quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

ITALIANOS EM SANTO AMARO, SÃO PAULO

Santo Amaro e sua Sociedade Italiana de Mútuo Socorro

Nos escombros arqueológicos da historiografia encontramos uma referência de ajuda entre os imigrantes italianos com sede em Santo Amaro.

Há de se colocar que Santo Amaro tinha um crescimento populacional baixo em relação ao seu dimensionamento territorial de 640 quilômetros quadrados.

Conforme apontamentos dos Recenseamentos Gerais do Brasil, Santo Amaro em 1886 possuía 6259 habitantes, e depois de 14 anos, em 1900, passou para 7132 habitantes, dobrando essa margem em 1920, sendo estimado com 14101 habitantes. Desse número em 1920 tinha-se em Santo Amaro 362 italianos! Esse isolamento foi quebrando-as aos poucos depois da implantação da linha férrea “Companhia de Carris de Ferro São Paulo a Santo Amaro”, (tramway) com equipamentos importados da Krauss, Alemanha, construída por Alberto Kulhmann em 1886, ligando São Paulo à Santo Amaro, e que foi usada para abastecimento da capital com gêneros alimentícios e lenha de abastecimento energético e toras para fabricos diversos. Depois essa ligação com a capital foi ampliada com a instalação dos bondes a partir de 1913 pela Light and Power.



 Societá Italiana di Mutuo Soccorso XX Settembre

 


 BANDEIRA DA SOCIEDADE DE MÚTUO SOCORRO PRINCIPE DE NAPOLI 


Esta sociedade foi fundada em 20 de outubro de 1895, com a denominação de Societa Italiana di Beneficenza Principe Di Napoli, sendo a seguinte a sua primeira diretoria:

Presidente: Alfonso Vitale (Affonso Vitalli ou Vittale)
Vice-presidente: Settimo Giannini
Tesoureiro: Eugenio Montanaro
Secretário: Abramo Montanaro
Vice-secretário: Luigi Bussolini (Bussoli)
Procurador: Andréa Paolinetti
Conselheiros: Pietro Bleinatti; Giulio Montanaro e Giacobbe Lucca (Jacob)

Foi posteriormente reorganizada recebendo a denominação de Societa Italiana di Mutuo Soccorso XX Settembre.

Sua nova diretoria foi assim formada:

Presidente: Carlos Gusbertti
Vice-presidente: Enrico Pongiluppi  (proprietário de "engenho" de serra e olaria)
Secretário: Domingos Lascalla
Tesoureiro: Angelo Tanchella
Conselheiros: Angelo de Lucia; Giovanni Baroncini; Natalino Bertolini; Michele Martella
Revisor: Giovanni Robba
Porta-bandeira: Vittorio Belotti

 


SEDE DA SOCIEDADE EM SANTO AMARO/SP

 

A sede da sociedade estava instalada em prédio próprio à rua Doutor Antônio Bento.

 

Em 25 de agosto de 1900 celebrou-se uma cerimônia fúnebre na Societa Italiana di Principe Di Napoli, em respeito a Humberto I.

Em 22 de dezembro de 1911 a sociedade inaugurava prédio próprio e em 20 de janeiro de 1914 ela pede isenção do imposto predial que é concedido deferimento por 3 anos quando o pedido era de 5 anos.

 

Os italianos de Santo Amaro iniciaram suas atividades por meio da “Sociedade Principe de Napoles”.

Em 4 de setembro de 1903 a sociedade enviou a Câmara ofício de festividades de data nacional na Itália, em homenagem ao aniversário da reunificação italiana.

 Constava no referido ofício:

“No dia 20 do corrente, às 5 horas da manhã, a distnticta banda musical “16 de Julho”, desta Villa. Percorrerá as ruas da mesma em alvorada, queimando-se nesta ocasião uma bateria de 21 tiros.

À uma hora da tarde, na sede da Sociedade. Reunir-se-ão os sócios e convidados, organizando-se um préstito, que percorrerá as ruas principaes da localidade, cumprimentando a Camara Municipal e mais autoridades.

O préstito, ao recolher-se ao edifício da Sociedade, será fotografado.

Em seguida, no teatro “Adolpho Pinheiro” servir-se-á um modesto jantar.

Às 8 horas da noite começará o sarau dançante que deverá correr animadíssimo e finalizará os festejos.”

 

Em 22 de dezembro de 1911 foi inaugurado o edifício destinado à sede da Societa Italiana di Mutuo Soccorso XX Settembre, em Santo Amaro.

 

Aparece dentro da ajuda aos italianos a beneficência, modelo gerador para os imigrantes de nacionalidades diversas e a italiana não fugiu à regra, como existiu o Hospital Humberto Primo, na região da Avenida Paulista, idealizado pela família Matarazzo. Não com a dimensão desta sociedade de socorro aos italianos, foi incorporado em Santo Amaro, algo que estava organizado como benefício hospitalar, agregado a Societá Italiana di Mutuo Soccorso XX Settembre.

A Societá Italiana di Beneficenza i Mutuo Soccorso

 

Está sociedade foi fundada em 1898 com o objetivo de proporcionar aos seus associados assistência médica, monetária e funerária, cuidando de residentes italianos ou seus descendentes residentes em Santo Amaro. A sede social foi instalada à rua Dr Antonio Bento, 113, compondo-se sua diretoria dos seguintes membros:

Presidente: Francisco Cataldo

Vice: Eurico Pongiluppe

1º secretário: Roberto Vaccaro

Vice secretário: Hugo Benatti

Tesoureiro: Angelo Tanquella

Revisores ce contas: Carlos Gasperti e Julio Benatti

Conselheiro Consultivo: Angelo De Lucia, João Robba, Domingos Lascalla e João Micelli

 

Estava instalada em boas dependências com grandes salões para atividades sociais, havendo intenção de criar-se um Conservatório destinado aos filhos dos sócios de desejassem estudar música.

Conservatório Musical de “Santo Amaro”

Este estabelecimento de ensino musical foi fundado em setembro de 1931, pelo maestro professor Giuseppe Brachetto, patrocinado pela Prefeitura Municipal na gestão do Dr Francisco Ferreira Lopes. O Conservatório funcionava nos salões da Sociedade Italiana de Santo Amaro, à Rua Antonio Bento, número 5.

Atuação “Avanguarditi” em Santo Amaro

As sociedades estrangeiras sobre controle de imigrantes durante a 2ª Guerra

Em de 1935 os jovens na Itália surgem como soldados engajados ao Estado Fascista infiltrados no momento oportuno seguindo o lema:

“Avanguardisti: vocês são a aurora da vida, vocês são a esperança da Pátria, vocês são, sobretudo, o exército de amanhã”.

Avanguardisti italiani visitam o monumento aos aviadores na Represa de Guarapiranga, Capela do Socorro, Santo Amaro.1936. Tombo- DC- 0005438-A

Os jovens do grupo dos Avanguarditi, possuíam treinamento militar avançado como em uma ação belicosa com a habilidades militares. A década de 1930 tinha toda a formação de quadro juvenil para posteriormente combaterem pelo Estado. O que nos revela que, na década de 1930, a educação militar, com prática de armas e de guerra, era cada vez mais presente no dia a dia dos Avanguardisti, que tiveram participação ainda que pequena em países onde houve imigrações italianas, e o Brasil não foi exceção.

Muitas sociedades do Eixo, Alemanha, Itália e Japão, estiveram na mira dos aliados, e muitas sociedades, ou alteraram seus nomes ou desapareceram. Esta é uma das hipóteses do desaparecimento da Sociedade Italiana de Mútuo Socorro em muitos lugares do Brasil.



Observação:

Há uma lacuna a ser preenchida, pois não encontramos ainda documentos do porquê do desaparecimento dessa sociedade em questão, de grande interesse pela historiografia italiana em Santo Amaro. Se porventura aqueles que estudam a região souber o motivo, favor colabora com tão preciosa informação!

 

 

Ref. Bibliográficas:

Caldeira, João Netto. Álbum de Santo Amaro. São Paulo: Ed. Organização Cruzeiro so Sul. Bentivegna & Netto. 1935

Guerra, Juvencio; Guerra  Jurandyr. Almanack Commemorativo do 1º Centenario do Municipio de Santo Amaro. São Paulo: Estabelecimento Graphico ROSOLILLO

Atas da Câmara Municipal de Santo Amaro. Arquivo Histórico Municipal Washington Luís

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