quarta-feira, 9 de março de 2016

Pessoas invisíveis para o poder e os Jogos Olímpicos

 A redefinição do espaço


1)      Urbanizar: urb conjunto de técnicas e de obras que permitem dotar uma cidade ou área de cidade de condições de infraestrutura, planejamento, organização administrativa e embelezamento conformes aos princípios do urbanismo.

2)      Cidade é todo aglomerado urbano envolvendo características sociais, econômicas e culturais em um mesmo ambiente. É um local de tomada de decisões, a cidade é poder. É da cidade que vão sair às ordens que influenciarão todo o território municipal.

Na teoria pode-se entender que o enobrecimento de um local sempre será relacionado como a expansão de um núcleo central que se movimenta para as áreas que antes possuíam pouco ou nenhum valor econômico, mas que devido ao “espaço vital” do crescimento da cidade, necessita-se agora destas áreas antes desvalorizadas.

O poder econômico e político andam de braços dados para requererem estes espaços em detrimento do impacto social, no discurso constante que a higienização da cidade com destruições de moradias construídas anteriormente por pessoas à margem do núcleo de cidade, portanto este indivíduo (de luta individual) que pouca relação tem com o espaço urbanizado, agora tem que ceder seu espaço onde viveram muitos das gerações dos seus familiares.

A redefinição do espaço provoca uma mudança brusca na cidade destes antigos moradores que estão mais a margem desta sociedade “enobrecida”[1] tendo que se deslocar pra muito mais longe, saindo deste local que lhe pertencia (nem tanto) e que agora se tornará urbano, deslocando-se para outro local suburbano, mas que um dia terá as mesmas conseqüências dessa marcha incessante da cidade e também deverá abandonar este local em nome do progresso desenfreado.
   
Há sem sombra de dúvidas um poder oculto que manipula os interesses de desenvolvimento de grandes cidades que não sabem resolver a situação dos grandes aglomerados sem recursos para alterar a física da engenharia civil local e buscam arquitetar um plano novo, buscando estudos para alterar o local através da arquitetura e nesses planos está o fator do impacto da destruição do que era para o que deve vir a ser.

Para se impor essa condição deve-se unir quem detém o poder local e o investimento daquele que se propõe aplicar recursos (geralmente capital de investimento estrangeiro) para usufruir de algum modo do lucro que advenha, no futuro, da administração destes locais. Neste ponto crucial de transformação “estupradora” destes locais estão os jogos entre nações, como copas do mundo e Olimpíadas e que alardeiam serem obras necessárias para a cidade e que o povo receberá disso o legado das infra-estruturas construídas, mesmo que para isso se concretizar provoque a “desconstrução” das vidas da população.

A ordem do poder do Estado é esconder sua incapacidade de gerar condições melhores de vida aos seus cidadãos, derrubando a miséria para ostentar uma riqueza maquiada!


Vide:
OBLITERAÇÃO, GENTRIFICAÇÃO e CONURBAÇÃO




[1] "GENTRIFICAÇÃO", uma nova fronteira de espaço urbano com mudanças que são implantadas por interesses econômicos que se deslocam em direção ao novo espaço de “crescimento” das cidades diretamente ligadas por fatores de interesses econômicos que atuam neste processo.
Há neste modelo “selvagem” uma “barbárie” através da varredura de habitações anteriores expulsando seus antigos proprietários que originaram as vilas, bairros, de pequena estrutura familiar, fimbria da sustentação do circulo e do “núcleo” (a cidade), que em movimento constante, anteriormente cercada pelo subúrbio de sustentação alimentar é seguida de outra periferia, satélite de mão de obra, o exército de reserva que se mantém a margem deste crescimento, onde não há, por parte do Estado, interesse em fomentar infraestrutura de desenvolvimento por condições mínimas de saneamento onde o poder “fabrica” a degradação para assumir no futuro, o controle do modelo pretendido pela expansão de crescimento da cidade, expulsando o “modelo anterior” por força da valorização imobiliária que reedifica o “novo modelo” pretendido nestes espaços com uma intervenção de força de controle do Estado embasado pelo poder econômico, vivendo em colóquio de interesses.

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