Impressiona quando a trama da história
encontra o elo de um personagem. Essa história é mais um momento ocorrido em
Santo Amaro, um território de 640 quilômetros quadrados!
Cornélio de Arzão, nasceu no Condado de
Flandres, Bélgica, pelos anos de 1565 e veio para São Paulo em 1609, e
tornou-se genro do Capitão-Mor Martim Fernandes Tenório de Aguillar. Ambos não
se conheceram, pois quando Cornélio de
Arzão chegou seu sogro já havia partido para uma bandeira na Boca do Sertão
paulista. Foi sua sogra, Suzana Rodrigues, quem tratou de seu casamento com
Elvira Rodrigues. Teve 6 filhos, sendo Braz Rodrigues de Arzão o quinto filho
do casal.
Cornélio de Arzão era cristão novo, ou
seja, judeu convertido ao catolicismo.
Cornélio de Arzão aparece em 1616 como
um dos primeiros donos de moinhos movidos a roda d’água nas beiradas do rio
Anhangabaú, e 12 anos mais tarde estava em Santo Amaro, ás margens do Rio
Pinheiros, perto do Engenho de Ferro. Seu moinho “de moer trigo moente e
corrente” foi avaliado pela Inquisição em 1638 em 10 mil réis e no pregão foi
arrematado por 14 mil réis, o que sem dúvida, pelo valor atingido, era uma boa
peça, mecanismo valioso. O moinho de trigo referido com esse produto foi
substituído pelo milho que era menosprezado e rotulado como “Farinha de
cachorro”, mas que no século seguinte fazia parte da alimentação inúmeros
produtos provenientes do milho e que já se dizia que em nada se diferenciava da
farinha europeia, salvo em ser esta cozida ao forno e levar sal.
Cornélio de Arzão apesar de seu
trabalho honesto entrou em conflitos com os jesuítas, em 1618, que não
conseguiam fazer negócios vantajosos com ele. Assim foi submetido a julgamento
pela Inquisição, perdendo todos os seus bens, confiscados que foram pelo Santo
Ofício, mesmo não se comprovando crime que tenha perpetrado. Esteve preso por
cinco anos em Setúbal, Portugal. Em 1627 foi libertado e retornou ao Brasil,
conseguindo uma carta de sesmaria para um terreno nas cercanias de São Paulo,
em área onde é hoje o município de Cubatão, por volta de 1628, local onde
passavam diversos ribeirões e córregos e era praxe o pagamento de pedágio ao
proprietário quando alguém precisava transpor as águas em viagem. Os jesuítas
para aumentar suas rendas nos pedágios e na exploração das terras em Cubatão,
conseguiram nova expropriação de sua sesmaria e de inúmeras outras propriedades
vizinhas, resultando perda de todos os seus bens em 1628. Morreu em São Paulo
em 30 de outubro de1638, deixando testamento no qual distribui o que sobrou de
seus pertences para seus familiares.
Filhos:
1-Maria, nascida por 1613
2- Manoel, nascido por 1616: (Sesmarias
vol. 01, 158) Manoel de Arzão - 1640 - filho e neto de conquistadores, terras
na cabeceira de Belchior de Borba. Casou-se aos 13-01-1642 na Sé de São Paulo
com Maria Afonso também referida em alguns assentos paroquiais como Maria de
Azevedo. Aos 06-10-1677 recebeu provisão passada na Bahia por Antonio Garcia
para assumir o cargo de Capitão de Infantaria da Ordenança do Bairro de Santo
Amaro, antes ocupado por Francisco Furtado porque, estando vago o posto,
"convem prove-lo em pessoa de pratica da disciplina militar e experiência
da guerra: tendo nós consideração ao bem que todas estas partes e qualidades
concorrem, na pessoa de Monoel Rodrigues de Arzão.Tiveram vários filhos entre
eles:
- Suzana Rodrigues de Arzam, casada com
Manoel Gonçalves Malio, filho de Baltazar Gonçalvez Malio e Domingas de Abreu,
todos moradores em Santo Amaro, onde batizaram os filhos e onde faleceram,
Manoel em 1720 e Suzana aos 04-05-1754, sepultada dentro da Matriz de Santo
Amaro. Além dos filhos legítimos, Manoel teve alguns naturais e outros
bastardos, batizados e casados em Santo Amaro, conforme os livros paroquiais.
3- Ana Rodrigues casada com Belchior de
Borba - 1640 - No limite de Botura, nas cabeceiras de Tristão de Oliveira ou de
Martim Rodrigues. Família “Borba Gato”.
4- Suzana, nascida por 1624.
5- Braz Rodrigues de Arzão, nascido por
1626
6-
Cornélio, nascido por 1628.
Veja complemento desse histórico em:
O “Santo” da Igreja de Santo Amaro, a
“Banda do Além” e a genealogia dos Aguilar, Rodrigues, Paes e Borba Gato
WEBER, Maria Aparecida; Sérgio. Campo Belo: Monografia de um
Bairro. São Paulo: Editora Estação Liberdade
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