Um legado da
história jardinense
Tímido na
aparência, franzino, poucas palavras de "mineirice" pura, forte nas
ações. Serviu na conturbada época do Governo de Getúlio Vargas ao Exercito
Brasileiro e das Terras das Alterosas seguiu o rumo da Capital Bandeirante.
Dirigiu-se com muita vontade de vencer das
longínquas terras das Minas Gerais, para o Bairro do Jardim São Luiz na década
de 1950, tentar a vida em São Paulo que ofertava emprego a quem quisesse e
tivesse coragem de enfrentar o "batente pesado", trabalho duro,
afinal, São Paulo crescia a "olhos vistos".
Garra não
faltava ao senhor José da Cruz Silva, que poucos ou quase ninguém conhecia pelo
nome de batismo, mas que pelo apelido de "Seu" Quita era logo
reconhecido, pois carregou por longo tempo, times "do coração pela
várzea" dos gramados locais, quando ainda existia o campo do Continental,
na Avenida João Dias, hoje uma base do Departamento de Trânsito de São Paulo na
Avenida Marginal.
"Seu"
Quita montou, no ano de 1957, o primeiro time que levava o nome do bairro
Jardim São Luiz e depois abdicou desse nome por uma harmonia local, pois outra
agremiação vinha despontando com o mesmo nome e para evitar confusões fundou a
agremiação "Sete de Setembro Futebol Clube", no dia da Independência
do Brasil do ano de 1963, com as cores verde e amarelo da Pátria, com sede na
atual Rua Arlindo Fraga de Oliveira, nº53, antiga Rua 21.
Foi seu primeiro presidente sempre promovendo
grandes festivais de memoráveis disputas de futebol de várzea que foram
marcantes na década de 1960, onde seu reduto das competições era realmente na
várzea do Rio Pinheiros, no Campo do Continental, muito conhecido por todos da
região, de dimensões oficiais, que quem corresse 90 minutos sairia exaurido deste
campo, meio gramado e meio "careca" de terra endurecida no centro.
O campo do Continental era uma referência do
futebol da zona sul. O nome do time do Continental foi extraído de um mapa
estampado em maço de cigarros que ostentava esse nome em letras estilizadas
muito bem desenhadas.
Dois momentos: 50 anos depois(ao fundo mata resiste ainda)
Na Rua Itapaiúna, no início da Velha Estrada do Morumbi,
têm alguns ex-jogadores remanescentes desse tempo do time Continental, como por
exemplo, o Cindão da família dos Ricci, antigos donos de olaria local, onde
hoje se ergue uma nova ponte sobre o Rio Pinheiros.
PONTE ITAPAIÚNA
Nesse campo
"era sempre domingo de festas", sim, no plural, pois juntavam vários
times e o “Sete de Setembro” sempre tinha uma surpresa de formação no primeiro
quadro, pois nesse tempo havia também o segundo quadro, o “cascudinho”, uma “molecada”
nova, boa de bola, um celeiro de craques do futebol de várzea e aspirantes a
vaga do time principal.
A região era
ainda com mata virgem, era um lugar lúdico para a prática esportiva (do
futebol) e muitos afluíam para ver o time do Sete de Setembro sair de sua sede e ir galhardamente perfilados em fila indiana pela Rua 1,
hoje Rua Geraldo Fraga de Oliveira, entrando pela Avenida São Luiz, alterada
mais tarde para Avenida Maria Coelho Aguiar, pois, depois da construção do
Centro Empresarial de São Paulo, fazia-se confusão com a avenida homônima do
Centro da Cidade de São Paulo.
ONTEM E HOJE
Todos
seguiam a pé em Direção ao Campo do Continental, entoando hino ao
"clube" atravessando a "Avenida" João Dias, naquele tempo
uma rua de curvas estreitas e empoeirada, hoje há um resquício desta antiga avenida
que sai do “Bairro Peinha” e vai em direção ao Terminal de ônibus, mas não tem
saída para veículos, usada apenas por pedestres.
Evidente que
havia toda uma estrutura bem organizada em volta do presidente Quita, por vezes
vinham até os batedores da "guarda civil", com suas
"motonetas" para abrir caminho nas grandes apresentações
comemorativas.
No galpão dos Sgarbi, em Santo Amaro, promovia-se, por iniciativa do da diretoria do time Sete de Setembro, todos os anos, o baile era a tão esperada festa de premiação das princesas que disputavam a preferência dos craques que formavam nas fileiras do Sete de Setembro.
Os nomes dos atletas eram conhecidos no meio futebolístico da várzea da zona sul:
Geraldinho, Zeca, Mané, Francisco, Zé Lúcio, Germano, Toninho, Nardo, Boneca, Bitão, Zezito, Denico, Clebinho, Dico, Piraci, Natomi, Moacir, Gabriel, Paulo, Mazola, Zé Italiano, Geraldo, Valdir, Zeca, Tatu, Ailton, Baianinho, Alemão, Álvaro, Ailton, Sarapião, Ramiro, Geraldo, Helio, Zé Caiçara, Zé Baiano, Nô, Lelé, Dinho, João, Paraná, Branco, Vitamina, Nenê, Acácio, Chico Sanfoneiro, Dinho, Landinho e tantos outros que honrosamente defenderam por muito tempo as cores verde e amarelo da agremiação.
O
"Seu" Quita era o festeiro e o grande preparador da alegria do
futebol de várzea do Jardim São Luiz e dos arrabaldes, como se falava dos
locais de bairros vizinhos. Participou na “Casa de Caridade Antonia de Oliveira”, na Rua Arlindo Fraga de Oliveira, 122, antiga Rua 21, onde residia no Jardim São Luiz
e promovia o bem aos necessitados com seus irmãos de fé.
Ele era a
própria alegria do futebol e em 2013, quando o Sete de Setembro Futebol Clube
completaria meio século de existência, o seu grande presidente completou sua jornada
de festeiro, nos deixando como legado parte de sua história enriquecendo o Bairro
Jardim São Luiz.
*Aguardamos a crítica da crônica e algo além que
possa acrescentar informações sobre este momento histórico daqueles que se
reconhecem neste momento histórico.
Meu tio foi associado do Continental em 1963. Muitas vezes quando menino assistia jogos sábado à tarde. Perto dali do campo o sr Joaquim Pedra tinha algumas vaquinhas. Mais a frente, em direção a Granja Onoda, havia o empório da D. Maria onde papai comprava na "caderneta" e pagava dia 10 do mês.
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