sexta-feira, 15 de junho de 2018

A Botina Amarela de Santo Amaro/SP

História publicada em 28/06/2012 link:


Hoje o termo se tornou a outorga "Troféu Botina Amarela" de relevância para todo santamarense, anualmente concedido pelo Centro de Tradições de Santo Amaro. Representa a identidade "caipira" daquela que "é" a Cidade de Santo Amaro. Há ainda, nesta representação, o "Museu Histórico de Santo Amaro", que encarna a vida desta postura daqueles que sentem esta importância cultural.

Há algumas condições que permanecem embutidas nesta filosofia: Supõe-se que o termo tenha tido algumas versões ao longo do tempo, neste espaço de 640 km², que já foi um município independente com particularidades únicas em suas festas e expressões como a Festa do Divino, sua culinária típica do tropeiro, com a pururuca crocante, um virado em "minestra" de coisas típicas da lavoura, seguida da prosa e da viola chorada típica da "boca de sertão", cantoria entoada no meio de um fogo a lenha próximo do galpão onde "descansavam" as ferramentas da "lida" da roça, foices, enxadas, enxós, machado, e um cavalo livre dos arreios que servirá como montaria, um dia, na Romaria de Pirapora (há interesse em fazer das romarias patrimônio histórico e para isso pensa-se em tombamento junto aos órgãos competentes!).

O agraciado "Botinado", significativo àqueles que possuem o mérito, tem o nobre dever de representar suas origens onde porventura esteja a memória da ancestralidade em quaisquer situações, manter a honradez além da ética que condiz com estas tradições que nasceram no Município desde suas estruturas de vilarejo.

Santo Amaro sempre teve relações de confiança com a Capital paulista, selando este compromisso na Revolução Constitucionalista, sendo responsável pelo abastecimento de produtos agrícolas e, além disso, fornecer à cidade combustível disponível anterior à energia elétrica: o carvão vegetal.

Nessas idas e vindas de circulação do campo para a cidade e vice versa havia o contato com doenças desconhecidas de então, combatidas com as condições que se tinha conhecimento, onde os sanitaristas requisitavam pequena infraestrutura de higiene básica evitando-se esgoto a céu aberto, combatendo, desse modo, doenças típicas tropicais e requisitando a população às condições mínimas para evitar que ficassem acamados.

Os trabalhadores da lavoura de Santo Amaro usavam como proteção, botinas de couro curtido que possuía uma coloração próxima ao amarelo, impregnada de terra de um tom meio alaranjado somado a um vermelho vivo. Para transitarem e para transportarem mercadorias para a Província, no mercado de abastecimento municipal, usavam as mesmas vestimentas usadas na labuta em Santo Amaro, com botina fabricada artesanalmente pelas "indústrias" familiares santamarenses, com solado de couro, com costura grossa e couro bem tratado. Assim, ficou registrada essa marca em toda a Província, onde o brasão define esta gentilidade antiga: "ANTIQUISSIMUM GENUS PAULISTA MEUM".

Entre os contadores de "causos" chegou-nos esta oralidade que é transmitida como identidade local, e deste modo, continuam a falar uns aos outros como matutos bem vividos: “Contei e afirmo ser a verdade!” Pode ser que existam outras versões e seria interessante se existissem outras, mas está feito como me foi dito e feito está. “Cada saber é um saber a saber”.

O Centro de Tradições de Santo Amaro, o Museu Histórico e a Hemeroteca,(em fase de conclusão, iniciada por este missivista e continuada por adeptos) do jornalismo de Santo Amaro, estão localizados na Avenida Professor Alceu Maynard de Araújo, número 32.

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