sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

O historiador e a expansão da cidade de São Paulo na Zona Sul, Santo Amaro/SP!

MUITO NHÉM-NHÉM-NHÉM

Fazer história não é para quem fica sentado com a “bunda na cadeira” e se diz representante da associação tal e tal ganhando lauréis imerecidos, apoiado pelos políticos x, y, z que adoram as luzes da ribalta!!!
Batemos constantemente na tecla que fazer história de bairros tradicionais e a coisa mais fácil do mundo! Há acervo disponível em arquivos e fontes primárias, tipo Moóca, Brás, Lapa, Bom Retiro, Centro de São Paulo, basta adquirir os últimos livros publicados e defender alguma tese para tornar-se “doutor”!
Não é para continuar em fazer “reprodução histórica”, tipo meu avô falou para meu pai que falou para mim para que eu seja agora o dono da verdade, mas sim fazer a “produção” histórica da realidade acontecida em determinado tempo e espaço!!!
O que é de extrema dificuldade é “CONSTRUIR” a história dessas vilas operárias da zona sul, ou seja, Santo Amaro.
Possuímos vasto material sobre a zona sul, especificamente o que abrange Santo Amaro, e esse material foi sendo “garimpado” em fragmentos por mais de 30 anos.
Está cheio de disse-me-disse, oralidade, o dono do armazém mais antigo, a padaria, a granja, mas carece de dados confiáveis. No periférico de São Paulo há uma expansão imobiliária e os “doutores” começam a querer os resquícios do que sobrou.
Santo Amaro é exemplo disso, há muito fake news histórico.
Hoje muitos procuram saber do bairro porque ele está em fase de transição de bairro operário, de várias indústrias que se retiraram, para um bairro em expansão imobiliária com gente que está chegando agora!
Novas estruturas residenciais estão sendo construídas. Não há por parte do poder municipal controle disso e onde passavam carroças, estão enchendo de automóveis, e as ruas são as garagens desses “predinhos ou prediões”, onde não há um planejamento urbano dessa nova estrutura.
Poucos se preocupam de coletar material que estruture a história desses locais, infelizmente.
Historiador não tem que saber nada, mas onde está tudo! Neste caso não sabemos onde possa estar parte dessa história que o poder público também não tem interesse em coletar e dificulta ao máximo os pesquisadores.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

A FÁBRICA DE DOCES BELA VISTA EM SÃO PAULO: PORTUGUESES DE CADIMA

A Fábrica de Doces Bela Vista está relacionada aos imigrantes da cidade de São Paulo. Foi fundada em 1915 por um imigrante italiano e depois comprada pelo imigrante português Joaquim Maria (Maraia!!!) de Almeida e Silva, natural de Cadima, Portugal.

Nicola Infante iniciou a fábrica de doces na rua Major Diogo, 226, no bairro que daria nome a Empresa Bela Vista.

A fábrica produzia doces de tipo caseiro, como suspiros, paçocas, caramelos e pés-de-moleque, além de bombons finos e chocolates e distribuídos pela cidade por vendedores que munidos de suas carroças percorriam armazéns, quitandas e vendas a varejo.

Entre os vendedores da Bela Vista estava a figura de Joaquim Maria de Almeida e Silva, (31-08-1903/12-07-1978) inicialmente um vendedor de pães. O fundador da empresa, Nicola Infante decidiu vender a sua fábrica de doces e sair dos negócios, oferecendo-a ao então seu principal vendedor, Joaquim Maria de Almeida que juntamente com seus patrícios, Rodrigo Mendes Barreto e Manuel da Cruz Barreto, adquiriram a Bela Vista por 80 contos de réis.

A fábrica na década de 1940 aumentou a produção consolidando-se como um dos principais fabricantes de doces de nossa cidade. A empresa sediada na rua Major Diogo tornou-se pequena para as atividades industriais e os proprietários decidem construir novas instalações, optando pelo bairro do Pari, na rua Canindé, 948.

A distribuição dos produtos, foram ampliadas por caminhonetes e caminhões, sempre pintados na cor verde e que eternizaram a marca por toda a cidade e interior paulista.

A empresa recebia outros administradores da produção sendo que para fazer as vezes de Joaquim Maria de Almeida e Silva, foi empossado seu cunhado Camilo Costa. Para o de Manuel da Cruz Barreto, assumiu  João Jorge de Carvalho e assumiu para Rodrigo Mendes Barreto, casado com a senhora Ermelinda, o seu cunhado Antônio da Luz Lopes.

Há o livro “Cadima, Sua Gente eu Seu Passado” elaborado por Mário de Almeida Batata, que mostra um pouco dessa aldeia, de onde vieram alguns patrícios. Ele mesmo coloca ter chegado ao Brasil em 1951 e trabalhado como vendedor viajante da Fábrica de Doces Bela Vista.

Em 1969 Joaquim Maria de Almeida junto de seus filhos e genro adquirem as ações de seus sócios. Hoje o presidência da Fábrica de Doces Bela Vista está a cargo de Cid Maraia de Almeida filho de Joaquim Maria de AlmeidaCid Maraia de Almeida presidiu ainda o Sindicato da Indústria de Massas Alimentícias e Biscoitos no Estado de São Paulo(SIMABESP) nas gestões de 1993 a 1996 e de 2005 a 2011.

Os Almeida Maraia, fazem parte do ramo conhecido de Cadima, em Portugal, terra onde todos são primos e primas.

Observações:

Este ensaio buscou fontes confiáveis e depoimento de Odete dos Santos Amaro, esposa de Alcir de Jesus Amaro (falecido) ex funcionário da empresa. Se porventura houver algo que possa enriquecer a crônica, será bem-vindo.Essa empresa está no seio da família. Muitos portugueses dessa "aldeia" (tipo cidade do interior) eram de lá, como minha avó por parte de mãe, e muitos funcionários eram de Cadima!


Vide:

Cadima: Identidade e Pertencimento

http://carlosfatorelli27013.blogspot.com/2011/09/cadima-identidade-e-pertencimento.html

Fotos do acervo da empresa e/ou em pesquisa os créditos..

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Não há documento oficial de que Santo Amaro/SP tenha sido “fundada” em 1552!

 Anchieta e a missa que não celebrou!

Santo Amaro (Paulistana) estava em uma região entre o litoral e a Boca de Sertão e era a ponte ente o mar e aquela que viria a ser São Paulo de Piratininga. Evidente que possa haver um elo de datas anteriores ao seu “nascimento”, pois as expedições vinham com o intuito de reconhecimento das terras de El Rey de Portugal. Datas são focos conflitantes quando não se encontram documentos oficiais, ou do Estado ou da Igreja, que possuía toda autoridade de exercer funções de registro. A primeira carta escrita sobre a fundação de São Paulo está desaparecida, mas por algum motivo foi reescrita uma segunda por Anchieta datada de setembro de 1554 que foi enviada a Roma onde consta das Cartas de Anchieta, o seguinte:


Por isso, alguns irmãos mandados para esta aldeia no ano do Senhor de 1554, chegamos a 25 de janeiro e celebramos a primeira missa em uma casa pobrezinha e muito pequena no dia da conversão de São Paulo, e por isso dedicamos ao mesmo nome a esta Casa”. 

 

Os superiores deveriam “escrever” ao provincial e este a hierarquia maior em Roma, muitas delas escritas em duas línguas, no caso espanhol e latim, de domínio do Irmão Joseph de Anchieta, que chegou ao Brasil em 1553, logo não poderia estar em Santo Amaro celebrando missa, no Brasil, em 1552. Ele só foi ordenado em 1566, e não tinha este “venerado irmão” os encargos atribuídos à função de sacerdote até aquela data, ou seja: os ofícios litúrgicos eram professados por sacerdote ordenado, talvez houvesse o direito de proclamar a celebração. mas sem o direito da consagração litúrgica!

 

O primeiro registro de terras em Santo Amaro, talvez por força da autoridade de documento de Ana Pimentel, governadora da capitania  de São Vicente, uma gleba que por muito tempo foi de 640 Km2,  data de 12 de agosto de 1560: duas léguas de terras na margem esquerda do rio (atual Rio Pinheiros) então chamado de Jeribatiba,(Jurubatuba) doadas aos padres jesuítas. 

Em 1560 foi também usado, por ordem de Mem de Sá, um outro caminho entre o planalto e o litoral, mais para oeste, a fim de evitar os ataques dos tamoios.

Essas duas veredas, ordinaríssimas, mal traçavam o trânsito entre o planalto e o Cubatão. Esta última ficou conhecida sob o nome de Caminho do Padre José, não se sabe desde que data e por que razão, talvez por ser frequentada por Anchieta. Em 1560 José de Anchieta era apenas irmão da Companhia de Jesus, só tendo tomado ordens sacerdotais em 1566, na Bahia (Serafim Leite, História da Companhia de Jesus, Vol. 1º, pág. 29, Nota 2). Nem ele tinha poderes, nem a Companhia de Jesus, nessa época, tinha posses para construção de caminhos por piores que fossem. 


Data-se desta época a denominação Santo Amaro, (que não se trata da Capitânia de Santo Amaro, que deu origem ao Guarujá!) homenagem dos jesuítas que trouxeram de Portugal uma imagem do Santo, embora se confira segunda hipótese da doação da imagem por parte do casal João Paes e Suzana Rodrigues, para a Capela Nossa Senhora da Assunção de Ibirapuera, também hipótese contestada pela própria igreja!

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

A Vozinha Amélia e o Corona Vírus

 A vozinha Amélia saiu aplaudida do hospital, venceu o Vírus!!!

Na saída havia repórteres que queriam entrevistá-la.

-Vó Amélia, quantos anos a senhora tem?

-“Fia”, acho que tenho 85...

-A senhora saiu nesses dias?

-Mas de jeito nenhum, se eu sair meus “fios me mata”!

-Então se o vírus não matar os filhos matam a senhora?

-É isso mesmo, tá certinho!!!

-Mas se a senhora não sai de casa, como pegou o vírus.

-Ah, isso num sei não, acho que esse bichinho é danado!

-Como assim bichinho danado?

-Penso que “si nóis num sai ele vem nos visita”.

-Mas ele não pode vir se alguém não o traz!

-Eu tranco tudinho, ele num tem jeito de entrar de modo nenhum.

-Vó, a senhora vive sozinha?

-Sim a casa é minha, vivo com meu netinho, ele é bonzinho.

-Ele que cuida da senhora?

-Desde que o finado se foi!

-Quantos anos ele tem?

-Num sei bem ao certo, mas acho que é 24.

-Então é um moço de responsabilidade?

-“Virge Maria” e muita!

-Fica o tempo todo com a senhora?

-Fica usa "máscra", “faiz” compra, tudo certinho, usa até “arcoo”!!!

-Difícil saber como esse vírus atacou a senhora!

-Verdade...

-A esqueci de só fala uma coisinha sem sentido:

Nos fins de semana meu netinho vai num lugar que se chama “balada”...

Tadinho “trabaia" tanto tem que se diverti um bucadinho, né não???


( A única coisa fictícia dessa história é o nome da vozinha)