Guerras napoliônicas e a relação com a imigração alemã
Em 1793 o exército revolucionário francês invadiu os territórios da esquerda de Rhinehart na expansão da França pela força militar. Neste momento, Napoleão Bonaparte conquistou toda a região esquerda do Reno e do Palatinado que se tornou território francês a partir de 1798 até 1814, denominado "departamento Mont-Tonnerre".
Com uma nova
administração o Palatinado tornou-se oficialmente território francês, tal qual
seus cidadãos, embora tivessem ascendência alemã.
Depois da queda Napoleão, o Palatinado foi retirado da França pelo
Congresso de Viena em 1815, e acrescentados ao Reino
de Bavária, até a
unificação do Império Alemão em 1870.
O novo
soberano destas terras do Palatinado, na margem esquerda do rio Reno, necessitava
da mão de obra dos agricultores e dos militares, inclusive que haviam estado no
exército napoleônico, para reforçar sua defesa e sua economia. Deste modo existiam
exigências burocráticas para obter uma permissão para a emigração[1].
Os prefeitos de cada região tinha
que informar a administração distrital sobre as dívidas de impostos
e outras contribuições dos candidatos à emigração alemã, que tinham o dever de quitar
todos os valores imobiliários, quando houvesse, antes de uma eventual partida. O
governo não queria que seus cidadãos emigrassem, e criaram obstáculos
burocráticos, e assim somente alguns pretendentes ganhavam autorização oficial,
para emigrar da Alemanha.
Em 1820, com as relações imperiais
entre Alemanha e Brasil de livre comércio, abriam-se
as portas da emigração da Alemanha, onde as “terras comuns” agrícolas escasseavam.
No início
de novembro de 1827, os emigrantes do distrito de Kusel já haviam sido
inscritos numa lista oficial do governo de "pedidos de imigração
para Brasil".
Muitos venderam seus bens, pois precisavam de dinheiro
para a viagem e para novas terras, outros sem possuírem posses optaram por viajarem
clandestinos,
sem esperar pela autorização oficial. O controle do governo distrital torna-se
mais rígido, exigindo listas dos imigrantes clandestinos, com relatórios de famílias.
No ano de 1827 um total de 196 pessoas tinham
desaparecido das aldeias do Quirnbach, Ulmet, Horschbach, Altenglan, Essweiler,
e Bosenbach Neunkirchen.
Em 1827 os interessados a imigrar
para o Brasil dirigiram-se para a cidade de Bremen para obter um selo oficial do Consulado Geral
do Brasil de assentamento no país no valor de duas gulden[2] como
"taxa de certificação". Depois de ter obtido este selo, o documento
tinha de ser autenticado pelo
escritório do governo da cidade de
Bremen, e somente depois era liberada a viagem para o Brasil.
Os navios para o Brasil comumente saiam dos portos de Bremen, Hamburgo ou de Amsterdã.
[1] A difícil missão de angariar colonos
e contratar soldados alemães para os Batalhões de Estrangeiros do Brasil, coube
ao Major Johann Anton von Schaeffer, que havia chegado ao Brasil em 1814 e
conseguido granjear a amizade de D. Leopoldina, pelo interesse de ambos nas
ciências naturais.
De posse de uma procuração que o nomeava de
"Agente de afazeres políticos do Brasil", Schaeffer encontrou inicialmente
grandes dificuldades em contratar soldados na Alemanha. A exportação de
soldados era proibida, desde o Congresso de Viena em 1815, pois as grandes
potências europeias
(Prússia, Inglaterra, Áustria e Rússia) não permitiriam o
surgimento de um outro "Napoleão" no mundo, e , D. Pedro I, com a independência
do Brasil foi considerado um usurpador do poder, um rebelde que traíra o pai.
Enquanto em alguns Estados alemães havia a proibição,
em outros existia o direito dos cidadãos à emigração, principalmente nos
Estados da atual Renânia onde, pela proximidade com a França, a destruição
provocada pela guerra havia sido maior e onde mais se fizeram sentir os efeitos
do fim do feudalismo. Cerca de 50% dos imigrantes são provenientes desta
região, mas precisamente do "Hunsrück" quadrilátero compreendido entre
os Rios Reno, Mosela, Nahe e Saar. Os camponeses que agora podiam abandonar o
campo, não encontravam trabalho nas cidades também já repletas de artesãos
desempregados, pois as indústrias estavam trocando a mão-de-obra humana pelas
máquinas que produziam mais e melhor.
Os minifúndios criados pelo direito hereditário,
aliado às terras exauridas por sua contínua exploração, foram, como já vimos,
fatores que determinaram a expulsão dos camponeses que, por não encontrarem
ocupação nas cidades, tinham na emigração a única saída.
Com a oferta pelo Governo brasileiro de terras (150
Morgen=77 hectares), além de ferramentas, gado, sementes, auxílio financeiro
nos 2 primeiros anos e isenção nos primeiros 10 anos, a missão de Schaeffer foi
grandemente facilitada. (http://www.mluther.org.br/Imigracao/imigracao_ii.htm)
[2]
Florim, do italiano, fiorino, é um termo genérico
para designar a moeda de ouro, que ficou conhecida, em holandês e alemão,
como gulden, originalmente (em alto-alemão médio)
guldin pfenninc, que significa "centavo de ouro".

Sem comentários:
Enviar um comentário