segunda-feira, 5 de outubro de 2020

A EPOPEIA DOS IMIGRANTES ALEMÃES AO BRASIL (02): A DIÁSPORA DA REGIÃO DO HUNSRÜCK

 A Região do Hunsrück

Hunsrück é uma cadeia de montanhas baixa na Renânia-Palatinado, Alemanha. É delimitada pelos vales dos rios Mosela (norte), Nahe (sul) e Reno (leste). O Hunsrück é continuado pelas montanhas Taunus, no lado leste do Reno. No norte atrás do Mosela, é continuado pelo Eifel. Ao sul do Nahe é a região do Palatinado.

Muitas das colinas não ultrapassam 400 metros (1.300 pés) acima do nível do mar. Existem várias cadeias de picos muito mais altos dentro do Hunsrück, todos com nomes próprios: a (Floresta Negra) Hochwald, a Floresta Idar, a Soonwald e a Floresta Bingen. A montanha mais alta é a Erbeskopf , com 816 metros de altura.

Cidades notáveis ​​localizadas dentro do Hunsrück incluem Simmern, Kirchberg e Idar-Oberstein, Kastellaun e Morbach. O Aeroporto de Frankfurt-Hahn também está localizado na região.

O clima em Hunsrück é caracterizado por tempo chuvoso e névoa subindo pela manhã. A ardósia ainda é extraída nas montanhas.

A situação econômica em Hunsrück tornou-se grave durante os anos de 1815 a 1845. Uma colheita ruim em 1815 foi seguida pelo ano sem verão em 1816; os preços dos grãos subiram rapidamente e 1817 se tornou um ano de fome.

Em setembro de 1822, o governo brasileiro enviou Georg Anton Schäffer à Alemanha para recrutar mercenários e colonos. Chegou em 1823, como representante do imperador Dom Pedro I do Brasil, e visitou as cidades hanseáticas[1], Frankfurt e muitas das cortes alemãs. Essa missão desencadeou a primeira grande onda de emigrantes alemães no Brasil. Muitos deles foram recrutados por Schäffer em Hunsrück, nas partes norte e oeste do atual Sarre e no palatinado ocidental[2].

Os primeiros imigrantes de Hunsrück se estabeleceram em 1824 no que é hoje o estado brasileiro do Rio Grande do Sul, perto da cidade de São Leopoldo. Somente em 1830 o número de emigrantes no Brasil começou a cair.

A década de 1840 na Europa foi marcada por inflação, falhas de safra e um grau de agitação social, de modo que novamente (especialmente em 1846 e 1861) muitas pessoas em Hunsrück decidiram deixar a região, em duas ondas de emigração, especialmente para a América do Norte e Brasil. Os emigrantes faziam uma jornada de um dia para Bremen e Bremerhaven, pela estrada por meses, muitas vezes três meses, até que seu navio chegasse ao porto.

Em agosto de 1846, foi anunciado em Dunquerque que a passagem livre para o Brasil não seria mais possível. Nesse momento, havia mais de 800 pessoas esperando lá. A Prússia recusou-se a prestar assistência aos emigrantes empobrecidos e desamparados. Eles foram transportados da França em três navios de guerra para a Argélia e se estabeleceram nas aldeias de Stidia e Sainte-Léonie. A maioria de seus descendentes retornou à França após a Guerra da Argélia em 1962.

Como resultado da crescente negligência e privação de partes da população da Alemanha durante a era da industrialização, uma associação da Missão Interior foi fundada por iniciativa do pastor Simmern e, posteriormente, superintendente Julius Reuss, em Simmern, com o objetivo de contruir um centro de resgate em Hunsrück para crianças que viviam na pobreza. Em 1851, uma área entre Simmern e Nannhausen, o Schmiedel, foi adquirida. Lá, o primeiro edifício foi erguido como uma "casa mãe" (Mutterhaus ou domus materna), inaugurada em 13 de setembro de 1851. Ainda hoje, a sede da organização Schmiedel permanece no local.

Desde 2010, a região se tornou uma das principais regiões de energia eólica da Alemanha, com grandes parques eólicos localizados perto de Ellern e Kirchberg. O turismo baseado na natureza aumentou nos últimos anos e, em 2015, um novo parque nacional foi inaugurado. Culturalmente, a região é mais conhecida por seu dialeto Hunsrückisch. A região experimentou emigração significativa em meados do século XIX, principalmente para o Brasil.



[1] Liga Hanseática (die Hanse) foi uma aliança de cidades mercantis alemãs ou de influência alemã, que estabeleceu e manteve monopólio comercial sobre quase todo norte da Europa e Báltico entre os séculos 12 e 17. Abrangeu cerca de 100 cidades, tendo como centro Lubeck, um dos maiores portos da Alemanha. De início com caráter essencialmente econômico, desdobrou-se posteriormente numa aliança política. No século 18 o governo hanseático subsistia apenas em Lubeck, Hamburgo e Bremen, cidades alemãs. Hamburgo e Bremen referem-se ainda como vilas hanseáticas.

[2] A presença da princesa Leopoldina na Família Real foi decisiva para a vinda dos imigrantes ao Brasil. Leopoldina Carolina Josefa de Habsburgo-Lorena, arquiduquesa  da Áustria, esposa do imperador Dom Pedro I, primeira imperatriz do Brasil. Era filha do imperador Francisco I  e de Maria Teresa das Duas Sicílias, de um ramo da Casa de Bourbon. Pertencia a casa imperial de Habsburgo, uma das mais importantes e mais longas casas reais reinante na Europa. Também foi cunhada do imperador Napoleão Bonaparte casado com sua irmã mais velha, Maria Luísa. 

O propagandista contratado para percorrer os estados germânicos buscando imigrantes foi o médico e militar major Antônio Schaeffer. Ele era conhecido em meio aos empresários, políticos e militares. Schaeffer nasceu em Münnerstadt, na Baviera, estado da Alemanha, em janeiro de 1779. Morreu em Jacarandá (Brasil), em 1836. Recebeu promessa de recompensa financeira por cada imigrante recrutado. Para obter maior lucro, montou uma rede de subagentes espalhados pela Alemanha a fim de angariar colonos e soldados para a emigração. (192 ANOS DA COLONIZAÇÃO ALEMÃ NO BRASIL. A HORA. p.14)

 

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