segunda-feira, 5 de outubro de 2020

A EPOPEIA DOS IMIGRANTES ALEMÃES AO BRASIL (03): O VELEIRO “HELENA E MARIA” E SEU NAUFRÁGIO NA INGLATERRA

IMIGRANTES ALEMÃES NAUFRAGADOS 

Os emigrantes para Brasil partiam de Hamburgo, de Bremen, na Alemanha e mais tarde também de Amsterdã, na Holanda, este último porto preferido pelo imigrantes do sul da Alemanha, porque era facilmente acessível através do rio Reno. (FEY, p. 24, 2019)

O grupo de emigrantes do Palatinado em November 7, 1827 7 de novembro de 1827 went to deslocou-se a Amsterdam para embarcar em dois veleiros distintos o “Alexander” e o "Helena e Maria".  It is thinkable that they all went to Bremen first to get the necessary papers and from there to Amsterdam or also that the bulk of them went to Amsterdam directly and only some family fathers went to Bremen in order to get the necessary stamps and joined their waiting families and friends in Amsterdam before sailing off. They were a large group of over 200 persons already, and more emigrants from the Hunsrueck , from the Rhinelands and from other parts of Era um grupo grande de pessoas que ficavam na fila para embarque a bordo de um dos dois navios.

Muitos foram separados de seus filhos menores que realizaram a viagem em veleiros diferentes, com a esperança de chegar ao mesmo tempo em South America América do Sul.. Trinta e um membros da família do grupo de Küsel[1] que não puderam viajar a bordo do navio "Alexander", foram transferidos para o navio "Helena e Maria".

10.A SEPARAÇÃO DAS FAMÍLIAS E Ocatastrophe NAUFRÁGIO DO VELEIRO “HELENA E MARIA”

O veleiro “Helena e Maria[2]” foi construído em 1813, em Maassluis, Holanda, recebendo o nome de Welbedagt. Era um veleiro de dois mastros e dois decks, tipo brigue[3]. Em 4 de julho foi vendido e recebeu o nome de Thalia. Em 12 de dezembro de 1827 o veleiro sofreu alteração construtiva de 2 para 3 mastros e recebeu o nome de “Helena e Maria”, sendo adquirido pelo capitão Bartolomeus Karstens, oriundo de Amsterdã. Nessa reforma o veleiro teve suas dimensões originais diminuidas.(FEY, p. 42, 2019)

31 family members of the Kusel group could not travel on the vessel “Alexander” , but O veleiro "Helena e Maria" partiu de Amsterdam Amsterdã, doharbour porto deTexel Texel, a maior das Ilhas Frísias, na Holanda, on em January 6, 1828 6 de janeiro de 1828 com 350 pessoas, e em.. zarparam e         A week later, on12 de janeiro de 1828 ao passar pelo canal da Mancha em direção ao Atlântico, foi surpreendido com  mau tempo e um furacão. O veleiro foi sacudido pela tempestade sofreu avarias ficando a deriva, pois os seus três mastros foram danificados[4]. Para não adernar[5] os mastros que sustentavam as velas, os mesmos foram encurtados pelos passageiros ficando o “Helena e Maria” a deriva cerca de 40 quilômetros da costa da Cornualha, por aproximadamente duas ou três semanas.

Os emigrantes foram resgatados pelo navio britânico “Plover Packet[6] sob o comando do Capitão Edward Jennings. Ele rebocou os destroços para o porto de Falmouth. O capitão holandes Bartholomeus Karstens, do veleiro "Helena e Maria" ofereceu uma compensação monetária como retribuição por rebocarem os destroços do veleiro, mas a gratificação foi recusada pelo capitão Edward Jennings do Plover Packet, dizendo que julgou necessário fazer o resgate.




Falmouth - Foz do Rio Fal na costa sul da Cornualha, no Reino Unido. Fotos Andréa Dias


Um considerado número de iimigrantes que viriam ao Brasil, morreram em Falmonuth, ou em consequência do naufrágio do veleiro “Helena e Maria”, ou ao longo do tempo permanecendo em condições precárias, atacados por enfermidades causadas pelo inverno, ou fadiga, ou pouca alimentação, numa espera longa aguardando pela viagem ao Brasil.

Os emigrantes alemães haviam perdido todos os seus pertences na tempestade e também o valor da passagem que pagaram antecipadamente para viajarem e ao invés de estarem na América do Sul, o objetivo dos seus sonhos, viam-se completamente desprovidos de tudo na Inglaterra invernal.

A cidade de Falmouth através do “Comitê para Socorro dos Emigrantes Alemães Afligidos” conseguiram abrigar, nutrir e cuidar desafortunados viajantes durante um ano inteiro. O Vice-Presidente desta Sociedade, Lord de Dunstanville, teve uma grande participação nesta ação de socorro.

Somente no final de outubro o governo britânico decidiu cuidar do transporte dos alemães para o Brasil. O veleiro “Helena e Maria” foi reparado em um estaleiro, para seguir viagem, mas os imigrantes não aceitaram, pois, inspeções feitas pela Marinha Inglesa, reconheceu a insegurança da embarcação.

Por fim In the first days of December 1828, “a very nice ship” fromeem 03 de dezembro de 1828 o navio James Laing

 

de bandeira inglesa, aportou em Falmouth, com a incumbência de levar os emigrantes ao Brasil. Passaram a bordo para em January 2 nd , 18292 de janeiro de 1829 partirem   parte   para Brazil o Brasil. Os imigrantes alemães eram formados por um grupo misto de 313 imigrantes de regiões diferente da Alemanha: Moselanos, Palatinos e Hunsruck[7], sobreviventes do naufrágio na Inglaterra.

.O navio James Laing foi posto à disposição dos colonos alemães por Felisberto Caldeira Brant, o Marquês de Barbacena, de descendência alemã, diplomata brasileiro que, em passagem por Falmouth, em 24 de setembro de 1828, quando acompanhava a rainha D. Maria II, que contava apenas nove anos de idade, filha de D. Pedro I, pôde constatar o triste estado em que se encontrava aqueles imigrantes que tinha por destino o Brasil, sendo contratado o navio James Laing para leva-los ao Brasil. os náufragos do navio “Helena e Maria”. (denominado supostamente ser um navio chamado Cäcilia[8], mas não há confirmação de sua existência).

O navio James Laing foi construído em 1818, na cidade de Stockton, na Inglaterra. Suas dimensões de convés eram de 32,7 metros de comprimento por 9,05 metros de largura, com capacidade de transporte de 418 toneladas. Possuía casco com revestimento de cobre para proteção da corrosão da água salgada do mar. Pertencia a empresa de navegação James Laing & Sons, de SunderlandInglaterra.

Assim, em 03 de janeiro de 1829, os alemães náufragos do veleiro “Helena e Maria” partiram em direção ao Brasil, chegaram ao Rio de Janeiro em 19 de fevereiro de 1829.

Dos dois navios, “Helena e Maria” e o “Alexander” que sairam de Amsterdã, rumo ao Brasil, somente o veleiro holandês "Alexander" com os seus 174 emigrantes alemães,  chegou ao Rio de Janeiro, Brasil, sem dificuldades aparentes, sendo que os imigrantes continuaram a viagem no dia 20 de junho de 1828 embarcando na sumaca[9] “Rocha” para serem levados a Santos, e, em seguida para São Paulo, sob as ordens do intérprete, Inspetor de colonização de estrangeiros, Johann Heinrich Kagel. (ZENHA, 17; 1950)went to

Deste modo as duas levas de imigrantes ao Brasil depois de um ano puderam encontrar-se novamente após embarcarem em Amsterdã em November 7, 18277 de novembro de 1827.

Em 28 de dezembro de 1828 o diretor da imigração comunica ao Conselho que os colonos tinham ido ver as terras da Freguesia de Santo Amaro e que por documento escrito as aceitavam. O Conselho da Província de São Paulo, realiza sessão extraordinária em 12 de fevereiro de 1829, em que fica instituída a Colônia Alemã, definitivamente em Santo Amaro. (ZENHA, p. 28 e p..30; 1950)

Em 10 de abril de 1829, 342 passageiros somados de outros veleiros que aportaram em São Paulo, seguiram viagem com destino a Porto Alegre, no costeiro Florinda e registrados como chegados a São Leopoldo em maio de 1829.

Essa epopeia desta viagem foi considerada como a 25 ª leva de imigrantes alemães chegadas ao Brasil.



[1] Kusel é um distrito da Alemanha localizado no estado da Renânia-Palatinado

[2] A embarcação que recebeu o nome “Helena e Maria”, também chamado “Helena Maria”, que algumas vezes trocam-se erroneamente o lado dos nomes femininos (Maria Helena) em muitas obras a respeito do assunto do navio que naufragou na costa da Inglaterra, é chamado de Cacilia, Cacilie ou Cecilia, nome esse que aparece na obra “Cem Anos de Germanidade no Rio Grande do Sul”, do padre jesuíta Theodor Amstad (1851/1938) que veio para o Brasil em 1885.

[3] Um brigue é um tipo de embarcação à vela, com dois mastros com velas quadradas transversais.

[4] Uma semelhança de fatos: O 1º embarque de imigrantes suíços de ascendência alemã para o Brasil foi efetuado pelo navio Argus, ou Argo. Era capitaneado por B. Ehlers e Peter Zink. O comandante do transporte era Conrad Meyer. Partiu em 27.7.1823 do porto de Amsterdã na Holanda e chegou no Rio de Janeiro no dia 7.1.1824. Trazia 284 imigrantes, sendo 150 soldados e 134 colonos destinados a Colônia Alemã de Nova Friburgo no Rio de Janeiro. O navio enfrentou fortes tempestades ainda no Mar do Norte, vindo a perder o seu mastro principal, obrigando-o a atracar na Ilha Texel na Holanda, de onde, após consertado, reiniciou a viagem em 10.9.1823.

[5] Pender, abater duradouramente (embarcação) sobre um dos bordos, quer pelo deslocamento da carga, quer pelo impulso do mar ou do vento (navio a vela), ficar de banda.

[6] Consta que o Plover Packet, também fez viagem em direção ao Brasil, chegando ao Rio de Janeiro em 7 de março de 1829 (FEY, p. 24, 2019)

[7] Hunsruck ( Hoher Rucken) significa Lombas Mais Altas. Região de planalto ondulado encrustado entre os rios Reno, Mosela, Sarre e Nahe, situada na parte sudeste das montanhas Renânia-Palatinado com 400 e 800 metros de altitudes. Dominam a paisagem os morros Idarkopf e o Erbeskopf.

[8] Friedrich Huttenberger autor de How the Guilgers came to Brazil-An emigration in 1827- the rediscovery of a forgotten Palatine emigration, escreveu artigo a partir de sua pesquisa sobre imigrantes palatinos deixando claro que o navio Cacilia não existiu e que o navio se chamava na realidade Helena e Maria. (FEY, p. 43, 2019)

[9] Embarcação pequena de 2 mastros, usado comumente na América do Sul

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