sábado, 19 de dezembro de 2009

SONHOS E MORTALHA NO PAÍS DA ILUSÃO

SONHOS E MORTALHA NO PAÍS DA ILUSÃO

Eu tinha um amigo, aliás, o seu tio, o seu pai, antes dele ter nascido, já faziam parte de minhas relações de amizade. Eram nipônicos. São antigos no bairro Jardim São Luiz, periferia paulistana onde começaram a trabalhar no ramo de fotografias, e tornaram-se os precursores desta arte nesta insipiente localidade, registrando muitas atividades alegres das pessoas humildes, como casamentos, batizados, festas de formatura, enfim tudo que era relacionada com eventos pessoais, formais e informais, não escapavam de suas objetivas.

O Brasil, infelizmente não oferece oportunidades reais de crescimento, não para ficar rico, mas fazer com que as pessoas se sintam felizes, e queiram realmente desenvolver o sentimento de patriotismo, gostar do lugar em que nossos antepassados acreditavam ser um paraíso. Mas como cortar as amarras de sua escravidão se já possui o fado e o fardo de ter nascido escravo?

Muitos navios de muitos países nos séculos 19 e 20 singraram os mares e vieram para a "Terra da Ilusão". Aqui constituíram novas famílias, foram se misturando, mesmo quando perseguições eram feitas por ideologias bizarras, um policiamento desqualificado encarcerou pessoas que mal sabiam por que estavam sendo perseguidos. Muitos não podiam voltar para seus países de origem, e amargaram uma "desestrutura" abandonados no meio de florestas, sem recursos, mantendo-se com a força dos braços, mas não desistiram, pois era a única alternativa que possuíam.

O país "demo-crático" nunca se interessou em saber o quanto de qualidade possuía numa mistura de povos, e a dura vida do campo cavoucado como enxada tirou o sustento e sobrevivência destas pessoas.

O tempo passou muitos bisnetos, netos, filhos, sobrinhos foram trabalhar nos países de seus antepassados, que foram destruídos por guerras sucessivas, mas conseguiram tornarem-se respeitáveis como países sérios, ao contrário desta grande terra, que linda por natureza, possuem planejamentos narcisistas de governantes, que jamais pensam em forjar um país realmente Grande, nunca incentivando as pessoas para que possam desenvolver e a tornar o lugar onde vivem em um lugar propício e aprazível para se viver, onde o extrativismo descontrolado e sem planejamento formam desertos irrecuperáveis na natureza e na alma. Nossa maior meta é criar gado e plantar a exigências do mercado externo, onde as terras são grandes latifúndios controlados por uma elite arcaica.

Muitos filhos e netos de imigrantes do passado fizeram o caminho inverso e emigraram pelos aeroportos, e quem sabe até alguns se aventuraram e fizeram o uso do meio de transporte de seus antepassados usando os navios, hoje grandes transatlânticos marítimos. No meio desta massa, que foram tentar outra vida na terra dos seus antepassados estavam os Furukawa, que levou de volta um sonho de conseguir uma vida melhor. A vida em terra estrangeira é dura, os costumes, a língua, enfim uma série de dificuldades, mas com esforço se ajudaram mutuamente e cresceram e fizeram o Japão crescer, mas o que queriam era fazer a terra onde viviam desenvolver-se, mas ela não lhes dava oportunidades, estava entregue as especulações capitalistas que também culminou repentinamente por uma falsa economia embasada em papéis bancários, nunca dinheiro justo do trabalho, mas um dinheiro especulativo fez o capitalismo falso ruir, e muitos tiveram que voltar para casa, onde sempre pensaram em ficar. Os frutos do trabalho lhes renderam uma vida mais estável, adquirindo bens para uma vida sustentável, uma casa, alguns carros, motos, de última geração da indústria automobilística estrangeiras foram adquiridas no Brasil, nunca um produto desenvolvido com tecnologia própria, mas equipados pelas montadoras em uma globalização de controle do trabalho e renda, uma real condição de subdesenvolvimento.

O país "bonito por natureza" recebia estes dólares suados deste povo, taxando-os com tributos gigantescos, embora a economia falsa do país sustentada pelo poder econômico e político, oferecia aquisição de bens com facilidades cambiais, os bancos ávidos ofereciam taxas de juros baixas para aquisição de bens e muitos caíram nesta teia que se apresentava como uma coisa vantajosa, mas que queria chamar para si o recurso trazido para as fronteiras internas. O banco é o símbolo do capitalismo, pois nada produz, mas como um agiota ganancioso manipula todo mercado financeiro, uma fonte lucrativa com o mínimo esforço, ou melhor nenhum, pois detém as rédeas do mercado, nunca corre riscos de produção mas toma para si boa parte dos dividendos.
Os jovens foram os mais susceptíveis aos interesses capitalistas, e adquiriram veículos de grande potência, impróprias as estradas brasileiras, regidas por leis onde o acidente de trânsito é condicionado a existência da culpa, mas sem intenção de matar!!!
Assim em um cruzamento encontraram-se dois jovens, com suas potências pessoais e também motorizadas, e colidiram-se, ceifando a vida no seu momento mais sublime, o da juventude. O automóvel, servindo-se de uma carapaça como os antigos cavaleiros medievais, lançou a motocicleta de meu amigo Ronie Cray Takeshi Almeida Furukawa no asfalto frio, onde todas as probabilidades de salvamento foram insuficientes, pois o corpo do jovem arrastou-se até atingir um obstáculo, precipitado em movimento pelo impacto.
Muitos falam um termo muito usado "fatalidade", conceito vago que esconde outros fatores, que muito debatem em acaloradas palestras, mas não encontram solução, para evitar que um jovem tire a vida de outro jovem!
Meu amigo, um coração enorme, sempre pronto a servir quem estivesse em dificuldades, foi embora. Deus o ampare em seus braços com festa no céu, que sei agora que há mais um inocente olhando por todos nesta terra inoportuna.

Seu sonho era ser disc jockey, transmitir alegria! Descanse em paz, ei, ei, ei, DJ Ronie Cray!!!

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