segunda-feira, 8 de julho de 2013

Museu da Aeronáutica de São Paulo

Um sonho que virou pesadelo!

JOSÉ RIBEIRO DE BARROS, BRIGADEIRO FARIA LIMA E AMADEU SARAIVA
O sonho das Velhas Águias foi truncado há mais de meio século, quando abnegados da área da aviação propuseram a construção do Museu da Aeronáutica, em prédio próprio, incentivado por nomes como José Ribeiro de Barros, Amadeu Saraiva, Ada Rogato, aviadora reconhecida como "Pioneira das Américas", que tem seu "Cessna 140-A" como peça integrante do museu da TAM, em São Carlos, São Paulo, e tantos outros aviadores, que abraçaram a causa onde o primeiro “objeto concreto” a ser parte integrante do acervo seria o avião JAHU, que cruzou o Atlântico em 1929, pelo comandante João Ribeiro de Barros, sem suporte naval e amerissou no Brasil em grande epopeia.
Cessna 140-A

O hidroavião "JAHU" ficou em determinado tempo nas dependências atrás do Museu do Ipiranga, e seria necessário dar-lhe um local para ser apreciado para as futuras gerações, onde no país dois ilustres brasileiros deram ao mundo os grandes épicos do mais pesado que o ar, desde o “Padre voador” Bartolomeu de Gusmão ao Pai da Aviação, Santos Dumont. Pensou-se em erigir um Museu com a grandeza destes feitos e comportaria um acervo destas “máquinas voadoras”. Primeiro pensou-se em fazê-lo nas dependências do terreno do Museu do Ipiranga, mas com a aproximação dos festejos do 4º Centenário da Fundação de São Paulo em 1954, ousou-se criar um projeto de grande magnitude para que fosse assentado um “prédio moderno” tanto quanto se apresentava ser no momento a grandeza do Estado de São Paulo.
O projeto foi apresentado, mas devido à urgência de atrair para o local o empreendimento de tamanha envergadura, foi usado preliminarmente (e definitivamente) as dependências da Oca, projeto de Oscar Niemeyer, em todo o conjunto arquitetônico do Parque do Ibirapuera. As festividades foram magnânimas e o museu parecia ser uma realidade a se concretizar, pois até a pedra fundamental foi lançada com comparecimento de grandes personalidades. Passou-se o tempo, e nada de ser idealizado o Museu da Aeronáutica.
JAHU

Mais tarde foi desalojado do prédio ocupado do Ibirapuera e o acervo foi desmembrado, podendo-se afirmar que o hidroavião Savóia Marchetti, o tão conhecido JAHU, anteriormente ao feito da travessia do Atlântico pelo comandante João Ribeiro de Barros, fôra batizado de Alcíone, evocação ao nome como “ave que vive no mar”, de fabricação italiana, está na atualidade no “Museu Asas de um Sonho”, da TAM, em São Carlos, recuperado das intempéries de insetos e outras pragas, uma peça única construído de madeira naval, e o museu tão decantado como um sonho “voou como uma ave para sempre” e jamais foi construído, tudo ficou somente no papel!!!

Museu de Aeronáutica de São Paulo, Revista de Engenharia MACKENZIE, de 1954. (tópicos)

A ideia da construção de um Museu de Aeronáutica para São Paulo surgiu como evolução da necessidade de abrigar-se condignamente o “Jaú” que se encontra num barracão nos fundos do Museu do Ipiranga.

Houve vários estudos e projetos anteriores, cada um seguindo um determinado programa.

Designado pelo senhor Diretor da Diretoria dos Aeroportos, Engenheiro Frederico Abranches Brotero, da qual o autor do projeto é funcionário, para colaborar com a comissão organizadora sob a presidência do Engenheiro Romeu Corsini, coube a ele a tarefa de, ampliando os programas até então adotados, reprojetar e fiscalizar a construção do referido Museu.

Sempre sujeito às condições de custo módico, procurou o autor dar ao projeto um programa mínimo, compatível com as suas finalidades múltiplas: histórica, cultural e educativa.

O conceito atual de Museu é essencialmente dinâmico, humano e social – é o de uma escola onde se expõe, se ensina e se descobrem ou se despertam vocações. O Museu estático do passado era apenas o lugar onde se guardavam objetos históricos, tendo a parte didática pequena importância.

O Museu de Aeronáutica de São Paulo será um edifício destinado a reunir todo material histórico relativo aos brasileiros que se dedicaram às atividades aeronáuticas, não só como inventores e pesquisadores, mas também como pilotos, pioneiros, patrocinadores, etc. Representando a concretização de um desejo de Alberto Santos Dumont, o Museu não será apenas um panteon no qual se cultuará a memória de todos aqueles que se imortalizaram na conquista do espaço; será também um centro de difusão e de cultura sobre a aviação. Será uma escola viva e palpitante, sempre atualizada, instruindo, ilustrando, descobrindo vocações e despertando o interesse da mocidade pela aviação em todos os seus aspectos.

Além de servir de abrigo ao “Jaú” guardará também reproduções fiéis dos aparelhos de Santos Dumont e de outros aeronautas brasileiros, além de um sequencia de modelos que darão uma síntese sobre a evolução das máquinas de voo.

Haverá uma oficina para reparos de peças de manutenção do próprio Museu, servindo-se também para aulas práticas.

O projeto foi idealizado para ser, tanto quanto possível, funcional, econômico e realizável.

O projeto inicialmente foi concebido para ser feito em concreto armado. Devido, porém ao custo excessivo deste material, foi escolhido o aço como substituto, devendo o concreto aparecer onde houver realmente vantagem deste material sobre aquele. Assim é que, sem prejuízo para a forma arquitetônica, todas as estruturas serão em aço, aproximando-se quanto possível da forma de “cascas”. As coberturas serão em chapas corrugadas de alumínio. Grandes painéis de vidro completarão o conjunto.

O presente projeto deveria ser construído em terrenos do Museu do Ipiranga. Em entendimentos com as autoridades municipais e com a comissão do 4º Centenário, ficou assentada a sua construção em um recanto do Parque do Ibirapuera, onde, em Outubro p.p., (1954) o Sr. Governador do Estado, Dr. Lucas Nogueira Garcez, lançou a pedra fundamental.

Sem outra pretensão que não a de servimos nosso querido estado bandeirante e também porque estamos nos esforçando para concretizar um desejo de Santos Dumont, o de ver seu pequeno panteon construído em São Paulo, aqui deixa o autor a sua modesta contribuição e o veemente apelo a todos que desejarem colabora na execução do nosso programa.


Referências:

Revista de Engenharia MACKENZIE, ANO 38, Nº 22, janeiro/ fevereiro de 1954. Museu de Aeronáutica de São Paulo. Matéria de Diógenes Vieira Negrão (Eng. Civil e Arquiteto)


ÍNDICE DE TEXTOS SOBRE O MONUMENTO AOS HERÓIS DA TRAVESSIA DO ATLÂNTICO: DESMISTIFICAÇÃO http://carlosfatorelli27013.blogspot.com.br/2010/12/indice-de-textos-sobre-o-monumento-aos.html

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