quinta-feira, 27 de junho de 2024

27 de Junho: Dia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Bairro Capela do Socorro/SP

Uma Capela deu o Nome a um Bairro

A Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está na origem do Socorro, oficialmente registrado por “Capela do Socorro”, um título que a região recebeu em vista da construção de uma pequena capela dedicada à Virgem do Perpétuo Socorro no começo do século XX.

Em depoimentos populares tem-se que o nome anterior do bairro era Porto, devido a diversas lagoas existentes no local, com extração de areia nas margens do Rio Grande de Jurubatuba.

Consta no adágio popular que um imigrante italiano veio da Europa, trazendo em sua bagagem a imagem da Virgem Consolata1. Tendo sido ajudado por moradores locais e por gratidão presenteou-os com a imagem que passou a ser venerada invocada como “Mãe das Consolações”, “Consoladora dos Aflitos” e mais tarde exaltada com o título de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.


Histórico da Criação da Capela


Em 1937 foi realizada a última festa na Capela antiga, sendo festeiros os senhores Antônio Alves e José Lameira. Neste mesmo ano, foi demolida a Capela antiga e a imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro foi transferida para a Matriz de Santo Amaro.

No ano de 1938 um terreno foi doado por Claudino Pires e em 1949 a imagem de Nossa Senhora voltou para o Socorro, entregue pelo Padre Caetano Felipine. Houve procissão e queima de fogos, sendo responsável pela volta da santa a senhora Ester de Moraes Hemmel. Em 1951 devotos alugaram uma garagem na Avenida De Pinedo, por 3.000 Réis mensais, com missas dominicais presididas pelos padres do Verbo Divino, da Chácara Santo Antônio.




Em 1954 o Padre Afonso de Moraes Passos veio para Santo Amaro e juntamente com Dom Paulo Rolim Loureiro, bispo auxiliar de São Paulo, providenciavam tomar posse do terreno doado por Claudino Pires, mas o terreno doado estava em uso e a família doou outro, onde foi construída uma Capela de madeira. 


Em 28 de janeiro de 1960 foi empossado o primeiro padre, o vigário Manuel Antonio Tacla, que com a colaboração da comunidade foi construída a atual paróquia.


O Bairro Capela do Socorro

Um aldeamento já era existente onde hoje se situa a Capela do Socorro, fazendo parte da Vila de Santo Amaro, São Paulo e teve sua evidência no Estado quando se construiu a Represa de Santo Amaro, de 1906 a 1912, hoje a conhecida com Represa de Guarapiranga, área que atualmente está incluída nos mananciais abastecedores da Capital e área de lazer em uma orla anteriormente de 34 quilômetros quadrados, mas que já perdeu muito de sua extensão.

Nessa mesma época foi construída a Capela Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, marco principal de quando se atravessava a Ponte do Rio Grande. Em 1º de julho de 1938, pelo decreto 9280 o bairro passou a distrito de paz de Capela do Socorro, com a implantação do Cartório do Registro Civil e Notas, que por muito tempo fixou-se na Rua dos Italianos, atual Amaro Luz, nº 155, esquina da Avenida Atlântica, que teve a marcante do senhor Antônio, que além de suas atribuições casamenteiras com a outorga de juiz de paz, era também diretor da banda da localidade.

Assim por intervenção do governador da época, Adhemar Pereira de Barros, era definido os limites da Capela do Socorro, conforme descrito no artigo 1º:

Fica criado no município e comarca da Capital o distrito de paz de Capela do Socorro, desmembrado do distrito de paz de Santo Amaro, cujas divisas são as seguintes:

"Começam no Largo de Nossa Senhora do Socorro, na margem esquerda do Rio Jurubatuba, que está sendo canalizado pela Cia. Light, descem pelo seu lado esquerdo até a desembocadura do Rio Guarapiranga, no lugar denominado Morro da Barra, onde viram à esquerda e em linha reta seguem até encontrar a estrada do M. Boi-Mirim, onde faz encruzilhada com a antiga estrada do Itupu, seguem pelo lado esquerdo da estrada M. Boi-Mirim até o ponto sobre o Rio do mesmo nome, nas divisas com o município de Itapecerica, seguem à esquerda dividindo com Itapecerica até encontrar as divisas com o município de Conceição de Itanhaém, as quais seguem até as divisas com o município de São Bernardo, as quais seguem até a margem esquerda da represa nova da Cia. Light as quais seguem pelo seu lado esquerdo até o açude da mesma que segue até o canal respectivo, o qual desce pelo seu lado esquerdo, até encontrar o ponto de partida, onde tiveram início estas divisas.”


O interesse pela região foi crescendo com a implantação da Represa de Santo Amaro, e com isso houve investimentos de grandes empresas do setor imobiliário criando loteamentos como por exemplo os da empresa Lowndes & Sons. 

Muitas Chácaras, clubes de campo e náuticos prevendo o grande potencial para ser implantado hotéis para suporte balneários, como previa Luís Romero Sanson, engenheiro-empresário reconhecido por ter construído a “Auto Estrada Sociedade Anonima”, hoje denominada Avenida Washington Luís, ligando São Paulo ao Socorro, e ter construído o Aeroporto de Congonhas, a Cidade Satélite de Interlagos e o Autódromo José Carlos Pace.

O Último Prefeito de Santo Amaro antes de tornar-se bairro era “socorrense”

 A última administração municipal em Santo Amaro coube a honra ao prefeito Isaías Branco de Araújo em uma época conturbada de conflitos e interesses políticos que resultou na perda de autonomia, pelas revoluções de 1924, 1930 e 1932 acarretando intervenção no Município de Santo Amaro em 1935.

Isaías Branco de Araújo nasceu em 13 de janeiro de 1879, sendo filho de Pedro Branco de Araujo e de Rosa Branco de Moraes.

 “Nasci em 13 de janeiro de 1879 num velho casarão ao lado da Capela de Santa Rita. Foi construído pelos meus avos, Francisco Branco de Araujo e Ana Rocumback, que haviam trazido a imagem da Alemanha. Esta era idolatrada por toda a família e meu avô achou que deveria o povo, também merecer a proteção da santa e mandou erigir a pequena capela. É para mim motivo de orgulho ver que hoje o lugar tem o nome da santa benfazeja e no lugar do minúsculo templo, ergue-se hoje uma bonita igreja.”

 Isaías Branco de Araújo, foi Tenente Coronel da Guarda Nacional, conseguindo grande prestígio no extinto Município de Santo Amaro, graças a sua coragem e denodo, sendo levado a edilidade em 1911, reeleito para o exercício de 1914-16 sendo eleito Presidente da Câmara de vereadores.

 Em 1916 atingiu a posição de Prefeito Municipal de Santo Amaro. Em 1924 teve que se refugiar no sítio do doutor Herculano de Freitas por ser ameaçado de morte pelos revolucionários. Novamente eleito vereador em fins de 1928, ocupou a cadeira de Presidente até 1930, quando eclodiu a revolução e com a vitória das hostes getulinas, foram extintos os governos municipais.

 Faleceu em 2 de julho de 1967, aos 88 anos, sendo sepultado no Cemitério de Santo Amaro, edificando a lápide do campo santo e o torrão que tanto amou, Santo Amaro.

Depoimento popular de quem viu o desenvolvimento local em 2010

Foram se chegando ao local em franca expansão as famílias de Paulo Vaz, Amaro Branco, João Hessel, também conhecido por Ambura, Silvano Klein, Cristina Luz, Antonio Alves, Amaro Ferreira, Guilherme Ficher, os da família Ponjulippi, Saturnino de Moraes, José Lameira, Cavalcanti, Martins Pelúcio, Eliseu Gusbert, Virgílio Pavanelli, Orlando Bercari, Júlio Pires, Mauro Branco Jacinto, Adão Reimberg, que os amigos chamavam de Garça, por se magro e de pernas finas, e somando a todos e que era representativa e extremamente respeitada, por muitos era a professora Amália.

Seu João Zillig da Silva, com a calma dos grandes sábios, nascido em 9 de outubro de 1927, parece eternizar aquele momento que ressalta os primeiros encontros religiosos na casa do senhor Adão Reimberg, que cedia gentilmente, na rua empoeirada do que um dia se tornaria a avenida De Pinedo. Descreve o balão do bonde próximo ao largo onde a Capela possuía a imagem de Santa Terezinha, que depois foi enviada para Embu Guaçu, dando lugar a Nossa Senhora do Socorro, na década de 1950, onde passaram sacerdotes que demarcaram a história local: Manoel, Tadeu, Natal, Olívio, Albino, Mario Ganezzi, Alcides, Simão Benedito, Simão Bento, Plácido de Almeiro, Antônio Lima, Marson. Seu sobrinho Acácio Zillig da Silva e sua esposa Maria Amélia reforçam detalhes, citando pessoas que por contingências da vida viviam como andarilhos na região com seu Honorato, a negra Luiza, que antes era eximir cozinheira, mas perdeu o sentido do racional, não conseguia ter a concentração da juventude, além do personagem Big que perambulava sem destino pelos arredores de Santo Amaro.

Memória naquele instante não faltava, começando as recordações do senhor Jeremias Homero Bhering, nascido em 31 de outubro de 1929, por muito tempo servindo com farmacêutico, profissão aprendida com Pascoal Militelo na “Pharmacia Internacional”, na Avenida De Pinedo, nº 145.

As lembranças das manadas a circular vindo pelo caminho do Embu Guaçu, na estrada da boiada, onde a Light em meados de 1946 fez a ponte e que depois disto a atual Guarapiranga ganhou pavimento deste ponto até o Largo do Socorro, num custo aproximado de 200 mil cruzeiros(referência monetária na época). Todo serviço era feito em carroças atreladas aos burros, como as de Alfredo Leitão, que chegando no local com seixos ou terra destravava a amarra “basculando” a carga, uma inovação extraordinária para a época. Antes disso, era necessário contornar pelo Bairro da Comporta, o Mercadinho para ter acesso ao sentido do Largo do Socorro. Um belo dia, vindo uma manada desenfreada, desgarrou vários bois pelos charcos, alguns foram recolhidos pelos tropeiros, mas um após a passagem da manada ficou no local, e se tornou atração, sendo batizado de Tenório, esse boi desgarrado de uma pelugem preta, vagava pelo local e tornou-se integrante da farra juvenil que saciava sua sede com cerveja, que, aliás, era sua bebida preferida!!!

A região abastecia com lenha, combustível de então, para ser transportado para São Paulo através de Santo Amaro, onde era então descarregada a carga. O bonde circulou pela Capela do Socorro, atravessando uma ponte de via única, aproximadamente onde há atualmente a Estação do Socorro, da CPTM.

Por muito tempo o local ficou com características interioranas pelo afastamento da cidade e por este motivo era natural a cooperação entre os moradores, facilitando ainda mais a conservação dos usos e costumes nos núcleos que repercutiam nas festas do Divino, nas juninas, que eram animadas pelas famílias de Benedito Fogueteiro, Pedro Mariano, que ganhavam o socorro dos barqueiros, Orlando Candiani, e de Joaquim Capinzeiro, que abastecia o mercado da pequena indústria de forragem de colchão com capim abundante próxima as lagoas e rios da região.

O fato é que pelas dificuldades da época o pioneirismo desfrutou de grande suporte popular, onde todos se ajudavam entre si, com normas de ações próprias como um autogoverno ficou no espírito da população que forjou a saga pioneira da Capela do Socorro.

 

 

 

Outros:

A Administração Pública de Isaías Branco de Araújo na Cidade de Santo Amaro

https://carlosfatorelli27013.blogspot.com/2010/08/administracao-publica-de-isaias-branco.html

Oralidade dos Moradores da Capela do Socorro e o Monumento da Travessia do Atlântico

https://carlosfatorelli27013.blogspot.com/2010/07/oralidade-dos-moradores-da-capela-do.html

 

[1] Segundo uma antiga tradição, o quadro de Nossa Senhora Consolata foi trazido da Palestina na metade do século V por Santo Eusébio, que o doou a São Máximo, Bispo de Turim. Este, no ano 440, o expôs à veneração num altarzinho da igreja do Apóstolo Santo André na cidade de Turim. Maria começou a distribuir muitas graças e o povo começou a invocá-la com os títulos de “Mãe das Consolações”, “Consoladora dos Aflitos”, e “Consolata” (forma popular italiana de “Consoladora”).

 

segunda-feira, 24 de junho de 2024

O Clube Banespa na Chácara São João no Brooklin “Paulista”/SP e a Classe Star de Walter von Hütschler

Na antiga parada de bonde Petrópolis, na antiga Avenida Rodrigues Alves, atualmente denominada Vereador José Diniz,  localizava-se a Chácara São João, propriedade de Walter Nicolaus Herbert Max Joan Von Hutschler, que alugava a área para o Clube do Banco do Estado de São Paulo, BANESPA, pelo valor mensal de 400 mil réis no início da década de 1930.

Em 12 de março de 1930 subscreviam a Ata de Fundação do “Esporte Clube Banespa” empossando sua primeira
diretoria, no salão nobre da sede do banco, em São Paulo

Foi eleita uma Diretoria Provisória, com mandato de um ano, empossando: Presidente – Decio Pacheco Silveira, Vice-Presidente – Mário Morandi, 1ª Secretário – Roberto Peak Rodrigues, 2ª Secretário – Cassio Toledo Leite, 1º Tesoureiro – Francisco Pereira de Andrade, 2º Tesoureiro – José Cunto Leone.
Como o clube não tinha sede própria , alugava o campo do Esporte Clube Estrela, no Canindé, São Paulo, para as atividades esportivas.
O interesse do Banespa pela área era grande, culminando com a transação entre o proprietário da Chácara São João, Walter von Hütschler e os diretores do Banco do Estado de São Paulo, realizada no dia 23 de janeiro de 1936 e a escritura foi passada em 12 de junho de 1937.






Uma área de 60 mil metros quadrados na Avenida Santo Amaro, Brooklin, na zona sul de São Paulo permutada por imóveis do banco no centro da cidade de São Paulo. Iniciava-se deste modo o “Esporte Clube Banespa” com um grande número de associados com equipes de várias modalidades esportivas.

GLÓRIAS. (O Estado de S. Paulo de 03 de abril de 2024 - Fabio Grellet)
“Nas décadas de 1980 e 1990, a equipe profissional de vôlei do Esporte Clube Banespa contou com ídolos como Montanaro, Xandó e Amauri, da geração que conquistou a medalha de prata nas Olimpíadas de Los Angeles-1984, e Marcelo Negrão, Tande, Giovane e Maurício Lima, da geração de ouro em Barcelona-1992.
O Banespa foi cinco vezes campeão brasileiro, seis vezes sul-americano e duas vezes vice-campeão mundial. A equipe de futebol de salão também fez sucesso – foi duas vezes campeã brasileira. Atualmente o clube não tem equipes profissionais, mas é sede das escolinhas de futebol dos ex-jogadores Rivellino e Zetti”.









Proprietários da fazenda São João/Walter Von Hutschler
A família Von Hutschler, de origem alemã, aportou no Brasil para trabalhar no ramo cervejeiro, sendo responsável da produção da cerveja Bavaria de Henrique Stupakoff & Companhia, no início da década de 1900. Depois colaboraram na criação da Companhia Antarctica Paulista, fundada em 9 de fevereiro de 1891, na cidade de São Paulo. A Companhia Antarctica foi formada por seu presidente, conde Asdrubal Augusto do Nascimento e seus colaboradores diretos, Adam von Bülow , Nicoláo von Hütschler e Oscar A. do Nascimento.
Nicoláo Von Hutschler, tornou-se diretor gerente da Companhia Antarctica, mas veio a falecer em 11 de março de 1916, e sua esposa Hanny e parte da família retornou para a Alemanha, ficando no Brasil Walter Nicolau Herbert Max Johan von Hütschler.

O velejador Walter von Hütschler campeão da Classe Star

Walter von Hütschler nasceu em São Paulo em 1906 tornando-se velejador de renome da classe Star, vencendo as edições de 1938 e 1939 do Star World Championship .
Walter von Hütschler tinha cidadania teuto-brasileira e ficou conhecido em todo o mundo pela grande contribuição que deu ao esporte náutico da Vela, com destreza com seu próprio barco, o Pimm.
Conquistou, em 1926, com apenas 20 anos, a Taça Segel-Gral, da classe Rennjolle 22 pés. A partir de 1932, dedicou-se à classe Star ocupando sua liderança até o início da Segunda Guerra Mundial. Em 1936 conquistou o Campeonato Europeu, seguindo-se a esse, o Campeonato Mundial de 1937 e sagrando-se Bi-Campeão Mundial do ano seguinte, 1938.
Embora fosse brasileiro, Walter von Hütschler corria pela flotilha de Hamburgo, Alemanha. Com a aproximação do conflito bélico da Segunda Guerra despachou seu Star para os Estados Unidos, e depois veio para o Brasil e implantou com Anchyses Carneiro Lopes a primeira flotilha da classe Star onde já era Bi-Campeão Mundial.
Em 1959 a dupla classifica-se em terceiro lugar nos Jogos Pan Americanos de Chicago e em seguida conquista o Campeonato de Newport/Harbour, o que foi determinante para a realização do mundial de 1960 no Brasil, realizado no Rio de Janeiro.
Em 1965, Walter von Hütschler conquistou o Campeonato Continental da Classe Star. Coroando sua extensa participação no iatismo internacional, ele conquistou, em 1976, aos 70 anos, o Campeonato do 7º Distrito da Classe Star. Walter von Hütschler sempre foi um dos maiores defensores da Star Class de sua época.
Walter von Hütschler faleceu na Alemanha em 1997, aos 91 anos.

A Fábrica de Cerveja Bavária

A Cerveja Bavária já era servida em 1877, quando da inauguração da cervejaria “Stadt de Berna” na Rua de São Bento 73 - São Paulo - SP, de propriedade de Vitor Nothman.

Em 20 de outubro de 1892, foram inauguradas as novas instalações da Fábrica de Cerveja Bavária de Henrique Stupakoff & Cia, nas terras de uma chácara do engenheiro Daniel Fox. O prédio construído na Rua da Mooca 282, (depois Alameda Bavária, atual Avenida Presidente Wilson) no bairro da Mooca, subúrbio do Braz, à margem da “Estrada de Ferro Ingleza”, onde a partir de 1920 passou a se situar a sede do Grupo Antarctica.




Em 15 de março de 1895 o Diário Oficial de São Paulo (DOSP) publica o contrato que entre si fazem: Henrique Stupakoff, Martinho Buchard, Mathaus Haussler, Herman Burchard, Dr. Manoel de Moraes Barros, Augusto Tolle, Carlos Schorcht Júnior e Gustavo Yeep, sendo o primeiro solidário e os demais comanditários, para o comércio e fabricação da cerveja denominada "Bavária", nesta praça, com o capital de Rs 500 contos de réis, sob a razão social Henrique Stupakoff & Cia.
A empresa passou por sérios problemas financeiros, devido à desvalorização da moeda em 1893, mas conseguiu sobreviver com aporte financeiro dos acionistas, João Carlos Antonio Zerrenner, alemão, e Adam Ditrik Von Bülow, dinamarquês, ambos naturalizados brasileiros e proprietários da empresa Zerrenner, Bülow e Cia, exportadora e corretora de café.

Em 1904, a Companhia Antarctica Paulista através da assembleia de 20 de julho, com ata publicada em 30 de julho no Diário Oficial do Estado de São Paulo, assumiu o compromisso de compra da sua concorrente em São Paulo, a Cervejaria Bavária de Henrique Stupakoff & Cia. pela quantia total de Rs. 3.700 contos de réis, passando a atuar na produção de bebidas no bairro da Mooca, na também chamada Avenida Bavaria, nome este alterado em 1954, pela prefeitura para Avenida Presidente Wilson que prevalece até os dias atuais. A sede da fábrica da Companhia Antarctica Paulista foi transferida no mesmo ano, para a Mooca, na zona leste de São Paulo.

O PASSAMENTO DOS DOIS AMIGOS CERVEJEIROS DA BAVÁRIA

Nicoláo Von Hutschler, faleceu em 11 de março de 1916, e sua esposa Hanny e parte da família retornou para a Alemanha. Após a Primeira Guerra Mundial, Henrique Stupakoff retornou para Hamburgo onde faleceu em 11 de abril de 1920,terminando o ciclo dos pioneiros cervejeiros no Brasil.

BANDEIRA Junior, Antonio Francisco. A indústria no Estado de São Paulo, 1901. São Paulo: Typ do Diario Official, 1901

LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Editora UNICAMP, 2012

SIRIANI, Silvia Cristina Lambert. Uma São Paulo Alemã: Vida quotidiana dos imigrantes germânicos. São Paulo: Imprensa Oficial, 2003

Fotos de rótulos créditos das companhias citadas na crônica

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Santo Antônio de Lisboa, de Pádua e também de Toulouse: 13 DE JUNHO

QUEM FOI FERNANDO QUE SE TORNOU FREI ANTÔNIO

Antônio, que recebeu no batismo o nome Fernando, era natural de Lisboa, Portugal, onde nasceu em 15 de agosto 1195, sendo filho único, herdeiro dos nobres Martinho de Bulhões, oficial no exército português, e Teresa Taveira. Inclinado à piedade e às coisas santas, recebeu formação espiritual e intelectual dos cônegos da Catedral de Lisboa. Foi ordenado sacerdote em 1220, tornou-se franciscano, mudando seu nome para Antônio.
Frei Antônio foi primeiramente enviado ao continente africano, mas adoeceu, e seus superiores decidiram que ele deveria retornar a Portugal. O navio em que estava viajando de regresso foi atingido por uma tempestade, aportando nas costas da Itália, na Sicília. Lá soube que a ordem franciscana havia convocado um encontro em Assis, Itália, para maio de 1221, e para lá se dirigiu, permanecendo em isolamento e contemplação no Monte Paulo.
O Provincial da ordem franciscana o encarregou da ação apostólica ao norte da Itália, onde se tornou grande pregador popular.
Após alguns anos de frade itinerante, o Papa Inocêncio III, mobilizou todos os pregadores dominicanos e franciscanos para combater a doutrina dos cátaros, contrários aos preceitos estabelecidos pela igreja, (heresia) que se estabeleceram no sul da França.
Santo Antônio, foi, juntamente com seus irmãos da ordem franciscana para a França, onde permaneceu por três anos, lecionando, pregando e fazendo milagres nas cidades francesas de Montpellier, Toulouse, Lê Puy, Bourges, Arles e Limoges.
O BURRO FRANCÊS DE TOULOUSE
Há uma história de Santo Antônio, em Toulouse, na França, que o santo pregava sobre a presença de Cristo, na hóstia consagrada, quando um incrédulo morador de Toulouse, diz-lhe:
“Deixemo-nos de palavras e vamos a obras. Se fores capaz de mostrar com milagres, na presença de toda a gente, que no Sacramento está de fato o Corpo de Jesus Cristo, eu prometo deixar a heresia e submeter-me à Fé católica”.
Antônio aceitou o desafio e o homem continuou:
“Vou prender um animal e deixá-lo com a fome durante três dias, e ao fim vou trazê-lo perante todos, quando dar-lhe-ei algo de comer. Neste intervalo, vens tu com o Sacramento que dizes ser o Corpo de Jesus Cristo. Se o animal esfomeado parar de comer e encaminhar-se para o Deus que, segundo afirmas, toda a criatura tem obrigação de adorar, podes ficar certo de que imediatamente abraçarei a Fé da Igreja”.
Passados os três dias, o homem chegou com um burro que já estava há três dias sem se alimentar e recebeu feno e diante dele Santo Antônio ergueu o Santíssimo Sacramento, o animal dobrou as patas dianteiras, prostrado, diante do Santíssimo Sacramento, apresentado pelo frade franciscano.
Toda a praça em Toulouse, diante do fato, acreditou na força sacramental apresentada por Santo Antônio.
Os animais reverenciam a natureza de Deus, sem irem à Igreja sabem “Quem é seu Criador”!
(Santo Antônio faleceu em Pádua, na Itália, em 13 de junho de 1231, sendo de Lisboa, ou de Pádua, ou de Toulouse!)

terça-feira, 4 de junho de 2024

Tudo é história?

 A história humana (afinal é o único animal que constrói história) são acontecimentos no tempo e espaço (lugar do acontecimento).

Tudo é história, mas nem tudo é histórico!
Histórico é o que transforma algo em feito grandioso para determinado grupo abrangente, nação ou até de dimensão global!
Tem algo assustador, mas que é transformador: As guerras, pois afetam populações inteiras!
História, por sua vez, faz parte de fatos de um grupo restrito, sem mudar a estrutura existente na sociedade, por exemplo, o familiar, pois afeta somente um determinado clã restrito!

A Empresa de ônibus São Luiz Viação Ltda, hoje Viação Campo Belo, começou no Bairro Jardim São Luiz/SP

A incipiente São Luiz Viação Ltda dos anos de 1960 tornou-se a Viação Campo Belo da atualidade, sendo parte da estrutura do Grupo Ruas, que detém hoje mais de 50% do transporte de passageiros da cidade de São Paulo.

O Grupo Ruas é um grupo empresarial brasileiro de transportes urbanos, fundado em 1961, pelo imigrante português naturalizado brasileiro, José Ruas Vaz. Atualmente o conglomerado possui mais de 30.000 funcionários e tem participação em mais de 50 empresas.

Entre os anos de 1961 e 1984, o Grupo Ruas adquiriu 16 empresas de ônibus no estado de São Paulo.

O grupo ganhou espaço grande na prefeitura de São Paulo, e hoje detêm a maior parte da frota de ônibus da cidade com mais de 6.800 ônibus, cerca de 53% da frota da capital paulista.

 Grupo Ruas: Do transporte coletivo a fabricação de carrocerias

Em 2001, a Caio é assumida por um grupo de investimento, com forte atuação no mercado de transportes da cidade de São Paulo, dand0 origem ao Grupo Caio Induscar.

Em 2004, o Grupo Ruas fundou a holding RuasInvest, onde torna-se a acionista majoritária da Caio Induscar.

A Companhia Americana Industrial de Ônibus (Caio) foi fundada em 19 de dezembro de 1945, na rua Guaiaúna, no bairro da Penha, em São Paulo, pelo imigrante italiano José Massa, bisavô do piloto brasileiro de Fórmula 1 Felipe Massa.

Em 2001, o Grupo Ruas assumiu o controle da CAIO, por meio da Induscar e em março de 2009, a Induscar passou definitivamente a ser dona da marca e do parque fabril.

Em 2017, sócios-acionistas e investidores do Grupo Caio Induscar, adquiriram o parque fabril e a marca Busscar, fabricante de ônibus rodoviários. A aquisição teve como objetivo ampliar a atuação do Grupo Caio Induscar, nos mercados interno e externo.

 Saga de José Ruas Vaz e o Grupo Ruas

José Ruas Vaz nasceu em 1928, na Serra da Estrela, em Fornos de Algodres, Portugal. Era filho de um promissor criador de ovelhas, Antonio Martins Ruas, e da "fazedora de queijos", Maria da Glória Vaz. Aos 21 anos decidiu vir ao Brasil com a “carta de chamada” dos tios, chegando em 4 de setembro de 1949, onde desembarcou no Porto de Santos, subiu a Serra do Mar de trem e foi morar em um cômodo da casa dos tios comerciantes, à Rua Afonso Sardinha, na Lapa. O rapaz admirava muito outro tio, dono da panificadora Santa Tereza, fundada em 1872, concorrida no coração da cidade, à Praça João Mendes, onde está ainda hoje com nova administração. 

Em 1957 adquiriu seu próprio negócio, a “Padaria Salazar”, no número 1.251 da Avenida Pompéia, e por onde vinham os bondes.

Nesta época estava havendo uma transição entre os bondes e os ônibus no transporte de passageiros em São Paulo e em frente a padaria ficava um ponto de ônibus. Um dia, a CMTC, retirou a linha de ônibus em frente à padaria e o movimento do estabelecimento caiu drasticamente porque os passageiros que esperavam o ônibus e frequentavam a padaria deslocaram-se para o novo local. A empresa Pompéia x Fábrica, assumiu o antigo ponto da CMTC e a padaria Salazar recuperou clientela. José Ruas Vaz percebia que os ônibus saíam e chegavam lotados. Em 1961, interessando-se pelo segmento de transporte coletivo fechou acordo com empresários de Santo André, de quem adquiriu a empresa Viação Campo Belo Ltda, (antiga).

Vendeu a Padaria Salazar, com o coração apertado, mas era hora de mudar de “padeiro” a um dos empresários mais bem sucedidos no sistema de transportes coletivos do Brasil.

No bairro Jardim São Luiz, em São Paulo, José Ruas teve no “patrício”, Padre Edmundo da Mata, da Paróquia São Luiz Gonzaga, seu grande amigo e incentivador, para o desenvolvimento, tanto da empresa quanto ao bairro que deu o nome do primeiro registro da empresa do Grupo Ruas: São Luiz!

 


 

Vide mais em:

Os Ônibus de Emílio Guerra, a Viação Colúmbia e a Empresa São Luiz Viação Ltda

https://carlosfatorelli27013.blogspot.com/2015/10/os-onibus-de-emilio-guerra-viacao.html