quarta-feira, 24 de junho de 2020

Não esqueça da minha “Dorel”: História da Caloi de brasileira à canadense!!!


Uma indústria de raiz

Em 1898, Luigi Caloi desembarcou no Brasil vindo da Itália juntamente com seu cunhado Agenor Poletti e abriram a Irmãos Poletti & Caloi, um estabelecimento que alugava, consertava e reformava bicicletas de corrida do Clube Atlético Paulistano em São Paulo.

A primeira empresa onde apareceu o nome Caloi dos pioneiros Luigi Caloi e seu cunhado Agenor Poletti, a Irmãos Poletti & Caloi, foi implantada na Barão de Itapetininga, 11, para manutenção de bicicletas importadas. A fabricação irá acontecer após a 2ª Guerra, em 1948, pela dificuldade de importação. Anúncio de 20 de setembro de 1903, crédito: Correio Paulistano.



Anúncio do IL PASQUINO COLONIALE 15 de novembro de 1919

Quatro anos depois, Luigi se tornou representante exclusivo da fábrica italiana de bicicletas Bianchi no país. Em 1924, Luigi faleceu e a nova sociedade, agora chamada Casa Irmãos Caloi, formada por seus filhos, Henrique, Guido e José Pedro, durou pouco.
Guido ficou sozinho com a empresa, que passou a ser conhecida como Casa Luiz Caloi. Em 1942, as dificuldades de importar devido à Segunda Guerra Mundial obrigaram-no a produzir peças de reposição em um barracão no bairro do Brooklin com oito empregados. As bicicletas só começaram a ser feitas totalmente no Brasil em 1948 com a denominação Indústria e Comércio de Bicicletas Caloi, considerada a primeira fábrica de bicicletas do país.[1]



Em 1953 ocorreu o lançamento da bicicleta Fiorentina. Em 1955 foi o ano em que o Sr. Guido Caloi faleceu, dando lugar à 3ª geração da família na direção da empresa, comandada pelo Sr. Bruno Antônio Caloi.

 A Caloi mudou da região do Brooklin Paulista e em 1972 foi para a Avenida Guido Caloi, 1331, próximo da Avenida Guarapiranga, em Santo Amaro. Seu diretor Bruno Caloi fundou a entidade ABRACICLO em 02 de abril de 1976, tornando-se presidente de 1976 a 1982. Na década de 1970 o terreno de 107 mil metros quadrados da fábrica, incorporou o patrimônio da empresa e margeado do lado oposto a entrada principal pelo Rio Guarapiranga, afluente do Pinheiros que se encontrava com o Rio Grande na formação do Rio Pinheiros, e que na época eram áreas alagadiças.



No final da década de 60[2] a Caloi lançou a Berlineta dobrável que se tornou sucesso na década de 70 seguida da Caloi 10 com quadro baseado na Bianchi San Remo e 10 marchas. Era a primeira que se lançava uma bicicleta esportiva no Brasil.

Outro grande lançamento foi a Barraforte que se tornou sinônimo de resistência. Uma bicicleta robusta com quadro em aço carbono.
Em1975 a Caloi inaugurou uma fábrica em Manaus. No final da década de 1970 lançou a Caloi Ceci, primeira bicicleta feminina do país.

Não esqueça minha Caloi


Em 1978 houve a campanha publicitária “Não esqueça a minha Caloi” que incentivava a garotada a lembrar de um presente, que ficou marcado na memória brasileira.
No início da década de 80, o lançamento da Caloi Cross Extralight marcou a chegada do BMX ao Brasil. As rodas eram no tamanho 20″ com pneus biscoito. As partes de alumínio da Caloi Cross eram coloridas (fato inédito na época).
Na década de 1990 foi lançada as mountain bikes. Primeiro com uma bicicleta de aço carbono e 15 marchas e depois com um de seus maiores sucessos, a Caloi Aluminum, um modelo de alta tecnologia para o mercado brasileiro da época: quadro de alumínio produzido pela Alcoa, com garfos também de alumínio fornecido pela francesa Vitus e câmbio de 21 velocidades.
Em 1990 expandiu-se atingindo o mercado americano, subsidiária localizada em Jacksonville, no estado da Flórida. Outro importante fato para sua expansão internacional nesta época foi o patrocínio ao heptacampeão do Tour de France, o americano Lance Amstrong, na equipe Motorola/Caloi.
Até 1992, a Caloi tinha como única concorrente a Monark. Nesse ano houve abertura do mercado brasileiro e o mercado de bicicletas ficou mais competitivo e a Caloi passou a enfrentar a concorrência inicialmente das bicicletas produzidas em Taiwan e na China. 

A Caloi,  maior marca de bicicletas da América Latina e líder no Brasil, começava a perder mercado. 

Muitas outras empresas brasileiras se viram em dificuldades, e algumas começaram a quebrar. No final da década de 1990, gigantes do varejo fecharam as portas: Mesbla, Lojas Brasileiras, Hermes Macedo. Ao encerrar as atividades, em 1999, a rede de lojas de departamento Mappin, um dos principais clientes da Caloi, devia 5 milhões de reais (em valores da época) à fabricante de bicicletas.

O empresário Bruno Antonio Caloi faleceu em 3 de outubro de 2006, era neto do fundador da empresa, Luigi Caloi. Neste momento duas companhias brasileiras controlavam a Bicicletas Caloi: a BAC Cinco-Empreendimentos e Participações Ltda e a Gible Empreendimentos e Participações Ltda.
A empresa foi dirigida pela família Caloi até o ano de 1999, quando esta vendeu a maioria acionária para Edson Vaz Musa, do grupo EVM, administrador de empresas e ex-presidente da Rhodia no Brasil, cujo filho Eduardo assumiu o comando depois da empresa sofrer uma crise financeira de dívidas com o BNDES.
Em 2006, a Caloi inaugurou uma moderna fábrica em Atibaia, desativando a antiga unidade da Avenida Guido Caloi.
A Caloi vendeu em 2012, R$ 273,5 milhões de reais, crescimento de 22% sobre o ano anterior. A fábrica da Caloi em Manaus emprega 900 funcionários e é considerada a maior montadora de bicicletas do mundo. Atualmente, a Caloi produz 700 mil bicicletas por ano em sua fábrica em Manaus.

Aquisição canadense
Em agosto de 2013, 70% das ações da Caloi foram vendidas para a canadense Dorel, que é proprietária de marcas como Cannondale e GT . Eduardo Musa, torna-se o CEO (Chief Executive Officer) da empresa no Brasil.
A Caloi passa a fazer parte da divisão de bicicletas da empresa canadense "Dorel Industries Inc.".
Em agosto de 2013, 70% das ações da empresa foram compradas pela Cannondale Sports Unlimited, divisão de bicicletas da multinacional canadense Dorel Industries Inc, que 4 anos depois (2017) passaria a ter 100% das ações da Caloi. O grupo canadense Dorel, passa a desenvolver produtos em parceria com a japonesa Shimano, maior fornecedora global de peças deste segmento.
Como parte do Grupo Dorel Sports, a Caloi passa em 2017 a ter como CEO, Cyro Gazola.
A Caloi é uma marca que vem marcando gerações e muitos brasileiros pedalaram pela primeira vez em uma Caloi. “Nós fabricamos ciclistas. De todos os tipos, idades e identidades. A Caloi sempre foi uma marca que buscou falar com todos os públicos e isso continuará” comentou Cyro Gazola, presidente da Caloi.  
Fundada em 1962, a Dorel uma variedade de produtos inovadores que definem tendências. Os produtos de marca poderosa da Dorel Juvenile incluem marcas juvenis globais Maxi-Cosi, Quinny e Tiny Love, complementadas por marcas regionais como Safety 1st, Bébé Confort, Cosco e Infanti. Na Dorel Sports, as marcas incluem Cannondale, Schwinn, GT, Mongoose, Caloi e IronHorse. A Dorel Industries Inc. possui vendas anuais de US $ 2,6 bilhões e emprega aproximadamente 9.000 pessoas em instalações localizadas em vinte e cinco países em todo o mundo.


Referências:

http://www.museudabicicleta.com.br/museu_hist.html








[1] Na década de 40 a indústria voltada para bicicletas, lançaram suas bases para a produção nacional. Durante esse período pequenos empresários semelhantes à Família Scattone, Miguel Chiara, Casa Luiz Caloi, Dimas & Felix Pneus e Artefatos Condor, importavam bicicletas, componentes e acessórios. Mediante algumas adaptações de ferramental, esses mesmos empresários começaram a produzir vários modelos de quadros e paralamas para montagens próprias, produzindo excelentes bicicletas. Em 1º e 10 de abril de 1948, Monark e Caloi, iniciaram suas atividades industriais e comerciais, segundo registros levantados na Junta Comercial de São Paulo. Antes desse período elas atuavam no país, como importadoras e distribuidoras de algumas marcas europeias.

[2] Além da Monark e Caloi, havia empresas de menor porte como a Role, Patavium, Pimont, Gorick, Hélbia, Gallo, Coringa, Regina, Erpe, Mercswiss, Tamoio, Celta, Victory, Adaga, NB, Bérgamo, Everest, Apolo, Bekstar, Bluebird, Scatt, Rondina, Wolf, Royal, Marathon, Luxor, Centrum, Rivera, Vulcão, Zeus e tantas outras marcas, produziram material de alta qualidade e competência. Essas empresas devido a outra conjuntura desapareceram do mercado, por causa de suas dívidas, falta de financiamento e da impossibilidade de qualquer negociação contribuiu para “quebrar” as pequenas fábricas além de competirem com as importadas provenientes da Inglaterra, Itália, França, Suécia e Alemanha pelos grandes magazines Mesbla; Cássio Muniz; Lojas Pirani; Mappin e Eletroradiobras.


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