quinta-feira, 15 de abril de 2010

AS “COMUNAS” E O “GOVERNO BOM”

Uma História Bem Mal Contada

Não existe governo bom, existem povos que se submetem aos interesses e condições determinantes impostas por um “staff” que mudam as correntes conforme regras de um momento histórico. O poder, por sua vez, é composto de homens formados dentro de um jogo de interesses estabelecidos por uma hierarquia dominante, perdurando as mesmas regras do “beija mão” onde o soberano do Estado monárquico fazia-se reconhecer pela graça que distribuía, recebendo em troca desta mercê, um séquito parasitário da coroa, incorporado com honrarias que manobram os interesses do reino, sendo os editos do rei, copilavam as constituições da Carta Magna do reino a ser cumprida pelos seus súditos. Esta massa popular sujeitada admite ser governada, assumindo os riscos da concordância daquilo que se estabeleceu como o padrão de escolha, sendo completamente manobrável nas condições dominantes do poder, manipuladores de interesses de beneficio próprio. Desta resultante moldou-se povos submissos, fantoches que admitiam a vontade dos cordéis das marionetes.
As monarquias em determinado instante da história subiram os cadafalsos e foram guilhotinadas no físico, mas não na essência, perdendo, por um momento, o controle das ações. A estrutura governante não foi destruída e com a revolução inesperada coube formatar novas maneiras de controle, disfarçando o cetro e a coroa por uma estrutura que se prevalece a escolha, desde que a hierarquia se mantivesse intacta.
A resultante das comunas na “Primavera dos Povos” foi aceita pelo impacto do momento, mas aos poucos foi perdendo sua força e sufocada em seus guetos de articulação popular. Não havendo uma liderança soberana de regra comunal, o poder apercebendo-se desta ineficiência, reassumiu aos poucos o controle plutocrático estabelecendo novo paradigma. Assimilado o golpe institui-se regras de participação em câmaras de participação popular, que abalizassou os interesses de um novo modelo de escolha, onde todos deveriam participar, sem exclusão de classes ou gêneros, embora em seu bojo, excluíssem os que não fossem proprietários de terras, estabelecendo que os de posse, conhecidos com “homens bons” ditariam as regras do “governo bom”. Esta mudança ousou-se denominar “democracia”, pelo consentimento popular, responsabilizando todo o povo pelo destino que ele mesmo escolheria em plebiscito dos “homens bons”. Muito foram excluídos pelas regras, pois muitas nações negavam a liberdade humana e manteve escravos, além de excluir mulheres contribuintes com sua constância laboriosa, segregação imposta pelos “homens bons”. Deste modo restabeleceu-se o controle do poder, conseguindo sufocar os interesses das comunas, que nada se assemelhava com sindicatos controlados em sua cúpula, reduto de interesses políticos momentâneos.
As comunas se movimentavam por si, sem manipulação de interesses externos, uma legião perigosa ao poder estabelecido, que precisava ser combatida pelo poder. Maquiaram o jogo de escolha através de um contrato social e sufocaram as comunas, quebrando a corrente para que não se fortalecessem exigências efetivas, benefícios para todos, sem classe de domínio, sem ditadura proletária.
Manipularam as comunas que foram extintas nos redutos urbanos, nas barricadas centrais e demolidas para evitar novas concentrações, aniquilando todos os meandros e esconderijos, estabelecendo-se novo conceito urbano para controlar através de um centro de vigilância de todos os redutos possíveis, empregada como controle dos governos, em nítido modelo do Grande Irmão, de George Orwell, em “1984”.
Para que houvesse transformações derrubando o poder das oligarquias, deveria haver resistência contra as estruturas manipuladoras da economia, verdadeiro condicionante de domínio, onde o mercantilismo fantasiou-se posteriormente de capitalismo, determinando e implantando o modelo ideal de interesses soberanos. Passando a fase do impacto implantaram-se os subsídios o que fosse aprazível a Corte reinante, que se adaptou aos seus interesses, modificando-se constantemente para que o modelo implantado revertesse dividendos rentáveis. A sustentabilidade deste modelo tornou possível criar as ideologias e concorrências da xenofobia entre os povos, os mesmos dominados em suas origens pelo Estado, criador de fronteiras, controlando a economia e poder, reagentes ao bem estar das condições sociais.
"Massacre dos Galicianos",1846.Jan Lewicki(representa o aprisionamento de servos sublevados)

Na atualidade, as demandas financeiras aplicam seus recursos nos fomentos esportivos, como as olimpíadas ou quaisquer jogos internacionais, onde o retorno financeiro é liquido e garantido, sem riscos de perda de investimentos abalizadas por organismos internacionais. Os banqueiros investem grandes somas nas grandes cidades, controlando um exército de reserva, que são aqueles que o Estado não proveu com sistema educacional eficaz, sendo somente investido na instrução básica mínima necessária para subsistência de prole. Este modelo ordinário deve ser combatido, pois é útil ao sistema imprestável do Estado que usa as riquezas naturais para criar um falso modelo de crescimento, e mais ainda, apregoa o fortalecimento do Estado como único recurso para seu crescimento. Quando o povo é relegado a plano secundário não existem condições de sustentabilidade, e criam-se as condições favoráveis ao totalitarismo.
O governo do presente é conivência das regras do continuísmo de controle do passado, pois aqueles ávidos pelo trono aceitaram as regras do Estado, juradas na posse, concordando em assumir os débitos anteriores e em arcar seus compromissos, como acontecem com as estruturas modelares empresariais. Quando o poder, maquiado pelos partidos políticos, aceitaram as condições do jogo do poder, obrigatoriamente devem assumir os riscos, quem não tem competência não deve se estabelecer em quaisquer empreitadas. O carteado lançado na mesa do Estado fornece subsídios suficientes para dentro das regras do blefe do jogo de truco dos investidores trapaceiros das bolsas de valores. Os bancos sustentam esses interesses, pois são os maiores beneficiados do maior símbolo capitalista que são as cidades, ser vivo das estruturas financeiras, bancando as transformações para seus próprios benefícios. Comuna de Paris - 1871 - Primeira Mobilização da Massa Operária

Todos os governantes, sem exceção, são culpados, na medida em que não fornecem condições de subsistências quando cerceiam as condições de educação, trabalho e renda. O Estado, sustentado por investimentos globalizados, deslocam as comunas que persistem em locais de difícil acesso, guetos ligados entre si, verdadeiras redes de ajuda mútua, por ineficiência governante. A sustentabilidade destas áreas ditas de risco pelo poder público, são controlados pelo modelo paternalista para implantar seus próprios interesses políticos dominantes.

Áreas enobrecidas são cobiçadas pelo setor imobiliário, o mais beneficiado deste modelo impetrado pela construção civil de transformações das cidades, que são constantemente autodestruídas em ciclos através das décadas para manter o apogeu capitalista. Prédios “modernos”, novas estradas, viadutos, portos são reformados pelo continuísmo, sujeitando a massa obreira à condição de letargia, interessante ao controle do Estado, conjugado aos bancos, parceiro constantes da máquina de desenvolvimento econômico. Estes magnatas formados em academias fornecem a constância do modelo, preparando a nata seleta da elite governamental que dará a continuidade ao sistema de controle do poder.

O Estado, por sua vez, vive com “o chapéu alheio” buscando investimentos externos de financistas que ora aplicam recursos em uma localidade, ora em outra, dependendo dos lucros que se sobrevenham dos recursos investidos, jogando algum tempo na Ásia, outra vez em África e em outros momentos na América, todos abaixo da Linha do Equador, por coincidência áreas mais carentes de capital, usados pelo sistema especulativo internacional de investidores que aplicam suas barganhas no momento oportuno, além de controlarem e investirem na mídia propagandista dos grandes empresários.

As comunas transformadoras estão fadadas ao extermínio, sucumbidas pela vontade do poder controlador, além das manobras econômicas dos cartéis manipuladores das bolsas de valores de jogo marcado de um modelo que precisa necessariamente ser implantado para uso e fruto plutocrático. Assim o rei e seu séquito, ou o presidente e sua comitiva, assemelham-se em suas intenções, onde o grande inimigo a ser combatido é o povo dentro das muralhas dos castelos das grandes cidades.

O Estado forte deve combater a insatisfação popular com suas milícias hoplitas, armadas com um padrão único em todas as partes do mundo, escudos capacetes bombas, enfim um arsenal compatível a refrear quaisquer manifestações em quaisquer partes do planeta. Esses mesmos militares saíram das comunas e foram adestrados a defenderem o Estado, que oprimiram e continuam a oprimir todo clã comunal em que ele mesmo faz parte.

As “favas” os reinos e o Estado opressor, da ditadura governante, independente da ideologia, que oferece as migalhas de sua mesa farta aos miseráveis, resto de toda a riqueza humana, semelhante em toda parte.
Mesmo assim as comunas subsistem para o desespero do poder!

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