...entre a realidade e a ficção, pode haver muita realidade!!!
Lá nos “Cafundó do Judas”, onde nada tinha, foi enviado um padre novato, que tinha sido ordenado para servir a Deus, onde ninguém queria ir!
Esse sacerdote tinha traços de gente simples, sem muito luxo, alto, carrancudo, mas de coração enorme e confiava em Deus e em todo mundo que o rodeasse.
Ele confiou as chaves da igreja ao mais antigo dos moradores, que morava parede com parede da igreja, homem integro, muito religioso, com uma “penca” de filhos e de sua patroa, que cuidava das alfaias e deixava tudo um brinco para as missas de domingo, para onde se dirigiam todos da freguesia, uns iam a pé, outros a cavalo, outros “mais ricos” de charrete e que moravam a léguas de distância da igreja!
A missa acontecia com muita alegria, enchia tanto que nem se sabia que tinha tanta gente ao redor. Louvavam Deus com entusiasmo e havia um cantador que apareceu do nada e entusiasmava a assembleia, afinal quem que não gosta de música nessa vida, pois alegra o corpo e a alma.
A igreja estava com obras, no “cru”, como se fala no interior, era rústica, sem acabamento e o padre tinha vergonha de pedir dinheiro para ir tocando a obra e ele incumbiu uma pessoa que era um “pedinte nato” e floreava as necessidades do templo, e evidente qual era o “fiel” que não queria que “onde ele pede graças gerais” não se entusiasmava e começasse a colaborar com as obras onde “mora Deus”!
Foi feito “Livro de Ouro” onde os mais abastados assinavam suas contribuições, e tinha também uma caixa fechada com cadeado onde as "espórtulas" pingava, mas na secava e essa “bufunfa” era da maioria dos "irmãos de fé" que também tinham parte nessa “obra divina”!
Essa caixa tinha um cadeado e uma fenda na parte superior onde se depositava esse bônus e o padre confiava tanto que deixava essa caixa exposta num canto da sacristia.
Como toda igreja tem seu santo predileto, e nesse "dia do santo padroeiro" organiza-se uma grande festa com todo tipo de quitute, frango e porco assado, roleta, casinha do coelhinho, tiro de bolas nas latas enfim tanta coisa que o dinheiro encheu a caixa com o padre todo contente, pois isso daria uma alavancada nas obras e ele despreocupadamente colocou a caixa entupida de dinheiro num cantinho da sacristia e todo mundo viu que na caixa não entrava mais nada e era segura, pois só o padre tinha a chave do cadeado!!!
No outro dia o padre e o sacristão foram abrir a caixa para contar a verba, eis a surpresa quando os dois abriram a caixa, entraram em choque, pois a caixa estava pela metade o padre descobriu que fora furtado, mas quem teria feito isso? Não poderia acusar quem tinha a chave da igreja e nem as senhoras que cuidavam da limpeza!
O padre engoliu seco, mas nada disse, mas começou um zum-zum-zum que o padre tinha anunciado um valor, mas que tinha que ser o dobro!
Pronto, o padre estava na berlinda, mas com quem ele iria falar que roubaram o dinheiro se era ele o “dono da chave do cadeado da caixa de dinheiro”?
O padre pediu ao sacristão ficar em silêncio, e nada falar, pois ele iria criar uma armadilha, para o ladrão, que iria voltar em tempo oportuno, pois o larápio se acostumou com o mal feito de surrupiar coisas quando encontrou facilidades, tornando-se “amigo do alheio”!
Na época do Natal o corações amolecem e novamente a “caixa do dinheiro” encheu até a boca e depois de muita cantoria na igreja na “Missa do Galo” com abraços aqui e acolá até altas horas da noite, o padre mandou o sacristão colocar a bendita caixa no mesmo lugar de sempre, e a igreja esvaziou-se e todos os fiéis foram para suas casas dormirem...menos o padre e o sacristão que fecharam as portas e apagaram as luzes e ficaram a espreita esperando o rato “cair na ratoeira”!
“O lobo perde o pelo, mas não perde o costume” e lá pelas tantas a porta da igreja abriu-se vagarosamente e sem barulho algum um vulto dirigiu-se para a sacristia e com um arame em gancho foi tirando pela fresta da caixa o dinheiro arrecadado e depositando em um saco com o padre vendo tudo por uma fresta! Quando o gatuno se viu satisfeito e fez menção de sair, as luzes se acenderam e pulou na frente do gatuno o padre e o sacristão com um porrete cada um, colocando o larápio na parede e eis a surpresa do padre ao saber quem era o ladrão:
O entusiasta “cantador musical”!!!
Com medo de levar uma porretada confessou ter uma cópia da chave da igreja, pois um dia esqueceu a viola “propositadamente” e pediu a chave para o guardador da igreja e se aproveitou da inocência do homem e fez a cópia!
O padre com seu coração de ouro, não denunciou à polícia, mandou o ladrão “pescador” embora, com o pedido de ele nunca mais voltar àquela paróquia...e deste modo a paróquia aos poucos foi sendo ampliada com todo o dinheiro arrecadado!
Moral da história:
O “pescador” do dinheiro da igreja estava no meio do povo e a diferença era apenas a letra “S” e o cantador deve estar enganando em outras freguesias, usando o nome de Deus em vão!!!
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