terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Victor Manzini e o Jornal “A Tribuna” de Santo Amaro, São Paulo

O Idealismo do Jornalismo de Bairro

O jornalista Victor Manzini, precisamente em 20 de janeiro de 1874, na cidade de Mantua, Itália, vinda na primeira diáspora de imigrantes italianos do final do século 19 e início do 20 a “fazer a América”. Deste modo desembarca no Porto de Santos a família Manzini em 1º de novembro de 1888, indo para o “descampado” da Vila Mariana e ali se fixando, periferia da capital.

O alfaiate Marco Manzini e sua esposa dona Matilde trazia muita vontade de trabalhar e muitos sonhos, acompanhados de uma grande família que além do garoto Victor, tinha ainda os irmãos Giovanni, Humberto, Garibaldi, Elvira, Arduina[1] e Florentina.

Humberto, logo que chegou ao Brasil entrou para o seminário, ordenando-se sacerdote foi enviado para a cidade de Serra Negra onde exerceu com afinco a missão do compromisso religioso por 25 anos tornando-se vigário local e depois já exercendo o cargo de Monsenhor serviu como pároco na Paróquia de São Gabriel Arcanjo do Jardim Paulista nomeado em 20 de outubro de 1941. (Correio Paulistano, 24 junho de 1941).

Victor Manzini dedicou-se ao comércio de resmas de impressão e livros deslocando-se para Santo Amaro através dos bondes que ligavam o bairro da Vila Mariana. Santo Amaro era um local ainda em desenvolvimento uma “boca de sertão” com “mato grosso” para todos os lados, que ainda era uma cidade com autonomia administrativa, interior de São Paulo.
O JOVEM VICTOR MANZINI

Em 1905 casou-se no Cartório de Vila Mariana com Francelina Seckler, de origem alemã ligada amuitos outros descendentes da Colônia Paulista implantada em 1829 em Santo Amaro onde o casal fixou-se. Em 1908 emprega-se juntamente com o irmão Giovanni como maquinista dos Tramway[2] da “Companhia de Carris de Ferro de São Paulo a Santo Amaro”, locomotivas fabricadas na Alemanha, as TRAMLOK KRAUSS, companhia idealizada por Alberto Kuhlmann, também idealizador do Matadouro da Vila Mariana (hoje é a Cinemateca da Vila Clementino). Esta linha manteve-se regular com os novos proprietários, a “São Paulo Tramway Light and Power Company” que desativou os trens a vapor definitivamente em 1914 após a introdução dos bondes elétricos inaugurada em 07 de julho de 1913.

Em 1912, Victor Manzini forma sociedade com o doutor Oscar Fernandes Martins o “Jornal Sol Levante”, que tem a duração de 2 anos apenas, por influencia do conflito da primeira Guerra mundial iniciada em 1914, onde as privações foram sentidas pois as relações comerciais com a Europa foram afetadas comprometendo aquisição de bens de consumos importados. Com o final do conflito (1918) houve novo impulso nas transações entre países conseguindo adquirir máquinas impressoras e montar uma tipografia.

CLICHÊ TÍPICO

Um incipiente jornal no inicio da década começa a ser idealizado para circular no Bairro de Santo Amaro, mas os conflitos internos de 1930 e 1932 no Brasil adiam novamente seus planos até 17 de julho de 1936 quando definitivamente é concretizada um ideal de muito tempo, surgindo o Jornal “A Tribuna”, sendo a redação e oficina fixadas no Largo Treze de Maio, número 50, em Santo Amaro. Victor Manzini, mentor e precursor da imprensa local, deste modo assume o compromisso da informação imparcial, com ética e comprometimento com a região até 7 de junho de 1955 quando ocorreu seu passamento. A Tribuna, graças ao espírito pioneiro de Victor Manzini se manteve sob sua direção até o ano de 1951, quando assumiu então Marcos Manzini[3] como novo redator.

REVISTA INTERLAGOS: AGOSTO DE 1955

A Tribuna de Santo Amaro comemorará seu 80º aniversário de fundação em 2016 sendo considerado o jornal de bairro mais antigo do Brasil em atividade, Fundada em 1936 por Victor Manzini, que o dirigiu até 1955,assumindo Marcos Manzini a direção do jornal no período de 1955 a 1973; passando a responder depois dessa data  João Nogueira que permaneceu na direção de 1973 até 1980. O Jornal “A Tribuna” nesse período teve em seu quadro de colaboradores o dinamismo do jornalista Jair Gusman Pedrosa que assumiu a redação colaborando com Marcos Manzini e depois com João Nogueira até 1980.



Depois o jornalista Oduvaldo Donnini tornou-se o responsável pela editoria do jornal A Tribuna, situado à Avenida Professor Francisco Morato, número 3559, Vila Sônia, São Paulo, prevalecendo o dinamismo que foi a marca registrada do jornal “A Tribuna”.

Notas:

*Complementos da genealogia e sobre o assunto correlato à crônica devem ser inseridos futuramente com a participação dos envolvidos de alguma forma com a matéria.

*Há 142 nascia um dos precursores da imprensa de bairros: 20 de janeiro de 1874

*Um Manzini Prêmio Nobel da Paz: Edmundo Manzini de Souza


SARGENTO MANZINI 

Depoimento do prof. Edmundo Manzini de Souza, sobrinho de Vitor Manzini, dono do Jornal “A Tribuna de Santo Amaro”,  que colaborou na comissão em prol do retorno do “MONUMENTO AOS HERÓIS DA TRAVESSIA DO ATLÂNTICO”

 Dr. Edmundo Manzini de Souza ladeado pela Comissão (3º da direita para a esquerda)





O professor Edmundo Manzini de Souza era sargento dos Boinas Azuis da ONU do 13º Contingente do Batalhão de Suez e foi agraciado com o “Prêmio Nobel da Paz” em 1988, outorgado pelo Ministério da Defesa da Dinamarca. 


Vide: Os brasileiros que venceram o Nobel=http://advivo.com.br/node/225408



Referências:

A TRIBUNA: 18 de outubro de 1975

MANZINI, DE QUE LUGAR???  Genealogia extraída da ref. de Jefferson Bueno, bisneto de Victor Manzini.http://orkut.google.com/c413579-t579a77e1ddebd347.html .


Tramway da Companhia de Carris de Ferro de São Paulo a Santo Amaro e o Matadouro da Vila Clementino/SP


Diário Oficial do Estado de São Paulo de 20-08-1977; p. 82  




[1] Encontramos também a referência como Eduina. Quanto ao nome Arduino(a) é uma palavra de origem italiana, considerado nome próprio.  Tem origem germânica, Harduwin ou Hardwin, composto de hardu “forte, resistente” e wini “amigo”. Tornou-se popular graças ao rei da Itália Arduino d’Ivrea (reinou de1002 a 1015 d.C).

[2] O termo “tramway” em inglês corresponde ao “Strassenbahn”, que pode ser traduzido como “trem de rua”, ou seja, uma via férrea, assentada em uma estrada ou rua, por meio de trilhos de aço sobre o qual transitam veículos preparados para essa finalidade. Os “tramway” no Brasil foram chamados de bondes (bonds) bilhetes usados por esses veículos. O tramway, que era semi-urbano, levou o desenvolvimento para o lado sul da Cidade entre a Vila Mariana e Santo Amaro. O Tramway partia de uma estação existente à Rua Vergueiro, próxima à Rua São Joaquim, e seguia por esta até a Vila Mariana, depois ao Jabaquara, Vila do Encontro, chegando a Santo Amaro na parte final da atual Avenida Adolfo Pinheiro.

[3] Marcos Manzini, jornalista, nasceu em São Paulo em 05 de junho de 1909. Dirigiu por muitos anos o semanário "A Tribuna", o jornal do bairro de Santo Amaro, mais antigo do Brasil. Foi defensor dos problemas da periferia, desde a sua fundação da "A Tribuna" em 1936 até 1973. Faleceu em 14 de abril de 1986. (ref. Dicionário de Ruas= http://www.dicionarioderuas.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/ListaLogradouro.aspx)

1 comentário:

ESTANISLAU disse...

Mais uma memória posta em evidencia de um jornalista santamarense de coração, que foi um marco na mídia escrita que muito honrou Santo Amaro e o colocou com relevância no mundo das comunicações como jornal de bairro, e para mim foi uma honra conhecer o Dr. Edmundo Manzini e ser de sua equipe para o retorno do monumento aos aviadores, que para honra também dos santamarenses veio a pousar em aguas do bairro que é a Represa de Guarapiranga, Salve os Manzinis e Santo Amaro.