sábado, 29 de agosto de 2009

O NOME BRASIL (6): DUAS CULTURAS, IBÉRICA E BERBERE, ORIGINA OUTRA ALMAGAMADA

DIFERENÇAS ENTRE COLONOS E REINÓIS NA “HISTÓRIA DO BRASIL”,
FREI VICENTE DO SALVADOR

Sobre Frei Vicente do Salvador pouco se sabe. As fontes que dele tratam são: sua própria História do Brasil escrita em 1627, o Novo Orbe Seráfico Brasílico e o catálogo genealógico de Jaboatão. Este diz que provavelmente nasceu em 29 de janeiro de 1567 na sé da cidade de Salvador. Seu pai, João Rodrigues Palha, era fidalgo vindo com uma expedição para as terras brasílicas organizada pelo amigo Luis de Mello Silva. De três naus e duas caravelas que partiram só uma se salvou. E em uma destas estava João Rodrigues Palha. O Naufrágio ocorreu no dia 11 de novembro de 1554.
Provavelmente foi iniciado nas letras por algum capelão de engenho, continuando os estudos na cidade de Salvador, onde nosso autor tomou um maior contato com a vida urbana na colônia. Foi instruído pelos padres da Companhia de Jesus. Muito de sua instrução nas letras e de seu estilo deve-se ao chantre Manuel Severim de Faria, um erudito que conheceu quando retornou à Évora. Severim de Faria incita o frei à história, para isso põe à disposição sua seleta biblioteca.
Ao retornar a Portugal, seu navio foi aprisionado pelos holandeses, de quem ficou refém até 1627. Após a Reconquista da Bahia, termina de escrever sua “História” em 27 de dezembro de 1627, dedicando-a a Severim de Faria. Sua obra é de um valor extraordinário, que nos oferece minúcias sobre o cotidiano colonial. Sua fina percepção da sociedade colonial é que capacita Frei Vicente do Salvador não somente constatar a diferença entre colonos e reinóis, como conhecer a natureza de tal diferença. Percebe que a sociedade colonial tem uma organização específica, completamente diferente da sociedade metropolitana e as diferenças entre colonos e reinóis advêm dessa forma específica de organização[1].

“E Thomé de Sousa (...) vendo que [os degradados] não eram como o pêssego, ‘o pomo que da pátria persa veio, melhor tornado no terreno alheio’, que pediu com muita instância por muitas vezes a el-rei que lhe desse licença pêra se tornar ao reino. Contudo (...) disse quando lhe veio a licença: ‘Vedes isso meirinho? Verdade é que eu o desejava muito, e me crescia a água na boca quando cuidava em ir para Portugal; mas não sei o que é que agora se me seca a boca de tal modo que quero cuspir e não posso’.” (Frei Vicente do Salvador. História do Brasil.)

A consciência é produzida pelas relações que os homens estabelecem entre si, pelas que estabelecem com a natureza e ainda, as relações entre as nações. O movimento dessa consciência de diferença é da natureza para os homens[2]. Primeiro se percebe uma natureza diferente – aliás, o que antes nem sequer se percebia, era mera reprodução da Europa[3], para depois se perceber que os homens também são diferentes. No primeiro estágio da percepção dos homens, estes ainda possuem as mesmas características que a natureza, como o viço, a abundância, a saúde. Somente depois é que as diferenças passam a ser produzidas socialmente e alguns novos valores, como a negligência, a preguiça, a ostentação, já começam a ser apontados.

“Porque se me comunica também o mal da negligência dos naturais da terra (...) porque a gente da terra se contenta somente com aquilo que os passados deixaram em uso, sem
quererem anadir outras novidades de novo, ainda que entendam claramente que se lhes há de conseguir do uso delas muita utilidade, de maneira que se vem a mostrar nisto serem todos
padrastos do Brasil, com lhes ser ele madre, assás benigna”.[4]

A incipiente divisão do trabalho se limita às relações do colono com a natureza e dos colonos entre si, não envolvendo a instância das relações entre metrópole e colônia, que é a que determina as demais. Esse é o sentido da colonização[5].
É exatamente por não ver essa dimensão – e nem poderia porque algumas coisas só se tornam visíveis com o correr da História – que ele prega pela diversidade das atividades econômicas na terra. Brandônio dedica páginas para discursar a respeito disso. Não entende porque não se produzem outras coisas no Brasil, além do açúcar, a pimenta, por exemplo, cuja navegação para o Oriente “tanto tem custado a Portugal”. Para ele, isso é um defeito de caráter herdado dos seus ancestrais, “um mal velho do nosso Portugal que não leva remédio”. No entanto, não se trata somente disso, mas de uma característica estrutural do sistema colonial. Por diversos motivos. Em primeiro lugar, a navegação para as Índias, mesmo que custosa, tem um outro significado dentro desse contexto, que é o fortalecimento do poder do Estado Absolutista. Os Estados Nacionais estão se formando uns contra os outros e o período que abarca o Antigo Sistema Colonial é um período de conflitos entre os Estados em formação pela conquista da hegemonia ultramarina. Portanto, do ponto de vista político, não tem qualquer sentido abandonar a navegação para as Índias. Em segundo lugar, olhando agora pelo ponto de vista econômico, a colonização se caracteriza pela produção de um único produto, altamente lucrativo, comercializado no mercado externo. É o mercado, portanto, que dita os produtos que serão produzidos e seus preços.

Essa mesma característica do improviso aparece de uma forma mais consistente no trecho a seguir, em que não somente se trata de um feito individual, mas de uma característica geral da terra: “(...) porque no Brasil tudo se compra fiado, e estes nestas cousas querem superabundâncias, a que os mercadores já não acudiam e era necessário fazê-los ele prover, e aviar uns e outros era infinito”. Aqui também se encontra uma inversão de costumes em correspondência àquela da inversão entre a esferas pública e a privada. O improviso é algo que passa a se tornar, com o tempo, um rótulo do colono, e sempre vem associado a um outro traço que o diferencia do reinol: a malícia.

Ao contrapor as diferentes posturas que morador e mercador têm ante a terra, o autor está implicitamente contrapondo colono a reinol e diferenciando-os. Morador é aquele que não somente reside na terra, ou seja, na colônia, como a cultiva. O mercador, que é aquele que vem do reino, simplesmente se preocupa em desbastá-la. O fato de haver uma sociedade já
minimamente consolidada, conforme se conclui do trecho anterior, muda radicalmente as coisas. A defesa da terra é uma defesa contra a exploração indiscriminada de seus recursos[6]. Reclama-se a falta de moradores porque ninguém quer vir para ficar permanentemente. Em Frei Vicente, a defesa da terra é a defesa de algo construído pelo homem contra aqueles que vêm para destruir essa organização. Não se trata mais somente da defesa dos recursos naturais. O que diferencia um do outro não é como vêem a ligação entre o homem e a terra, e sim, a ligação que o homem guarda com seus semelhantes em busca de um objetivo comum: dar continuidade ao projeto de construção de uma sociedade nova nesta terra[7].



*A história elaborada através de muitos fragmentos, constituída por anais registrados pelo poder de então, e que aos poucos são encaixados, ou desencaixados, são, por vezes impregnados de lendas e tradições locais. Cada qual extrai as conclusões das supostas ocorrências, depois de recolher subsídios sobre o assunto como provas de um processo criminal, para considerações dos fatos de então, em outra época.
Parte disso, muitas vezes é esquecida pelo investigador da história que recria a “verdade histórica”, ou, desinteressa-se por não haver relevância naquele momento, prescreve-se com o tempo e os autos servem somente como folclore, silenciando-se o processo!


[1]“O ódio ao espanhol, já assinalamos como fator psicológico de diferenciação política de Portugal. Mas nem esse ódio nem o fundamental, ao mouro, separaram o português das duas grandes culturas, uma materna, outra, por assim dizer, paterna da sua. A hispânica e a berbere. Contra elas formou-se politicamente Portugal, mas dentro de sua influência é que se formou o caráter português”. (Gilberto Freyre. Casa-Grande & Senzala: Formação Da Família Brasileira Sob o Regime da Economia Patriarcal. 28ª ed. Rio de Janeiro, Record, 1996, p. 242).

[2] Ressalta-se que por consciência Marx entende toda e qualquer abstração intelectual, algo que distingue os homens dos animais e que é reavivado pelas relações de produção que os homens estabelecem entre si. Marx, Karl.A Ideologia Alemã.Trad. José Carlos Bruni e Marco Aurélio Nogueira. São Paulo, Hucitec,1996, p.10.

[3] Todorov

[4] “O ser ainda reinol e vindo de pouco a esta terra me faz ignorar em muitas coisas que aos antigos nela são patentes, e por isso não vos maravilheis se vos perguntar algumas já muito notórias (...)”.Diálogos das Grandezas do Brasil. Ed. Ampliada e revista por Capistrano de Abreu. Salvador, Progresso, 1956. op. Cit, p. 56.


[5] Diálogos das Grandezas do Brasil, p. 73. “não há homem em todo este Estado que procure nem se disponha a plantar árvores frutíferas, nem fazer as benfeitorias acerca das plantas, que se fazem em Portugal, e, por conseguinte se não dispõem a fazerem criações de gados e outras; e se algum o faz, é em muito pequena quantidade, e tão pouca que a gasta toda consigo mesmo e com a sua família. E daqui nasce haver carestia e falta destas coisas, e o não vermos no Brasil quintas, pomares e jardins, tanques de água, grandes edifícios, como na nossa Espanha, não porque a terra deixe de ser disposta pára estas coisas; donde concluo que a falta é de seus moradores, que não querem usar delas”. Idem, op. Cit., p. 18. Diálogos das Grandezas do Brasil. Ed. Ampliada e revista por Capistrano de Abreu. Salvador, Progresso, 1956.

[6] Sérgio Buarque de Holanda. Visão do Paraíso: Os Motivos Edênicos do Descobrimento e Colonização do Brasil. 3a edição. São Paulo, Cia. Editora Nacional, 1977.

[7] Referências extraídas de: “Vida Material e Consciência da Diferença Entre Colonos e Reinóis na História Do Brasil”, De Frei Vicente Do Salvador. Milena Fernandes de Oliveira, UNICAMP

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O NOME BRASIL(5):ÍNDICO, ÁSIA e MALACA, PRIORIDADES DO IMPÉRIO PORTUGUÊS

ÍNDICO, ÁSIA e MALACA: O IMPÉRIO PORTUGUÊS NO SÉCULO 16
A cidade de Malaca era o centro econômico das riquezas do Sudeste Asiático. O Estreito de Malaca é a passagem mais rápida entre o Golfo de Bengala e o Extremo Oriente. Fundada no século 14 tornou-se entreposto comercial de mercadorias que atravessavam o Índico. Os produtos escoavam pelo Estreito, onde as matérias-primas e produtos manufaturados eram divididos em categorias referidos abaixo:

1) Figuravam diversos gêneros da Ásia, destacando-se a pimenta de Sumatra vinda pelo Estreito de Sunda passagem principal entre o Mar da China e o Índico, como também o cravo e a noz-moscada das Ilhas de Molucas, "Ilhas das Especiarias" localizada no Mar de Banda. Haviam outras mercadorias vindas de Timor, Bornéu, Reino de Sião, Tailândia, ou Birmânia como benjoim, uma espécie de resina que alcançava elevadas somas em dinheiro no mercado externo, pedrarias, almíscar e lacre.
2) Produtos chineses manufaturados, como porcelanas e sedas.
3) Tecidos indianos, originários do Guzerate, estado mais ocidental da Índia, de Coromãndel ou de outras localidades do Golfo Bengala.
4) Produtos do Médio Oriente, onde figuravam o ópio, diversos metais, couros ou tapetes.
Os portugueses sabiam da existência e importância de Malaca no Oceano Índico onde o almirante-mor de Portugal, Vasco da Gama, marcou presença lusitana a partir de 1498. Os portugueses incluíam em seu maior interesse e o domínio das riquezas da opulência comercial, avaliando a importância de Malaca de maior prioridade: controlar o comércio da Ásia marítima, que alimentava boa parte do Mediterrâneo.
O primeiro vice-rei, Dom Francisco de Almeida, levou ordens para estabelecer os primeiros contatos com o sultão, mas a demora no cumprimento de contatos imediatos para os interesses de Portugal levou Dom Manuel, rei de Portugal, a preparar uma armada, capitaneada por Diogo Lopes de Sequeira, para rumar em direção a Malaca, partindo de Lisboa em 1508. Logo ficou claro o interesse do controle do comércio asiático, que abastecia a Rota da Seda, iniciada nas costas da Ásia e fornecedora da República de Veneza e da Sereníssima República de Gênova através dos árabes.

A chegada da armada de Diogo Lopes de Sequeira, em Setembro de 1509, ao invés de concretizar o controle do comércio asiático, que os portugueses haviam logrado conquistar, desorganizaram o local com imposições à rede mercantil da região, desaparecendo o porto centralizador do comércio e, com ele, o Estado que controlava o estreito que separava o Istmo da Malásia e a Ilha de Sumatra.

O comércio, antes centralizado em ações geradas por comerciantes da região, com a interferência portuguesa, espalhou-se repentinamente por outros portos em meio a disputas militares no Estreito de Malaca. O papel desempenhado no passado pelo Estreito de Malaca, que ligava o oceano Índico ao Mar da China meridional e partilhado pela Malásia, Indonésia e Singapura, agora estava repartido com as pretensões exercidas por Portugal.
Afonso Albuquerque tinha convicção da importância de Malaca que fazia a ligação entre o comércio de especiarias chinesas e a Europa, e, assim a 1º de Julho de 1511, no comando de uma forte armada, fundeou próximo a Malaca. Os portugueses apresentavam-se em posição de força, tendo sido feitas várias exigências à cidade. Contudo, a pressão dos mais influentes da corte malaia, nomeado bendahara, ou primeiro-ministro, não permitiram o sucesso das negociações. Afonso de Albuquerque decidiu tomar a cidade, após algumas hesitações por parte de capitães mais reticentes, por motivo de intrincadas manobras diplomáticas. A seu favor contava com o apoio dos “quelins”, mercadores malaios e os chineses, que viram nos portugueses a oportunidade para abalar a hegemonia “guzerate” da Índia e obter uma posição privilegiada junto ao novo poder político.

No Oriente houve três locais que assumiam maior importância:
1) O Golfo de Aden, localizado ao norte do Oceano Índico na entrada do Mar Vermelho, entre a costa norte da Somália, na África e a costa sul da Peninsula Arábica.
2) O Estreito de Ormuz, na entrada do Golfo Pérsico.
3) O Estreito de Malaca, no Sudeste Asiático.

Afonso de Albuquerque com o sucesso da sua estratégia de expansão procurou fechar todas as passagens navais para o Índico, no Oceano Atlâtico, Mar Vermelho, Golfo Pérsico e Oceano Pacifico transformando-o num “Mare Clausum”, o mar fechado português, semelhante as Repúblicas da Itália que reclamavam o "Mare Clausum" no Mediterrâneo.
Sinal evidente desta preocupação era sentido nos primórdios do domínio pelo envio da armada de Vicente Sodré em 1502, com ordens supremas para ir à costa sul da Arábia, e o comandante Antonio Saldanha, em 1503, para fechar os “Estreitos” à navegação muçulmana.

As embarcações do Império Otomano que transportavam a mercadoria de Malaca pelo Golfo Pérsico e Mar Vermelho, depois de várias disputas com os navegantes lusos, já não assustavam Afonso de Albuquerque. Suas pretensões superaram a hegemonia do comércio da Costa de Choramándel, na Índia, controle da Baía de Bengala, Reino do Pegu na Birmânia, Malaca, Sumatra e Reino do Sião. No pensamento de Afonso de Albuquerque estavam outras terras ao Sul dos mares da China, estendendo-se até ao Japão. Em 20 de Agosto de 1512, numa carta escrita ao Rei Dom Manuel I, da cidade de Cochim, um dos melhores portos ao sul da Índia, na costa ocidental de onde os portugueses obtiveram controle do lucrativo do comércio de especiarias, Albuquerque dava notícias dizendo que Malaca era terra de Portugal. O sonho estava concretizado, mas era necessário estruturar a praça de armas, fortalecer a defesa frágil que possuía o local anteriormente na administração dos sultões. Planejou-se a construção da Fortaleza de São Tiago, mais tarde chamada de “Famosa”, dada a sua fama e beleza arquitetônica, onde dentro foi construída a igreja da Anunciação a Nossa Senhora e na atualidade resta somente a fachada. Ordenou em Malaca a cunhagem de moeda, como já era feito em Goa, tomada em 1510, e Ceilão, nítida condição de poder e controle. Afonso de Albuquerque, estava envolvido no projeto de conquistar todos os mercados Orientais, navegando mais ao Sul do Mar de Andamão, a oeste da atual Tailândia em direção a Malaca, local de transações de mercadorias vindas de todo o Oriente. Tinha ao seu mando a maior nau da armada, a “Flor de la Mar”, que fazia parte do orgulho marítimo de Portugal, sendo a nau mais poderosa em ação naval de alto poder de artilharia, com capacidade de 400 tonéis[1], construída em Lisboa em 1502, que já havia sido comandada por Estevão da Gama, irmão de Vasco da Gama nos mares em direção à Índia. A segunda viagem da citada nau aconteceu em 1505 e, ao dobrar o Cabo da Boa Esperança sofreu avaria no casco, reparada em Moçambique, África. Participou também na conquista de Ormuz, em 1507, na batalha de Diu, em 1509 e na conquista de Goa em 1510 e apresentava na conquista de Malaca, em 1511.

Afonso de Albuquerque com o controle da administração utilizou-a na expansão portuguesa na Ásia, dotando Portugal do maior centro comercial mais rico de toda a Àsia. Com a nau-almiranta Flor-de-la-Mar comandando a expedição navega outra nau menor, Trindade acompanhada de um junco chinês. Afonso de Albuquerque ordena carregar a nau Flor de La Mar com o butim tomado na conquista. Finas decorações trabalhadas em madeira de Sândalo e Rosa, barras de ouro, ornamentos dos mais variados. Liteiras ricas de uso do sultão, revestidas de prata e ouro fino. Dois leões em ferro, retirados da tumba de um sultão de Malaca, para servirem, depois da morte de Albuquerque, de guardas do seu túmulo em Goa. Um montante de pedraria, para oferecer ao Rei Dom Manuel. Esta oferenda seria o testemunho da conquista e gratidão para com o Rei Venturoso por ter-lhe conferido a honraria de Vice-Rei da Índia. Junto com tão fino espólio, ía uma espada, cravada de diamantes e um anel de rubi, oferta do Rei do Sião a Dom Manuel I, presente pelo encetamento das relações recentes, tudo catalogado para controle em nome do Império de Portugal.
Mas a poderosa nau não venceu a tormenta que pairou no estreito de Malaca e na noite de 20 de Novembro de 1512 naufragou levando ao fundo enorme riqueza, onde unicamente se salvou o almirante Albuquerque com mais quatro pessoas por ele comandados.
Este fim trágico nunca arrefeceu o interesse de Portugal no Arquipélago Malaio, ou Insulíndia, composta de um numeroso grupo de ilhas situado entre o continente do Sudeste Asiático e a Austrália foi controlado por fortificações a partir de Malaca, na Malásia, que tornou-se território português, controlando o maior comércio existente na Ásia desde 1511 até 1641, por uma das maiores forças navais da época: Portugal.

Do outro lado do Atlântico estava outro território de domínio português que não tinha tanta importância em mercado econômico: O Brasil, secundário nas relações comerciais de Portugal, somente começou a fazer parte dos interesses da Metrópole, após aproximados trezentos anos do “Achamento”!

A prioridade eram as riquezas imediatas da Ásia!

[1] Um tonel na época correspondia ao volume que comportava a massa de 1000 Kg líquidos.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O NOME BRASIL (4): CONSIDERAÇÕES SOBRE O CORANTE VERMELHO BERSIL


O CORANTE VERMELHO BERSIL

O vermelho simboliza sangue em muitas culturas e relacionava-se na mitologia com divindades como Apolo (ou Febo sinônimo de debrilhante, luminoso), deus da luz e do sol e Marte (ou Ares) identificado como deus da guerra.
O vermelho era habitual nas pinturas de guerra dos soldados para que os poderes dos deuses os acompanhassem. Os corantes tinham alto valor para a maioria da população pelo que a escolha da cor da roupa assentava em considerações monetárias e não estéticas. Para além das cores do vestuário havia referência de status social, por isso as cores eram referências soberanas e o branco fazia parte do universo dos súditos diferenciando-se uns dos outros pelo colorido da vestimenta.O povo guarani demonstra o valor das cores recolhidas na natureza, com a seguinte lenda:

“Os deuses esconderam as tintas nas árvores, nos animais e na terra e guardou para si o encantamento da tapiragem, processo de mudança dar cor das aves vivas. E esperaram... Ainda era tudo escuro, e ao mesmo tempo em que foi criado o Sol e a Lua, Kúat e Iaê, os deuses da sabedoria mostraram a natureza como horizonte do homem para que, convivendo com ela, aprendesse a amá-la e respeitá-la. Pele pintada para dar vida a vida, cor às cores, para mostrar a alegria do existir e a razão do viver.”

Desde o século 11 a Europa estava familiarizada com uma árvore nativa da Sumatra chamada em malaio de “sapang” que em sânscrito o termo passou a “patanga”, ou tom “vermelho”. Os mercadores transportavam “sapang” pelo Mar Vermelho ou por terra na Rota da Seda[1].
Existem referências ao tom da cor que era usado para tingir a seda e linho usado pelos nobres do Oriente, onde a árvore “sapang” era triturada até a formação de pó, e depois usada em técnicas de tingimento, que dava ao tecido o tom carmesim[2] ou purpúreo, tom mesclado entre vermelho e azul. As primeiras referências ao produto na Europa datam de 1085 da era cristã quando uma carga de “kerka de bersil” foi registrada na alfândega de Saint Omer, na França, onde o termo passou a ser designado como “brezil”. As técnicas aplicadas de então para tingimento foram passadas para a Itália onde há registro alfandegário do produto em Ferrara datado de 1193; Modena em 1221 e o importante porto do Mediterrâneo, Gênova em 1243, sendo nestas localidades chamado de bracire, brazili e verzino. Este último foi aplicado por Amerigo Vespucci nas cartas enviadas aos investidores, com o titulo “Lettera a Soderini”. Na Espanha o “pau da tinta” chegou por volta de 1220 assim como em Portugal.


Há probabilidade de que o nome Brasil provinha de bersil, mudado para um termo aberto brésil no sentido de brasa, ou que tenha alguma origem celta, como uma benção divina, “bress” que em inglês deu origem ao termo “to bless” para o verbo abençoar.
A lenda céltica referia-se a uma ilha misteriosa e paradisíaca, perdida nas plumas do Atlântico Sul e era conhecida como “Hy Breazil”. Este território era limitado ao oeste pelo Atlântico e a leste pelo Mar Negro. Os celtas aparecem nas referências de Virgílio e Caio Catulo, definindo-se como habitantes do oeste e do norte da Europa e que originaram outros povos como os góticos, gauleses e britânicos, passando para a Ásia Menor, atual Turquia, onde encontramos os gálatas referidos nas escrituras cristãs. Estes povos nórdicos sabiam trabalhar os metais com facilidade como a fusão do ouro e o fabrico de peças em ferro. Tinham predileção por locais montanhosos, rios, mares e ilhas considerados por eles lugares mágicos. No século 6 antes da era cristã os celtas e fenícios mantinham estreitas relações comerciais. Os celtas exímios metalúrgicos extraiam o óxido de ferro desde a Ibéria até a Irlanda. O corante vermelho proveniente deste óxido era transportado e comercializado pelos fenícios, excelentes navegantes do mundo antigo, comprovado pela historiografia.

O vermelhão do óxido era denominado pelo termo grego “KINNABAR” onde a raiz “KINN” traduzia a referência de metálico rubro, avermelhado; e “NA” a qualidade de metal e “BAR” possuía o significado de “em cima”. Da palavra grega “KINNABAR” surgiria o termo brakino, barcino ou breazil, que se poderia traduzir como “descendente do vermelho”.
Na Irlanda onde sobreviveu a língua e se mantiveram os costumes célticos, passaram para outras localidades, a idéia da existência da ilha paradisíaca breazil. A lenda “Hy Breazil” entre os celtas, era muito antiga. Os fenícios e os gregos que estabeleceram contatos com os celtas através de relações de comércio, de quem obtinham “o vermelhão”, de repente pararam de manter contato onde prevaleceu que provavelmente a lenda havia se concretizado e que estes navegadores haviam encontrado a misteriosa ilha[3], nela se estabelecendo.
Os celtas acreditavam em seus mitos e na existência de ilhas ao leste e assim passaram do Continente Europeu para as ilhas do Mar do Norte, na Inglaterra, Irlanda e Islândia.

Outros habitantes estavam na região da Escandinávia, os vikings[4], onde “VIK” definia o lugar como o significado de baia ou golfo completado com sufixo “ING” designando a origem dos normandos, ou homens do Norte. Eram excelentes navegadores e destemíveis com seus barcos ágeis, decorados com carranca de dragão na proa para espantar os maus espíritos, que por este motivo eram chamados de DRAKKAR. Com estas embarcações singravam os mares partindo da costa do Mar do Norte, atingiram a Groenlândia, “Greenland” ou Terra Verde, indo para o lado do Atlântico chegando ao estreito de Davis chegando onde os franceses colonizaram a partir de 1713, com o nome L’ANSE-AUX-MÉDUSES, ou Baia das Medusas. Neste lugar por volta do ano 1000, Leif Ericsson, filho de Eric, havia conquistado em 983 a Groenlândia e chegava em Vinland, Terra do Vinho, onde “Vin” em linguagem escandinava significava “grama”, ou talvez suculentos frutos ainda não conhecidos pelos vikings. Estes desbravadores usavam um sistema de agulha magnética denominada “Sejesten Ker” e dirigiam-se pela bravura e pelas estrelas.
Disse-se ainda que foram direcionados pelas informações de “Bjarni Herjlfs Son”, que avistou terras a sudoeste da Groenlândia em 986 da era cristã, ao comando de Leif seguido de trinta e cinco guerreiros protegidos por malhas, escudos, capacetes e machados, que foram aventurar-se neste reconhecimento podendo até ter chegado ao Norte da América, onde hoje fica o Canadá e até na atual cidade Massachusetts, nos Estados Unidos. Em L’ANSE-AUX-MÉDUSES foram encontrados por arqueólogos peças de ferro, agulhas de osso, pinos e argolas. Hoje no local há o “Park Canadá” com referências desta visita escandinava antes do “achamento” oficial das Américas.

“A origem do nome Brasil é misteriosa e repleta de ressonâncias. Há mais de vinte interpretações sobre a origem do étimo e as discussões estão longe do fim” [5].

Se é que seja necessário haver um FIM!!!

[1] A ROTA DA SEDA partia de Java, na Indonésia, entrando pelo continente asiático pela Malásia, percorria parte do território da China, pela região da Pérsia atingia a Síria, indo ao maior centro comercial da Ásia Menor, em Constantinopla, hoje Istambul. Consta que pelo sistema de cabotagem também usavam o transporte marítimo pelo Golfo de Bengala, pelo Oceano Índico contornando a Índia atingia o Mar Vermelho, penetrando na África saindo em direção a Constantinopla. Pode ser razoável o uso do Golfo Pérsico entrando por Ormuz, pela região do Oriente.

[2] Carmesim: colorado, encarnado, escarlate, purpúreo, rubro, rubrente, rúbido, vermelho

[3] A saga do “achamento do Brasil” nas lendas remotas celtas de São Brandão

[4] KNORR era a nave típica dos vikings, fácil de ser movimentada e chamada “Cavalgadora das Ondas”. Os povos atacados chamavam na DRAKKEN, dragar em referencia ao dragão esculpido na proa. Movido a remos e vela quadrada de pele ou lã, e construída de carvalho era barcos longos com dimensões de 24 de comprimento, por 5 de largura e 2 metros de altura.

[5] BUENO, Eduardo. Náufragos, Traficantes e Degredados- As Primeiras Expedições ao Brasil. Coleção Terra Brasilis, Volume II. Objetiva, 1998.

sábado, 22 de agosto de 2009

O NOME BRASIL (3): OS MAPAS DE HADJI MUHAMMAD ou PIRI REIS

OS MAPAS DE HADJI MUHAMMAD ou PIRI REIS

O almirante turco, Piri Reis (1470-1554) foi considerado traidor e condenado a morte pelo sultão Solimão II, em 1550, por ter promovido o cerco de Gibraltar em troca de soma em dinheiro. Possuía um conhecimento invejável em mapas bem traçados com detalhes bem definidos por ele em cartas do globo terrestre, conseguidas no Egito, onde parece ter vivido.
O cientista espacial francês Maurice Chatelain cita que as linhas litorâneas no mapa de Piri Reis obedecem a uma carta que "representava uma projeção plana da superfície esférica da Terra tal como poderia ser vista hoje por um astronauta situado a uma grande altura sobre o Egito”, o que tem permitido ao referido cientista supor que o mapa de Piri Reis é uma cópia de um mapa antiqüíssimo realizado desde a vertical da moderna cidade das pirâmides de Gisé, Egito.

Não há evidências de que há mapas originais, pois nenhum deles foi encontrado e assim é muito mais provável que os mapas originais em si já contivessem os erros do mapa de Piri Reis, mas mesmo assim são notáveis referências apuradas somente muito tempo depois, após o início da corrida marítima do século XVI, quando viveu Piri Reis. Adolf Deissmann, em 1929, descobriu um pergaminho de pele de camelo ressecada e pintada com um mapa surpreendente, enrolado em uma prateleira do famoso Palácio Topkapi, em Istambul a obra "Kitab-i Bahrieh", o “Livro da Marinha”. Ao ver a assinatura reconheceu o autor, Hadji Muhammad, ou seja, Piri Reis. No ano de 1.513, o almirante e cartógrafo turco chamado Piri Reis desenhou vários mapas, dentre esses, um mapa do Atlântico Sul englobando a costa oeste da África e da América do Sul e o norte da Antártida. O mapa na verdade é um fragmento de um mapa-mundi, pois as outras partes foram perdidas, foi pintado em nove cores e mostra parte do oceano Atlântico com suas terras. Em uma série de notas manuscritas, o almirante Piri Reis diz que não é responsável pelo mapeamento e pela cartografia original dos mapas e que foram confeccionados a partir vinte mapas, desenhos e esboços, alguns de origem desconhecidas que estavam no inventário do palácio. Segundo estudiosos, ele foi baseado em oito mapas egípcios de Ptolomeu, um mapa árabe da Índia e sudeste asiático e quatro mapas portugueses, e de um suposto mapa capturado por seu tio, usado por Colombo. Há citações curiosas feitas nestes mapas sobre o mar Atlântico:

"Este mar é chamado de Mar Ocidental, mas os marinheiros o chamam de Mare d'Espagna. Que significa Mar da Espanha. Até agora este mar era conhecido por este nome, mas Colombo que navegou por este mar e fez várias ilhas conhecidas juntamente com os portugueses que navegaram pela região de Hind concordaram em dar a este mar um novo nome. Eles deram o nome de "Ovo Sano" [Oceano] quer dizer ovo são. Até então se pensava que o mar não tinha fim ou limite e que o seu fim estava localizado na escuridão.”

Piri Reis tinha conhecimento de várias línguas além do árabe, entre elas espanhola, portuguesa, italiana, grega, muito o auxiliou na confecção das cartas. Consta ter tido um mapa que pertenceu a Cristovão Colombo, carta que conseguida através de um membro de sua equipe, que fora capturado por Kemal Reis, tio de Piri Reis, foi este o motivo de ter sido de ter sido considerado traidor?

Levando-se em conta a história dos acontecimentos fica a pergunta: de onde vieram estes instrumentos antes da empreitada de Colombo? Piri Reis precisaria de uma grande equipe perfeitamente coordenada para elaborar o levantamento cartográfico e serviços geográficos que ele possuía?

A história vive de muitas incógnitas, e os mapas de Piri Reis fazem parte deste Universo!

Bibliografia:
Lisboa, Luiz C.e Andrade, Roberto P. de. Grandes Enigmas da Humanidade, Editora Vozes.

O NOME BRASIL (02): MITOS E CONSIDERAÇÕES DA ANTIGUIDADE

O NOME BRASIL:Mitos e Considerações da Antiguidade

Plutarco, nascido na Grécia na metade do primeiro século da era cristã, escreveu em seu trabalho “De Facie In Orbe Lunae”: No Meio Do Mar do Ocidente acha-se Ogígia, a ilha de Vênus, a ilha de Calipso, a Ninfa do Mar, Mas muito além, para o ocidente, surgem às três ilhas de Cronos, (Saturno), que dista de Ogígia 5000 estádios, aproximadamente 8500 quilômetros, e estas costas foram habitadas por treze gregos, descendentes dos companheiros de Hercules que lá ficaram.

Outras fábulas de Plutarco diz-nos que Cronos(Saturno) fora mantido prisioneiro de Zeus(Júpiter) em uma ilha além de Ogígia. Um lugar que por trinta dias o sol põe-se por pouca mais de uma hora. A noite é iluminada debilmente pelo crepúsculo ocidental por meses. Podia-se referir como uma descrição de um lugar ainda desconhecido, como a América, Antilhas ou até Terras Polares.

Sêneca, contemporâneo de Plutarco, que viveu no início da era cristã, fala de terras entre as costas orientais da Ásia e ocidentais da Europa (nec sit terris ultima thule), expressão para compor uma idéia maior para definir um lugar distante das bordas do mundo conhecido, mas algo bem grandioso que se abririam aos olhos humanos.

Estrabão que viveu entre duas eras a antiga e inicio da cristã, escreveu “Geographia” a primeira obra do gênero, acreditava que “um dia será descoberto um enorme continente”.

O professor Marcel F. Homet cita ter encontrado objeto cerâmico em Manaus com a inscrição árabe sakade-bahar ou “Rio Mar”, referência ao Amazonas.

Ladislau Neto, arqueólogo, comenta inscrições supostas na Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, citações supostamente de origem fenícia: “somos filhos da terra de Canaã. Sobre nós pesam a desventura e maldição. Em vão invocamos nossos deuses: eles nos abandonaram e logo morreremos desesperados. Hoje é o décimo aniversário do dia em que chegamos a estas margens. O calor é atroz, a água é podre, o ar cheio de repugnantes insetos. Nossos corpos estão recobertos de chagas. Ó deus ajudai-nos! Tiro, Sidon, Baal”.
Em 1963 o arqueólogo e professor Bernardo A. Silva traduziu as inscrições: Tyro Phoenicia, Badezir primogênito de Jethbaal. Em 856 desta era, Badezir assumiu o lugar de seu pai no trono real de Tiro, litoral onde hoje se situa o Líbano. Outro arqueólogo, Bernardo da Silva Ramos comenta que encontrou mais de 2800 grafitos dessa natureza, numa mistura egípcia e fenícia.
O professor Frot cita caracteres cuneiformes e o doutor Colman encontrou nas grutas de Teyucare, no Paraná, escritos dos filhos do Egito e no Monte Ibitirusu perto de Villarica, no Paraguai existência de inscrições com referência as runas saxônicas e escandinavas, as mesmas encontradas na Sibéria, Manchúria, Índia E África.

O cientista Ludovico Schwennhagen estudou as ruínas das Sete Cidades, no Piauí, município de Piracuruca, que se acredita ter sido centro religioso fenício onde se agrupou sete grupos tupis, numa grande confederação. Referências ao fato estão na obra do citado cientistas “Antigas História do Brasil”, possuindo dados etnográficos, lingüísticos e arqueológicos.

Os fenícios já haviam fundado no século XI antes de nossa era, colônias no Atlântico, nas Ilhas de Cabo Verde, em frente ao Senegal, pois possuíam navios sólidos de deslocamento de grandes massas brutas.O Marselhes Piteas, em IV a.C. já transpunha as colunas de Hercules , entre a África e Europa no Estreito de Gibraltar, seguindo para fora do Mediterrâneo, em área que poderia estar localizado ao norte da Groelândia, ou Islândia com a Noruega, Ilhas Shetland, Hebridas, Órcadas ou Faröer.

Estrabão referindo as viagens de Pítias diz-nos que em Tule “não haveria verdadeira noite no solstício de verão, e poucos dias existiriam no solstício de inverno”.
Tule é uma incógnita, mas Tácito faz uma referência ao local: “Da ponta setentrional da Britânia poder-se-ia ver Tule a distância de qualquer maneira, o mar seria lá em cima, muito duro e difícil de navegar”.

Ptolomeu no Atlas do Século II antes desta era mostra que Thyle Insular concorda com Tácito no prolongamento da Britânia em direção ao noroeste. Os Mapas da Idade Média por algum interesse obscuro aboliram estas referências do passado, uma omissão para ter um dia uma exclusividade de descobrimentos de terras distantes, ou um segredo a ser mantido por interesses de poucos governantes?

Pode ser que tenha nisto tudo algum mito, fantasias que instigam o pensamento humano em buscar novos descobrimentos, talvez o medo de destruir a história e reconstruir uma nova, assustem a realidade construída, mas é fascinante imaginar que exista algo nos escombros, e como diz Ivan Lissner “todos os acontecimentos históricos são imortais”!



Referência:

Kolosimo, Peter Land. Terra Sem Tempo, Sugar Editore e Antes dos Tempos Conhecidos. Edições Melhoramentos. São Paulo, p. 247-251.

O NOME BRASIL ( 01): O IMPÉRIO DO MAR

O NOME BRASIL: O IMPÉRIO DO MAR
TALASSOCRACIA

Um pequeno porto situado na Península da Lacônia, no extremo sul da Grécia, no Golfo de Argos, recebeu o nome de brasiae[1].
No meio da Lacônia, a oeste do que foi Brasiae, situa-se Esparta que etimologicamente eram “homens semeados” dos dentes de Cadmo. Os habitantes de Brasiae narram que Sêmele, filha de Cadmo, fundador da cidade de Tebas, teve seu filho Diôniso, vindo ao mundo graças ao fulgor de um divino relâmpago vindo das nuvens provindo de Zeus. Ambos foram desterrados, na costa de Brasiae por ter tido a mãe se vangloriado dos amores com um deus.
Pausânias, general espartano da Batalha das Termópilas que narra o nome do lugar, que anteriormente era denominado Oreiatae foi mudado para Brasiae, onde brasis (brasiz) expressa em grego à ação pela qual as ondas arrojam-se na praia os objetos que flutuam no mar.

Outra teoria exposta pelo professor norte americano Cyrus Gordon[2] afirma que o nome Brasil possui origem na palavra semítica BRZL, que significa ferro. Cita ainda que o idioma desse povo no antigo testamento nunca há referencia ao idioma hebreu ou israelita, mas “língua de Canaã” seguindo ainda a linha dos canaanitas, um povo com habilidades marítimas e cujo povo era denominado fenício, pelo nome de Phoenix, irmão de Cadmo, segue na hipótese que o vocabulário BRZL era usado pelos citados navegadores para designar o ferro.

No jornal o globo de 12 de setembro de 1969 na página nº 3, há referência do fato com o seguinte titulo: “Arqueólogo Afirma: Brasil É Nome Dado Pelos Fenícios”
Os especialistas brasileiros não deram a importância merecida e o professor Pedro Calmon, então presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, contestou o professor Gordon, dizendo que o nome Brasil era de origem germânica, e as inscrições do Rio de Janeiro e até em Minas Gerais atribuídas aos navegantes fenícios era “pura brincadeira”, levada a sério pelo diretor de Museu Nacional do Império, fundado em 1876, depositário de objetos arqueológicos, no Rio de Janeiro, professor Ladislau de Souza Mello Netto[3].

Assim as Itacoatiaras, nome de origem tupi, ita = pedra + kwatia= riscada, são inscrições rupestres feitas em pedra, mesmo tendo interesse de alguns abnegados continuam incógnitas.





[1] Mattievich, Enrico: Viagem Ao Inferno Mitológico. Editora Objetiva, 1992.

[2] Gordon, Cyrus H.: Before the Bible, The Common back- Ground of Greek and Hebrew Civilization; p. 131; Books of Libraries Press, Plainview, New York, 1973.

[3] Resposta do professor Pedro Calmon no Globo de 15 de setembro de 1969, página 12 no titulo “Calmon Contesta Origem Fenícia do Nome Brasil”

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

SERTÃO DE SANTO AMARO: ITAPECERICA DA SERRA E PARELHEIROS

Sertão de Santo Amaro

Na zona sul de São Paulo esta localizada a área denominada de “O Sertão de Santo Amaro”. Esta região, sobretudo em decorrência da construção do Reservatório do Rio Grande como foi inicialmente denominada a represa Billings, e em função dos problemas ligados as vias de comunicação, tão próximo a metrópole, praticamente ficou distante, o que levou Antonio Rocha Penteado a escrever que ela estava mais para o litoral, onde esta parte do sertão, do que na capital:“todavia, bastam uns poucos quilômetros... em direção as escarpas da Serra do Mar, para que outra paisagem se abra aos olhos do observador. É o chamado “sertão” de Santo Amaro - um sertão que se encontra mais próximo do litoral do que a cidade de São Paulo... mas na verdade, faz lembrar bastante esses recantos esquecidos, perdidos no anonimato, em tão grande numero ainda existentes no imenso interior do país.*

Trata-se de uma área que ficou inteiramente a margem das vias de comunicação entre São Paulo e o litoral Atlântico; suas ligações se fizeram, durante muito tempo, através de péssimos caminhos, apenas com São Bernardo do Campo e Itapecerica da Serra e, menos freqüentemente, com Itanhaém, no litoral.De início, sua escassa população dedicou-se a extração de madeiras da Mata Atlântica e a produção de carvão vegetal. Proibida a primeira na região de Santo Amaro, continua a existir apenas a segunda dessas atividades econômicas, em franco desenvolvimento, sobretudo no “sertão” de Itapecerica da Serra, onde se encontra, com freqüência, a paisagem que lhe corresponde - os modestos carvoeiros, os rústicos fornos a soltar fumaça, a mata devastada de maneira irregular, os toscos ranchos de moradias. De quando em vez, o ronco de um caminhão vem em busca do carvão ali preparado, quebra a tranqüilidade sertaneja, resfolegando com dificuldades pelas estradas mal cuidadas e cheias de rampas fortes. E na pequena cidade de Itapecerica da Serra que se dá a reunião dos caminhões carvoeiros, cuja presença constitui, também, um dos poucos motivos de animação e movimento dessa localidade suburbana no sertão de Santo Amaro propriamente dito existem algumas serrarias, que trabalham para abastecer parte do mercado paulistano. (Penteado, 1958: p.52,53)


O professor Antonio Rocha Penteado, em "A Cidade de São Paulo", coloca que no reinado de Dom Pedro I houve a intenção de instituir em Santo Amaro, Sertão de Itapecerica da Serra, um núcleo colonial em junho de 1829, contando com 62 famílias perfazendo um total de 229 pessoas, mas devido a falta de acompanhamento e investimento, em 1838 o marechal Daniel P. Muller publica “Quadro Estatístico”, informando restar 1578 colonos, e, em 1847 existiam não mais que nove famílias. Em 1850 em documentos entre delegados de polícia de Santo Amaro e São Paulo era informado que a Colônia localizada a quatro léguas da Vila “estava quase abandonada tendo quatro a cinco famílias, porque a mor parte delas se tem mudado para diferentes lugares, ignorando-se a razão de seu atraso” (Penteado, 1958, p. 104, 104).Numerosas famílias de longa data radicadas na região denotam a origem: Klein, Foster, Schunk, Cotterfritz, Underwerger (Penteado, 1958, p.53-57)


Este espaço do Sertão de Santo Amaro, Parelheiros, tornou-se último reduto dos guaranis, preados por bandeirantes ávidos em conseguir mão de obra barata para a elite dominante, e subsistiu a demarcação na década de oitenta, as terras indígenas dos krucutu e da Barragem dos povos guaranis.Certamente o olhar (crítico)do professor Antonio Rocha Penteado não foi suficientemente meticuloso para junto com a professora Emilia Viotti Costa, identificarem na área rural de Itapecerica da Serra ou do “Sertão” de Santo Amaro como era conhecida a região de Parelheiros, os povos guarani que ali viviam. Eles são o ausente da obra “A Cidade de São Paulo”. Aliás, eles apenas estão presentes em rápidas passagens da história de São Paulo, ou então nas chamadas epopéias que tornaram os caçadores de índios os homens ilustres desta terra: os bandeirantes. Jagunços predadores de índios e caçadores de escravos que fugiam, os bandeirantes foram transformados nos idolatras representantes da força e da coragem do povo paulista. Certamente para as elites foi isso que eles foram. Mas, para o povo trabalhador desta cidade e deste estado, não foi bem assim esta história. Aliás, este é um capítulo que deverá ainda ser escrito sobre a história de São Paulo: quem de fato foram os bandeirantes e qual seu real valor para o povo de São Paulo. É possível que sendo servis às elites, puderam fazer o que elas desejavam, mas não tinham coragem: escravizar índios, caçar escravos negros que fugiram enfim, tomar as terras de nações indígenas.
Foi por isso que os índios Guarani Mbya não foram identificados pelos professores Antonio Rocha Penteado e Emilia Viotti Costa em seus textos presentes na obra “A Cidade de São Paulo”, feita por ocasião do IV Centenário de São Paulo. Mas é bom que fique registrado que eles estavam no “sertão” de Itapecerica da Serra, no litoral sul e no litoral norte. Provavelmente foram confundidos com os caipiras do “sertão”.

O professor Pasquale Petrone vai resgatá-los na geografia em seu importante trabalho “Aldeamentos Paulistas” em 1964. Este trabalho oriundo de sua tese de livre docência defendida na FFLCH-USP, é marco para os estudos da história de São Paulo, pois trata de resgatar a importância dos indígenas e dos caipiras na história da cidade, dessa forma o “sertão” de Santo Amaro constituía-se no último refúgio guarani, e foi lá que, mais de 30 anos depois, conseguiram demarcar uma pequena parte de suas terras.

*População da região do extremo sul em 1954

Distrito municipal (pr=população rural ; pu=população urbana)
Parelheiros / pr=6934 pu=207
Itapecerica da Serra / pr=7294 pu=951
Embu / pr=3699 pu=329
Embu-Guaçu / pr=3182 pu=633

Parte deste texto foi pesquisa em:Geografia de São Paulo, 2 : A Metrópole do Século XXI. Organização Ana Fani Alessandri e Ariovaldo Umbelino de Oliveira, Editora Contexto.Ariovaldo Umbelino de Oliveira é professor titular de geografia agrária, orientador do programa de pós-graduação em geografia humana, FFLCH-USP.

O PRETEXTO DA FUNDAÇÃO DE SÃO PAULO E AS RIQUEZAS DA AMÉRICA


FUNDAÇÃO DE SÃO PAULO E AS RIQUEZAS DA AMÉRICA



A historiografia determinante pelo poder define como sendo a cidade São Paulo “fundada” em terras do interior do Brasil, em 25 de janeiro de 1554, no Pátio do Colégio, pelos padres Manoel da Nóbrega e José de Anchieta, este espanhol de Tenerife, nas Ilhas Canárias, possessão de Espanha, em uma colina de que os nativos da terra denominavam Piratininga e tinham suas estruturas dirigidas por Tibiriçá , o “Vigilante da Terra”.


Havia uma mobilidade deste povo nativo com deslocamentos constantes das aldeias. Foram estes que erigiram a primeira fundação no topo do Planalto Paulista antes do “Achamento” europeu, com três aldeias relevantes localizadas no que depois se denominou sendo o centro de São Paulo, embora Anchieta cite em documentos da Ordem jesuíta ser as mesmas um total de doze, às margens da fertilidade de rios, riachos e lagoas. Essas três principais aldeias eram Inhapambuçu, em tupi, “morro do alto do qual tudo se vê”, próximo onde hoje se localiza o mosteiro de São Bento e aldeia de Tibiriçá; Jeribatuba,“lugar de muitos jerivás”, uma palmeira alta de coquinhos adocicados, que era chefiada por Caiubi, irmão de Tibiriçá e Bartira que se casou com o português João Ramalho, fixou aldeia na margem direita do rio Pinheiros, e Ibirapuera “lugar que antes era mato”, também erguida às margens do Pinheiros, área representada pelo  atual bairro de Santo Amaro; Ururaí, “rio dos jacarés”, aldeia de Piquerobi, também irmão de Tibiriçá, hoje São Miguel Paulista.

Em janeiro de 1554, Nóbrega, acompanhado de 12 padres e irmãos subiram a Serra do Mar, a muralha vencida, fixando-se no planalto interiorano, após ter rezado uma missa no local o nome indígena Piratininga, “lugar onde se seca o peixe”, foi substituído pelo nome de São Paulo, santo cristão comemorado em 25 de janeiro, dia escolhido para celebrar a primeira missa do planalto, já que discípulo Paulo foi o “apóstolo dos gentios”, os “estranhos”, aqueles que desconheciam a fé, distanciados, que em latim denominou-se chamar “pagani”, ou seja, os mais afastados. O lugar eleito já concentrava, conforme a crônica da época, presença de autóctones com estrutura própria em um lugar estratégico, localizado no topo de uma colina entre os vales de dois rios, o lento e sinuoso Tamanduateí e o outro num vale, o Anhangabaú, local este em forma triangular, perfeito para a defesa de possíveis ataques, com ampla vista dos campos, as várzeas e planícies. O “apoderamento da terra” dava início através do modelo catequético orientado pela Coroa portuguesa e a Igreja.

Tem-se uma colocação feita pelo professor Pasquale Petrone, que deixa definida a intenção:

“É importante ressaltar que os aldeamentos eram formas forçadas de organização da população indígena e tinham duas administrações. Uma jesuítica, onde se dava privilégio para a catequização dos índios e para uso de sua mão de obra para a produção de alimentos consumidos no próprio aldeamento. Neste caso os aldeamentos constituíam-se em terras de propriedade dos jesuítas. Um segundo tipo era o pertencente a terras não jesuíticas onde os índios eram tanto agricultores como escravos. Neste caso eram escravizados por civis”.

"Quando os jesuítas fundaram São Paulo em torno da promissora Piratininga, como bastiões da conquista do planalto, outras povoações foram sendo implantadas. Formavam sem dúvida um cinturão jesuítico defensivo e de penetração, mui além das roças de Jeribatiba, as povoações de Itaquaquecetuba, Carapicuíba, Itapecerica, M'boy. Era amplo esse cinturão jesuítico, pois Nóbrega, solicitado pelos nativos, penetrou quarenta léguas de Piratininga e formou uma pequena redução ao redor de uma capela na aldeia dos carijós, na Japuíba ou Maniçoba" - ARAÚJO, Alceu Maynard - in "Dança da Santa Cruz". Jornal Correio Paulistano. São Paulo /Br. [12.02.1920, 3º Caderno, p.10].

Ressalte que havia também a formação de aldeias próximas deste cinturão protetor e que fazia parte de um sistema de aldeias bem definidas, e que os fomentados aldeamentos missionários foram apossando-se das terras em volta de modo a fortalecer o que seria mais tarde a cidade de São Paulo. Já existia a aldeia de Itapecerica da Serra ou como denominavam os naturais TAPIIPISSAPÉ do Guarani, Tapii; Anta + pysape; Unha dos Pés, que seria definido como Unha de Anta, representação das marcas deixadas pelo animal no terreno, acusando sua presença. Referindo-se a um lugar como Aldeia da Unha de Anta ou Aldeia de Tapiipissapé, que os padres jesuítas alteraram para Itapeerica, nitida adaptação aos nomes nativos tupis e guaranis para uma linguagem mais perto dos dominadores portugueses, ou dando nome de santos católicos ou interpretações indiciando a natureza geográfica: Itapecerica, Ita; Pedra + Peerica; Pontiaguda. O padre Anchieta, na sua carta de 1584, sobre "Informação do Brasil e de suas Capitanias", observa que "...suas antas chamam tapiîretê...", animais da família tapirus terrestris, que abundam nas aldeias da boca-do-sertão, e que dão nome Tapiipissapé.

Itaquaquecetuba, outra localidade do cinturão, era proveniente de um aldeamento de índios guaianá, oriundos de Carapicuíba e Guarapiranga, e que de lá saíram por motivos inerentes ao modelo do deslocamento natural. Afirma-se que os índios guaianá são guarani, e o termo significa manso, pacato, ingênuo. Num aldeamento havia elementos de diversas tribos heterogêneas, mas com costumes semelhantes. (Araújo, Alceu Maynard. "Dança da Santa Cruz". Correio Paulistano. São Paulo, 12 de fevereiro de 1920, 3º caderno, p.10)


No planalto da Serra do Mar e nos sertões próximos, incluindo a estrada indígena Peabiru, de controle jesuítico, que curiosamente ligava aos antigos caminhos incas em território espanhol despertava interesses maiores que uma simples manutenção de aldeamento indígena. Enquanto isso, entre aldeias como Mbarueri, Pinheiros, Arassaryguana, Koty, Itapeerica ou Tapiissapé, os padres da Sociedade Jesuítica preparavam ultrapassar o longo caminho de Peabiru para o sul da Linha de Tordesilhas e ao alcance da Coroa castelhana. Percebendo que Portugal seria incorporado por Castela em breve pelos acontecimentos entre as linhagens ibéricas e falta de sucessão na Coroa lusa, penetram além dos limites do Tratado de Tordesilhas, talvez com idéia de criar um território independente das duas coroas. Se a preocupação dos padres e confrades jesuítas, nada tem a ver com a Nação portuguesa, mas com a Coroa bragantina e os desígnios do Papado romano-católico, as epístolas das pregações são marcos histórico na definição da ocupação luso-vaticana a levar a cabo na terra sem mal, ou “ivy marã ey”. Deste modo já antes de chegar a São Vicente, o padre Manoel da Nóbrega havia determinado conhecer os caminhos do sul, a meta principal dos interesses maiores das ações da sociedade jesuítica é a expansão espacial, ocupação de terras da Espanha. O padre Serafim Leite, na sua compilação de estudos sobre os eventos jesuítas no Brasil, é muito claro: "São Paulo de Piratininga e Maniçoba, marcos avançados, postos no interior, a caminho do Paraguay". Sabe-se que o importante não era a fundação de São Paulo dos Campos de Piratininga, o importante eram as terras guaranis ao sul e além do Tratado de Tordesilhas, para o importante Rio da Prata, que trouxe para o sul a expedição exploradora de Martim Afonso de Souza, recebendo este comandante junto com o irmão Pero Lopes de Souza as capitanias do extremo sul, regiões de Caraguatatuba, Bertioga e Cananéia, buscando se inteirar de importante saída para o mar pelos de Espanha no estuário do Rio da Prata.
As bandeiras e as expedições dos padres que iam ao interior catequizar os índios não respeitaram o que estava estabelecido no Tratado de Tordesilhas; terras, que eram espanholas, foram ocupadas e percorridas por expedições que partiam do Brasil. Permitiu até, o governo português, que colonos do sul do Brasil fundassem a Colônia do Sacramento, em 1680, à margem esquerda do Rio da Prata, em pleno território espanhol, e onde se localiza hoje a República Oriental do Uruguai, recuperada pela Espanha somente com Assinatura do Tratado de Santo Ildefonso em outubro de 1777 com Vantagens para a Espanha no Sul: posse espanhola da Colônia do Sacramento e Sete Povos do Uruguai. E enquanto nas regiões de mineração, como Arassaryguana, os jesuítas estabeleciam fazendas próprias, porque os minérios que também tinham importância como lastro econômico direcionado ao império jesuítico a ser iniciado no sul do Brasil, os colonos estabeleceram ainda, na sua fase inicial de fixação, grandes núcleos agro-pecuários que produziam e abasteciam de alimentos. Assim, crescem as aldeias nativas, tomadas pelos colonos portugueses de atividade econômica agrícola e mineradora, tornando-se a Vila de São Paulo dos Campos de Piratininga, o marco Imperial Luso-Vaticano da Serra do Mar.


Interesses mercantis estavam acima dos interesses de povoamento, mas precisam se estabilizar nas fazendas ricas em sesmarias além da serra e já no coração do sertão do planalto. As terras do Sul pelo Caminho de Peabiru para atingir os "cerros" de prata, que penetrava nos atuais estados de São Paulo, Paraná, Paraguai, Bolívia e Peru, locais de onde saiam às riquezas de Espanha. Este é o primordial interesse da presença da ordem jesuítica sem levantar suspeitas da real intenção da metrópole portuguesa mancomunado com os interesses da Igreja.

Para defenderem a Vila de Piratininga vão buscar nativos entre as doze aldeias da boca de sertão pelos caminhos de Peabiru, com ajuda direta de colonos e sesmeiros, bandeirantes e mineradores, como Dias Paes e os irmãos Sardinha que possuíam terras a perder de vista, sendo donos da primeira mina de ouro encontrada no planalto paulistanos caminhos de Carapicuíba, no pico do Jaraguá, arregimentando milhares de “peças das suas escravarias”, como se chamavam a mão de obra, geralmente índios cerceados de sua liberdade denominados “negros da terra”, caçados nas matas por consentimento das “guerras justas”, preados consentidos através de decreto.

Pelo direito privado romano do “uti possidetis, ita possideatis”, quem possui de fato, deve possuir de direito, assumia proporções maiores do que as definidas pelo Tratado inicial entre Castela e Portugal.
A fundação de São Paulo foi o maior pretexto para atingir as terras ricas da América!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

PRIVILÉGIOS CONTINUADOS DOS PALÁCIOS

Privilégios Continuados dos Palácios

A maior prioridade para que o homem saia de sua letargia é requerer o conhecimento necessário para sua existência.

Nunca, neste país, assumiram como prioridade a real importância do sistema educacional. Quando o poder do Estado, independente quem assuma o Palácio, define que o conhecimento possui menos peso que ações de segurança temos a incompetência assumida de gerir qualidade até para quem necessita se submeter ao uso da força em defesa do mesmo.
O militar com curso médio, vindo das classes baixas, não por opção, mas por incompetência destes mesmos governantes, tem “soldo” inicial de R$2000,00 para defender o mesmo poder que lhes subtraíram educação de qualidade.

Enquanto o Estado submete a sociedade as suas ações violentas criando paternalismos que não fomenta crescimento, o professor, que acredita no conhecimento como transformação e esforçou-se para atingir formação universitária, teve estabelecido pelo governo federal do país o salário básico de R$950,00, metade do soldo de soldado.
A sociologia estuda com afinco nas academias esta relação, ambas controladas pelo poder, a educação, que deveria ser prioridade torna-se o campo do esquecimento do Estado, enquanto que ações de segurança são prioridades assumidas constantemente na mídia, onde delegam ministérios explicando constantemente como solução dos problemas do país, a aplicação da força, como guardiões das instituições, mas nunca com o pensamento voltado no bem estar do ser humano, sem correntes que obriguem o cidadão a aceitar normas vigilantes e punitivas, das quais nos fala Foucault.

Definiram nos gabinetes que professor tem que viver com dois salários mínimos e o militar com quatro. Quem produziu esta relação é uma elite que necessita estar cercado por segurança militar. Corja de bandidos surrupia de maneira ilegal o que pertencem a muitos, submetendo a sociedade aos seus interesses escusos. Por muito menos a democracia no país pagou um preço alto num passado não muito distante, parecendo que todas as transformações tenham que nascer em casernas. Elimine os privilégios e estará eliminado o Estado corrupto. Este é o desafio de uma nação realmente liberal.
Para atingir o ápice de suas ações é necessário: “O Saber”! Estudar no Brasil é infelizmente um castigo, sendo que o "Alto Comando do Poder" recebe instrução privilegiada nos melhores colégios particulares, até com formação em outros países, para governar uma massa manipulada pelos interesses de poucos.

Trabalhar por uma nova mentalidade urge providências imediatas, onde o homem não valha menos do que mereça! Parece uma coisa débil, mas tem o valor aplicado das ações, sem submissão a nenhuma organização de controle das liberdades dos povos!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

SOBRE OS TRILHOS, O TREM ESPERA(NÇA)

Sobre os Trilhos, o Trem Espera Esperança









Circulam mães e filhos,
angústias e paixões,
sobre trilhos,
vão anseios e ilusões.

Todo santo dia,
caminha toda sorte,
a barriga com a cria,
a vida a morte.

Sabendo de todo cuidado,
do aço desgastante,
lá vem no trilho acelerado,
com barulho constante.

Tal qual cobra deslizando,
No deslize dos ferros,
algo bambo arrastando,
e o “não” do pai escuta-se aos berros.

Vem o chocalho,
e do escuro aparece altivo,
que não cala o pirralho,
choraminga por qualquer motivo.

“Abre logo esta porta”,
a massa humana protesta,
dentro entrando é que importa,
bizarra e santa festa.

Vai com o terço o padre,
com o livro a moça linda,
fofoca faz toda a comadre,
o crochê que nunca finda.

Mais adiante esta outra estação,
apinhada está a plataforma,
prende-se mais um ladrão,
a notícia estampada informa.

Entra o calouro,
e o moço estudante,
a morena com um louro,
miscigena a raça a todo instante.

O bem vestido com terno,
o farrapo humano,
entra o anjo do céu e do inferno,
e todo tipo de engano.

Fecha a porta,
e segue o trajeto,
chegar é o que importa,
cheio está de todo projeto.

Muitos corações batem ao peito,
uníssono, sono, sonoro,
vanglória canta o mau sujeito,
a tese advoga o doutor do foro.

O surdo grita,
em outro são ouvido,
o trem agora apita,
num vai e vem incontido.

E um corpo-a-corpo roçante,
de um aperto incompreendido,
mais uma estação está a diante,
foge mais um amor escondido.

O relógio marca a hora,
urge o tempo bem veloz,
o atrasado fica do lado de fora,
chama, mas a máquina não escuta a voz.

A moça xinga,
o salafrário atrevido,
que exala cheiro de pinga,
“toma um pisão, escuta-se o gemido”.

O túnel é escuro,
o vagão está lotado,
espreme-se o mesmo no estreito muro,
tosse o tuberculoso adoentado.

Uns querem viver,
outros pretendem se matar,
uns querem crer,
alguns sempre a jurar.

Próxima está a parada,
que todos chamam de central,
lançam-se todos ao nada,
osmótica busca da saída principal.

E continua o ritual,
uns saem, outros entram no vagão,
na busca d’um ponto final,
entra o gigante e o anão.

A porta é grande para um,
ao outro se torna pequena,
cai ao chão o jerimum,
receita nova, foi uma pena.

Pisoteia no assoalho,
aquela massa gosmenta,
distrai o bebe um chocalho,
exala cheiro que ninguém agüenta.

Abre a janela,
pra entrar ar,
o vendedor ainda oferece canela,
outros temperos para cozinhar.

Beija o namorado a namorada,
não existe ali o mundo,
jura-se promessa descarada,
grita mais um vendedor lá no fundo.

Leva a donzela uma cantada,
mas, não perde a linha vermelha,
e Dom Juan toma bem dada bofetada,
logo, incha como picada de abelha.

Insinua na sinuosa geometria,
de um boleto sobre rodas,
professa o maestro maestria,
de prata vão ser as bodas.

De aliança sem fim,
o comboio vagaroso dança,
a florista com buquê de jasmim,
o corrimão a mão não alcança.

Cai no chão uma moeda,
de um barulho escandaloso,
corre feliz ela na queda,
em busca d’outro bolso virtuoso.

Acha a mesma o moleque,
e planos faz com seu achado,
no próximo ponto assim que breque,
vai comprar um caramelado.

O tímido ganha um sorriso,
d’uma bela donzela,
“será que é comigo isso?”
Observa dela o reflexo na janela.

Também, estão lá anos calejados,
d’uma experiência, um conde!
De olhos lacrimejados,
d’um tempo romântico, tempo do bonde.

“Piuí” não é mais som de trem,
agora o negócio é a informatização,
vai um, outro vem,
um sim, outro não, pára na estação.

De repente esbraveja um louco,
que ri e gesticula acalorado,
juízo não tem e se tem, tem pouco,
desnuda-se e fica pelado.

Começa assim uma intriga,
uns o defendem, outros o querem prender,
sopapos, sururu, bela briga,
muita blasfêmia a se ofender.

Pára o trem repentino,
ajeitando toda carga,
sai o louco entra um cretino,
dizendo que a vida é amarga.

Fala do fim-do-mundo eminente,
que salvar-se tem custo,
em libra, florim ou real corrente,
preço mais do que justo

Pra onde caminha a humanidade,
talvez outras loucuras,
o que quero mesmo é viver nessa cidade,
cheia de diabruras.

Mil esperanças, anseios,
pacientes são doutores,
industriais de todos meios,
consumidores e lavradores.

Um VIVA acalorado,
ao nosso trem de todo dia,
d’um abraço bem apertado,
parabéns à freguesia!

Que trocam alegria e esperança,
levadas pela luz da estação,
singra, sangra, corta, alcança,
enfim, todos ali têm razão!

BASTIDORES DAS SIDERÚRGICAS E PETROLÍFERAS "NACIONAIS"

BASTIDORES DAS SIDERÚRGICAS E PETROLÍFERAS "NACIONAIS"

Carlos Drummond de Andrade cantou em versos os descalabros da prospecção predatória do morro de Itabira, Minas Gerais, escoando por ferrovia, com denominação de logística, o minério pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), que atualmente, pela nova razão social, só Vale literalmente, até o Porto de Vitória, no Espírito Santo.

Este monopólio deveria ser exposto de maneira transparente para todos os brasileiros ultrapassando o enfoque das academias e dos intelectuais desde o processo de privatização da CVRD e como foi dirigido até culminar com a venda a grupos estrangeiros, do setor de mineração, orçada em torno de 10 bilhões de dólares( revista “Veja” de 03 de maio de 1995)e que em 1997 foi arrematada por 3,3 bilhões menos que o previsto.
Atualmente esta gigante possui o controle de portos e ferrovias em 14 estados e é a maior empresa diversificada das Américas, maior exportadora de minério de ferro do mundo, abarcando 39% do que é exportado pelo Brasil (reportagem da TV Record, deste mês). Foi responsável pelo superávit no ano passado de 44,8 bilhões de dólares (“Folha de São Paulo” de 07 de março de 2006).

A CVRD possui acordo com o grupo alemão Thyssen-Krupp Stahl para construção de usina de placas laminadas de aço no valor de 2,5 bilhões de dólares,além de projeto da ”Companhia Siderúrgica do Atlântico”.Este consórcio será entre ambas sem participação de empresas brasileiras do setor.(se houver alguma genuína!). Não tenho pretensão com apologia chauvinista, mas o controle das riquezas emanadas do solo deveriam ser exploradas de maneira racional por industrias voltadas ao interesse do crescimento do país num todo.
Em março de 1980 houve um derrame de 100 milhões de ações da Companhia Vale do Rio Doce e que foram adquiridas por investimento estrangeiro a preços módicos.
A situação deste monopólio é dirigido de maneira sistemática e silenciosa por longos anos.


Do outro lado da cadeia estava a SIDERBRÁS que controlava e dirigia todo investimento do setor siderúrgico que em pouco tempo gerou prejuízo de bilhões de dólares em plena produção de laminados planos, perfis e ligas em geral, ficando evidente que governo é mau gerente.(estatização cria privilégios, e se forem estatais deveriam contratar o pessoal especializado de todas as áreas nos moldes da industria privada e não tornar-se emprego vitalício de direção política em detrimento a capacidade técnica)
A corrida do setor feito de maneira apressada pelo Plano Nacional de Desenvolvimento - PND, com as industrias de base sendo ampliadas ou implantadas tiveram recursos de investimentos do governo brasileiro para aquisição de laminadores, prensas de forjaria, fornos, guilhotinas, prensas de forjaria, (a VIBASA, Villares Industria de Base, implantada na época adquiriu a maior prensa de forjaria da América Latina da empresa Demag, Alemanha) e tantos equipamentos quanto fossem necessários ao complexo industrial.

Aceitaram -se as condições do credor, como por exemplo: a AÇOMINAS foi citada por especialistas como uma das usinas mais caras do mundo. Num primeiro aporte de 505 milhões de eurodólares captados através Domorgan Grenfell de Londres, com prazos curtos e juros altos.Todo investimento do projeto estava orçado na ordem de 4 bilhões de dólares, e que na atualidade passou a fazer parte deste vasto império globalizado de interesses daqueles que financiaram sua ampliação.

Mineração e siderurgia andam atreladas e são responsáveis pelo desenvolvimento do país que detém a reserva e o modo de explorá-la racionalmente com uma sistemática que garanta o bem estar do local explorado e gerar recursos de sustentação estável, com efetiva participação na infra-estrutura social.O extrativismo maciço foi o recurso implantado pela necessidade de conseguir alimentar o mercado com retorno de divisas imediatas (trabalhei no projeto de máquinas de mineração que a produção era de 6 000 toneladas/hora/por máquina).

Infelizmente a SIDERBRÁS foi tolhida do poder de decisão e era estipulada as regras que convinham aos grupos dominantes estrangeiros, sendo obrigada aceitar a não ser majoritária. Na época fiz parte do grupo “FINSIDER”, empresa estatal italiana, que conjuntamente com grupos japoneses detinham parte desse monopólio sendo os grandes beneficiários.Como exemplo cita-se que a usina de pelotização de minério de ferro do Porto de Tubarão era de responsabilidade deste grupo citado e a elaboração dos projetos e instalação dos equipamentos ficaram a cargo da subsidiada “ITALIMPIANTI DO BRASIL”.O sistema articulado naquele momento impôs as regras do jogo sem levar em conta os impactos que poderiam causar por visar unicamente lucro imediato.

“O Petróleo é Nosso” Ou ”O Aço é Nosso” daria uma tese, que nos arremataria ao passado e como o presente é o passado mais recente, vemos na atualidade os grandes conglomerados em acirradas disputas pelo monopólio das matérias primas numa guerra de interesses que é iniciada fora do país a explorar, (e aqui vale, sem exceção, qualquer país que tenha recursos disponíveis e que tenha utilidade prática com preço satisfatório de mercado estarão sujeitos aos dólares oferecidos) e que aos poucos em colóquio com os governos e “lobbystas” agindo por interesses particulares favoreçam grandes grupos do setor e nomes próprios de multinacionais começam a fazer parte do cotidiano e aparecer na mídia :
NIPPON STEEL,
THYSSEN KRUPP,USINOR,KAWASAKY,SUMITOMO,STEINBRUCH,UNITED STEEL, BILLINTON E ATUALMENTE MITTAL sediada na Holanda controlada pelo indiano Lakshmi Mittal, interessada nos empreendimentos das companhias siderúrgicas.

A Amazônia possui as maiores reservas intocáveis rastreadas e sondadas que afloram o minério do alumínio, a bauxita, monopólio este já controlado por grupo bem restrito e que exploram no Pará, Rio do Norte,Trombetas.No fim da década de 70 houve procura intensa por mão de obra especializada nesta área feita no prédio HORSA, na avenida Paulista, em São Paulo, incentivando o deslocamento de mão de obra para o projeto na região norte do país.
Vejo nos jornais desta semana que os interesses da CVRD, empresa privada, inaugura o que custou muito do investimento aplicado anteriormente com ônus exclusivos do país, captados de bancos estrangeiros, e que foi planejada há mais de 25 anos e hoje é alardeada como investimento privado.

Os auditores contratados, a mando do interesse de outorgados do poder, valorizaram demais um investimento, como o caso da Caraíba Metais, causando prejuízos de bilhões de dólares a nação adquirindo da industria privada uma mina de cobre antieconômica e ao mesmo tempo subestimam o valor da Vale do Rio Doce detentora das grandes reservas de minério do país, em sua privatização.(no caso das glebas de terras da União são vendidas por centavos e adquiridas por milhões, numa reforma de interesses de grupos manipuladores)

Socializar as perdas é uma regra antiga usada pelos bancos em dificuldade de capitalizar por incapacidade de gerenciamento, e agora é usado por empreendimentos com mesmas regras e falhas dos bancos, ou seja, o risco é de única e exclusiva responsabilidade do país e a biodiversidade ou reservas indígenas é relegado a um plano secundário,se nele houver alguma riqueza a explorar.



A MULTINACIONAL PETROBRÁS:

A Petrobrás é a maior incentivadora do uso de gás natural e grandes reservas foram descobertas desde a década de oitenta na bacia do Alto Juruá, Urucu, na Bacia Amazônica, já nas mãos da empresa americana PRAXAIR e que no Brasil tem-se a subsidiaria WHITE-MARTINS, monopólio de distribuição de gás para a industria e recentemente para veículos automotores, mais um outro capítulo obscuro.
A PETROBRÁS está empenhada também em outro consórcio na Bacia de Santos, em São Sebastião, com a BRITISH GAS. Alem disso possui razões de sobra por tais fomentos: aplicou mais de 2 bilhões de dólares em contrato, tubulações e equipamentos para trazer o gás da Bolívia (a PETROBRÁS tem que importar 17 milhões de metros cúbicos por dia e pagar pelo mesmo,consumindo ou não)via Mato Grosso indo para São Paulo. Atualmente tramita novos investimentos em valores superiores a 1,3 bilhão de dólares em parceria com empresa estrangeira na construção do complexo de prospecção e transporte do gás amazônico. Ninguém em sã consciência, vai aplicar mais de 3 bilhões de dólares e enterrá-los literalmente e não usufruir do lucro que possa advir desse empreendimento.

A PETROBRÁS é hoje, na América Latina, uma multinacional amparada por um “holding” de empresas de combustíveis de capital financeiro externo e não um consórcio de mútuos interesses apenas entre Bolívia e Brasil além de monopólio no Golfo do México, “joint-venture” com multinacional americana.
A Bolívia tem o direito de reclamar contratos mais justos que beneficiem seus interesses e o bem estar de seu povo, sem submissão do que lhe pertence e não concordar com contratos unilaterais firmados no passado.
A PETROBRÁS recebe suas plataformas montadas e produzidas fora do país, sem uso de mão de obra local, em prol maior de seus grandes parceiros externos.É por razões semelhantes que os povos da América Latina estão desiludidos com o futuro, sem ânimo e sem confiança perderam a esperança. (O Brasil até hoje é considerado o pais do futuro, nunca do presente!)

Iniciou-se uma campanha de controle de gases lançados por escapamentos de veículos proveniente de queima incompleta de combustíveis poluentes, e optou-se pelo gás como outra nova fonte geradora de energia.O interesse pelo gás natural excede esta simples condição de fonte estratégica, exemplo foi a ameaça de corte do abastecimento da Rússia para a Europa. São interesses de monopólios detentores das reservas de mercado de investimentos escusos com tecnologia ao preço de “royaltes” da mesma como se fossemos incapazes de desenvolver nossa própria experiência e usar nossos próprios recursos sem fornece-los in natura ao mercado externo aceitando importações pagando o preço de nossa mendicância.
Empresas diversificadas de grande poder financeiro, deste modo, adquirem teóricas massas falidas, consideradas improdutivas, onerosas e inviáveis, a preços módicos assumindo integralmente a direção de “staff” além da a mão de obra barata para a produção desses grandes empreendimentos que foram financiados com dinheiro do erário público e que num passe de mágica, repentinamente, tornam-se lucrativas.
Para pagar somos capazes, para gerenciar somos incapazes.

O professor Nassif expôs que a privatização pulverizou a siderurgia nacional, acrescento ainda que há uma desindustrialização do país limitando-nos a simples montadores de equipamentos fazendo a submissão do uso da tecnologia idealizada por grupos poderosos e onde somos os manipuladores, apertadores de botão, do que é a técnica de manuseio.
Os monopólios mundiais estão “descobrindo a América”, novamente ávidos em explorá-la, tudo dentro da legalidade permissiva investem suas irresistíveis somas de investimento que tiram com juros e correção monetária deixando para trás o “buraco da mina”.

Finalizando, perdura a dúvida e que respondam os egrégios senhores do poder: Quanto vale a Companhia Vale do Rio Doce e a Petrobrás em moeda nacional, real?
Aguardando uma resposta real, sem intermeios das saídas inexplicáveis da política, um parecer que convença a todos nós brasileiros famintos e sedentos de não passar tantas dificuldades num país de imensos recursos.

sábado, 8 de agosto de 2009

APESAR DE O ESTADO PESAR...

Apesar de O Estado Pesar...

Qual a utilidade do Estado para que tenhamos obrigação em dá-lhe sustentabilidade?

Quais são suas funções além da aplicação da lei imposta pelos seus organismos?

Além de aplicação da força, o Estado arruína todos os princípios básicos de liberdade, e não tem direito algum sobre a forma modeladora instituídas de obrigações universais; exigências redigidas em regras efêmeras que são consideradas magnânimas por um corpo regentes para proteção única de seus objetivos exclusivos.
Há determinados grupos reinantes que redigem ditames predominantes em nome de uma prosperidade falsa, pois geram uma distância maior entre relações humanas, condição muito mais antiga que as relações provenientes da servidão proveniente do Estado com sua soberania de seus desejos.

Há um abismo entre as relações dos povos com suas características comuns e necessidades básicas de existência com todas as prosperidades aparentes provindas do Estado, provocando as calamidades, que assombram pela opressão de seus desejos caluniosos, esmagando através da opressão de seus exércitos, que são aguilhoadas nas masmorras contra o inimigo único do Estado: a massa e a vigilância do povo.

Para que servem paradas militares em dias criados pelo poder do Estado, a não ser para intimidar e assustar pela força as liberdades dos povos. Usam de um heroísmo do dever opressor do passado, entoando hinos marciais conclamando a participação popular em defesa da liberdade daquilo que denominam pátria!
Reparem os equipamentos das forças militares opressivas atuais: São padronizadas em todos os países em nome da ordem. Equipamentos assustadores de última geração em tecnologia de ponta estão à disposição de soldados bem treinados para submeter à humanidade aos interesses do Estado, através da força de uma infantaria que encurrala a multidão, atualmente, o grande inimigo do Estado, lançando sobre esta massa a opressão com bombardeios sobre as concentrações populares. Marcham em uníssono estrondo de cassetetes zumbindo nos ares batendo em escudo protetor em direção ao inimigo, em movimento treinado nos quartéis, criando a desestabilização por cortinas de fumaça, bombas de efeito “imoral” assustando pelo uniforme medonho e de suas ações militares, em nome das proteções institucionais elaboradas em gabinetes por um grupo atrelado ao Estado, formalizando seus interesses em detrimento aos interesses comuns, alardeando serem necessárias à proteção da nação, vitais à soberania nacional. Ora, ora, Senhores do Estado, quem deve possuir soberania são as massas famintas e iludidas pelas calunias desta instituição mentirosa. Não há crescimento humano quando se aparta das decisões de interesses básicos da população com calúnias históricas constantes, escondidas por retrógados sistemas governantes!
A mentira, marca registrada dos governantes, sempre sobe a superfície como um cadáver que se quer ocultar, mas sempre será descoberto. O Estado com sua força tática corrupta do poder não serve aos interesses amplos de homens livres, que respeitam a condição natural de cada indivíduo, nunca se submetendo ao imposto por canalhices escondidas pela impunidade.

O Estado tem duas régias condições de controle: para os amigos do Estado tudo o que for necessário e aos inimigos, basta aplicar o rigor da lei, ponto final. Cumpra-se o veredicto, encarcere-se o opositor; embora o grande inimigo, seja sempre o Estado, que ataca a ordem reinante das condições naturais.

O Estado estúpido reina por interesses econômicos da ganância em possuir bens, extraídos unicamente daquilo que a natureza oferece, surrupiando além de suas necessidades, unicamente pelo direito ao domínio, daí o direito privado, que prevê a condição alienável de possuir, mesmo privando outros de usufruírem do beneficio oferecido naturalmente. Privatizam em nome das liberdades econômicas destruidoras, restando poucas coisas que ainda não foram abarcadas e submetidas aos paradigmas falsos do Estado e seus ascetas.
A Terra está cercada por muralhas de interesses vitais do Estado, que sangram ao esgotamento de seus recursos deixando ao seu redor desolação e miséria.
Discutem a privatização da água. Não percam tempo em gastar conversa com mentiras ilusórias; a água já esta privatizada, e os governos, vendilhões de interesses, entregam rios inteiros aos interesses capitalistas, sem informar em qual algibeira escondeu o dinheiro manchado da corrupção, verdadeiros calhordas que gostam de vomitar discursos bem treinados em rede televisiva, também controlada por vontades mentirosas universais do Estado tacanho.

Qual a serventia que possui o Estado opressor?

Não devemos nada ao Estado, ao contrário, deve-nos ele. Apesar do Estado pesar, ele não rege a vida, embora interfira nela como um ladrão sorrateiro!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

MERETRIZ E MERET®ÍSSIMO

Meretriz e Meret®íssimo

Há de idealizar-se nova palavra para se valorizar a condição árdua da “mulher pública” que dignamente usa suas aptidões para atração do “homem público”. Este se reveste de um escudo protetor, uma campânula blindada, para não expor sua devassidão em nome de um decoro parlamentar, diga-se que possui mais decoro as mulheres de vida difícil, pois quem tem vida fácil são os indecorosos meret®íssimos desnudos com suas vergonhosas atitudes de verdadeiras “biscates” a barganhar direitos imerecidos, “congregados” como rameiras devassas.
Estes dignos meret®issimos estão sempre apregoando suas imunidades pelas imundices escondidas atrás das orgias indecorosas programadas nos bordéis ordinários de-putados.

Os ditos meret®íssimos com apetite animalesco da alcova parlamentar apregoam e fazem aconchavos de corar de rubro a face daqueles que possuem vergonha, pois, a saber, há causas ignóbeis em nome desta história prostituída ao longo do tempo que clama em nome de seu nome honrado “libertino velho”, rodeado por cafetão, sempre presidindo em nome de suas protegidas mais ilustres alcatéias barulhentas no cio.

A mais “nobre” atitude é sempre arremetida de uma podridão tão mal cheirosa de suas “relações latrinais”, que denota interesses maiores por suas ações perniciosas. Verbaliza com o dom da oratória persuadindo e desviando as atenções de suas intenções maléficas que cora até o demônio na boca do inferno por suas atitudes do púlpito plenário balbuciando palavras de jargões desta boca do lixo.
Populares assistem estupefatos, com mente calcinada, pelas mentiras ecoadas a toda hora nos prostíbulos, congregados a cobrar rigor contra aqueles que de alguma forma buscam recuperar dignidade, e querem crer que haja um lampejo de esperança, que acreditam poderem mudar este sistema de coisas com a única maneira que lhe resta: vendendo sua força de trabalho.

Nesta cadeia temos assim sua única fonte de riqueza para o sustento através do corpo, pois aquele meret®íssimo que poderia proporcionar melhores condições em bem estar social, e novo modelo de vida desvia verbas, verbalizando em nome de sua ganância, retirando-lhe o básico de acreditar um futuro promissor.
Este meret®íssimo representante do povo em lugar de promover melhorias gerais especula numa rede organizada de especialistas fraudadores que montam enganadoras comissões de inquéritos para explicar as aplicações dos recursos, desviados para financiar jatos e iates que bailam ao vento em pouso particular e marinas de luxo, recolhidos em mansões que são dignas dos grandes marajás, protegidos por forças militares em áreas de segurança militar, que guardam o fruto do roubo destes homens públicos, verdadeiros cancros da sociedade, transmitem estas doenças venéreas transmitidas por contatos íntimos através desta promiscuidade.
As redes de saúde neste mundo vergonhoso estão aptas a fornecer os maiores sistemas no âmbito da medicina legal ao seu dispor providas de recursos inimagináveis providas de mais elevados avanços no campo da energia nuclear. Do outro lado desta cadeia tem os grandes matadouros de experimentos da medicina ilegal, onde as cobaias são as meretrizes da luta do dia a dia que buscam o mínimo de recurso disponível, condicionada por prole geradora, filhos das suas relações, acreditando poder mudar o modelo de sua existente.

Deste modo, entre a verdade da meretriz e a mentira do meret®íssimo, se desenvolve todo um sistema de relações entre a mulher pública e o homem público, sendo a primeira, digna da sobrevivência da esperança, tolhida pelo segundo, este sim, verdadeiro “prostituto do submundo”, pois não merece o dinheiro público que recebe no covil das orgias devassas congregadas palacianas!