quarta-feira, 28 de abril de 2010

EDUCAÇÃO PRODUTIVA E OS APERTADORES DE BOTÃO

O Sistema Educacional e a Máquina do Estado *

Todos os governos do Brasil sempre optaram por ficar atrás da história mundial, com o imediatismo de suas políticas, “sem nunca” haver preocupação em formar “uma política de Estado” com objetivos definidos de metas futuras. A preocupação política maior foi sempre determinar a hierarquia, assumindo sua participação na disputa de mando, ou acobertando um ao outro de mesma ideologia ou ainda apagando incêndios quando fazem a devassa da oposição. Existe a preocupação em combater as administrações do passado que criaram subsídios para manter a máquina estatal da corrupção política. Atualmente temos várias facções de poder que prometem administrar com lisura em discursos vazios sem um mínimo de sustentação da verdade necessária. Desde muito o Estado administrou seus interesses na condição de subjugar homens livres de pensamento, censurando a liberdade, tanto os direita quanto esquerda ou centro, embora haja nos três semelhanças em muitos paralelos de controle.

No sistema educacional, que pelo fato de “ser um sistema” já possui evidencias de controle da máquina do Estado em seus interesses imediatos, sujeita o indivíduo aos interesses do Estado totalitário com controle das liberdades, sem jamais preparar com formação, mas omitindo esta, e substituindo-a pela informática, robotizando a população para controle da mesma. Vigiar e domesticar o povo são as primeiras metas para que não haja contestação das administrações incompetentes. A educação livre deveria dar condições plenas para desenvolvimento social na busca em construir liberdades autônomas de uso comum para o lugar das ações citadinas. O desenvolvimento de um povo está relacionado ao meio geográfico que lhe fornece o recurso de sustentação, sendo para isso necessário respeito às liberdades sem conflitos possessivos, embora o capital exija a competição entre indivíduos para alcançar seu objetivo maior que é a fonte de lucro, não refletida pela igualdade participativa.

A educação libertária deveria ser aplicada neste espaço físico com adaptações no conjunto, refletindo beneficio comum cada qual com sua tarefa social não acarretando ônus pela falta da participação coletiva. No Brasil as decisões sempre vieram das hierarquias sem haver vínculo do indivíduo e da coletividade com o expansionismo burguês que cria o meio para seus próprios interesses. “Sempre, neste país, vive-se do Carpe Diem”[1], o imediatismo dos interesses, adquirindo todo o "saber" de seu desenvolvimento em outro país que aplica na educação seu desenvolvimento, para capacitar livres descobertas. Muitas vezes adquirimos equipamentos “tropicalizando-os” para uso de nossas atividades, usados inadequadamente, ou por falta de pessoal capacitado ou pela inabilidades até em fazer manutenção preventiva. O que o país paga por uma tecnologia saem das reservas do extrativismo usando equipamentos estrangeiros, por vezes obsoletas, de grandes multinacionais de cada setor de interesse próprio, onde o Brasil, através de suas representações legais, subsidiam toda esta tecnologia, recebendo em troca, dividendos em royalties do país estrangeiro.

O Brasil com política educacional retrógrada adquiriu o hábito de investir na formação técnica de sua mão-de-obra exclusivamente para manter este investimento em equipamentos que não condizem com a realidade de seu povo, formando “apertadores de botão on e off”.
Evidentemente que há parcerias de interesse entre o empresariado que produz usando a tecnologia estrangeira e o Estado, que fornece os subsídios de manter a empresa multinacional em solo brasileiro, investindo nas escolas técnicas para formação de acionadores de equipamentos conforme a necessidade imediatista. Em toda essa teia complexa entre a extração de matéria prima captada por investimento econômico, somada à aquisição de máquinas e consumo, reverte ao Estado impostos de contratos lucrativos dos investidores externos, que não são aplicados ao bem estar ao corpo social para preparação de um povo capaz de assumir sua própria administração; ao invés disso, as riquezas do país, de petróleo, minério, produção agrícola, e tantos outros recursos primários, não são aplicadas para subsidiar cultura educacional, ou revertida em infra-estrutura para abastecer suas necessidades, saúde, habitação, geradores de trabalho e renda.

O Estado aplica o conceito paternalista de distribuir dinheiro, anunciando recursos fartos em programa televiso, buscando popularidade nas classes que ele sustenta, sem apoio educacional. Enfim, rouba a dignidade humana ampliando guetos sociais e o inchamento das cidades, criando a perniciosa condição do vicio e ociosidade.
O Estado USA copiar toda uma gama de influências externas sobre a miscigenação dos componentes étnicos da constituição de seu povo, ainda incandescente no cadinho indefinido de sua identidade, separando-as para melhor controlar, em cotas indefinidas das necessidades populares.

O Brasil, no fim da primeira década do século 21, é o primeiro lugar em futebol, carnaval e em doenças contagiosas erradicadas desde muito, em vários países, mas no ranking educacional, elaborado pelas instituições internacionais que abrangem 128 nações, vem ocupando o não honroso 88ª lugar em qualidade e eficiência de ensino. Isso explica a qualidade baixa da mão de obra que recebe uma “educação básica fundamental” para manter a máquina expansionista de espaço vital da economia, em formação única de habilidades motoras, sem desenvolvimento do intelecto ou emocional.

Sem estimulo de permanecer no ambiente escolar há um êxodo juvenil para jogos eletrônicos viciosos, importados “made in China”, alimentando as lotadas “lan houses”, numa condição inversa de escolas vazias, embora haja intelectuais da área educacional que aplicam alternativas para usar estes conceitos para estimular a aptidão estudantil podendo ser aplicado para o jovem ganhar confiança, segurança, refletindo no seu crescimento, para reverter em capacitação humana. A educação precisa emancipar o individuo, sem obrigatoriamente conduzir a proliferação de profissionais somente técnicos. A falta de investimento no setor é gritante, e muitos formados em pedagogia abandonam o ensino e investem suas habilidades no setor privado. O único vinculo que ainda existe do aluno para com a escola, exigência compensatória, é o fornecimento da merenda escolar e uma lata de leite distribuída mensalmente, que deveria ser um critério de sustentação familiar de trabalho e renda para manter suas próprias necessidades alimentares. A criança vai à escola, infelizmente, para comer, quando, deveria ser suprida pela renda proveniente do trabalho da família.

Nosso ensino é retrógrado, com jovens enfileirados em ordem unida em uma sala de aula apática sem interesse pelas decorações exigidas do saber de meio século atrás (o estímulo sensorial, não apenas o visual é o requerimento central do desenvolvimento cerebral e intelectual). Não há formação através do construtivismo de Paulo Freire e outros pensadores que usavam ferramentas próprias do cotidiano familiar do cotidiano da criança ou jovem para desenvolvimento das potencialidades de um saber construtivista, de pensamento livre.
O reflexo na baixa qualidade tecnológica do país, que investe altos recursos em equipamentos tecnológicos adquiridos pelo dinheiro do extrativismo e royalties de multinacionais implantadas em campos industriais subsidiados e não da produção independente, quando muito produz cópia rudimentar de feiras mundiais tecnológicas, abrasileirando equipamentos, como surrupiadores, nicho de larápios que roubam uma obra de arte. A tecnologia brasileira é “chupada”, nítido furto do saber alheio.

O Brasil é regido por utopias de seus gerentes, fomentado por ilusões monetárias passageiras que não dará jamais a liberdade necessária ao seu povo, que vive em uma escravidão consentida, sendo o Estado seu algoz, e o Estado, ao mesmo tempo que é algoz do povo, é servo do capital.
A existência do país resume-se na alegria de ser “grande produtor de crianças” que, ao nascer, lhes é ofertado o consumismo através do capital de muitos presentes, felicidade de boas vindas, como consumidor, que, em vida, será despreparado educacionalmente, mas será ávido pela posse e que ao morrer terá carpideiras contratadas que devem chorar a morte de um consumidor de produtos globalizados, estampados na mídia da obrigatoriedade do consumo, sendo a televisão referência simbólica do povo, onde são vendidas centenas de produtos explícitos, outros sutilmente, apresentados como solução das necessidades, meras mentiras e ilusões, adquiridos pelo impulso da compra que é anunciada em determinado programa, aliado ao perfil de quem assiste, sugados pelo consumismo.

O Brasil não produz nada, só crianças!
* "Parto de um problema em termos em que se colocar na atualidade e trato de realizar sua genealogia. Genealogia quer dizer que analiso o problema a partir de uma questão do presente”.
Michel Foucault

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O JUIZ ORDINÁRIO E O JUIZ DE FORA

Ordenações Filipinas: Livro 1 titulo LXV Comentários

Juiz[1] ordinário era o magistrado eleito anualmente pelo povo e câmaras, tendo lugar e domicilio e estabelecimento.
Juiz ordinário era um juiz independente da realeza e a legislação que executava estava fora do alcance do mesmo poder, e só o costume(consuetudinário[2]) podia alterá-la. O predomínio da chicana (sutileza capciosa em questões judiciais) era ali impossível, porque todos conheciam a legislação, e o arbítrio do juiz expirava com o ano. Com a chegada da Corte de Portugal em 1807 ao Brasil, o judiciário dispunha em primeira instância[3] de juizes ordinários.
O juiz ordinário tinha jurisdição nas comarcas[4] em que obrigatoriamente teria de residir, e era eleito pelo povo. Era o presidente das sessões da câmara municipal.

Juiz de fora ou fora-aparte, como a princípio se denominaram desde o primeiro instituidor o Rey Dom Afonso IV, era o magistrado imposto pelo rei a qualquer lugar, sob o pretexto de que administravam melhor a justiça aos povos do que os juízes ordinários ou do lugar, em razão de suas afeições e ódios.
O fim principal de sua criação foi à usurpação da jurisdição para o poder régio, dos juízes territoriais, o que pouco a pouco se foi fazendo, com gravame (ofensa grave, agravo, encargo, ônus) das populações, a quem a instituição sempre pareceu e foi abnóxia (inofensiva). Até que no reino de Dom Manoel ou de Dom João III, tomando a realeza a seu cargo o pagamento da maior parte dos seus ordenados, impô-lo por todo Estado.

A nova organização judiciária do império acabou[5], tanto com o juiz de fora, como os ordinários, que na época já eram uma excrescência (excesso jurídico), e apenas uma deferência do poder real com os privilégios das populações, já de há muito menosprezados.
Os juízes de fora eram delegados e nomeados por triênios e sem direito a recondução. Precediam de ordinário as câmaras das vilas e cidades onde funcionavam que não excediam a dois, e raras vezes era um só eleito.

O juiz de fora era um magistrado nomeado pelo rei de Portugal para atuar em comarcas onde era necessária a intervenção de um juiz isento e imparcial. Em muitíssimas ocasiões os juízes de fora assumiam também papel político, sendo indicados para presidir câmaras municipais como uma forma de controle do poder central. A figura do juiz de fora surgiu em Portugal em 1327, no reinado de Dom Afonso IV. Este tipo de magistrado era nomeado pelo rei e mudava de localidade frequentemente. A principal função do juiz de fora era zelar pelo cumprimento da justiça em nome do rei, conforme as leis do reino. Ademais, a autoridade que o juiz de fora gozava era muito superior à dos juízes ordinários dos concelhos (prefeituras municipais).
A introdução desta figura judicial justifica-se na necessidade de nomear um juiz realmente isento, imparcial e, literalmente, de fora das povoações, a fim de garantir julgamentos justos, imparciais. Por esse motivo o cargo não podia ser exercido no local de origem residencial do magistrado. Também não eram permitidos quaisquer outros vínculos com a população local, por meio de matrimônio ou amizade íntima.

Durante o período de formação da formação da estrutura do Estado, e a conformaçao de uma identidade nacional, a coroa portuguesa investia nas autoridades locais para enfraquecer o domínio de senhores feudais. No Brasil nas áreas de difícil acesso e administração, a figura do juiz de fora era uma forma de evitar a adoção de medidas em conflito com os interesses da Metrópole
A consolidação definitiva da figura jurídica do juiz de fora foi levada a cabo pelo rei Dom João III, em 1532 , pois possuia amplo domínio dos poderes do Estado, empreendendo uma significativa centralização. Com a União Ibérica em 1580 sobre o reinado de Filipe II da Espanha já eram mais de cinqüenta os concelhos(municípios) portugueses governados por juízes de fora.
Depois da Restauração em 1640, Portugal concentrou todas as suas forças na consolidação do poder recém-recuperado, procurando não iniciar conflitos desnecessários. Desta forma, os municípios brasileiros mantiveram sua "autonomia" até os últimos anos do século XVII. O primeiro juiz de fora do Brasil tomou posse na cidade de Salvador em 1696, dando início a uma etapa de transição que duraria mais de cem anos.

Varas vermelhas e brancas
MONUMENTO À INDEPENDÊNCIA DO BRASIL/IPIRANGA

A vara era, e ainda é, a insígnia que traziam os juízes e oficiais seculares em sinal de jurisdição para que fossem conhecidos e não sofresse, em suas ordens, resistência. Segundo alteração de 30 de junho de 1652 e decreto de 14 de março de 1683, os juízes deviam trazê-las (as varas) arvoradas(asteadas) no alto quando andassem a cavalo, não devendo ser delgadas(pouca espessura).
A vara pintada de branco competia ao juiz letrado e a vermelha aos leigos, e por motivos bem fundados, pois os magistrados e julgadores que usam da insígnia não as possa trazer de rota[6], ou de outra coisa semelhante, salvo de pau da grossura costumada, não as trazendo abstidas(privadas), mas a direita da mão levantadas em proporção ao corpo; e só as prisões lhes(era) permitido as possam trazer quebradiças.
Não obstante a legislação em vigor, os juízes de fora e ordinários usavam no Brasil da vara quando incorporados com as câmaras, servindo-se ordinariamente, para distintivo de sua autoridade, de uma meia lua e vime enrolada em pano de seda branca ou vermelha, se não, pintado dessas cores pregadas na aba direita das casacas.

[1] O juiz (do latim iudex, "juiz", "aquele que julga", de ius, "direito", "lei", e dicere, "dizer")

[2] Direito consuetudinário é "complexo de normas não escritas originárias dos usos e costumes tradicionais dum povo, direito costumeiro". É o direito que surge dos costumes de uma certa sociedade, não passa por um processo de criação de leis como no Brasil onde o legislativo e o executivo criam leis, emendas constitucionais, medidas provisórias etc. No direito consuetudinário, as leis não precisam necessariamente estar num papel ou serem sancionadas ou promulgadas.

[3] A primeira instância de um processo judicial é o local em que deu-se início o letígio. Na grande maioria os processos são de competência estadual, ou seja, o foro da própria cidade.A primeira instância é denominada "a quo" ( Do qual- Para se referir ao juiz ou tribunal que proferiu a decisão recorrida, e de onde proveu o processo, bem como ao dia ou termo inicial do prazo.) e a segunda instância é denominada “ad quem” (Para quem- Para designar o juiz ou tribunal responsável pelo julgamento do recurso, para o qual se encaminha o processo, bem como o dia ou termo final da contagem de um prazo. )

[4] Comarca (origem latim; commarca ou comarcha, derivado do termo de origem germânica Mark, "confim", "limite", "marca") termo originalmente empregado para definir um território limítrofe ou região fronteiriça.

[5] Embora muitas disposições tiveram vigência no Brasil até a promulgação do código civil de 1916.

[6] A rota de que trata o alvará, e do que se abusará, é uma espécie de cipó, ou junco de atar, como a chibata.

AS “COMUNAS” E O “GOVERNO BOM”

Uma História Bem Mal Contada

Não existe governo bom, existem povos que se submetem aos interesses e condições determinantes impostas por um “staff” que mudam as correntes conforme regras de um momento histórico. O poder, por sua vez, é composto de homens formados dentro de um jogo de interesses estabelecidos por uma hierarquia dominante, perdurando as mesmas regras do “beija mão” onde o soberano do Estado monárquico fazia-se reconhecer pela graça que distribuía, recebendo em troca desta mercê, um séquito parasitário da coroa, incorporado com honrarias que manobram os interesses do reino, sendo os editos do rei, copilavam as constituições da Carta Magna do reino a ser cumprida pelos seus súditos. Esta massa popular sujeitada admite ser governada, assumindo os riscos da concordância daquilo que se estabeleceu como o padrão de escolha, sendo completamente manobrável nas condições dominantes do poder, manipuladores de interesses de beneficio próprio. Desta resultante moldou-se povos submissos, fantoches que admitiam a vontade dos cordéis das marionetes.
As monarquias em determinado instante da história subiram os cadafalsos e foram guilhotinadas no físico, mas não na essência, perdendo, por um momento, o controle das ações. A estrutura governante não foi destruída e com a revolução inesperada coube formatar novas maneiras de controle, disfarçando o cetro e a coroa por uma estrutura que se prevalece a escolha, desde que a hierarquia se mantivesse intacta.
A resultante das comunas na “Primavera dos Povos” foi aceita pelo impacto do momento, mas aos poucos foi perdendo sua força e sufocada em seus guetos de articulação popular. Não havendo uma liderança soberana de regra comunal, o poder apercebendo-se desta ineficiência, reassumiu aos poucos o controle plutocrático estabelecendo novo paradigma. Assimilado o golpe institui-se regras de participação em câmaras de participação popular, que abalizassou os interesses de um novo modelo de escolha, onde todos deveriam participar, sem exclusão de classes ou gêneros, embora em seu bojo, excluíssem os que não fossem proprietários de terras, estabelecendo que os de posse, conhecidos com “homens bons” ditariam as regras do “governo bom”. Esta mudança ousou-se denominar “democracia”, pelo consentimento popular, responsabilizando todo o povo pelo destino que ele mesmo escolheria em plebiscito dos “homens bons”. Muito foram excluídos pelas regras, pois muitas nações negavam a liberdade humana e manteve escravos, além de excluir mulheres contribuintes com sua constância laboriosa, segregação imposta pelos “homens bons”. Deste modo restabeleceu-se o controle do poder, conseguindo sufocar os interesses das comunas, que nada se assemelhava com sindicatos controlados em sua cúpula, reduto de interesses políticos momentâneos.
As comunas se movimentavam por si, sem manipulação de interesses externos, uma legião perigosa ao poder estabelecido, que precisava ser combatida pelo poder. Maquiaram o jogo de escolha através de um contrato social e sufocaram as comunas, quebrando a corrente para que não se fortalecessem exigências efetivas, benefícios para todos, sem classe de domínio, sem ditadura proletária.
Manipularam as comunas que foram extintas nos redutos urbanos, nas barricadas centrais e demolidas para evitar novas concentrações, aniquilando todos os meandros e esconderijos, estabelecendo-se novo conceito urbano para controlar através de um centro de vigilância de todos os redutos possíveis, empregada como controle dos governos, em nítido modelo do Grande Irmão, de George Orwell, em “1984”.
Para que houvesse transformações derrubando o poder das oligarquias, deveria haver resistência contra as estruturas manipuladoras da economia, verdadeiro condicionante de domínio, onde o mercantilismo fantasiou-se posteriormente de capitalismo, determinando e implantando o modelo ideal de interesses soberanos. Passando a fase do impacto implantaram-se os subsídios o que fosse aprazível a Corte reinante, que se adaptou aos seus interesses, modificando-se constantemente para que o modelo implantado revertesse dividendos rentáveis. A sustentabilidade deste modelo tornou possível criar as ideologias e concorrências da xenofobia entre os povos, os mesmos dominados em suas origens pelo Estado, criador de fronteiras, controlando a economia e poder, reagentes ao bem estar das condições sociais.
"Massacre dos Galicianos",1846.Jan Lewicki(representa o aprisionamento de servos sublevados)

Na atualidade, as demandas financeiras aplicam seus recursos nos fomentos esportivos, como as olimpíadas ou quaisquer jogos internacionais, onde o retorno financeiro é liquido e garantido, sem riscos de perda de investimentos abalizadas por organismos internacionais. Os banqueiros investem grandes somas nas grandes cidades, controlando um exército de reserva, que são aqueles que o Estado não proveu com sistema educacional eficaz, sendo somente investido na instrução básica mínima necessária para subsistência de prole. Este modelo ordinário deve ser combatido, pois é útil ao sistema imprestável do Estado que usa as riquezas naturais para criar um falso modelo de crescimento, e mais ainda, apregoa o fortalecimento do Estado como único recurso para seu crescimento. Quando o povo é relegado a plano secundário não existem condições de sustentabilidade, e criam-se as condições favoráveis ao totalitarismo.
O governo do presente é conivência das regras do continuísmo de controle do passado, pois aqueles ávidos pelo trono aceitaram as regras do Estado, juradas na posse, concordando em assumir os débitos anteriores e em arcar seus compromissos, como acontecem com as estruturas modelares empresariais. Quando o poder, maquiado pelos partidos políticos, aceitaram as condições do jogo do poder, obrigatoriamente devem assumir os riscos, quem não tem competência não deve se estabelecer em quaisquer empreitadas. O carteado lançado na mesa do Estado fornece subsídios suficientes para dentro das regras do blefe do jogo de truco dos investidores trapaceiros das bolsas de valores. Os bancos sustentam esses interesses, pois são os maiores beneficiados do maior símbolo capitalista que são as cidades, ser vivo das estruturas financeiras, bancando as transformações para seus próprios benefícios. Comuna de Paris - 1871 - Primeira Mobilização da Massa Operária

Todos os governantes, sem exceção, são culpados, na medida em que não fornecem condições de subsistências quando cerceiam as condições de educação, trabalho e renda. O Estado, sustentado por investimentos globalizados, deslocam as comunas que persistem em locais de difícil acesso, guetos ligados entre si, verdadeiras redes de ajuda mútua, por ineficiência governante. A sustentabilidade destas áreas ditas de risco pelo poder público, são controlados pelo modelo paternalista para implantar seus próprios interesses políticos dominantes.

Áreas enobrecidas são cobiçadas pelo setor imobiliário, o mais beneficiado deste modelo impetrado pela construção civil de transformações das cidades, que são constantemente autodestruídas em ciclos através das décadas para manter o apogeu capitalista. Prédios “modernos”, novas estradas, viadutos, portos são reformados pelo continuísmo, sujeitando a massa obreira à condição de letargia, interessante ao controle do Estado, conjugado aos bancos, parceiro constantes da máquina de desenvolvimento econômico. Estes magnatas formados em academias fornecem a constância do modelo, preparando a nata seleta da elite governamental que dará a continuidade ao sistema de controle do poder.

O Estado, por sua vez, vive com “o chapéu alheio” buscando investimentos externos de financistas que ora aplicam recursos em uma localidade, ora em outra, dependendo dos lucros que se sobrevenham dos recursos investidos, jogando algum tempo na Ásia, outra vez em África e em outros momentos na América, todos abaixo da Linha do Equador, por coincidência áreas mais carentes de capital, usados pelo sistema especulativo internacional de investidores que aplicam suas barganhas no momento oportuno, além de controlarem e investirem na mídia propagandista dos grandes empresários.

As comunas transformadoras estão fadadas ao extermínio, sucumbidas pela vontade do poder controlador, além das manobras econômicas dos cartéis manipuladores das bolsas de valores de jogo marcado de um modelo que precisa necessariamente ser implantado para uso e fruto plutocrático. Assim o rei e seu séquito, ou o presidente e sua comitiva, assemelham-se em suas intenções, onde o grande inimigo a ser combatido é o povo dentro das muralhas dos castelos das grandes cidades.

O Estado forte deve combater a insatisfação popular com suas milícias hoplitas, armadas com um padrão único em todas as partes do mundo, escudos capacetes bombas, enfim um arsenal compatível a refrear quaisquer manifestações em quaisquer partes do planeta. Esses mesmos militares saíram das comunas e foram adestrados a defenderem o Estado, que oprimiram e continuam a oprimir todo clã comunal em que ele mesmo faz parte.

As “favas” os reinos e o Estado opressor, da ditadura governante, independente da ideologia, que oferece as migalhas de sua mesa farta aos miseráveis, resto de toda a riqueza humana, semelhante em toda parte.
Mesmo assim as comunas subsistem para o desespero do poder!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A Profissão de Historiador, a Política e a Comissão de Assuntos Sociais do Senado: Projeto de Lei PLS 368 de 2009.

A Comissão de Assuntos Sociais do Senado e o Projeto de Lei PLS 368 de 2009, vinculando-se com a questão irreversível da profissão de Historiador.

“A Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS) aprovou em 10 de março de 2010 o PLS 368/09, Projeto de Lei que Regulamenta a Profissão de Historiador.”

O ANJO DA HISTÓRIA realmente olha para a frente, para o presente e age, como deve ser o sujeito da história, com o objeto que se quer observar e incorporá-lo na historiografia!

Temos que realmente ficar satisfeitos, mas, como pesquisadores, devemos olhar o fundo dos meandros da política e seus interesses com ressalvas deste momento. Alguém se ater à esta questão, é salutar em prezar e instituir a profissão de historiador, é algo relevante, pois há tantas outras profissões que são reconhecidas, sem demérito às mesmas, com seu valor específico, por que não se instituiu ainda a profissionalização daquela que busca a “verdade” do acontecimento histórico?

CLIO(MUSA GREGA DA HISTÓRIA)1689. Pierre Mignard(1612-1695)

Debatemo-nos com a questão e jamais nos conformamos com esta injustiça, sabendo de outros interesses escusos em prol do benefício da incompetência administrativa. Esperamos que os trâmites sejam breve pela reparação, pois não pode existir tempo moroso daquilo que é uma ratificação e retificação histórica; em não existir no país o profissional “historiador”, e aceitarmos um corpo de historiadores estrangeiros com o nome de “brasilianistas” escreverem sobre a história do Brasil e ter os méritos reconhecidos daquilo que sem dúvida pertence àqueles acadêmicos formados nas instituições do país, sem xenofobia, mas que haja respeito pelo historiador brasileiro que se formou pela habilidade especifica mas é enquadrado na competência de “professor de história” para controle do sistema educacional.

Urge vasculhar os porões reconditos e trazer à luz todas as ocultas condições manipuladoras do Estado, que insiste em manipular a história do Brasil ao bel prazer de seus próprios interesses.

Legalizar a profissão do historiador é reparar mais um dos tantos erros históricos existentes nos escombros da história do Brasil!!!

ENTROPIA DO PROGRESSO: O "ANJO DA HISTÓRIA"

DESORDEM DO SISTEMA
O Angelus Novus, de Paul Klee (1920) inspirou Walter Bendix Schönflies Benjamin, que adquiriu a obra em 1921, em vê-lo como “Anjo da História", representando a 9ª tese de seu ensaio “Teses na Filosofia da História”:

A obra mostra um anjo olhando como se estivesse a ponto de mover-se em direção a algo, sem saber o que ao certo, contemplando fixamente, com sua boca aberta e suas asas espalhadas.
Assim é como se compreende o Anjo da História:
Sua face é voltada para o passado, onde nós percebemos uma corrente de eventos, ele (o anjo) vê uma catástrofe que mantém a destruição empilhada em cima de destroços e arremessada para frente de seus pés, sem base de apoio.
O anjo gostaria de permanecer, despertando os mortos, e de refazer completamente o que foi destruído, mas uma tempestade vinda do Paraíso apanhou suas asas com tal violência que o anjo já não pode mais fechá-las. A tempestade propele-o irresistivelmente para o futuro sem retorno, empilhando escombros antes que o anjo consiga desenvolver seu vôo.
Esta tempestade é o que chamamos de progresso!

terça-feira, 6 de abril de 2010

TERRA DAS PATACAS

SÉCULO 18, OS DESCLASSIFICADOS E O CICLO DO OURO, DAS PEDRAS E DA PRATA

Metalismo:ou bulionismo, mercantilismo de acúmulo de metais preciosos

CIDADE DE OURO PRETO ao fundo "Museu da Inconfidência" (ex "Palácio dos Governadores")

COTAÇÃO DO OURO em abril 2010: R$ 37,80/um grama
(R$ 37 800,00/quilo de ouro)
(maior pepita de ouro de Serra Pelada: 52,33 kg)
DÓLAR AMERICANO:R$ 1,76
LIBRA ESTERLINA:R$ 2,70
EURO:R$ 2,40
BARRIL DE PETRÓLEO(159 litros):US$84,00(R$148,00/barril ou R$0,92/litro)

1(UMA) LIBRA TROY IMPERIAL=373 GRAMAS

1(UMA) ONÇA=1/12 DA LIBRA TROY=31,09 gramas (serve atualmente para cotação do ouro)
(extração na América:Espanha 325ton.ouro+25000ton prata/Portugal 900ton.de ouro+3 milhões de quilates diamante(4,5 quilates=1 grama) maior diamante: “SERGIO”= 3167 quilates(Brasil)

Companhia Vale (do Rio Doce): prospecção média de 15 toneladas/ano de ouro

CASA DOS CONTOS DE OURO PRETO-CONTROLE DO CICLO DO OURO

1(um) quilate=0,20575 gramas unidade de massa empregada no comércio de diamantes, pedras preciosas,pérolas.A quantidade de ouro puro aquivale a 24 quilates, atualmente mais comum o uso de 18 quilates=3/4 de ouro e ¼ de outra liga.

1/8 da onça=3,6 gramas (vale quanto pesa)=1 ducado (Ducado:unidade monetária de Veneza)
1(uma) onça =14 réis (moeda)
1(um) maravedis=27 réis (moeda)
1(um) ducado=375 maravedis
1(um) ducado=25 cruzados
1(um) quintal de pau-brasil=1875 maravedis (5 ducados)
1(um) quintal (aprox.60 kg) de pimenta=35 ducados
1(uma) arroba de açúcar=1/2 ducado
1(um) escravo negro=3000 cruzados (120 ducados)
1(um) nativo novo=1000 cruzados (40 ducados)
1(um) artilheiro de nau=10000 cruzados/ano (400 ducados)
1(um) ferreiro=150 cruzados/ano (6 ducados)
1200 kg de ouro=350000 ducados (preço pago por Portugal pelas Ilhas Molucas -Espanha)
20000 quintais=1 200 000 kg de pau-brasil=10000 ducados para Lisboa para reduzir a serragem e fazer tinta na Holanda vendido=40000 ducados
preço abaixo do mercado da época1(um) quintal de pau-brasil=1875 maravedis (5 ducados)
Pintura da Capela Cistina por Michel Ângelo=16000 ducados (meio milhão de libras)

Ducado:moeda de ouro cunhada em Veneza por volta de 1280 e dos séculos 13 ao 17 foi referencia do câmbio da Europa (o dólar da época)

Cruzado:moeda criada pelo rei Afonso V em 1489,mas a moeda de referência era o real (do rei) usado por Espanha e Portugal (20 réis=1 vintém ; 40 réis=1 pataca ; 100 réis=1 tostão ; 1 milhão de réis=1 conto de réis e por muito tempo usado na Índia portuguesa e que o Brasil de maneira “inédita” ressuscitou-a em nome do “progresso”)

Maravedi:ou marabitino,era moeda onde solviam as obrigações com a coroa de Portugal e Espanha

de 1700 ATÉ 1801 BRASIL “EXPORTOU” 65000 ARRÔBAS DE OURO= 955 000Kg de ouro (955 toneladas)-em receita atual quase 20 bilhões de dólares!
MONUMENTO À INDEPENDÊNCIA DO BRASIL (Bairro do Ipiranga, São Paulo): 1º plano: Os Inconfidentes Mineiros 1789 e ao fundo: Marcha Triunfal da Nação Brasileira (autor: Ettore Ximenes)

De 1762 a 1788 a derrama cobrava dívida de 538 arrôbas de ouro=
7 910 Kg ( 3,3 bilhões de réis) , muitas vezes recolhida na bateia (no rio) ou na faísca(na mina)

ARRÔBA: antiga medida de massa usada em Portugal e Espanha equivalente a 14,7 kg
(para líquidos equivalia a um almude=16,81 litros)
4 arrobas= 1(um) quintal=58,8 quilos

DEGREDADOS: “É A PEÇONHA QUE ENVENENA A TERRA” -Duarte de Albuquerque Coelho
(prisioneiros em Portugal mas que ganhavam a liberdade condicional na Colônia Brasil=Pindorama)

TERRA DAS PATACAS ou ÁRVORE DAS PATACAS: Denominação do Brasil na época Colonial pelos recursos naturais em virtude das riquezas e a facilidade de enriquecimento.

PATACA: moeda de prata= 320 réis cunhada em Gôa, Índia por Filipe III (Espanha), II em Portugal (1578-1621) .