sábado, 15 de fevereiro de 2025

PADRE EDMUNDO DA MATA, 15 DE FEVEREIRO DE 2025, 90 ANOS DE “VIDA” (requiem aeternam): PARÓQUIA SÃO LUIZ GONZAGA, BAIRRO JARDIM SÃO LUIZ:SP

PADRE EDMUNDO, DA PARÓQUIA SÃO LUIZ GONZAGA, BAIRRO JARDIM SÃO LUIZ-Homenagem Póstuma

Padre Edmundo, o Bita do seminário que ecoava no Echus de Ibaté, de São Roque, junto de teus amigos que gostavam de cantar em latim, e depois no Ipiranga que te constituiu sacerdote, em 1963.

Falar de alguém que marcou uma região por quase seis décadas não é necessário, sua obra foi concluída, combatestes o bom combate! “Arregaçastes as mangas” e fostes seguindo os passos de “Quem” te enviou para cá, um lugar distante da Capital, o fim do mundo, uma boca de sertão, mata selvagem!

Podias ter ficado tranquilo onde te mandaram pela primeira vez, lá na Freguesia do Ó, um lugar que estava mais perto do que acontecia em São Paulo. 

Não sei como o bispo de São Paulo de então, convenceu-te a assumir uma incipiente paróquia no longínquo bairro do Jardim São Luiz, mas viestes, com teu entusiasmo de juventude, ou talvez por vontade de conhecer o desconhecido, lugar de operários, donas de casa e criançada aos montes, inclusive este missivista!

Era um desafio, ninguém queria ser pároco e vigário ao mesmo tempo, de uma igreja inacabada, de falta de tudo, os padres vinham uma vez ou outra, acho que vinham porque Deus os obrigava a vir!  Vinham da Verbo Divino, da Chácara Santo Antônio ou do Capão Redondo, faziam as oblações e sumiam por um mês!

Então chegou um padre maluco, o Degas (como falavas de ti mesmo) para morar num lugar que nem a Santa Sé sabia onde era, mas você “casca grossa” não arredou pé, permaneceu na sua missão e todo domingo elevava a eucaristia implorando aos céus forças para suportar a messe!

Quando você chegou acho que o Santo Padroeiro tomou um susto, pois ambos se pareciam, o povo até brincava com a semelhança de ambos.

Tinhas que fazer algo para agregar, e construístes para os jovens se aproximarem da paróquia: fizeste uma quadra de futebol na parede lateral e o curso de madureza, para que houvesse atividade lúdica e estudo, conhecimento necessário para um dia sermos integrados a sociedade e depois adquiriste um projetor enorme e passavas filmes religiosos refletido na parede externa da paróquia.

O tempo foi passando e você casando gente, e claro que disso nasciam crianças aos montes e você batizava quase que em mutirão. Lembro-me de tua satisfação quando em um domingo batizastes mais de 40 recém-nascidos, nessa época foi  um grande acontecimento social, tudo registrado em enormes livros pesados, que depois de muito tempo, vangloriavas de teres batizado milhares de jardinenses.

 A igreja ficava entupida de gente até do lado de fora. Essas crianças depois cresceram e faziam a primeira comunhão, e crismavam-se e o bispo vinha e ficava horas nesse rito, muitos até se sentavam de canseira e “suavam aos cântaros”!

Você ficava de longe observando a multidão, orientava aqui e acolá, com as mãos postas e um sorriso maroto de português sagaz! Teu nome “corria coxia”, eras o padre, o prefeito, o delegado, tudo ao mesmo tempo na região,  e batias de frente com os políticos de São Paulo e muitos se aproveitaram de ti!

Corria aos “quatro ventos” que  padre Edmundo era bravo, não o era, era justo e de um coração sem tamanho, orientou muita gente que levou saudade do padre para outros arrabaldes, onde ainda hoje seu nome é lembrado.

Um dia, como lá em Pentecostes “baixou o Espírito Santo”  no padre Edmundo e ele veio dizendo que a população do Jardim São Luiz  tinha crescido muito e que precisava construir uma nova paróquia. Arrumou um bando de loucos, que aceitaram o desafio, que  por um pouco mais de uma dezena de anos, conseguiu-se levantar do chão as quatro paredes o que foi considerado um grande milagre da primeira comissão, pois “saímos dos alicerces e tínhamos chegado a cumieira”!

Formastes mais de meia dúzia de sacerdotes, uns mereceram-te, e vinham de longe para revê-lo, outro nem tanto, mesmo residindo perto de ti, não tinham o apreço que merecias!

Destes a paróquia o tom da beleza que nenhuma outra tinha na Diocese recém-formada, e olhavas orgulhoso como a dizer como fez o Criador vendo que tudo que foi feito até então era bom, e dizias: “o que foi feito, feito está”!

Não aceitaste o título de monsenhor, acho que serias reconhecido e darias a paróquia o nome de  Santuário, mas não quisestes e decisões se respeitam e tivestes os teus motivos.

Podia-se ficar aqui fazendo elogios de “rasgar seda” por muito tempo, por suas obras que não se limitou apenas a construir uma paróquia!

O tempo, esse incontrolável, foi cansando-te, já não tinhas a garra de antes, e não andavas por si mesmo e fizeram de ti algo que não se reconhecia o sacerdote de outrora, e mandavam e desmandavam até em “tuas coisas” pessoais, e como está escrito:

Cingiram tua cintura e te levavam aonde não querias ir!

Suas forças findaram-se, o corpo cansou!

Seu legado no Jardim São Luiz é eterno, e a quem amastes corrigistes e educastes e plagiando o poeta de tua santa terrinha: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”, findastes tua missão, hoje a tua festa é no Céu !!!

Parabéns, padre Edmundo pelos seus 90 anos de sucesso terreno, neste dia de 15 de fevereiro de 2025!

 

(Fotos, retrospectiva de um tempo)



























































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