A diáspora dos
imigrantes italianos (2)
No ano de 1891 dos
105.839 imigrantes que vieram na custódia do governo Central (Federal) e dos
697 que adentraram por exclusividade do governo de São Paulo, havia entre eles o
grupo familiar dos Fatorelli.
Tudo converge para uma
partida marítima do Porto de Gênova, no ano de 1891, de comunas unificadas em
cidades que deram origem ao Estado Italiano, por força e mérito de Giuseppe
Garibaldi e outros abnegados que lutaram para a unificação da Itália.
Evidentemente que nestes
locais estavam repletos de diaristas que trabalhavam a terra e plantavam para
manter o sustento por jornada trabalhada em terras de grandes proprietários.
Eram tempos difíceis, não existiam mais as terras comuns onde esses
trabalhadores podiam cultivar uma determinada gleba e dela tirar seus
proventos. A Europa estava em efervescência política e existia um excedente de
mão de obra perambulando para cima e para baixo a procura de local para se
trabalhar no meio rural ou se deslocando para as cidades a procura de alguns
afazeres. Nem as ferramentas pertenciam aos agricultores e sim ao senhor que
perpetuava a vassalagem e controlava os meios de produção. A situação era
insuportável e os governantes e seus Estados unificados estavam à beira de um
colapso social, quando aparece a oferta de terras do Império do Brasil que
necessitava de mão de obra para a lavoura, mais propriamente para a produção
cafeeira.
Estava formado o que
passou a ser a “grande diáspora de
imigrantes italianos” para o Brasil, em busca de terras que pudessem
trabalhar e encontrar esperança e um pouco de felicidade.
Deste modo uma leva de 132 famílias de
imigrantes italianos partiu do Porto de Gênova, Itália, com o pouco que puderam
amealhar, provavelmente velejando no Atlântico por três semanas em terceira
classe que tinha preços módicos e possível de ser paga por famílias inteiras, chegando
ao porto de Santos no “Vapor Santa Fé” em
21 de outubro de 1891, onde estavam entre eles os Fatorelli, que na relação
fornecida estava com a grafia errada
como Fattorello. Traziam em seu bojo vontade de trabalhar onde os genitores Luigi Fatorelli, e Carolina Tedesca,
sobrenome referindo a uma possível ascendência germânica, ambos com a idade de
59 anos e que se responsabilizavam pelos filhos Rosina de 15 anos, Gaetano de 12 anos, e Virgílio(ou Vergílio) de
apenas 9 anos. Estes dados se encontram dos Arquivos do Memorial do
Imigrante, livro 029, página 057.
Eram naturais da Província de Verona, região de Vêneto.“Os vênetos “não saem com a esperança de voltar, como os do Sul. Saem se desfazendo de tudo, de seus animais e dos parcos utensílios domésticos, partem depois da colheita do trigo, no outono, entre setembro e novembro”. Adicionam assim ao escasso pecúlio obtido com a venda de seus bens, o produto de venda dos gêneros agrícolas.”(Alvim, p.35)
Eram naturais da Província de Verona, região de Vêneto.“Os vênetos “não saem com a esperança de voltar, como os do Sul. Saem se desfazendo de tudo, de seus animais e dos parcos utensílios domésticos, partem depois da colheita do trigo, no outono, entre setembro e novembro”. Adicionam assim ao escasso pecúlio obtido com a venda de seus bens, o produto de venda dos gêneros agrícolas.”(Alvim, p.35)
Houve uma adaptação local
para que os imigrantes tivessem acompanhamento médico e social na Hospedaria do
Imigrante, sito à atual Rua Visconde de
Parnaíba, 1316 - Brás, São Paulo - SP, de onde deveria seguir
para as fazendas que deveriam trabalhar na lavoura por contratos assumidos pela
Sociedade Promotora D’ Imigração de São Paulo.
Perdeu-se no meio do
caminho um dos dois “ts” do nome
Fattorelli, pois o mesmo resulta do termo “fattoria” com o significado de
fazenda, ou pessoas que estão no meio agrícola de produção, serviço braçal
mesmo.
Muitos se desenvolveram
em camadas subalternas, aquelas profissões que poucos queriam exercer ou era de
baixa remuneração ou algumas outras que já traziam no bojo da experiência da
Península e de estrito trabalho urbano entre os quais estavam os sapateiros,
cocheiros, carregadores, cavadores, pedreiros, marceneiros, ferreiros,
barbeiros, alfaiates, sapateiros. Outros enveredaram para o comércio e
constituíram grandes empresas de distribuição varejista.
Muitos não tiveram como
arcar com dívidas contraídas da viagem para o Brasil, mais precisamente em São
Paulo, e neste grupo estavam os Fatorelli(s) remanejados para as fazendas da
Comarca de São Carlos mantiveram-se presos ao sistema por dívidas contraídas de
translado. Embora muitas viagens fossem custeadas, poucos tiveram este
privilégio e tiveram que pagar com trabalho as dívidas assumidas.
COLHEITA DE CAFÉ: FOTO DE GUILHERME GAENSLY 1902-3
Vieram “rastelar” o “ouro negro” em substituição ao escravo liberto por Lei Áurea do Império, diga-se que foi o último país a dar esta condição de liberdade aos negros, uma infâmia que manchou a reputação de país “livre e independente”. Perdendo a mão de obra escrava em 1888 não restava outra alternativa se não “importar” outra mão de obra disponível em substituição àquela que estava disponível até então, onde os escravocratas descontentes com o Império fomentaram a República em 1889!
Virgílio, o filho mais
novo de Luigi, já falecido nesta época, resolveu se casar em 1909 com Maria
Italiana, uma jovem colona nascida em 1889, natural de Napoli, filha de Michele
Italiano e de Magdalena Lunarda. Irão começar vida nova em Taquaritinga e formarão uma prole de cinco filhos, a saber: Hermínia, Ernesto, Rosa, Madalena, que
atendia pelo nome carinhoso de Nena e João para ajudar na lida diária e nas
fazendas de café.
Fica a indagação: o que fez a família se deslocar de São Carlos
(denominada à época com o complemento do Pinhal) para a região de Taquaritinga, (Ribeirãozinho) pela ferrovia Araraquarense, com aproximadamente 100 quilômetros de distância?
Já havia um prenúncio da derrocada do café e buscavam-se novas culturas em
outras fazendas e isto seria o atrativo maior de deslocamento da família
Fatorelli? Quem sabe?
Edificação da Matriz de São Sebastião - 1940 Taquaritinga(crédito em pesquisa)
Em 12 de abril de 1916, nasceu Ernesto Fatorelli, que por ser o homem mais velho assume as obrigações de primogênito trabalhando com toda a família nas fazendas, que não davam a estrutura educacional suficiente para crianças e jovens, pois ensinavam somente “as primeiras letras” para “male-male”
Deste modo, depois de
algum tempo, e com muito sacrifício a família resolve vir para a capital
paulista em 1940, quando o pai Virgílio Fatorelli já havia falecido. Fixa-se
residência no terreno da Igreja São Dimas, antes denominada Nossa Senhora das
Graças, na Vila Nova Conceição, de onde começarão vida nova na cidade de São
Paulo.
Ernesto Fatorelli, depois de dez anos em São Paulo une-se ao cônjuge de origem portuguesa, Elsa Mello dos Santos e no ano de 1954 desloca-se para Santo Amaro, mais precisamente num bairro nos arrabaldes denominado Jardim São Luiz. São Paulo se formava como uma grande Metrópole e oferecia novas oportunidades e havia uma mão de obra excedente no meio rural que se deslocaram para novos desafios.
Nova etapa de uma saga
ainda incompleta que muito tem que ser desvendada por muitos Fatorelli(s)
espalhados por São Paulo e outras localidades do Brasil.
Uma busca constante e
um estímulo às sábias e novas gerações que podem dar respostas neste segmento
da “arqueologia histórica” sobre as várias famílias que detém o sobrenome Fatorelli.
*Depoente:
Carlos Alberto Fatorelli, filho de Ernesto Fatorelli, genitor que teve seu
passamento em 1982.
Referências:
HEFLINGER Jr., JOSE
EDUARDO; LEVY, Paulo Masuti. E OS ITALIANOS CHEGARAM. Limeira, SP: Unigráfica,
2010.
TRENTO, Angelo. Do outro lado do Atlântico: um século de imigração italiana no Brasil. São Paulo: Ed. Nobel, Instituto Italiano di Cultura di San Paolo/ Instituto Cultural Ítalo-Brasileiro, 1989.
ALVIM, Zuleika M.F.
Brava Gente! Os Italianos em São Paulo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1986
Gazeta Central, São
Carlos, 18 a 24 de junho de 2010. Nossa História, José Augusto Pereira
MONSMA, Karl. Identidades,
desigualdades e conflito: imigrantes e negros em um município do interior
paulista, 1888-1914. História Unisinos. Vol 11. Nº 1-jan./fev. 2007
A DIÁSPORA DOS
IMIGRANTES ITALIANOS: SÃO PAULO (1)
Fazenda
Santa Eudóxia:
Sociedade
Promotora D’ Imigração de São Paulo
2 comentários:
Olá meu caro,
estou tentando registrar os paços da minha família. aparentemente os Anziliero chegaram ao brasil juntamente com seus ancestrais. gostaria, se possível de uma ajuda para pesquisa. deixo aqui meu contato. abraço
Marcio Anziliero, qual seria o contato, fone e-mail,etc, pois pelo blog não há esse possibilidade como há facilidades em outros meios!
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