sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Padre Edmundo da Mata da Freguesia do Ó ao Jardim São Luiz/SP em 25 de outubro de 1964

Natural da Ilha da Madeira, possessão de Portugal, Pérola do Atlântico, o menino Edmundo da Mata veio ao mundo em 15 de fevereiro de 1935, através de duas famílias portuguesas tradicionais, sendo irmão gêmeo de Feliciano da Mata.


Sua mãe, Angelina Jorge, possuía fervorosa devoção e intensa religiosidade. Seu pai, homem prático, vivia na lida diária. Deste modo o casal constituiu uma família numerosa com vários filhos: Feliciano, Helder, Lucinda, Antônio, Mafalda, Alda e Orlando.


A conturbada situação econômica da Europa, prestes a eclodir a 2ª Guerra Mundial, fez com que a família decidisse rumar ao Brasil, onde aportou em 1939, indo residir na Vila Gumercindo, em São Paulo.


Seu pai, Antônio da Mata Júnior, além da grande jornada de trabalho era homem presente em relação à família. Nas madrugadas paulistanas dirigia-se ao Mercado Municipal da Cantareira, distribuição do celeiro alimentar de São Paulo, margeado pelo Tamanduateí, e onde, o Antônio “Botinudo”, este era seu apelido, transportava hortaliças, frutas e produtos dos mais variados segmentos.


Os irmãos gêmeos trabalharam no Largo Paissandu, em frente à igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, com tabuleiro de frutas, mas ambos quase faliram o pai: comiam mais do que vendiam!


Foi enviado para o Seminário Menor Metropolitano do Imaculado Coração de Maria, em São Roque, estado de São Paulo. Começava ali a árdua caminhada de serviço religioso para servir a Deus juntamente com outros rapazes que formaram através dos anos as amizades que se eternizaram, e, registraram para sempre o “Morro do Ibaté”, em “ECHUS” inesquecíveis de lembranças memoráveis.


Padre Edmundo da Mata ordenou-se em 08 de dezembro de 1963, em Pleno Concílio Vaticano II, iniciado pelo Papa João XXIII e terminado em 1965, pelo Papa Paulo VI. O seu derradeiro aprendizado ainda seria completado no Seminário do Ipiranga, na Avenida Nazaré, preparando-se para sua longa jornada.


Sua primeira missão religiosa como sacerdote foi na Freguesia do Ó, na atual Matriz de Nossa Senhora da Expectação, local de grande entusiasmo religioso e onde ainda na atualidade se apresenta a bonita Festa do Divino.


O padre Edmundo deixou um dia de ser “óiense” para fazer parte da caipiragem “jardinense” e foi transferido para o bairro do Jardim São Luiz, lugar afastado nos arrabaldes da antiga cidade de Santo Amaro, mata fechada, verdadeira “boca de sertão”, e que aparecia nos mapas com o nome de “Coruroca”, trajeto indígena. Ainda no hodierno há resquício deste tempo no nome indígena na Rua Nova do Tuparoquera, reminiscência deste passado.


O referido bairro nasceu pelo decreto nº 3.079, em 15 de setembro de 1938, sendo o 30º subdistrito de Santo Amaro, primeiro bairro do lado oposto ao Rio Pinheiros, em relação a Santo Amaro, atrás do “Morro da Barra”, onde a historiografia registrou ter sido edificada em 1607, a primeira Usina de Ferro das Américas.

No final da década de 1950, a imagem de São Luís Gonzaga, padroeiro da juventude, vinha em procissão do Seminário da Rua Verbo Divino, na Chácara Santo Antônio, em Santo Amaro, para as capoeiras do Jardim São Luiz em um andor enfeitado.


Neste local iniciou-se o maior desafio do jovem Padre Edmundo, a partir de 25 de outubro de 1964, quando chegou, tendo ajuda de alguns fiéis, na consolidada Paróquia São Luís Gonzaga pelo Decreto de Criação de 21 de abril de 1960 por providência do arcebispo metropolitano Dom Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta. Assim unia-se a juventude e a força da gente jardinense para edificar o maior projeto comunitário, quando pouco ou nada se falavam de ações sociais.


Deste modo surgia as Associações Amigos de Bairros, para reivindicações de bem feitorias locais. Nascia para o bairro Jardim São Luiz, aquele que tomaria à frente das causas inerentes da Comunidade, somando nesta trajetória incomum de meio século de vida religiosa e atuação no bairro.


Hoje a Paróquia São Luís Gonzaga, localiza-se em local privilegiado, sobre uma área construída de aproximadamente mil e quinhentos metros quadrados. Padre Edmundo sempre esteve à frente das festas patrocinadas pela colônia portuguesa, tanto as do Continente quanto das Ilhas, sendo sempre convidado em muitas cerimônias lusitanas.


Em 2004, a Câmara Municipal de São Paulo, Palácio Anchieta, outorgou-lhe o “Titulo de Cidadão Paulistano” e em 2011 a mesma Casa, homenageava-lhe com a honraria “Salva de Prata”, por serviços prestados à comunidade jardinense.


Essa trajetória foi coroada com o reconhecimento da Igreja e Padre Edmundo foi recebido pelo Papa João Paulo II, em Roma.


Pertenceu a Venerável Irmandade de São Pedro dos Clérigos da Arquidiocese de São Paulo. Padre Edmundo da Mata e a Paróquia São Luís Gonzaga confundem-se com toda a história do bairro Jardim São Luiz, hoje tendo à frente para preservar toda essa identidade religiosa do bairro, Padre Luciano.

Fotos de parte de sua trajetória:




























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