Nossa História Jardinense:
No terreno onde atualmente está o supermercado Assaí, na Avenida Maria Coelho Aguiar, antiga Avenida São Luiz, ficava a Capela de Nossa Senhora da Penha, sob administração da Conferência de São Vicente de Paulo, da “Parochia” de Santo Amaro, Arquidiocese de São Paulo, e conforme depoimento do senhor Felipe Dias Lopes, que residia próximo a capela, seu pai Constantino Dias Lopes, natural de Lugo, Espanha, que veio para o Brasil em 1886 e foi festeiro da Capela da Penhinha, era o guardião da mesma. Consta que ocorreu um incêndio na capela e depois de ser restaurada e “pintada toda de branco”, houve por parte da irmandade a necessidade de adquirir outra imagem de Nossa Senhora da Penha para reposição, que foi comprada em São Paulo nas oficinas de Marino Del Favero, em São Paulo.
Em maio de 1973, o terreno foi vendido e a capela demolida e a imagem da padroeira foi transferida para a Paróquia São Luiz Gonzaga, juntamente com dois sinos do campanário, a qual se tornou fiel depositária desse patrimônio!
O ESCULTOR ITALIANO MARINO DEL FAVERO
Marino Del Favero nasceu na Província de Belluno, comuna de San Vito di Cadore, região de Veneto em 03 de março de 1864. Era de uma família de artistas entalhadores com formação na academia veneziana, como seu tio Giovanni Battista de Lotto, com quem iniciou a atividade da arte tanto de entalhe quanto na escultura em mármore.
Marino Del Favero havia “bebido na fonte” dos grandes artistas italianos e conhecia profundamente a técnica de entalhe em madeira, pois permaneceu desde jovem nas oficinas de seu tio, e ambos vieram ao Brasil na diáspora italiana, e mais tarde seu tio voltou para sua terra natal, mas Marino Del Favero permaneceu, e empreendeu a aventura de muitos italianos da região de Veneto, no nordeste da Itália, e viajou para São Paulo, pois queria montar uma oficina de esculturas, pois já trazia na “bagagem” um grande lastro de experiência nessa arte.
Marino Del Favero montou uma oficina-ateliê em 1893 na região central de São Paulo, primeiramente conjugando todo o trabalho na Rua Barão de Itapetininga e depois fixando seu ateliê nas proximidades da paralela do antigo endereço, a Rua 7 de Abril.
Seu trabalho era entalhado em madeira e depois marmorizado e dourado, sendo elaborados púlpitos, retábulos, altares, sendo reconhecido como um dos melhores escultores de arte sacra entre o final do século XIX e início do século XX no Brasil.
Sua obra muito bem detalhada com a técnica marmorizada confunde-se com as atuais obras produzidas em gesso, sendo que até a sonoridade de bater levemente nas imagens de madeira e gesso, confundem-se ambas, caso da imagem de São Luiz Gonzaga, também da Paróquia São Luiz Gonzaga!
Foi vencedor de medalhas e premiações em exposições nacionais e internacionais. A imagem de São Sebastião, em madeira laqueada de tamanho natural, obteve o 1º lugar na Exposição de Arte Sacra do Rio de Janeiro, em 1920. Depois foi encaminhada para a Igreja Matriz de São Sebastião, de São Sebastião do Paraíso, em Minas Gerais.
Marino Del Favero protagonizou muitas as obras na Oficina-Ateliê e estão espalhadas nas cidades do Estado de São Paulo e no Sul de Minas Gerais.
Depois de criar muitas esculturas e ter trabalhado com obras de arte sacra por meio século na capital paulista faleceu em São Paulo em 23 de junho de 1943.
Observação:
Parte do contexto aqui exposto foi recolhido com entrevista com Felipe Dias Lopes e documentos vicentinos e também com participação do II Seminário Internacional Patrimônio Sacro: Mosteiro de São Bento-julho de 2015: A PRESENÇA ITALIANA NA ARTE SACRA PAULISTA NA VIRADA DO SÉC. XX: A OFICINA DE ESCULTURA E ENTALHE DE MARINO DEL FAVERO - Cristiana Antunes Cavaterra
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