Uma indústria de raiz
Em 1898, Luigi Caloi desembarcou no Brasil vindo da Itália
juntamente com seu cunhado Agenor Poletti e abriram a Irmãos Poletti & Caloi,
um estabelecimento que alugava, consertava e reformava bicicletas de corrida do
Clube Atlético Paulistano em São Paulo.
A primeira empresa onde apareceu o nome Caloi dos pioneiros Luigi Caloi
e seu cunhado Agenor Poletti, a Irmãos Poletti & Caloi, foi implantada na
Barão de Itapetininga, 11, para manutenção de bicicletas importadas. A
fabricação irá acontecer após a 2ª Guerra, em 1948, pela dificuldade de
importação. Anúncio de 20 de setembro de 1903, crédito: Correio Paulistano.
Quatro anos depois, Luigi se tornou representante exclusivo da fábrica italiana de bicicletas Bianchi no país. Em 1924, Luigi faleceu e a nova sociedade, agora chamada Casa Irmãos Caloi, formada por seus filhos, Henrique, Guido e José Pedro, durou pouco.
Guido ficou sozinho com a empresa, que passou a ser conhecida como
Casa Luiz Caloi. Em 1942, as dificuldades de importar devido à Segunda Guerra
Mundial obrigaram-no a produzir peças de reposição em um barracão no bairro do
Brooklin com oito empregados. As bicicletas só começaram a ser feitas
totalmente no Brasil em 1948 com a denominação Indústria e Comércio de
Bicicletas Caloi, considerada a primeira fábrica de bicicletas do país.[1]
Em 1953 ocorreu o lançamento da bicicleta Fiorentina.
Em 1955 foi o ano em que o Sr. Guido Caloi faleceu, dando lugar à 3ª geração da
família na direção da empresa, comandada pelo Sr. Bruno Antônio Caloi.
No final da década de 60[2] a Caloi lançou a Berlineta
dobrável que se tornou sucesso na década de 70 seguida da Caloi 10 com quadro
baseado na Bianchi San Remo e 10 marchas. Era a primeira que se lançava uma
bicicleta esportiva no Brasil.
Outro grande lançamento foi a Barraforte que se tornou sinônimo de
resistência. Uma bicicleta robusta com quadro em aço carbono.
Em1975 a Caloi inaugurou uma fábrica em Manaus. No final da década
de 1970 lançou a Caloi Ceci, primeira bicicleta feminina do país.
Não esqueça
minha Caloi
Em 1978 houve a campanha publicitária “Não esqueça a minha Caloi”
que incentivava a garotada a lembrar de um presente, que ficou marcado na
memória brasileira.
No início da década de 80, o lançamento da Caloi Cross Extralight
marcou a chegada do BMX ao Brasil. As rodas eram no tamanho 20″ com pneus
biscoito. As partes de alumínio da Caloi Cross eram coloridas (fato inédito na
época).
Na década de 1990 foi lançada as mountain bikes. Primeiro com uma
bicicleta de aço carbono e 15 marchas e depois com um de seus maiores sucessos,
a Caloi Aluminum, um modelo de alta tecnologia para o mercado brasileiro da
época: quadro de alumínio produzido pela Alcoa, com garfos também de alumínio
fornecido pela francesa Vitus e câmbio de 21 velocidades.
Em 1990 expandiu-se atingindo o mercado americano, subsidiária localizada
em Jacksonville, no estado da Flórida. Outro importante fato para sua expansão
internacional nesta época foi o patrocínio ao heptacampeão do Tour de France, o
americano Lance Amstrong, na equipe Motorola/Caloi.
Até 1992, a Caloi tinha
como única concorrente a Monark. Nesse ano houve abertura do mercado brasileiro
e o mercado de bicicletas ficou mais competitivo e a Caloi passou a enfrentar a
concorrência inicialmente das bicicletas produzidas em Taiwan e na China.
A Caloi, maior marca de bicicletas da América Latina e
líder no Brasil, começava a perder mercado.
Muitas outras empresas
brasileiras se viram em dificuldades, e algumas começaram a quebrar. No final
da década de 1990, gigantes do varejo fecharam as portas: Mesbla, Lojas
Brasileiras, Hermes Macedo. Ao encerrar as atividades, em 1999, a rede de lojas
de departamento Mappin, um dos principais clientes da Caloi, devia 5 milhões de
reais (em valores da época) à fabricante de bicicletas.
O
empresário Bruno Antonio Caloi
faleceu em 3 de outubro de 2006, era neto do fundador da empresa, Luigi Caloi.
Neste momento duas companhias brasileiras controlavam a Bicicletas Caloi: a BAC
Cinco-Empreendimentos e Participações
Ltda e a Gible Empreendimentos e Participações
Ltda.
A empresa foi dirigida pela família Caloi até o ano de 1999, quando
esta vendeu a maioria acionária para Edson Vaz Musa, do grupo EVM, administrador
de empresas e ex-presidente da Rhodia no Brasil, cujo filho Eduardo assumiu o
comando depois da empresa sofrer uma crise financeira de dívidas com o BNDES.
Em 2006, a Caloi inaugurou uma moderna fábrica em Atibaia,
desativando a antiga unidade da Avenida Guido Caloi.
A Caloi vendeu em 2012, R$ 273,5
milhões de reais, crescimento de 22% sobre o ano anterior. A fábrica da Caloi
em Manaus emprega 900 funcionários e é considerada a maior montadora de
bicicletas do mundo. Atualmente, a Caloi produz 700 mil bicicletas por ano
em sua fábrica em Manaus.
Aquisição canadense
Em agosto de 2013, 70% das ações da Caloi foram vendidas para a
canadense Dorel, que é proprietária de marcas como Cannondale e GT . Eduardo
Musa, torna-se o CEO (Chief Executive Officer)
da empresa no Brasil.
A Caloi passa a fazer parte da divisão de bicicletas da empresa
canadense "Dorel Industries Inc.".
Em agosto de 2013, 70% das ações
da empresa foram compradas pela Cannondale Sports Unlimited, divisão de
bicicletas da multinacional canadense
Dorel Industries Inc, que 4 anos depois (2017) passaria a ter 100% das ações da
Caloi. O grupo canadense Dorel, passa a desenvolver produtos em parceria com a
japonesa Shimano, maior fornecedora global de peças deste segmento.
Como parte do Grupo Dorel Sports, a Caloi passa em 2017 a ter como CEO, Cyro
Gazola.
A Caloi é uma marca que vem marcando gerações e muitos brasileiros
pedalaram pela primeira vez em uma Caloi. “Nós fabricamos ciclistas. De todos
os tipos, idades e identidades. A Caloi sempre foi uma marca que buscou falar
com todos os públicos e isso continuará” comentou Cyro Gazola, presidente da
Caloi.
Fundada em 1962, a Dorel uma
variedade de produtos inovadores que definem tendências. Os produtos de marca
poderosa da Dorel Juvenile incluem marcas juvenis globais Maxi-Cosi, Quinny e
Tiny Love, complementadas por marcas regionais como Safety 1st, Bébé Confort,
Cosco e Infanti. Na Dorel Sports, as marcas incluem Cannondale, Schwinn, GT,
Mongoose, Caloi e IronHorse. A Dorel Industries Inc. possui vendas anuais de US
$ 2,6 bilhões e emprega aproximadamente 9.000 pessoas em instalações
localizadas em vinte e cinco países em todo o mundo.
Referências:
http://www.museudabicicleta.com.br/museu_hist.html
[1] Na década de 40 a indústria
voltada para bicicletas, lançaram suas bases para a produção nacional. Durante
esse período pequenos empresários semelhantes à Família Scattone, Miguel
Chiara, Casa Luiz Caloi, Dimas & Felix Pneus e Artefatos
Condor, importavam bicicletas, componentes e acessórios. Mediante algumas
adaptações de ferramental, esses mesmos empresários começaram a produzir vários
modelos de quadros e paralamas para montagens próprias, produzindo
excelentes bicicletas. Em 1º e 10 de abril de 1948,
Monark e Caloi, iniciaram suas atividades industriais e comerciais,
segundo registros levantados na Junta Comercial de São Paulo. Antes desse
período elas atuavam no país, como importadoras e distribuidoras de
algumas marcas europeias.
[2] Além da Monark e Caloi, havia empresas
de menor porte como a Role, Patavium, Pimont, Gorick, Hélbia, Gallo,
Coringa, Regina, Erpe, Mercswiss, Tamoio, Celta, Victory, Adaga, NB, Bérgamo,
Everest, Apolo, Bekstar, Bluebird, Scatt, Rondina, Wolf, Royal, Marathon, Luxor,
Centrum, Rivera, Vulcão, Zeus e tantas outras marcas, produziram material
de alta qualidade e competência. Essas empresas devido a outra conjuntura desapareceram
do mercado, por causa de suas dívidas, falta de financiamento e da
impossibilidade de qualquer negociação contribuiu para “quebrar” as pequenas
fábricas além de competirem com as importadas provenientes da Inglaterra,
Itália, França, Suécia e Alemanha pelos grandes magazines Mesbla; Cássio Muniz;
Lojas Pirani; Mappin e Eletroradiobras.
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