quinta-feira, 7 de julho de 2016

O pobre, porque é pobre, pague tudo! - As mazelas antigas no Brasil

Quando o Ouro era dourado como o Sol nas Minas e não Preto e a Vila era Rica!

Hoje os jornais estampam: “Governo decide elevar impostos”! Faz-nos  retroceder  na história do Brasil e vê-se  que depois de 230 anos nada  mudou , conforme expõe Tomás Antônio Gonzaga  em Cartas Chilenas, na cidade de Vila Rica em 1786. O lugar (Brasil) é o mesmo, mas a hierarquia de larápios tem nome e sobrenome e permanece a mesma desde longa data. A história não se repete jamais, mas se assemelha muito mais!

Impostos da derrama, os quintos eram cobrados do ouro encontrado na minas. Um quinto correspondia a um imposto de 20% que se deveria pagar ao Rei de Portugal, pois o Brasil era “dependente” da Metrópole. Hoje o leão faminto da Receita Federal requer 27,5% do “contribuinte” como imposto e o Brasil é “independente”!

As “Cartas Chilenas” é uma sátira de Tomás Antônio Gonzaga, uma liderança da Inconfidência Mineira contra o poder na Colônia. São treze cartas em versos, escritas por Critilo a seu amigo Doroteu, criticando as falcatruas de Fanfarrão Minésio, governador da capitania do Chile. (LEIA-SE Brasil) Todos os nomes são fictícios sendo o verdadeiro alvo das críticas Luís da Cunha Meneses, governador de Minas Gerais de 1783 a 1788 que usava em benefício próprio o sistema de contratos, concessão feita, a um particular para que ele efetuasse a cobrança dos impostos em nome da Coroa de 3 em 3 anos. Teoricamente, os contratos deveriam ser disputados em concorrências públicas, mas, como se vê, na Vila Rica (hoje Ouro Preto) do final do século 18, os governantes corruptos “enganavam” a lei Régia para "furtar-se do bem alheio" os cofres públicos e usufruir do dinheiro da Coroa.

Uma estrofe da 8ª Cartas Chilenas mostrando as espúrias administrações do erário público dos poderosos, semelhante aos do Governo brasileiro da atualidade!


Agora, Fanfarrão, agora falo
Contigo, e só contigo. Por que causa
Ordenas que se faça uma cobrança
Tão rápida e tão forte contra aqueles
Que ao erário só devem tênues somas?
Não tens contratadores, que ao rei devem,
De mil cruzados centos e mais centos?
Uma só quinta parte, que estes dessem,
Não matava, do erário, o grande empenho?
O pobre, porque é pobre, pague tudo,
E o rico, porque é rico, vai pagando
Sem soldados à porta, com sossego!
Não era menos torpe, e mais prudente
Que os devedores todos se igualassem?
Que, sem haver respeito ao pobre ou rico,
Metessem, no erário, um tanto certo,
À proporção das somas que devessem?
Indigno, indigno chefe! Tu não buscas
O público interesse. Tu só queres
Mostrar ao sábio augusto um falso zelo,
Poupando, ao mesmo tempo, os devedores,
Os grossos devedores, que repartem
Contigo os cabedais, que são do reino.

Vide:

O QUINTO DOS INFERNOS











































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