O Início do Conceito de Planejamento
Urbano em São Paulo: Cidade-Jardim
A City of São Paulo Improvements and Freehold Land
Company Ltd[1]
ou simplesmente Cia. City foi fundada em Londres em 1911. Em 1912 instalava seu
escritório em São Paulo introduzindo o conceito urbanístico das “garden-cities”
inglesas, aproveitando a topografia e grandes áreas verdes existentes criando padrões
de zoneamento diferenciados para a época, elaborando toda uma infra-estrutura
como água, luz, esgoto, vias pavimentadas e transporte, diferenciando do
conceito implantado até então em São Paulo que recebei as primeiras orientações
de um plano diretor, ajudando na elaboração de leis municipais de zoneamento
que só viriam a ser implantadas em 1972 dando direção a uma urbanização mais
direcionada em São Paulo.
A Cia. City foi a
empresa que ditou as normas urbanísticas modernas para a Cidade, com novos
conceitos que influenciaram engenheiros e urbanistas que trabalharam sobre suas
regras, como o caso de Jorge de Macedo Vieira que ao lado de Barry Parker, arquiteto
e urbanista inglês responsável pelos projetos do Jardim América e Pacaembu
colaborou e adquiriu vasta experiência profissional no conceito urbanístico da “cidade-jardim”
espalhando-se pelo Brasil.
Tudo isso teve início através
do urbanista e arquiteto francês Joseph Antoine Bouvard que viera rara São
Paulo contratado pelo Prefeito Antonio Prado para elaborar um plano urbanístico
para o Vale do Anhangabaú. Regressando a Europa procurou investidores
convencendo-os no enorme potencial que se oferecia a nova Cidade. Um a gleba
imensa estava aberta para novos empreendimentos e muitas dessas terras estavam
com o empreendedores imobiliários locais.
A Cia. City assumiu o
compromisso de drenar pântanos e charcos na margem do Rio Pinheiros onde depois
se tornaria os Bairros Jardim América, seu primeiro loteamento, seguido dos
bairros do Pacaembu[2], Alto
de Pinheiros, Alto da Lapa, e outros.
“Inúmeras são as razões
que aconselham a construção do lar próprio no Pacaembu”, anunciava a Cia. City em
18 de abril de 1938 o mais novo bairro paulistano. O bairro do Pacaembu já
estava na planta da cidade desde 1914 e em 1920 havia somente duas construções
no bairro: O Asilo dos Expostos e o Hospital Samaritano. Dentro do plano de
urbanização local estava a canalização do Córrego e a Avenida Pacaembu, ocorrido
em 1922. O loteamento do bairro do Pacaembu localiza-se no Vale do Ribeirão
Pacaembu sendo que a da Companhia City iniciou a partir de 1925 e urbanização 998.130
m² acrescidos de mais 400.000
m², adquiridos da Santa Casa de Misericórdia.
O ESTÁDIO DO PACAEMBU
Da área do Bairro
Pacaembu a Cia. City cedeu 76.000 m2 para o governo estadual que
repassou à prefeitura. Assim em 1936 começava as obres do Estádio Municipal do
Pacaembu[3]
conforme projeto do Escritório Técnico Ramos de Azevedo-Severo e Villares.
O Estádio do Pacaembu foi inaugurado em 27 de abril de 1940, com capacidade para acolher setenta mil
pessoas, teve a presença do então de
Getúlio Vargas, então presidente do Brasil, do
interventor Adhemar de Barros e do
prefeito de São Paulo Prestes Maia.
Dentre
os eventos mais importantes da história esportiva do Estádio do Pacaembu,
destacam-se como uma das sedes da Copa do Mundo de 1950.
Outro destaque realizado no Estádio do
Pacaembu foi a disputa de parte dos Jogos
Panamericanos de 1963 sendo a cidade de São Paulo sede dos mesmos.
O
Estádio Municipal do Pacaembu leva hoje o nome do empresário Paulo Machado de Carvalho
o "Marechal da Vitória", por
ter sido vitorioso nas campanhas das Copas do Munde de 1958 e 1962, como
chefe da delegação brasileira.
O
Pacaembu contava ainda com a Concha Acústica, usada para apresentações de ópera
e música clássica. Ela, porém, foi demolida em 1969 para a construção do
“Tobogã”, arquibancada lateral, atrás de um dos gols.
Em
2008, o estádio do Pacaembu ganhou o Museu do Futebol, que, por meio de
equipamentos interativos e tecnológicos, conta a história do esporte brasileiro.
O Pacaembu faz parte da
história de São Paulo e seu desenvolvimento vertiginoso segue novas tendências dentro
de um plano diretor e alterações de zoneamento no século 21.
Referências:
O Estado de São Paulo, 18 de abril de 1938
BONFATO, Antonio Carlos. Macedo Vieira: Ressonâncias
do Modelo Cidade-Jardim. São Paulo: Senac, 2008
Cadernos Cidade de São Paulo- Estádios, Instituto
Cultural Itaú. São Paulo: ICI, 1994
[1] “Conhecida como Cia. City, a City of São Paulo Improvements and
Freehold Land Company Limited foi organizada em 1911, com
escritórios em São Paulo, Londres e Paris, associando o arquiteto Joseph
Bouvard e o banqueiro Édouard Fontaine de Laveleye, ambos franceses, a um grupo de investidores e proprietários de
terras nos arredores de São Paulo, integrantes da elite paulista e com acesso
franco à cúpula político-administrativa do estado. Cincinato Braga, político
paulista, Horácio Belfort Sabino, advogado e proprietário de terras, e Victor
da Silva Freire, professor da Escola Politécnica e diretor de Obras Públicas da
Prefeitura de São Paulo, estiveram ligados ao início da atuação da Cia. City. Lord
Balfour, presidente da São Paulo Railway Co. e governador do Banco da Escócia, também fazia
parte da primeira diretoria da empresa. Com os capitais reunidos, a Cia. City
comprou aproximadamente 12 km² de terras nas vizinhanças das áreas que já vinham
sendo ocupadas pelas camadas altas da sociedade local. Constituída, a companhia
iniciou a urbanização de partes dessas terras e a venda dos lotes, entrando no
movimentado mercado imobiliário paulistano. Ainda hoje a Cia. City é atuante
nesse mercado e seu sucesso derivou, em grande medida, das estratégias
inovadoras e bem traçadas que marcaram seus primeiros anos. Estavam entre essas
estratégias, por um lado, técnicas de venda a prazo dos lotes, de financiamento
da construção das casas e de seleção dos compradores e, por outro lado, a busca
de soluções urbanísticas que tornassem diferentes e atraentes seus loteamentos”.
(Jardim América, o subúrbio jardim em versão brasileira, TITO
FLÁVIO RODRIGUES DE AGUIAR Arquiteto. Doutorando em História, UFMG)
[2]
BAIRRO
DO PACAEMBU
Localização: Pacaembu - Processo: 23972/85 - Tombamento: Res. 8 de 14/3/91 - Publicado no Diário Oficial do Estado: Poder
Executivo, Seção I, 16.03.1991, p. 37/38 - Retificação:
Poder Executivo, Seção I, 19.03.91 - Livro
do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico: Inscrição nº 23, p.
307, 25/04/1991
[3]
ESTÁDIO
PAULO MACHADO DE CARVALHO
Localização: Entre as Ruas
Desembargador Paulo Passalacqua, Capivari e Itápolis e Praça Charles Miller Pacaembu
Processo: 26288/88 - Tombamento: Res. SC-5 de 21/1/98 - Publicado no Diário Oficial do Estado: Poder
Executivo, Seção I, 02.04.1998, p. 60 - Livro
do Tombo Histórico: Inscrição nº 322, p. 81, 26/8/1998
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