segunda-feira, 24 de junho de 2013

Voluntário Delmiro Filgueira(s) Sampaio e a Revolução de 32 em São Paulo

Os Federados são Todos Brasileiros até na Última Trincheira

Os Sampaio aparecem na genealogia portuguesa provenientes de Vasco Pires de Sampaio, filho de Pedro Álvares Osório, da Casa de Vila- Lobos, Conde de Trastamara, primeiro Marques de Astorga, na Galiza. O toponímico Sampaio era uma localidade dentro do concelho de Portugal, de Vila Flor, de onde originou a raiz genealógica dos Sampaio.
 
O nome Sampaio foi uma construção tirada do latim Sanctus Pelagius (Santo Pelágio) que deu origem ao termo “Sampeaio” e por consequência deste a Sampaio.( No dia 26 de Junho, celebra-se a festa de São Pelágio ou São Paio, em Portugal).

A origem dos Sampaio de Barbalha (nome que deu origem a um município no Ceará) foi através do português José Quezado Filgueira Lima, pai dos capitães mores José Pereira Filgueira e Romão Pereira Filgueira, unidos posteriormente com os da família Sampaio. 

No Brasil no século 19, houve um deslocamento migratório devido a grande seca que assolava a região do Cariri, Ceará, em busca de novas terras de cultura e pastagens. Entre esta onda migratória estava Miguel Torquato de Bulhões, que se instalou às margens do Riacho Traíras, dando assim inicio ao município de Serrinha, alterado posteriormente para Serrita. Neste ainda insipiente povoado instalou-se em 1896, Romão Pereira Filgueira Sampaio, vindos de Jardim, Ceará e seu cônjuge, Idalina Gonçalves Lima e filhos, ela era natural de Serra Talhada, Pernambuco.

O Coronel Romão Pereira Filgueira Sampaio, assumiu o município de Salgueiro, assentando da cadeira como primeiro prefeito desta localidade. 

Parece que os registros historiográficos de sua primeira esposa perderam-se no tempo, mas parece existir referências de seu filho que atendia pelo cognome de  Padre Quezado, e que se casou bem jovem e que consta ter tido um único filho, Alzir, que se tornou sacerdote e estava a serviço na Paróquia de Lavras da Mangabeira, da Diocese de Crato, Ceará.

Consta uma lista grande de herdeiros, em ordem alfabética, entre eles Delmiro Figueira Sampaio.
Alfredo Figueira Sampaio,Antonio Figueira Sampaio, Aparício Figueira Sampaio, Benevido(ou Benevides) Figueira Sampaio, Caraciole Figueira Sampaio, Delmiro Figueira Sampaio, Enedina Figueira Sampaio, Esmerindo Figueira Sampaio,Felinto Figueira Sampaio,Francisca Theodora Figueira Sampaio, Francisco Figueira Sampaio (Chico Romão), Galdino Figueira Sampaio, Gracilina Figueira Sampaio, Gumercino Figueira Sampaio,  Joaquim Figueira Sampaio,José Figueira Sampaio, Laura Figueira Sampaio, Maria Idalina Figueira Sampaio,Maria José Figueira Sampaio, Maria Luzia Figueira Sampaio, Martiniana Figueira Sampaio, Merandulina Figueira Sampaio, Minervina Figueira Sampaio, Romão Figueira Sampaio Fº, Theodomiro Figueira Sampaio,



Delmiro Filgueira(s) Sampaio 
(Voluntário da Revolução Constitucionalista de 1932)


LOCAL: LARGO 13 DE MAIO, SANTO AMARO, SÃO PAULO, 1957


No combate travado pela Companhia Isolada do Batalhão Santo Amaro, em Lajeado, distante sete quilômetros de Xiririca[1], frente litoral sul, Delmiro Sampaio morreu a 2 de outubro de 1932, alcançado em cheio por uma rajada de metralhadora, única baixa registrada da Companhia Isolada. 
Ele se afastara dos companheiros na direção do adversário aponto de desarticular-se. Pressentido, foi visado e morto. À época contava com aproximadamente 22 anos. 

Sepultado no próprio local de sua morte, seus despojos foram posteriormente trazidos para Santo Amaro e em 1957 foi transladado ao Mausoléu aos Revolucionários de 1932, no Ibirapuera, São Paulo.   

DOCUMENTO DE TRANSLADO PARA O MONUMENTO AO SOLDADO CONSTITUCIONALISTA DOS DESPOJOS DE DELMIRO FILGUEIRA(S) SAMPAIO, E OUTROS COMBATENTES, OCORRIDO EM 1957

Foi uma revolução de muitos nomes de várias partes do Brasil e de sobrenomes estrangeiros, unidos em único ideal.  Ficou Voluntário Delmiro Filgueiras Sampaio conhecido em Santo Amaro com o apelido de “Pernambuco” e nos registros oficiais o seu nome consta como Filgueiras, no plural.



 ORAÇÃO ANTE A ÚLTIMA TRINCHEIRA
 (Poesia  de Guilherme de Almeida)


Agora é o silêncio...

É o silêncio que faz a última chamada...

É o silêncio que responde:

— "Presente!"

Depois será a grande asa tutelar de São Paulo,
asa que é dia, e noite, e sangue, e estrela, e mapa
descendo petrificada sobre um sono que é vigília.

E aqui ficareis Heróis-Mártires, plantados,
firmes para sempre neste santificado torrão de
chão paulista.

Para receber-vos feriu-se ele da máxima
de entre as únicas feridas na terra,
que nunca se cicatrizam,
porque delas uma imensa coisa emerge
e se impõe que as eterniza.

Só para o alicerce, a lavra, a sepultura e a trincheira
se tem o direito de ferir a terra.

E mais legítima que a ferida do alicerce,
que se eterniza na casa
a dar teto para o amor, a família, a honra, a paz.

Mais legítima que a ferida da lavra,
que se eterniza na árvore
a dar lenho para o leito, a mesa, o cabo da enxada,
a coronha do fuzil.

Mais legítima que a ferida da sepultura,
que se eterniza no mármore
a dar imagem para a saudade, o consolo, a benção,
a inspiração.

Mais legítima que essas feridas
é a ferida da trincheira,
que se eterniza na Pátria
a dar a pura razão de ser da casa, da árvore
e do mármore.

Este cavado trapo de terra,
corpo místico de São Paulo,
em que ora existis consubstanciados,
mais que corte de alicerce, sulco de lavra,
cova de sepultura,
é rasgão de trincheira.

E esta perene que povoais é a nossa última trincheira.

Esta é a trincheira que não se rendeu:
a que deu à terra o seu suor,
a que deu à terra a sua lágrima,
a que deu à terra o seu sangue!

Esta é a trincheira que não se rendeu:
a que é nossa bandeira gravada no chão,
pelo branco do nosso Ideal,
pelo negro do nosso Luto,
pelo vermelho do nosso Coração.

Esta é a trincheira que não se rendeu:
a que atenta nos vigia,
a que invicta nos defende,
a que eterna nos glorifica!

Esta é a trincheira que não se rendeu:
a que não transigiu,
a que não esqueceu,
a que não perdoou!

Esta é a trincheira que não se rendeu:
aqui a vossa presença, que é relíquia,
transfigura e consagra num altar
para o vôo até Deus da nossa fé!

E pois, ante este altar,
alma de joelho à vós rogamos:

— Soldados santos de 32,
sem armas em vossos ombros,
velai por nós!;
sem balas na cartucheira,
velai por nós!;
sem pão em vosso bornal,
velai por nós!;
sem água em vosso cantil,
velai por nós!;
sem galões de ouro no braço,
velai por nós!;
sem medalhas sobre o cáqui,
velai por nós!;
sem mancha no pensamento,
velai por nós!;
sem medo no coração,
velai por nós!;
sem sangue já pelas veias,
velai por nós!;
sem lágrimas ainda nos olhos,
velai por nós!;
sem sopro mais entre os lábios,
velai por nós!;
sem nada a não ser vós mesmos,
velai por nós!;

sem nada senão São Paulo,
velai por nós!





Nota:
Aceita-se a crítica da crônica, pois faltam dados mais detalhados de uma biografia mais completa sobre o soldado Voluntário Delmiro Filgueira Sampaio.

Referências:

Cruzes Paulistas: Os que Tombaram, em 1932, pela Glória de Servir São Paulo.São Paulo: Empreza Graphica da “Revista dos Tribunaes”, 1936.


Quartin, Yone.O Mackenzie na Revolução de 32. São Paulo: Edicon, 1ª Edição, 1995

Amaral, Pedro Ferraz do. A Guerra Cívica-1932.São Paulo: Ed. Escolas Profissionais Salesianas, 1982



[1] (Freguesia criada em 19 de janeiro de 1763, subordinada a Iguape, tornou-se vila pela Lei nº 28 de 10 de março de 1842 e elevada a cidade pela Lei nº 10, em 24 de maio de 1895. Pela Lei estadual nº 233, de 24 de dezembro de 1948, quando houve alteração toponímica e passou a denominar-se Eldorado)

1 comentário:

Unknown disse...

Consta que o soldado Delmiro Filgueira Sampaio tinha um filho, sabe me dizer se a noticia procede? Eu nem sabia da existência desse irmão de meu avô Benevides Filgueira Sampaio, a familia está montando no Museu de Serrita, a árvore genealógica dos Filgueira Sampaio, e eles não sabem nada de Delmiro, a não ser que morreu na revolução de 32.