sábado, 4 de junho de 2016

O futebol de várzea e "Seu" Quita do "Sete de Setembro": Jardim São Luiz/SP

Um legado da história jardinense

Tímido na aparência, franzino, poucas palavras de "mineirice" pura, forte nas ações. Serviu na conturbada época do Governo de Getúlio Vargas ao Exercito Brasileiro e das Terras das Alterosas seguiu o rumo da Capital Bandeirante.
Dirigiu-se com muita vontade de vencer das longínquas terras das Minas Gerais, para o Bairro do Jardim São Luiz na década de 1950, tentar a vida em São Paulo que ofertava emprego a quem quisesse e tivesse coragem de enfrentar o "batente pesado", trabalho duro, afinal, São Paulo crescia a "olhos vistos".
Garra não faltava ao senhor José da Cruz Silva, que poucos ou quase ninguém conhecia pelo nome de batismo, mas que pelo apelido de "Seu" Quita era logo reconhecido, pois carregou por longo tempo, times "do coração pela várzea" dos gramados locais, quando ainda existia o campo do Continental, na Avenida João Dias, hoje uma base do Departamento de Trânsito de São Paulo na Avenida Marginal.
"Seu" Quita montou, no ano de 1957, o primeiro time que levava o nome do bairro Jardim São Luiz e depois abdicou desse nome por uma harmonia local, pois outra agremiação vinha despontando com o mesmo nome e para evitar confusões fundou a agremiação "Sete de Setembro Futebol Clube", no dia da Independência do Brasil do ano de 1963, com as cores verde e amarelo da Pátria, com sede na atual Rua Arlindo Fraga de Oliveira, nº53, antiga Rua 21.
Foi seu primeiro presidente sempre promovendo grandes festivais de memoráveis disputas de futebol de várzea que foram marcantes na década de 1960, onde seu reduto das competições era realmente na várzea do Rio Pinheiros, no Campo do Continental, muito conhecido por todos da região, de dimensões oficiais, que quem corresse 90 minutos sairia exaurido deste campo, meio gramado e meio "careca" de terra endurecida no centro.
O campo do Continental era uma referência do futebol da zona sul. O nome do time do Continental foi extraído de um mapa estampado em maço de cigarros que ostentava esse nome em letras estilizadas muito bem desenhadas. 

Dois momentos: 50 anos depois(ao fundo mata resiste ainda)

Na Rua Itapaiúna, no início da Velha Estrada do Morumbi, têm alguns ex-jogadores remanescentes desse tempo do time Continental, como por exemplo, o Cindão da família dos Ricci, antigos donos de olaria local, onde hoje se ergue uma nova ponte sobre o Rio Pinheiros.
      PONTE ITAPAIÚNA
Nesse campo "era sempre domingo de festas", sim, no plural, pois juntavam vários times e o “Sete de Setembro” sempre tinha uma surpresa de formação no primeiro quadro, pois nesse tempo havia também o segundo quadro, o “cascudinho”, uma “molecada” nova, boa de bola, um celeiro de craques do futebol de várzea e aspirantes a vaga do time principal. 


A região era ainda com mata virgem, era um lugar lúdico para a prática esportiva (do futebol) e muitos afluíam para ver o time do Sete de Setembro sair de sua sede  e ir galhardamente perfilados em fila indiana pela Rua 1, hoje Rua Geraldo Fraga de Oliveira, entrando pela Avenida São Luiz, alterada mais tarde para Avenida Maria Coelho Aguiar, pois, depois da construção do Centro Empresarial de São Paulo, fazia-se confusão com a avenida homônima do Centro da Cidade de São Paulo.
ONTEM E HOJE



Todos seguiam a pé em Direção ao Campo do Continental, entoando hino ao "clube" atravessando a "Avenida" João Dias, naquele tempo uma rua de curvas estreitas e empoeirada, hoje há um resquício desta antiga avenida que sai do “Bairro Peinha” e vai em direção ao Terminal de ônibus, mas não tem saída para veículos, usada apenas por pedestres.
Evidente que havia toda uma estrutura bem organizada em volta do presidente Quita, por vezes vinham até os batedores da "guarda civil", com suas "motonetas" para abrir caminho nas grandes apresentações comemorativas.

No galpão dos Sgarbi, em Santo Amaro, promovia-se, por iniciativa do da diretoria do time Sete de Setembro, todos os anos, o baile era a tão esperada festa de premiação das princesas que disputavam a preferência dos craques que formavam nas fileiras do Sete de Setembro. 


Os nomes dos atletas eram conhecidos no meio futebolístico da várzea da zona sul: 
Geraldinho, Zeca, Mané, Francisco, Zé Lúcio, Germano, Toninho, Nardo, Boneca, Bitão, Zezito, Denico, Clebinho, Dico, Piraci, Natomi, Moacir, Gabriel, Paulo, Mazola, Zé Italiano, Geraldo, Valdir, Zeca, Tatu, Ailton, Baianinho, Alemão, Álvaro, Ailton, Sarapião, Ramiro, Geraldo, Helio, Zé Caiçara, Zé Baiano, Nô, Lelé, Dinho, João, Paraná, Branco, Vitamina, Nenê, Acácio, Chico Sanfoneiro, Dinho, Landinho e tantos outros que honrosamente defenderam por muito tempo as cores verde e amarelo da agremiação.
O "Seu" Quita era o festeiro e o grande preparador da alegria do futebol de várzea do Jardim São Luiz e dos arrabaldes, como se falava dos locais de bairros vizinhos. Participou na “Casa de Caridade Antonia de Oliveira”, na Rua Arlindo Fraga de Oliveira, 122, antiga Rua 21, onde residia no Jardim São Luiz e promovia o bem aos necessitados com seus irmãos de fé.


Ele era a própria alegria do futebol e em 2013, quando o Sete de Setembro Futebol Clube completaria meio século de existência, o seu grande presidente completou sua jornada de festeiro, nos deixando como legado parte de sua história enriquecendo o Bairro Jardim São Luiz.




*Aguardamos a crítica da crônica e algo além que possa acrescentar informações sobre este momento histórico daqueles que se reconhecem neste momento histórico.

1 comentário:

Unknown disse...

Meu tio foi associado do Continental em 1963. Muitas vezes quando menino assistia jogos sábado à tarde. Perto dali do campo o sr Joaquim Pedra tinha algumas vaquinhas. Mais a frente, em direção a Granja Onoda, havia o empório da D. Maria onde papai comprava na "caderneta" e pagava dia 10 do mês.