segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

OS TERRATENENTES DO BRASIL (09): O PREÇO DA OPRESSÃO

O CAPITÃO-MOR E O GOVERNO GERAL DO BRASIL

A atividade do tráfico negreiro inicia-se oficialmente em 1559, quando a metrópole portuguesa decide permitir o ingresso de escravos vindos da África no Brasil. Antes disso já ocorriam no Brasil transações envolvendo escravos africanos, sendo a escassez de mão-de-obra um dos principais argumentos dos colonos.

O mais antigo registo de envio de escravos africanos para o Brasil data de 1533 quando Pero de Góis, Capitão-Mor da Costa do Brasil, solicitou ao Rei a remessa de 17 negros para a sua capitania de São Tomé, Paraíba do Sul em Macaé.

Catarina da Áustria oficializou o tráfico de escravos para o Brasil que acontecia na prática: O comércio de escravos oriundos da África, antes dominado pelos africanos e árabes, fazia parte dos resgates de cativos, prática comum de escravizados e libertados durante o reinado de Dom João V, e revela que era lucrativo cambiar mão de obra até de grupos oriundos do Brasil que chegaram a ser capturados e vendidos para o mercado africano, através dos árabes que controlavam já boa parte deste comércio ao norte da África, e que passa a ser também dominado também por europeus no Atlântico e Pacífico.

O Alvará de 29 de Março de 1559, de Dona Catarina de Áustria, regente de Portugal, mediante certidão passada pelo Governador Geral, “autorizava cada senhor de engenho do Brasil, mediante certidão passada pelo Governador Geral, a importar até 120 escravos do Congo, pagando apenas 1/3 dos direitos”, vindo oficializar o que era feito na prática.

Os escravos africanos que os portugueses comerciavam, no começo passavam por Portugal, onde uma parte menor era levada principalmente por via marítima, para outros países europeus e outra parte destinava-se ao Brasil e as ilhas portuguesas do Atlãntico. O tráfico de escravos para o Brasil não era exclusivo de comerciantes europeus, mas uma atividade feita por uma rede intricada de interesses de vários controladores, inclusive os pumbeiros, mestiços livres e também ex-escravos, que não só se dedicavam ao tráfico de escravos como controlavam o comércio costeiro, no caso de Angola, para fazerem o papel de mediadores no comércio de escravos da África Atlântica.

A partir de 1550, o Governador-Geral do Brasil, Tomé de Souza, estimula a importação de africanos e, em 1557, chega à Bahia uma caravela vinda de São Tomé, importante centro açucareiro, com escravos da África

Em 1591 o preço dos animais em Pernambuco era de 30.000 reis para uma junta de bois, 10 a 12.000 reis para uma vaca, 15 reis para um porco, 3 a 4 reis para um carneiro, 1 real para um peru e 6 a 7 tostões para uma galinha.O investimento total dos senhores de engenho e lavradores, poderia atingir 25% em mão de obra e a cotação dos escravos negros era feita conforme o sexos, a idade, a origem étnica e aptidões, sendo mais valorizados os crioulos, aqueles nascidos no Brasil, os ladinos, já aculturados com o modelo do colonizador, e, por último os boçais, recém chegados da África. A classificação por idade respeitava o seguinte critério: o velho; com mais de 35 anos, o barbado; entre 25 a 35 anos, a peça; homem de 15 a 25 anos, molecão ou molecona; entre 8 a 15 anos, moleque ou moleca; inferior a 8 anos, as crianças de peito eram incluídas no preço das mães. O Preço era de 22.000 reis para uma peça, 12.000 reis para um velho e para um moleque ou moleca, 44.000 reis para e molecões ou 3 moleconas.

Era um comércio lucrativo ao investidor do açúcar branco cobiçado na Europa, produzido pela negra e injusta escravidão que manchou o Brasil, que não consegue perder as amarras destas correntes do passado para escrever com liberdade sua história.

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