segunda-feira, 13 de maio de 2019

Antônio da Mata Júnior, a Rua da Paróquia São Luiz Gonzaga: Jardim São Luiz, São Paulo

O PAI DO PADRE: Uma homenagem merecida!

Antônio da Mata Junior nasceu aos 23/10/1908, numa pequena vila rural denominada Gaula localizada a poucos quilômetros de Funchal, capital da Ilha da Madeira, Portugal. Seus pais, Antônio da Mata e Augusta de Jesus, eram típicas pessoas da terra e no dia-a-dia cuidavam das obrigações com os animais leiteiros, vacas, cabras e a cultura de legumes, verduras, batatas para preparo das refeições da família que eram reforçadas com algum pescado. Neste ambiente crescia o menino traquina, bem peralta, como todas as crianças felizes na infância correndo pelos prados floridos. Nem tudo era somente brincadeiras, e não havendo condições para estudar nos lugares afastados, pois os recursos eram escassos, os pais colocavam seus filhos pequenos nos afazeres da lida diária que os mantivessem ocupados como uma ordenha ou a recolher os frutos plantados na estação propícia e amadurecidos no verão. 
O garoto Antônio tornou-se um jovem robusto e ao lado do pai cuidava das colheitas de mais força e atenção, das "podas das videiras" do bom vinho português e as culturas bem típicas do lugar, como bananas e cana de açúcar. Alcançar novas metas e buscar novos horizontes fez com que a nova família constituída por Antônio da Mata Junior com a bela e graciosa moça Angelina Jorge embarcasse para o Brasil no navio, o vapor espanhol Almazorra, com os quatro filhos Edmundo, Feliciano, Helder e Orlando. 
Na bagagem, muita garra para enfrentar o desafio e a "carta de chamada", que fazia parte de um processo de análise onde uma família residente recomendava ao governo brasileiro a aptidão do apresentado por conhecê-la. Assim os "da Mata" aportaram em Santos, São Paulo, em 29 de abril de 1939, poucos meses antes de eclodir a Segunda Guerra Mundial. Vieram para a metrópole da capital paulista pela ferrovia Santos - Jundiaí no comboio de 2ª classe reservados aos que chegavam para o serviço na lavoura. Os patrícios, como se denominavam os das terras portuguesas, os aguardavam na Estação da Luz, onde paravam as Marias-Fumaças como eram apelidadas as locomotivas a vapor, rumando para uma vila do bairro Parada Inglesa, em referência aos ingleses que implantaram a ferrovia no Brasil. Antônio preparado desde há muito na terra natal para serviços pesados, de constituição física avantajada, foi logo arranjando colocação como carregador de sacas de café que eram produzidas nas fazendas paulistas e que saiam para o mercado externo sendo o produto mais importante de exportação do Brasil. 
Os tempos eram difíceis com a Europa em guerra. Havia dificuldades em todos lugares do mundo, obrigando a família que crescia, procurar novo espaço de acomodação, mudando-se para a rua Itatins, entre os bairros Paraíso e Saúde, depois se fixaram definitivamente na Vila Gumercindo, em 1943. Um ano depois, Antônio arrumou colocação no mercado Central da Cantareira, em São Paulo, além do que dona Angelina tornava-se mãe de novos rebentos: Lucinda, Alda, Mafalda e o caçula Antônio da Mata Neto, nascido em 1944, recebia o nome em homenagem a Santo Antônio, venerado em Portugal. 
Desta maneira fechava a numerosa família nas mãos abençoadas das parteiras, pois a quantidade de médicos não seguia o ritmo vertiginoso da cidade, e o resguardo da parturiente era fortalecido com um típico fortificante constituído com caldo de galinha e um pequeno cálice do bom vinho da Madeira. Os filhos ajudavam para reforçar a renda familiar vendendo frutas no Largo Paiçandu ou Praça da República, mas já eram vítimas dos "rapas", os fiscais municipais. Da família numerosa do simpático casal Antônio e Angelina foram constituindo-se outras novas e o agente de nossa história deixou saudade no Mercado Municipal onde passou boa parte de sua vida profissional. 
O bom e velho amigo "Português Botinudo" aposentou-se em 1973, escrevendo na memória dos anais do desenvolvimento de São Paulo a sua modesta participação e admirável conduta, partindo desta vida em 31 de janeiro de 1975, deixando o belo exemplo, reflexo passado às gerações posteriores.
Depoimento concedido em 25 de março de 2006, por seus filhos, Antonio da Mata Neto e padre Edmundo da Mata, Paróquia São Luiz Gonzaga, no bairro Jardim São Luiz, de quem os feitos da família são eternamente enaltecidos.


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