domingo, 26 de fevereiro de 2023

Cartório de Registro Civil do Jardim São Luiz, São Paulo

O que até pouco tempo era uma pequena sala, na Avenida Maria Coelho Aguiar, hoje é um dos mais modernos cartórios, situado à estrada de Itapecerica, nº. 305.


Trata-se do Cartório de Registro Civil do Distrito São Luiz, que dá continuidade aos seus bons serviços, com inauguração de novas dependências, revigorando-se em novo endereço desde 02 de junho de 2008. Houve missa em 6 de julho de 2008, presidida pelo saudoso padre Edmundo da Mata, da Paróquia São Luiz Gonzaga, do Jardim São Luiz, que à época enalteceu os bons serviços cartoriais.







Uma estrutura arquitetônica arrojada semelhante aos grandes casarões coloniais, mas com encanto de arte moderna, singeleza de estética, tem em suas dependências amplos espaços tanto no andar térreo quanto no primeiro andar superior onde são elaborados a maioria de todas as atividades cartoriais, serviço de notas e registro civil. Uma escadaria interna acessa o terceiro acompanha toda a atividade com circuito interno.





O pátio amplo permite até vinte veículos estacionados, com sete banheiros disponíveis onde três são femininos, três masculinos e um para atendimento de especiais. No térreo há um salão amplo para realização de casamentos. 

Como uma empresa eficiente há um rodízio para que todos os funcionários tenham conhecimento geral de toda atividade do cartório, onde cada um tem que ter interesse em atendimento de qualidade. Todas as dúvidas são sanadas pela Oficial titular, doutora Evanice Callado Rodrigues dos Santos, que participa incessantemente de todos os processos, sanando todo tipo de dúvida recorrente durante os trabalhos nos seus aproximados 350 casos diários no atendimento ao público local, assim como as empresas baseadas no Centro Empresarial de São Paulo.

O início foi na região de Ribeirão Preto, na cidade de Jardinópolis, São Paulo. A Oficial Evanice assumiu o que era uma brincadeira de criança tornou-se carreira profissional. Começou galgando posições das quais poderia ser incluída nos setores de anotações, translado de registros de procurações de outros cartórios. Era eximia escrevente e permaneceu na serventia por longos 30 anos. 

Seu grande mestre foi o oficial do cartório de Jardinópolis, senhor Octavio de Almeida Guimarães, que lhe passou todos os segredos e com quem aprendeu muito.

Em depoimento ela mostra todo o carinho atribuído ao seu grande mestre: “Tenho muita gratidão por tudo o que ele me ensinou”. 

No ano de 1986 ingressou no curso de Direito, e em 1994 assumiu o posto como Oficial Titular do Registro Civil, na cidade de Tabatinga, interior de São Paulo, onde permaneceu por cinco anos. Após novo concurso, no ano 2000 assumiu o posto do recente Distrito do Jardim São Luiz, no extremo da zona sul da cidade de São Paulo.

Sempre presente e carismática trouxe o olhar do interior para a nova comunidade, onde preserva a amizade peculiar aprendida das famílias interioranas.

Nos primeiros momentos de atuação na região teve uma impressão de espanto, quanto ao alto índice de criminalidade, mas que foi diminuindo aos poucos com ações pontuas na região no campo social. 

Sua larga experiência foi acompanhada pela tecnologia de ponta com transformações geridas pela informática, e que deixa patente em depoimento: “Fui a primeira Oficial feminina do Cartório. A serventia já começou com computadores, arquivos informatizados”, e mais à frente complementa: “Melhorou tanto o método de trabalho quanto o atendimento ao público. Hoje não entendo como seria minha vida sem o computador”.

Quando foi instituída a gratuidade de registros comenta que não era uma novidade, pois dos tempos de interior já tinha a chama implantada de ajuda aos impossibilitados dos custeios cartoriais: 

“Seu Octávio nunca cobrou o registro de óbito, o procedimento não foi novidade para mim. No entanto, até a criação do fundo de ressarcimento, dependia financeiramente do meu pai e de amigos que ajudaram”. Atualmente há gratuidade em serviços de serventia como os registros civis e dos casamentos. 

O Hospital Campo Limpo mantém junto ao Cartório de Registro Civil do Jardim São Luiz, convênio para que todos os nascimentos do hospital sejam feitos no Jardim São Luiz, e para onde é deslocada uma funcionária todos os dias. 

Deixa patente sua alegria de participar da evolução da região:

“É uma satisfação pessoal e uma realização profissional participar da evolução dos serviços oferecidos pelo Cartório”. 

O Jardim São Luiz possui atualmente um cartório de qualidade com uma arquitetura das mais bonitas dos cartórios de São Paulo, a altura de sua gente, o povo do Distrito do Jardim São Luiz!

 




















* Deixo aqui registrado que a Oficial do Cartório, doutora Evanice, deu-nos esse depoimento e foi quem primeiramente se interessou em publicar em gráfica a história do Bairro Jardim São Luiz, e distribui gratuitamente 1000 exemplares editados para a população local, a quem transmitimos gratidão e pela memória do Padre Edmundo da Mata que fez a ponte de contato.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

A história do padre Jaime, o Irlandês da Periferia de São Paulo

O incansável padre Jaime, o Irlandês da Periferia do Jardim Ângela...descansou!

James Crowe nasceu em 07 de março de 1945, e viveu no interior, condado de Claren, na Irlanda. Sua vida estava entre os estudos e o trabalho na fazenda, onde ordenhava as vacas, plantava batata e jogava futebol com os nove irmãos.

Veio de uma família católica irlandesa, frequentava as missas dominicais, onde tinha o incentivo que o levaria ao seminário, tendo ainda o interesse de frequentar a faculdade de Agronomia, por causa da atividade exercida pela família. Possuía amigos missionários que traziam histórias de comunidades da África e deste modo convenceram o jovem James a optar pelo seminário.

Na época em que foi ordenado padre,(06 de abril de 1969) o Papa João XXIII cobrava uma participação mais intensa na América Latina, e deste modo o padre James desembarcou em São Paulo, com apenas 24 anos, em novembro de 1969, e seu nome irlandês James, tornou-se popularmente conhecido por Jaime.

Em 1972 foi criada a Comunidade São João Evangelista, primeiramente no Jardim Elisa, que pertencia ao casal Sebastião Aniceto de Jesus Lins e à Maria Aparecida, sendo feita celebrações do padre Jaime, que à época era pároco da Matriz Nossa Senhora do Rosário, no Embu das Artes, em São Paulo. Tendo muito trabalho a ser realizado tanto na paróquia quanto nas comunidades e tendo grandes desafios nos bairros que cresciam vertiginosamente foi-lhe bem-vinda a colaboração de padre Eduardo que veio auxiliar o padre Jaime nas celebrações e outras atividades locais. Assim foi providenciada a compra de um terreno para a construção da futura Paróquia São João Evangelista.

Com o incentivo dos dois padres e participação dos fiéis da comunidade esta cresceu e deste modo novo desafio foi colocado ao padre Jaime, sendo transferido para a Paróquia Santos Mártires, no Jardim Ângela.

Por algum tempo serviu a igreja em Embu das Artes, sendo que se tornou “Cidadão Embuense”, título concedido pela cidade.

Nova Casa: Paróquia Santos Mártires

O Jardim Ângela, na periferia de São Paulo era considerado o lugar mais violento do mundo em 1996 pelas Nações Unidas. Nesta mesma data, ele decidiu que, como sendo o padre do bairro mais violento do mundo, não podia seguir apenas “enterrando e rezando missa de sétimo dia”. No dia 2 de novembro daquele ano, Dia de Finados, organizou a Caminhada pela Vida e pela Paz, que refazia o trajeto ao qual já estava habituado: da igreja Santos Mártires, ao cemitério do Jardim São Luiz, que era o local para onde transportavam a maioria de jovens assassinados na região, os mártires anônimos da periferia. 


Liderou então a criação do Fórum em Defesa da Vida e pela Superação da Violência, onde era assessorado por um grupo de psicólogos e orientadores educacionais que providenciavam a estrutura para os encontros.

Graças a influência exercida pelo padre Jaime no campo social, houve grande participação popular para que o terreno que pertencia a empresa Bom Brill, na Estrada do M’Boi Mirim, tivesse o destino de se construir um hospital. Em 8 de abril de 2008 foi inaugurado o Hospital Municipal do M’Boi Mirim “Doutor Moysés Dutsch, próximo ao terminal de ônibus Jardim Ângela. 

Foto 12 de junho de 2003



Cônscio que a violência tinha um afastamento entre a polícia e a comunidade criou reuniões do Fórum Social, que primeiramente foram realizadas na Paróquia Santos Mártires, com participação de agentes do governo do Estado, para aproximar polícia e os moradores. Assim em 1999 foi implementado a “Polícia Comunitária” contribuindo deste modo com a queda dos índices de homicídios no Ângela, graças à parceria de grupos fortalecidos com a liderança do padre Jaime”. Sempre recebeu as entidades com muito apreço, com um sorriso de boas-vindas.


Além disso fortaleceu a participação das mulheres combatendo todo tipo de violência a elas dirigidas, inclusive a violência doméstica, dando amparo em casas de abrigo e proteção.

O Jardim Ângela, hoje é referência e modelo de combate à violência. Padre Eduardo e Padre Jaime, foram incansáveis e perseverantes de uma realidade que foi mudada com muito trabalho. 

Em 2021 os dois voltaram para a Irlanda, sua terra natal, depois de combater o bom combate, recebemos hoje a notícia de ser passamento terreno ocorrido em 20 de fevereiro de 2023. 

Que Deus lhe reserve o lugar dos justos, pois foi por justiça que sempre lutou a vida toda, com merecido repouso eterno, (réquiem) depois de grandes feitos!

Tivemos a felicidade de conviver e aprender com ele!

 

 

( Sujeito a revisão futura sem prévio aviso)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Maria Coelho Aguiar, Mãe de Amador Aguiar, do Banco Bradesco e nome de Avenida no Bairro Jardim São Luiz, em São Paulo!

MARIA COELHO AGUIAR, MÃE DE AMADOR AGUIAR DO BANCO BRADESCO

 Nossa história começa com um depoimento de quem conviveu com Amador Aguiar:

Em 1949 o Banco Noroeste[1] transferiu o jovem Laudo Natel[2] (que foi governador de São Paulo) para a cidade de Lins, onde foi promovido a caixa e a pró contador onde teve contato com o gerente da casa bancária, Amador Aguiar, que nas palavras de Natel era:

“Um gênio das coisas simples”.

 O gerente da agência do Banco Noroeste de Lins era Raul Dias Toledo e o contador era Honório Rodrigues Costa. Laudo Natel, veio para a agência de Pirajuí, permaneceu no Banco Noroeste de dezembro de 1937 a agosto de 1943, transferindo-se, a convite de Amador Aguiar, para o Banco Brasileiro de Descontos, recém fundado.

A família Aguiar e Silva

Amador Aguiar nasceu em 11 de fevereiro de 1904, na fazenda Arindeúva (Fazenda Dumont), na cidade de Ribeirão Preto, em São Paulo. Era o terceiro de 13 filhos do casal João Antonio de Aguiar Silva e Maria Coelho Aguiar que viviam do campo, na lavoura de café.

Registro de batismo de Amador Aguiar

Sua mãe, Maria Coelho Aguiar nasceu em 26 de julho de 1882, em São Paulo, filha de José Mathias Coelho e Emília Cândida de Jesus. Ela faleceu em 24 de novembro de 1952, em São Paulo, aos 70 anos.

Seu pai João Antonio de Aguiar Silva nasceu, em 28 de agosto de 1873. Seu avô, de nome homônimo, João Antonio da Aguiar Silva, tinha 51 anos e sua avó, Guilhermina Martins da Costa Passos, 33. O pai de Amador Aguiar, João Antonio de Aguiar Silva, faleceu em 1º de janeiro de 1926, aos 52 anos.

João Antonio de Aguiar Silva e Maria Coelho Aguiar, casaram-se em 15 de outubro de 1898, em Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Eles eram pais de pelo menos 9 filhos e 4 filhas:

Jayme de Aguiar e Silva (1900–1963); Teófilo de Aguiar e Silva (1902–?);; Amador Aguiar (1904–1991); Abílio Aguiar e Silva (1905–1966); Guilhermina Aguiar e Silva (1908–?); Ozório Aguiar e Silva (1909–1964); Elói Aguiar e Silva (1910–?) Acácio Aguiar e Silva (1912–?); Henrique Aguiar e Silva (1915–?); Otília Coelho Aguiar (1916–?); Emília Aguiar Silva(1920–?); Jacyra Aguiar e Silva (1922–?); Mário Coelho Aguiar (1925–?).

Amador Aguiar, saiu de casa aos 16 anos com problemas de relacionamento com o pai, João Antônio Aguiar Silva, abolindo seu sobrenome Silva, evitando assim uma boca a menos para alimentar.

Tornou-se tipógrafo em Ribeirão Preto fazendo composição tipográfica, corpo 8, claro e negrito, de dois jornais “A Tarde” e “Diário da Manhã”, sendo que já obtivera alguma experiência numa gráfica de Sertãozinho, na Tipografia Pieroni, na Praça 21 de Abril. Depois transferiu-se para Bebedouro onde conseguiu um emprego nas oficinas dos jornais “A Vanguarda”, “Jornal de Bebedouro” e “Gazeta de Bebedouro”, mas perdeu o dedo indicador da mão direita em uma máquina tipográfica, mudando deste modo de profissão.

Amador Aguiar ao lado da impressora Liberty, em que começou sua carreira como tipógrafo – Foto de 1985-Acervo de Amador Aguiar

A família Aguiar era muito próxima de Francisco Schmidt[3] , grande fazendeiro de Ribeirão Preto, onde João Antônio teria sido administrador de suas fazendas, mas o chefe da família teria perdido todos os seus bens por razões das crises, relacionadas com a geada, crise do café, febre amarela e ataque de gafanhotos, que aconteceram em 1918.

O fazendeiro Francisco Schmidt morreu em 1924 e em 1926 faleceu João Antônio de Aguiar Silva. Forçado pelas circunstâncias, Amador Aguiar, tornou-se arrimo de família, dando suporte a família numerosa.

Em cada visita que fazia à casa materna, deixava cheques assinados e pré-datados. A mãe transformou a casa num ateliê de costura, tendo boa clientela, fazendo roupas de vários feitios, inclusive ternos masculinos. Para manter a casa ainda cozinhava e vendia marmitas, valendo-se da experiência de quando morava nas fazendas e preparava as refeições dos colonos. Foi assim que os filhos foram educados até seguirem o próprio rumo.

Amador Aguiar casou-se com 21 anos, no dia 24 de setembro de 1925, com Eliza Silva Aguiar e tiveram um casal de filhos, que morreram antes de atingirem um ano, Rubens Aguiar (1927) e Clarice Aguiar (1930) disso resultando a impossibilidade de não terem mais filhos. No ano seguinte, o casal mudou-se para Birigui, onde Amador Aguiar tornou-se office-boy (contínuo) do Banco Noroeste.

No final da década de 1930 adotaram duas meninas gêmeas Lia Aguiar e Lina Aguiar e um pouco mais tarde uma outra menina, Maria Ângela Aguiar.

Era um homem simples que tinha aversão em usar meias e confessou certa vez a Laudo Natel, com quem trabalhou:

“Eu devo muito a asma, é que ela não me deixa dormir e eu aproveito para estudar”.

 
O Futuro 
Banco Brasileiro de Descontos S/A.

A Casa Bancária Almeida & Cia, com sede em Marília, instituição financeira anteriormente denominada Almeida & Nogueira, foi fundada pelo Coronel Galdino de Almeida com seu sócio José da Silva Nogueira. A Casa Bancária Almeida & Cia tinha como presidente, o filho de Galdino, José Alfredo de Almeida, que ocupou o cargo até a década de 1960, sendo sucedido pelo seu cunhado, Dr. José da Cunha Júnior.

José Alfredo de Almeida, conhecido por Zezé de Almeida, nasceu em Igarapava em 1º de novembro de 1909 e faleceu em Marília em 30 de janeiro de 1971. Veio para Marília na década de 1920, para organizar as vendas do Patrimônio da Vila Barbosa, de propriedade da firma Almeida & Nogueira. Depois fundou com seu cunhado Dr. José da Cunha Júnior a Casa Bancária Almeida & Cia., que se transformou depois no Banco Brasileiro de Descontos S/A. José Alfredo de Almeida[4] alguns anos depois veio a fundar uma companhia de aviação[5] civil no país .

Sob o comando do então presidente e controlador da Casa Bancária Almeida & Cia, José da Cunha Júnior, que era uma espécie de correspondente bancário do Banco do Brasil pra servir de intermediário para os fazendeiros e agricultores do interior, em 1943 preparava-se para transformar-se no Banco Brasileiro de Descontos, Bradesco, tendo sido seu idealizador, José Carlos Negreiros, preparado para assumir, mas que faleceu antes da empreitada, devido a um infarto.

Os fundamentos do Banco Brasileiro de Descontos (Bradesco)

Foi necessário contratar alguém para o cargo e foi cogitado o nome de Amador Aguiar que estava no Banco Noroeste, de Marília, para assumir como diretor gerente, recebendo o bônus de 10% das ações do novo banco.

Amador Aguiar caminha por Marília (SP), à época da fundação do Bradesco – 1943

Assim se inicia as atividades do Banco Brasileiro de Descontos (Bradesco) em 10 de março de 1943, com novo estilo de abordagem dos demais bancos, rompendo-se o balcão de aproximação do gerente com o cliente, e deste modo em menos de um ano das antigas 6 casas bancárias da antiga da extinta Almeida & Cia, passou para 16 agências com o Bradesco.

Com essa postura e muita determinação, Amador Aguiar percorreu todos os cargos existentes, até assumir o de gerente geral.

Em 1945 Amador Aguiar ofereceu a gerência de uma nova sede na Cidade de São Paulo transferida para a rua Álvares Penteado, em pleno centro financeiro da cidade de São Paulo para Laudo Natel que se mudou para a capital, fixando residência na Vila Mariana, assumido, mais tarde o cargo de secretário geral do Bradesco.

No início da década de 1950, Amador Aguiar adquiriu um computador, ainda um tipo robusto com um armário, para facilitar no serviço, sendo o primeiro a ser adquirido por um banco brasileiro. Com a filosofia de expansão dos negócios bancários Amador Aguiar resolveu mudar depois a sede de São Paulo para outra cidade.

Sete anos após se fixar na cidade de São Paulo, a administração do banco foi levada para a cidade de Osasco, na Vila Yara, em terreno de 32 hectares que resultaria num bairro modelo que seria denominado Cidade de Deus, inaugurada em 10 de março de 1953, que deste projeto visionário, abrigando o setor administrativo do Bradesco, onde abriga hoje até o Museu e a Fundação Bradesco[6].

 Nesta época o Bradesco já contava com agências nas principais cidades de São Paulo e em quase todos os estados do Brasil. Em 1969, Amador Aguiar passa de superintendente à presidência do Banco, por ocasião da aposentadoria do Dr. José da Cunha Junior.

Sua esposa Elisa Silva Aguiar faleceu em 1986 tendo outro relacionamento com antiga funcionária do banco, Cleide de Lourdes Campaner Aguiar, de 1990 até 1991.

Permaneceria durante 47 anos no Banco, deixando o cargo de Presidente do Conselho de Administração em 12 de fevereiro de 1990, data em que foi agraciado com os títulos de Presidente Emérito da Organização e Fundação Bradesco.

Seu hábito simples interiorano, fazia-o fugir dos holofotes, reservando-se a coisas mais importantes a resolver do que aparecer no meio midiático. Faleceria em 24 de janeiro de 1991, deixando uma biografia que se mantém como fonte constante de admiração.

“Seu Brandão”, o sucessor de Amador Aguiar

Lázaro de Mello Brandão começou a trabalhar como escriturário na Casa Bancária Almeida & Cia em 1º de setembro de 1942, e atuou nos mais altos cargos do Bradesco, onde conheceu Laudo Natel, que se tornou governador do Estado se São Paulo. “Seu Brandão” galgou todos os degraus do banco. Em 1963, já com 21 anos de casa, foi promovido a diretor e, em 1977, assumiu a vice-presidência como provável sucessor de Amador Aguiar, então com 73 anos.

Lázaro de Mello Brandão foi considerado um dos maiores banqueiros da América Latina, ele dedicou mais de 75 anos ao banco que viu nascer. Em janeiro de 1981 assumiu a posição de presidente do Bradesco, sucedendo ao então presidente Amador Aguiar. Este continuou como presidente do Conselho de Administração. Em fevereiro de 1990 exerceu a função de presidente do Conselho de Administração, em face da saúde debilitada de Amador Aguiar.

Em 2019, Lázaro de Mello Brandão, o jovem humilde de carreira longeva, presidente e chairman do Bradesco, falecia aos 93 anos.

Considerações:

Independentemente de ser sobre alguém que dirigiu um banco, o que importa nisso tudo é o conteúdo de como ocorreu os fatos, esse desenrolar, essa trama de uma família numerosa.

Por longo tempo percorri atrás de quem era essa senhora Maria Coelho Aguiar, talvez até uma década, ninguém sabia nada de nada, até que culminou em um resultado, após uma incansável busca, afinal o resultado valeu a pena, e a história dessa família, independente do clímax de um final de vencedor, é de uma perseverança fora do comum de várias etapas galgadas com persistência de muito trabalho!



OBSERVAÇÃO:

Fica aqui registrada menção ao amigo e pesquisador de história, Carlos Gilberto Alves, que em nossas extensas correspondências incentivou-me a aprofundar nesse caso, que se arrastava por muito tempo, pois pouco há sobre Maria Coelho Aguiar, inclusive na Página do Dicionário de Ruas de São Paulo, página pertencente a prefeitura paulistana, que resume o conteúdo a respeito de Maria Coelho Aguiar, a ser benemérita apenas, sem descrever nada dos fatos e feitos, que lhe dê consistência histórica.

 

 

Referências:

VIVEIROS, Ricardo. Laudo Natel, Um Bandeirante. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010

CAVALCANTI, Pedro. Amador Aguiar - uma história de intuição e pioneirismo. São Paulo: Editora: Grifo, 2015

https://ancestors.familysearch.org/en/LT5K-JLP/maria-coelho-aguiar-1882-1952

https://ancestors.familysearch.org/en/GZGT-XBD/joao-antonio-de-aguiar-e-silva-1873-1926

https://ancestors.familysearch.org/en/9VRF-PTF/amador-aguiar-1904-1991

https://administradores.com.br/artigos/amador-aguiar-a-gloriosa-e-tragica-historia-do-ex-presidente-do-bradesco

https://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_Noroeste 

https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%A1zaro_de_Mello_Brand%C3%A3o

https://pt.wikipedia.org/wiki/Galdino_de_Almeida

https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%A1zaro_de_Mello_Brand%C3%A3o

https://braziljournal.com/lazaro-de-mello-brandao-o-timoneiro-do-bradesco/

https://www.istoedinheiro.com.br/seu-brandao-1926-2019/

http://museubradesco.org.br/pages/capitulos/amador-aguiar.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Galdino_de_Almeida

https://pt.wikipedia.org/wiki/Aerovias_Brasil

 



[1] Wallace Cockrane Simonsen, filho de Sidney Martin Simonsen e Robertina Cockrane Simonsen, nasceu no Rio de Janeiro, em 23 de maio de 1884. Casou-se com Maria Emília Moretson Simonsen, com quem teve oito filhos. Seus primeiros estudos foram no Colégio São Luiz, em Itu. Obteve seu primeiro emprego em 1899, trabalhando como escriturário no Banco do Comércio e Indústria, em Santos. Atuando na corretagem do café, galgou carreira impressionante, se transformando anos depois no presidente-fundador do Banco Noroeste e em influente figura das elites paulistas e brasileiras.

[2] O gerente da agência de Lins era Raul Dias Toledo e o contador era Honório Rodrigues Costa. Laudo Natel, veio para a agência de Pirajuí e permaneceu no Banco Noroeste de dezembro de 1937 a agosto de 1943. 

[3] Francisco Schmidt, nascido no Reino da Prússia como Franz Schmidt, (Osthofen3 de outubro de 1850/São Paulo18 de maio de 1924). 

Foi um fazendeiroempreendedor e político prussiano naturalizado brasileiro, radicado em Ribeirão Preto. É denominado como o terceiro "rei do Café". Em 1890, por um acaso do destino, a fazenda Monte Alegre passava das mãos do maior devedor para as mãos do maior saldo positivo da região de Ribeirão Preto, pois foi vendida justamente por João Franco de Morais Otávio para Francisco Schmidt. O valor do negócio foi de exatos 600 contos de réis. Em princípio, Francisco Schmidt comprou a fazenda Monte Alegre em sociedade com o coronel Arthur Aguiar Diederichsen, outro importante fazendeiro e empreendedor da colônia alemã em Ribeirão Preto. Passadas duas semanas, no entanto, Schmidt comprou a parte de seu sócio, passando a ser o único proprietário. A partir de 1890, sob administração de Francisco Schmidt, há um novo período na história da fazenda Monte Alegre, marcado pela prosperidade econômica e pelo desenvolvimento estrutural. https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Schmidt 

[4] José Alfredo de Almeida, foi Prefeito interino de Marília, quando da primeira gestão de João Neves de Camargo em 1934. No Governo de Adhemar de Barros foi presidente da Vasp, quando fundou as Aerovias Brasil S/A . Pouco antes de seu falecimento cedeu à Prefeitura de Marília, área para ser doada à Fundação de Ensino Eurípedes Soares da Rocha. Fonte: Paulo Corrêa de Lara - Comissão de Registros Históricos e Armando Raineri - Jornal do Comércio de 1990 https://web.archive.org/web/20150226160332/http://www.asruasdemarilia.com.br/busca.php?texto=658&pagina=677&logradouro=17297

[5] Empresa de Transportes Aéreos Aerovias Brasil S/A foi uma companhia aérea brasileira fundada em 1942, sendo adquirida pela Real Transportes Aéreos em 1954, formando assim o Consórcio Real-Aerovias. Em 1961 à Aerovias Brasil, foi incorporada à Varig que também adquiriu o Consórcio Real-Aerovias.

 [6] A Fundação Bradesco, instituição dedicada a prestar ensino de qualidade para jovens de baixa renda, foi uma das maiores sacadas do empresário. Aguiar entendia a necessidade de formar jovens capacitados para atuarem dentro das agências e construírem uma carreira no Bradesco. A primeira escola da rede foi aberta em 1962; hoje são 40 escolas em todo o Brasil e mais de 112 mil alunos matriculados.