terça-feira, 30 de setembro de 2014

Conselhos comunitários: marionetes dos governantes

Fracassei em tudo o que tentei na vida. 
Darcy Ribeiro

“Fracassei em tudo o que tentei na vida. 
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. 
Tentei salvar os índios, não consegui. 
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. 
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei, 
Mas os fracassos são minhas vitórias. 
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”. 


Esse faz de conta que o Estado norteia em suas demandas, grande máquina trituradora de pessoas, faz-nos refletir sobre as situações que criam para manter o controle sobre a massa popular. Criam e recriam sistemas para usar os que se dizem serem lideres sociais, mas são apenas marionetes de manobra dos governantes, um extrato saído de camadas manipuladoras de interesses particulares.

Os conselhos revolucionários existiram na história para dirigir algumas urgências necessárias à época, o que não deixou de ser um controle sobre as massas, onde as forças eram controladas por um seleto grupo “encastelado” que manipulavam esses conselhos embrionários e se apoderaram deles para sufocar as pretensões do povo. Quem por sua vez saiu às ruas para exigir reformas foram controlados por uma minoria que detinham o poder pela força, com slogan de lutas populares e bandeiras flamejantes como armas poderosas contra o inimigo antes externo que batia a porta do castelo, agora inflamado dentro do próprio castelo, transfigurado atualmente em nação. O modelo repressivo de todas as nações é o padrão básico de todo o policiamento, pois desde o fardamento até as armas letais e não letais são parecidas em todo o globo, e os carros de combate abrem as trincheiras de ruas e avenidas contra um inimigo combatente contra as regalias dos detentores do poder.

Isto é um paradigma mundial das populações que são vilipendiadas em seus direitos básicos e deste modo opera para então manterem a ordem estabelecida por interesses unicamente de poder contra os “sublevados” contra os desmandos do Estado. Uma determinada camada estratificada se apoderou de grupos de pessoas que se dizem lideres comunitários, de determinada região, de uma comunidade, e pequenos aglomerados circundantes em campos de futebol, onde há ajuntamento destas estruturas sociais para manipulação de interesses particulares. Esses líderes são cooptados a ficarem do lado dos que detém a massa de manobra e eles próprios são manobrados. Quando há algum interesse comum de determinado setor básico como saúde, educação, habitação ou outros segmentos quaisquer, os estratos de controle, que são chefes de departamentos, determinam por bem convocar um grupo de pessoas para delas extraírem as suas necessidades e alcançarem resultados almejados. Deste modo são idealizados os conselhos comunitários e as cartas vão para o debate marcadas pelos interesses pré determinados.

Os conselhos comunitários nada mais são do que um grupo de pessoas que se interessam para angariar alguma benfeitoria local, mas que nas votações de prioridades são controlados e manipulados para dirigirem o maior interesse de gestão pública; simplificando: votam pelos interesses do Estado nas esferas municipais, estaduais e federais.

O consenso é manipulado, pois a metade dos conselhos comunitários são representados por moradores locais e a outra metade é representada pelo funcionalismo público e/ou seus parceiros diretos que são denominados parceiras ou organizações sociais e recebem subsídio para manterem o mínimo necessário de práticas de sustentação daquele segmento que está representando numa manipulação de interesses de determinada secretaria.

As atas são dirigidas por uma mesa que tem como presidente o gerente daquele segmento do órgão público, logo as atas são apresentadas de maneira a não denegrir de maneira alguma o gerenciamento e seus seguidores em um quadro de interesses.

Quando a votação de ordem do dia acontece os argumentos são manipulados com planilhas para demonstrar o alto rendimento do setor e todos aplaudem sem questionamento gerando uma ata elogiável ao sistema.

Os conselhos são dirigidos para satisfazerem os interesses governamentais em todos os sentidos e em todas as esferas de governo, pois criaram o padrão das prerrogativas do que deve ser um conselheiro, numa obrigação sem contestação, onde a mesa diretora e suprema nas prerrogativas que querem fomentar como prioridades de governo. As supervisões, por sua vez, não conseguem visualizar a dimensão e o grau de manipulação de suas parceiras e aceitam planilhas mensais para deste modo debitar o recurso monetário das parceiras ou organizações sociais.


É um faz de conta perfeito, história da carochinha, e os conselheiros comunitários tornam-se marionetes dos governantes.

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