sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Não há documento oficial de que Santo Amaro/SP tenha sido “fundada” em 1552!

 Anchieta e a missa que não celebrou!

Santo Amaro (Paulistana) estava em uma região entre o litoral e a Boca de Sertão e era a ponte ente o mar e aquela que viria a ser São Paulo de Piratininga. Evidente que possa haver um elo de datas anteriores ao seu “nascimento”, pois as expedições vinham com o intuito de reconhecimento das terras de El Rey de Portugal. Datas são focos conflitantes quando não se encontram documentos oficiais, ou do Estado ou da Igreja, que possuía toda autoridade de exercer funções de registro. A primeira carta escrita sobre a fundação de São Paulo está desaparecida, mas por algum motivo foi reescrita uma segunda por Anchieta datada de setembro de 1554 que foi enviada a Roma onde consta das Cartas de Anchieta, o seguinte:


Por isso, alguns irmãos mandados para esta aldeia no ano do Senhor de 1554, chegamos a 25 de janeiro e celebramos a primeira missa em uma casa pobrezinha e muito pequena no dia da conversão de São Paulo, e por isso dedicamos ao mesmo nome a esta Casa”. 

 

Os superiores deveriam “escrever” ao provincial e este a hierarquia maior em Roma, muitas delas escritas em duas línguas, no caso espanhol e latim, de domínio do Irmão Joseph de Anchieta, que chegou ao Brasil em 1553, logo não poderia estar em Santo Amaro celebrando missa, no Brasil, em 1552. Ele só foi ordenado em 1566, e não tinha este “venerado irmão” os encargos atribuídos à função de sacerdote até aquela data, ou seja: os ofícios litúrgicos eram professados por sacerdote ordenado, talvez houvesse o direito de proclamar a celebração. mas sem o direito da consagração litúrgica!

 

O primeiro registro de terras em Santo Amaro, talvez por força da autoridade de documento de Ana Pimentel, governadora da capitania  de São Vicente, uma gleba que por muito tempo foi de 640 Km2,  data de 12 de agosto de 1560: duas léguas de terras na margem esquerda do rio (atual Rio Pinheiros) então chamado de Jeribatiba,(Jurubatuba) doadas aos padres jesuítas. 

Em 1560 foi também usado, por ordem de Mem de Sá, um outro caminho entre o planalto e o litoral, mais para oeste, a fim de evitar os ataques dos tamoios.

Essas duas veredas, ordinaríssimas, mal traçavam o trânsito entre o planalto e o Cubatão. Esta última ficou conhecida sob o nome de Caminho do Padre José, não se sabe desde que data e por que razão, talvez por ser frequentada por Anchieta. Em 1560 José de Anchieta era apenas irmão da Companhia de Jesus, só tendo tomado ordens sacerdotais em 1566, na Bahia (Serafim Leite, História da Companhia de Jesus, Vol. 1º, pág. 29, Nota 2). Nem ele tinha poderes, nem a Companhia de Jesus, nessa época, tinha posses para construção de caminhos por piores que fossem. 


Data-se desta época a denominação Santo Amaro, (que não se trata da Capitânia de Santo Amaro, que deu origem ao Guarujá!) homenagem dos jesuítas que trouxeram de Portugal uma imagem do Santo, embora se confira segunda hipótese da doação da imagem por parte do casal João Paes e Suzana Rodrigues, para a Capela Nossa Senhora da Assunção de Ibirapuera, também hipótese contestada pela própria igreja!

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