quinta-feira, 21 de maio de 2020

O Nome "Arzão" (ou Arzam) em Santo Amaro/SP


Impressiona quando a trama da história encontra o elo de um personagem. Essa história é mais um momento ocorrido em Santo Amaro, um território de 640 quilômetros quadrados!


Cornélio de Arzão, nasceu no Condado de Flandres, Bélgica, pelos anos de 1565 e veio para São Paulo em 1609, e tornou-se genro do Capitão-Mor Martim Fernandes Tenório de Aguillar. Ambos não se conheceram, pois quando  Cornélio de Arzão chegou seu sogro já havia partido para uma bandeira na Boca do Sertão paulista. Foi sua sogra, Suzana Rodrigues, quem tratou de seu casamento com Elvira Rodrigues. Teve 6 filhos, sendo Braz Rodrigues de Arzão o quinto filho do casal.

Cornélio de Arzão era cristão novo, ou seja, judeu convertido ao catolicismo.

Cornélio de Arzão aparece em 1616 como um dos primeiros donos de moinhos movidos a roda d’água nas beiradas do rio Anhangabaú, e 12 anos mais tarde estava em Santo Amaro, ás margens do Rio Pinheiros, perto do Engenho de Ferro. Seu moinho “de moer trigo moente e corrente” foi avaliado pela Inquisição em 1638 em 10 mil réis e no pregão foi arrematado por 14 mil réis, o que sem dúvida, pelo valor atingido, era uma boa peça, mecanismo valioso. O moinho de trigo referido com esse produto foi substituído pelo milho que era menosprezado e rotulado como “Farinha de cachorro”, mas que no século seguinte fazia parte da alimentação inúmeros produtos provenientes do milho e que já se dizia que em nada se diferenciava da farinha europeia, salvo em ser esta cozida ao forno e levar sal.

Cornélio de Arzão apesar de seu trabalho honesto entrou em conflitos com os jesuítas, em 1618, que não conseguiam fazer negócios vantajosos com ele. Assim foi submetido a julgamento pela Inquisição, perdendo todos os seus bens, confiscados que foram pelo Santo Ofício, mesmo não se comprovando crime que tenha perpetrado. Esteve preso por cinco anos em Setúbal, Portugal. Em 1627 foi libertado e retornou ao Brasil, conseguindo uma carta de sesmaria para um terreno nas cercanias de São Paulo, em área onde é hoje o município de Cubatão, por volta de 1628, local onde passavam diversos ribeirões e córregos e era praxe o pagamento de pedágio ao proprietário quando alguém precisava transpor as águas em viagem. Os jesuítas para aumentar suas rendas nos pedágios e na exploração das terras em Cubatão, conseguiram nova expropriação de sua sesmaria e de inúmeras outras propriedades vizinhas, resultando perda de todos os seus bens em 1628. Morreu em São Paulo em 30 de outubro de1638, deixando testamento no qual distribui o que sobrou de seus pertences para seus familiares.

 Filhos:

1-Maria, nascida por 1613


2- Manoel, nascido por 1616: (Sesmarias vol. 01, 158) Manoel de Arzão - 1640 - filho e neto de conquistadores, terras na cabeceira de Belchior de Borba. Casou-se aos 13-01-1642 na Sé de São Paulo com Maria Afonso também referida em alguns assentos paroquiais como Maria de Azevedo. Aos 06-10-1677 recebeu provisão passada na Bahia por Antonio Garcia para assumir o cargo de Capitão de Infantaria da Ordenança do Bairro de Santo Amaro, antes ocupado por Francisco Furtado porque, estando vago o posto, "convem prove-lo em pessoa de pratica da disciplina militar e experiência da guerra: tendo nós consideração ao bem que todas estas partes e qualidades concorrem, na pessoa de Monoel Rodrigues de Arzão.Tiveram vários filhos entre eles:
- Suzana Rodrigues de Arzam, casada com Manoel Gonçalves Malio, filho de Baltazar Gonçalvez Malio e Domingas de Abreu, todos moradores em Santo Amaro, onde batizaram os filhos e onde faleceram, Manoel em 1720 e Suzana aos 04-05-1754, sepultada dentro da Matriz de Santo Amaro. Além dos filhos legítimos, Manoel teve alguns naturais e outros bastardos, batizados e casados em Santo Amaro, conforme os livros paroquiais.


3- Ana Rodrigues casada com Belchior de Borba - 1640 - No limite de Botura, nas cabeceiras de Tristão de Oliveira ou de Martim Rodrigues. Família “Borba Gato”.


4- Suzana, nascida por 1624.


5- Braz Rodrigues de Arzão, nascido por 1626


 6- Cornélio, nascido por 1628.



Veja complemento desse histórico em:

O “Santo” da Igreja de Santo Amaro, a “Banda do Além” e a genealogia dos Aguilar, Rodrigues, Paes e Borba Gato

WEBER, Maria Aparecida; Sérgio. Campo Belo: Monografia de um Bairro. São Paulo: Editora Estação Liberdade


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