ATA DA CONSTRUÇÃO DA PARÓQUIA ANTIGA (demolida): 27 de abril de 1957
“São Paulo, 27 de abril de
1957.
Ata da assembléia inaugural
da comissão para construção da capela de São Luiz. Jardim São Luiz a vinte e
sete dias do mês de abril do ano de hum mil novecentos e cinqüenta e sete do
nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo, realizou-se na Capela Nossa Senhora
da Penha, no bairro da Penhinha, Parochia de Capão Redondo. Assembléia
inaugural da comissão da construção da Capela São Luiz, Jardim São Luiz, à rua
4, sem número. A assembléia foi iniciada às vinte horas pelo sr. Antonio
Zacaria de Paula e Silva com as orações iniciais a Nossa Senhora. Iniciada a
seguir os trabalhos próprios da necessidade de construir uma capela no bairro
do Jardim São Luiz porque o bairro é bastante populoso e não tem sequer um local
para o catecismo das crianças.
Pensou-se então, em formar uma comissão como é
feito em vários bairros para o que convidaram-se várias pessoas do bairro.
Estando reunido ele preparou a formação da diretoria por meio de votos,
escolhendo os candidatos entre as pessoas presentes, o que acharam melhor por
unanimidade de votos eleger o sr. Antonio Zacarias para presidente e ficando a
escolha dos demais cargos a critério do presidente, podendo este escolher as
pessoas capacitadas para ocuparem os devidos cargos. As pessoas presentes da
assembléia inaugural eram os seguintes: Antônio Zacarias de Paula e Silva, José
Cassiano Cruz, Luiz Martins, Henrique Schlautmann, Ernesto Rossi, João de
Oliveira, José de Oliveira, Ettore Angeloni, Francisco Mansur dos Santos, Rafael
Costa Faria, Maria Lurdes de Oliveira. A formação da diretoria ficou assim
constituída:
Para presidente: Sr. Antonio
Zacarias de Paula e Silva
Vice-presidente: Henrique
Schlautmann
Primeiro Secretário: Ernesto
Rossi
Segundo Secretário: Luiz
Martins
Primeiro Tesoureiro: José
Cassiano Cruz
Segundo Tesoureiro: Ettore
Angeloni
Conselho Deliberativo:
Rafael Costa Ferre
Estabelecida a diretoria
tratamos em seguida da mensalidade dos membros e por maioria de votos ficou a
taxa de quarenta cruzeiros mensais. Nada havendo mais a tratar o sr. Antonio
Zacarias encerrou a assembléia com a oração da Nossa Senhora e eu, Ernesto
Rossi, secretário lavrei a presente ata que depois de lida e discutida será
aprovada e assinada por mim e demais presentes”.
Esta é a íntegra da primeira
ata em prol da construção da então Capela São Luiz, e que ainda constavam as
assinaturas de nomes não citados acima, mas que registramos como fato
histórico: Manuel da Rocha Nunes, Ana Garbieri de Freitas, Leonilda
Schlautmann, Izilda Marques Vugas e o Padre Germano Jutter.
E, deste modo, iniciou-se
todo um trabalho conjunto de um grupo comissionado que, a partir de uma simples
e humilde capelinha lateral do atual terreno que, de tão pequena que era,
diziam, em tom de brincadeira que quando entrava o padre, saía o Santo e quando
este entrava, saía o padre,. Definiu-se o início de um esforço para criar-se a
Capela São Luiz sendo marcada no dia 16 de junho de 1957 a primeira missa campal
no jardim São Luiz presidida pelo padre Germano Jutter, que recebeu a imagem do
Santo padroeiro da juventude, São Luiz Gonzaga, emprestado do seminário do
Verbo Divino e levado em procissão no mesmo dia às 15:30 horas.
A capela provisória, para
receber tão ilustre visitante e que muito honra aos jardinenses legítimos, foi
erguida rapidamente e seu contorno limpo para acolher de braços abertos o povo.
As senhoras enfeitaram o andor adornando a capela com a importância merecida da
ocasião. Providências a parte, criou-se a “Campanha para a construção da Igreja
de São Luiz Gonzaga”, onde instituiu-se uma cartela com indicadores mensais da
contribuição em prol da construção que foram acrescidos e reforçados com
quermesses que eram embelezadas pela banda proveniente de Santo Amaro com “uma
alvorada de fogos de estouro”. Consta em ata lavrada por seus membros de
comissão que “a imagem de São Luiz foi comprada a prestação no valor de um mil
e trezentos cruzeiros, sendo quinhentos cruzeiros de entrada e o restante em
pequenas prestações mensais de trezentos cruzeiros”.
As barracas para nossa
primeira quermesse foram concedidas pela comissão do Capão Redondo, que na
época já era definida como paróquia sendo o bairro, pela proximidade com a
estrada que levava a Itapecerica da Serra, um marco, um bairro nos idos de
1912.
A capela terminada consumiu
$ 9.125,00 cruzeiros, e que teve uma zeladoria a cargo das senhoras Ana Luiza
Garbieri de Freitas, e Joana Molina Martins. A comissão elegeu outro presidente
o Sr. João de Oliveira. A ata do dia 10 de dezembro de 1957 constava: comissão
pró construção da Paróquia São Luiz Gonzaga, bairro do Jardim São Luiz em Santo Amaro, Paróquia
Capão Redondo e já era sede a rua 4 (atual Antonio da Mata Jr.), número 80 e
eram ofertados tijolos para erguer as primeiras paredes.
As missas na capela provisória
eram mensais e consta a vinda de padres do Capão Redondo. A Cúria Metropolitana
de São Paulo tinha a frente Dom Paulo Rolim Loureiro que não autorizou celebrar
a Missa do Galo em uma capela. Mas resolutos, adquiriram material para
construir suas barracas consumindo Cr$ 910,50 (cruzeiros) na Casa Ferreira Simões, pois
muito material de construção vinha mesmo de Santo Amaro.
Em 2 de fevereiro de 1958 o
membro da comissão sr. Vitório Libone trouxe o chefe de gabinete do prefeito
paulista da época sr. Adhemar Pereira Barros, o sr. Arlindo Rodrigues que
demonstrou interesse em discurso de criar benfeitorias no bairro. Muito havia o
que construir em conjunto com a prefeitura paulistana e o governador em exercício Jânio da
Silva Quadros.
Na época já existia a sub
prefeitura de Santo Amaro e o São Luiz como seu subdistrito. O padre Fabiano S.
Cachel tornava-se vigário da paróquia.
A Light Power and Company
Ltd., cedia cinqüenta metros cúbicos de areia das margens do então limpo Rio
Pinheiros, correndo o transporte por conta da comissão e que o carreto teve um
custo de Cr$ 3.600,00. Na ata do dia 21 de agosto de 1958 constava o requisito
de demolir a capela provisória.
Em 9 de outubro de 1958
manteve-se um minuto de silêncio pela passagem de Pio XII, falecido no dia 7.
Citando a festa sempre aguardada não só no Jardim São Luiz mas em todos bairros
emergentes em homenagem a Nossa Senhora da Penha, no mês de setembro.
Registrado também está que
no dia 1o de janeiro de 1959 houve a missa solene às sete horas e
trinta minutos na capela provisória, esta marcada por constar a primeira
comunhão das crianças do catecismo do bairro Jardim São Luiz, celebrada pelo
vigário do Capão Redondo, padre Fabiano S. Cachel.
Locomover-se para igreja era
difícil, pois situada no alto carecia de acesso e era contornada pelas ruas
vizinhas e o registro de 19 de março de 1959 dizia-se que a comunidade,
comissão e a Sociedade Paulistana de Terrenos, que loteou o bairro São Luiz
prontificavam-se a arrumar as escadas frontais à igreja para facilitar o acesso.
Como finalidade que era, sem
dúvida, a construção da igreja, providenciou-se as quermesses com barracas que
mantinham, leilões de prendas, quentão, as casinhas numeradas para entocarem um
porquinho da índia assustado e espantado pelos concorrentes ao prêmio em
disputa e as argolas lançadas no gargalo d’alguma garrafa e aparada por um toco
quadrado ao fundo da mesma onde a argola deveria vencer apoiando-se na mesa e
fazendo jus ao prêmio disputado. Ou a série de números de um bingo competitivo
sendo completado com as barracas das bebidas e churrasco e onde a música fluía
de outra banda, a “Corporação Musical de São Judas Tadeu”, de Indianópolis que
completava a beleza do evento com ares de uma cidade interiorana.
Em 10 de setembro de 1959,
menciona-se a aquisição do telhado da igreja no valor de Cr$ 58.500,00,
conseguidos com sacrifício e definindo o marco referencial do Jardim São Luiz,
completada a cobertura em 25 de outubro de 1959.
A igreja firmava-se como
condição prioritária no desenvolvimento do bairro, sendo que os padres Joel Ivo
Catapam do Seminário Verbo Divino e Fabiano S. Cochel da Paróquia Capão Redondo
assumiram a causa apoiados por uma comissão bem estruturada que não esmoreceu
na árdua empreitada, juntamente com Congregados Marianos e Filhas de Maria.
Assim, em dezembro de 1960 o bispo auxiliar de São Paulo, Dom Paulo Rolim
Loureiro, comunicava que elevava à categoria de paróquia a “Igreja São Luiz
Gonzaga”.
A partir de 1964 um jovem
aceitou o desafio de estar à frente da Paróquia São Luiz Gonzaga, Padre Edmundo
da Mata, que se familiarizou com o bairro repercutindo sua evangelização em
nome da Igreja de Cristo.
Hoje o Jardim São Luiz possui uma paróquia
moderna, pela efetiva participação de moradores juntamente com o pároco Edmundo da Mata em prol de uma nova paróquia, reportada à Diocese de Campo Limpo.