segunda-feira, 18 de maio de 2009

IDIOTA

Idiota

“Só há duas coisas infinitas: o Universo e a Estupidez
Humana, mas não estou muito seguro da primeira.
Da segunda, pode-se observar como nos destruímos,
só para demonstrar quem pode mais.”
Albert Einstein

Como a semântica é transformada e chega às outras gerações com outro contexto diferente daquele que originou o termo. Vê-se que somos privados do direito de opinar em coisas que dizem respeito ao povo delegando a um grupo para decidir em seu nome, (veja neste blog o texto “POVO E SUA IDENTIDADE”) advogando por vezes contrário aos interesses de toda a coletividade. Aquele a quem denominamos “homem público” é quem recebe a representação pelo sufrágio, para suprir as aspirações populares, se torna assim “homem de Estado”.

Esta escolha acontece porque na Grécia, em determinado momento histórico, surgiu o conceito do governo do povo, ou democracia. Havia determinados grupos, possuidores de bens, que podiam escolher os seus representantes, mas muitos ficavam alijados de opinar, como por exemplo, escravos, mulheres e não proprietários. Resumindo: quem possuísse terras tinha direito de escolha, os demais, nem pensar nesta questão de Estado, não podiam opinar.

Nascia, deste modo, os “IDHIÓTIS”, o cidadão privado, que em Atenas era usado para se referir àquele que se apartasse da vida pública. O termo derivou-se de “ÍDHIOS”, palavra para designar “privado”. Assim, todo aquele que não representasse o magistrado, o juiz ou o soberano, era pessoa privada, ou sintetizando “IDHIÓTIS” ou pela mudança etimológica, “IDIÓTES”.

Todo aquele que não representasse a classe de domínio era idiota, a saber: soldado raso, na Grécia, um hoplita defensor de seu senhor, sem divisas em oposição ao oficial, de comando em batalhas, escritores de prosa em posição ao poeta helênico, o iletrado em oposição ao educado em “ginasium”, ou quem matasse a beleza da arte e sua perfeição. Veja que não sobra muito ao homem comum, ou melhor, nada, logo se enquadrava como idiota toda a massa em volta da Metrópole, os periféricos. Se recorrermos ao termo na atualidade, de grandes catedráticos vai-se ter sinônimos nada agradáveis, para os antigos apartados da vida das cidades gregas, e eles seriam chamados pejorativamente de estúpido, imbecil, ignorante e por aí afora.

Hoje, o que representa a leva dos apartados das decisões, que surgem nos gabinetes das cidades?

Fazemos parte de um sistema muito bem estruturado, que se movimenta como um grande organismo vivo e que aos poucos se criam tentáculos monstruosos, alcançando com suas garras as indefesas criaturas que dele fazem parte. Por vezes representam à modernidade e o capitalismo, abarcando para dentro de si toda estupidez imaginável. Movimenta-se de uma maneira em que não sentimos de relance seu impacto, mas as transformações sorrateiras atingem como os monstros mutantes, por mimetismo impressionante, tão veloz quanto aquilo que pretendem destruir à sua frente, onde nunca há obstáculos que contenham sua voracidade insaciável. Sentimos seus efeitos e de repente estamos dominados por uma rede bem tramada. A isto se dá o nome de ações do Estado.

Urbano, é o centro nervoso das decisões, é a transformação do meio em que tem sobre o homem moderno um controle imediato do tempo disponível para atingir um espaço onde provenha um beneficio numa cadeia incontrolável. O urbano é a vitrine de uma organização, e sua sede maior são as cidades, de onde advêm todas as regras a que está submetido o homem moderno: servir ao Estado.

Não interessa os dramas provenientes dessa estrutura viva, que exige acima de tudo a máxima eficiência. Os encantos financeiros do mercado definem como o “ponto final da história” tradicional, em que tudo deve estar submetido aos interesses manipulantes, manejado por um bem estar ilusório, iniciado no núcleo da célula urbana, onde se instala o “quartel general do staff moderno”, da economia de controle das bolsas de valores ou através de sistema financeiro de bancos centrais articulados por um banco mundial, que ramifica hidras captadoras de recursos.

Mamon, o deus da riqueza do homem, irá prover desta maneira todas suas necessidades não lhe faltando nada, providenciaria, deste modo, uma bênção maléfica, provendo deste modo uma felicidade tão procurada pela humanidade em curto período de sua história. Querem a todo custo demonstrar que isto resultaria a harmonia entre os povos, a “pax romana”, onde se amaria o deus monetário como se amou no deserto do Sinai, a pecúnia dos infortúnios.

As utopias do Estado, a grande desgraça dos homens, pois criaram este monstro incontrolável e insaciável, que tem sobre a humanidade todo controle vigiado das ações e isto se faz presente sempre.

O Estado se organizou no organismo vivo das cidades, centro nervoso das movimentações urbanas controlando o sistema e dele extraindo benefícios de interesses do Estado, motivo de sujeição incansável do movimento das massas, de certa maneira querendo controlar os passos do próximo para melhor manipular seus interesses.

Por vezes a luta humana parece representar a preservação e manutenção das espécies, mas o homem não faz mais parte da cadeia alimentar de outras espécies, mas é o homem o grande predador indomável que demonstra sua real intenção nas ações de seu movimento.

O Estado organizou-se para manter-se a si mesmo, como um imperador no centro do poder moderno que demonstra sua real força ao manter a ordem pretendida, por um poder somado aos outros três que já existem que forma o congresso, protegendo de maneira embrutecida todo regime pela força militar.

Esta força militar existe e é ditatorialmente perpetuada por gerações que vivem de ações violentas geradas pelo Estado, que por sua vez nunca fornece a segurança elementar a seus súditos e quando estes requerem seus benefícios são agredidos de maneira abrupta e eficiente. Quanto à ignorância do Estado não promove dignidade e bem estar social e muito bem poder-se-ia prover suas necessidades sem interferência deste monstro, mas não se faz porque o Estado promove o direito à propriedade, assim roubando o direito de usufruto comum. Como promove o saque nada mais justo distribuir parte do mesmo.

Está próxima o final da história anunciada pelos profetas econômicos, o mundo financeiro já deu uma balançada, não se destruiu por si próprio porque socorre extraindo o antídoto daqueles que pode fornecer capitalização ao sistema financeiro, socializando as perdas. O fim da história mal fadada até este momento, dará espaço ao vazio que o poder vem plantando de longa data e seu deus de barro irá desmoronar para as profundezas do caos.

Os apartados não merecem créditos, assim pensam as elites governantes, enquanto na soberana decisão usam de subterfúgios desviantes para beneficio próprio com os cofres erário publico, os aconchavos acontecem sem satisfação alguma, pois o povo escolheu a escória administrativa, que loteia gabinetes aos parias e hoplitas para garantias de segurança.

O povo recebe pão e circo em semana de cultura. Qual cultura? Aquela de interesse de um grupo, não o periférico, que necessita resolver outras necessidades como básico do sustento. Bolsa disto, ou daquilo, são meros paliativos enganosos do poder que manipulam marionetes idiotas!