, seguindo para a Ilha de Tenerife, de onde partiu no dia 8 de novembro para chegar no dia 7 de Janeiro de 1824 ao Rio de Janeiro, trazendo 284 pessoas, sendo 134 colonos e 150 soldados.
Um outro veleiro, Germania, capitaneado por Hans Voss e tendo como "comandante do transporte" o Ten. Ferdinand von Kiesewetter. Partiu em 9 de maio de1824 de Hamburgo até o porto de Glückstadt, no Rio Elba, de onde zarpou em 3 de junho de1824. Chegou ao Rio de Janeiro no dia 14 de setembro de 1824 trazendo 401 passageiros sendo 277 soldados e 124 colonos. A viagem foi marcada por rebeliões e desordens. O navio além de 124 colonos trazia também 277 soldados, entre eles um pequeno contingente de ex-prisioneiros saídos das prisões de Hamburgo.
As Terras da Real Feitoria do Linho Cânhamo...depois São Leopoldo
No final de 1788, as grandes estâncias foram divididas e, no Vale do Rio dos Sinos e nas terras foi feita a instalação da Real Feitoria do Linho Cânhamo. A Feitoria fora fundada, no ano de 1783, por ato do vice-rei Marquês de Lavradio. A Real Feitoria foi instalada no denominado Rincão do Canguçu na Serra do Tapes, no atual município de Pelotas . Em 1788, esse empreendimento, da Coroa portuguesa, foi transferido para as margens do Rio dos Sinos, local à época denominado de Faxinal do Courita. As ações da Coroa visavam incentivar o plantio da fibra, que era a matéria-prima, necessária para a fabricação de velas e de cordas para as embarcações. Na verdade, o cultivo do linho cânhamo fazia parte de um projeto econômico, promovido pelo Estado português, a partir da administração de Pombal e, tinha o objetivo, no caso específico do linho cânhamo, de substituir o linho de Riga, que era importado dos países bálticos, e de utilizar a agricultura como forma de fixar a população na região.
Os Imigrantes alemães no Rio Grande do Sul
Georg Anton Alouysius Von Schäffer ou Jorge Anton Schäffer era um militar alemão que se tornou recrutador de militares e colonos para o Brasil, que esteva na Colônia do Brasil, no governo de Dom João VI para fazer uma pequena colônia experimental em 1818, e que após viajar à Europa, retornou ao Brasil em 1821 e foi nomeado major da Guarda Imperial, pelo imperador D. Pedro I.
Após a independência do Brasil, foi nomeado "Agent d'Affaires Politiques" para buscar soldados e colonos na Europa. Recrutar mercenários na Europa era proibido pelos países da Santa Aliança, lideradas pela Inglaterra, que haviam derrotado Napoleão em 1815. No início, seu recrutamento buscava, principalmente, soldados e poucos colonos, mas, à medida que a situação do Brasil foi estabilizando-se, o número de soldados enviados foi diminuindo e o de colonos aumentando.
Schäffer também buscava contratar pessoas de profissões que dessem uma base à comunidade, como médicos e pastores. De 1824 a 1828, o major Schäffer conseguiu trazer para o Brasil mais de seis mil pessoas, pelo menos metade eram rapazes colonos solteiros e soldados .
As pretensões do Império Brasileiro e a militarização do sul confirmaram-se com a guerra da Cisplatina, contra o Uruguai. Localizada na entrada do estuário do Rio da Prata, essa região era área estratégica, pois quem a controlava tinha grande domínio sobre a navegação em todo o rio, acesso aos rios Paraná e Paraguai, e via de transporte da prata andina.
Contratados do major Schaeffer militares do extinto exército de Napoleão eram trazidos da Alemanha, para formar o "Corpo de Tropas Estrangeiras", no Exército Brasileiro. Formaram dois batalhões de caçadores e dois de granadeiros.
Uma das expedições de colonos trazida pelo major Schaeffer, foram enviados para o Rio Grande do Sul, instalados onde hoje são as cidades de São Leopoldo, Novo Hamburgo e outras,
A imigração baseada em pequenas propriedades era composta por colonos livres deslocadas ao Sul do Brasil; tinha entre seus objetivos, povoar e militarizar a região, além de desenvolver uma agricultura voltada ao abastecimento do mercado interno.
O Governo Imperial para incentivar os imigrantes a virem para estas terras faziam promessas de que receberiam cerca de 150 Morgen , com vacas, bois e cavalos; auxílio de um franco por pessoa no primeiro ano; isenção de impostos e serviços nos primeiros dez anos; liberação do serviço militar; nacionalização imediata e liberdade de culto. De todas essas promessas, somente a liberação de terras foram cumpridas, deixando os colonos à mercê da sorte.
Um dos primeiros navios a trazer imigrantes para o Rio Grande do Sul foi o Germânia, que partiu de Hamburgo em junho de 1824. Schäffer conseguiu recrutar 277 soldados para serem incorporados ao Corpo de Estrangeiros e 124 colonos para serem enviados para a colônia de São Leopoldo, que recebeu esse nome em homenagem à Imperatriz Leopoldina.
Em 25 de julho de 1824, com 39 imigrantes alemães instalados na então desativada Real Feitoria do Linho Cânhamo, localizada à margem esquerda do Rio dos Sinos, dando início à Colônia de São Leopoldo.
A Provincia de São Pedro do Rio Grande do Sul era o destino dos imigrantes alemães no extremo sul do Brasil, em Porto Alegre, capital da Provincia.
Os colonos permaneceram em Porto Alegre por algumas semanas, sendo divididos em três grupos, levados em barcos pelo Rio dos Sinos até a aldeia Passo de Courita. O primeiro grupo partiu em 14 de maio, o outro em 22 de maio e o terceiro dois dias depois.
Quando chegaram a Aldeia Passo de Courita, os colonos foram transportados em carroças para a antiga Real Feitoria do Linho-Cânhamo, que fiavam para fabricar cordas e velas, que pela baixa produção encerrou suas atividades em 31 de março de 1824 e suas dependências foram usadas para abrigar os colonos alemães, que chegaram em 25 de maio de 1824. O acordo com o governo Imperial era lento para se obter as terras, animais e créditos. De 1824 a 1829 cerca de 3000 emigrantes alemães já estavam em Passo de Courita que cresceu rapidamente em próspera vila recebendo o nome de "Colônia Alemã de São Leopoldo" .
Os emigrantes posteriores aos primeiros colonos seguiram para as montanhas das Serras Gaúchas e em pouco tempo no Vale do Rio dos Sinos nasciam novos assentamentos como Novo Hamburgo. Bom Jardim, São José do Hortêncio, Picada do Café e Sapiranga.
A colonização alemã foi efetuada em terras baixas, seguindo o caminho dos rios. Na década de 1870, praticamente todas as terras baixas do interior do Rio Grande do Sul estavam sendo ocupadas pelos alemães, porém, as terras altas não atraíam os colonos, permanecendo desocupadas até a chegada dos italianos, em 1875.
(fotos de São Leopoldo e Porto Alegre,RS)






















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