quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Uma Bandeira para Santo Amaro Paulistano

Recebe o afeto que se encerra...

Debruçar-se sobre uma ideia simbólica e fomentá-la para que seja feito de modo coeso uma opinião onde haja consenso de participação ativa de todo conjunto da coisa comum, fazendo ligação entre o suposto com aquilo que se pretende como causa e efeito de uma aspiração.

Criar é coisa inerente ao homem, e anteriormente a escrita, o mesmo saiu de sua condição primitiva e se tornou “sapiens” idealizando primeiramente símbolos rupestres de inspiração em cavernas onde foram suas primeiras moradias e nelas criados os primeiros símbolos humanos, por dizer assim como sua primeira expressão de comunicação. Depois todos esses simbolismos foram impressos em formas simplificadas que deram a origem em caracteres formando a escrita  que representavam aquilo que a memória registrava e passava as outras gerações.

O homem então começou a registrar tudo quanto se passava no espaço e tempo e disto nasceu o que as linhas entrelaçadas se encontram  nascendo, deste modo, a história humana, um registro sem fim, mas com finalidade de transmitir conhecimento.

Os símbolos, deste modo, permaneceram no inconsciente humano, e disto saíram muitos símbolos que seguiram tantas gerações e saíram modelos de agregar todo um conceito comum entre as partes que se apresentavam pelas semelhanças. Nasceram, assim, todas as estruturas grupais que motivaram os agrupamentos dos “inter pares” e que resultaram as disputas territoriais, ora assimilando culturas, ora distruindo-as e forçando novos modelos, subjugando o vencido, e obrigando-o a aceitar a nova condição imposta, ora criando novas estruturas somando aquilo que se tornava de domínio público e aceito como condição de sobrevivência grupal.

Surgiram deste contexto as guerras de domínio, antes mesmo de existirem as fardas de diferenciação entre os grupos rivais de disputas. Os cavaleiros guerreiros foram defendendo a fé que levou à frente do campo de batalha seus estandartes liderados por um ideal,  baluartes que demarcavam  territórios de luta entre grupos antagônicos, mas de interesses subjetivos. Assim surgiram as bandeiras de luta, um pendão a ser seguido por determinado contingente que se digladiavam em grupos antagônicos, entre as partes com litígio, onde o combate iria determinar as diferenças entre as partes, e o vencedor iria ser o modelo determinante desde aquele momento.

Dos estandartes de guerra às bandeiras das nações

Surgiram os reinos e seu modelo de defesa dos castelos através de suas muralhas, aparentemente intransponíveis, onde os povos eram defendidos.

Existiam os “paganis”(pagãos), ou seja, aqueles que viviam fora das muralhas e estavam longe de todas as ações do reino e que produziam a subsistência do reino, inclusive fornecendo os soldados de guerra, para a defesa do reino. Vivendo fora das muralhas era os primeiros a fornecer material humano de guerra para  o reino, a “infantaria” das primeiras escaramuças. Com o crescimento das áreas de ação do reino foram arregimentados outros indivíduos, que não mais cuidavam de produzir alimentos do reino, mas eram indivíduos do mercado, de outras atividades para manter o reino produtivo resultando disto  o “popolo”(povo), uma mistura das estruturas bastardas de 
determinado castelo fortaleza e do qual recebia aparente proteção.

O reino produzia deste modo seu “império” subjugando os povos menores ao seu redor, sendo reconhecido este poderio por um edital e por “sua marca”, a bandeira!

A bandeira deste modo passa a representar a condição soberana de um espaço físico que mais tarde dará todas as condições para constituir as nações e dentro das mesmas fomentar as divisões territoriais de estado, município, cidades, bairros.

Santo Amaro ganhou “status de Villa” desde o tempo do império, em 10 de julho de 1832, obtendo a hegemonia administrativa até o ano de 1935, quando perdeu esta condição de autonomia no governo de Getúlio Dornelles Vargas, que aqui “neste momento” não se discute o motivo desta ingerência, tendo-se como interventor federal, Armando de Salles Oliveira.

REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA DE UMA BANDEIRA PARA SANTO AMARO 
(Crédito da representação: Alexandre Fatorelli)

O que temos que notar é que o então “município” de Santo Amaro possuindo a representação do brasão idealizado pelo historiador Afonso d'Escragnolle Taunay, que foi membro da Academia Brasileira de Letras, e idealizador de muitos brasões, (em 1926 foi Diretor do Museu Paulista, popularmente denominado Museu do Ipiranga) com desenhos  feitos por José Wasth Rodrigues, que tem seu marco em Santo Amaro, nos azulejos representado na obra na Praça Santa Cruz, não obstante, Santo Amaro, nunca teve representação feita em uma bandeira.
Na atualidade Santo Amaro, sendo um bairro paulistano, e possuindo  um grande cabedal histórico a ser explorado, pensa em concretizar algumas representações que demarquem seu vasto território de 640 quilômetros quadrados “deflagrando sua Bandeira” aos ventos da região sul de São Paulo, que pode estar com seu fundo amarelo, representando o povo “botina amarela” apoiada pela Cruz de Cristo, aportado da caravelas que singraram os mares do sul, ou até outra representação que se apoie numa mesma representação deste mesmo ideal de cruzeiro.

Uma demanda a ser inquirida no pano de fundo da Bandeira de Santo Amaro:

Que cruz que deve-se usar :

A Cruz de Malta (ou Cruz de São João)?


A Cruz Pátea(ou Templária) ?


A Cruz da Ordem de Cristo?


A Cruz de Santo Amaro?

Estejam a vontade para opinar e usar a liberdade pela crítica da crônica desta “bandeira” democrática, inclusive em respeito a cor da mesma!!!

                                                                                                          
Vide:
"Símbolos Paulistas: estudo histórico-heráldico", de Hilton Federici: Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, Conselho Estadual de Artes e Ciências Humanas, 1980, São Paulo.
Guerra, Juvencio; Guerra, Jurandyr. Almanaque Commemorativo do 1º Centenário de Santo Amaro. São Paulo, 1932

Referências do blog:
POVO E SUA IDENTIDADE

O PRETEXTO DA FUNDAÇÃO DE SÃO PAULO E AS RIQUEZAS DA AMÉRICA

CONSEQÜÊNCIA DAS LEVAS HUMANAS DA EUROPA PARA A AMÉRICA

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bom e oportuno esse artigo, antes tarde do que nunca, que nosso bairro tenha seu símbolo maior que é uma bandeira.
A cruz Azul, com fundo amarelo, com o brasão ao centro, ficou perfeita e deve ser o aprovado.
Parabéns ao Alexandre Fatorelli, neosantamarense, de grande visão em webdesiners e projetos em geral.
É a nova safra de santamarense que vem para fazer, realizar