terça-feira, 24 de junho de 2014

A Farda, o Terno e a Batina

A roupa não faz o monge, não sendo vestimenta de controle

“Todos amam o poder, mesmo que não saibam o que fazer com ele” (Benjamin Disraeli).

Buscar a evolução histórica da vestimenta, paramentos de algumas instituições e sua evolução não vem ao caso exato do momento presente. Cada qual que detém certa indumentária tem sua história evolutiva para preservar valores secretos e/ou manter uma hierarquia de estruturas para fortalecer os “inter pares” que mantém entre si vínculos de preservação de um sistema perpetuado para que haja continuidade de valores implantados em um determinado momento histórico. Parece que as raízes entre o militar, o político e o pastor, são as mesmas, vinculados por normas que demandam regras próprias que saem de um controle de ações que devem ser transmitidas como regra condição para todos, padrão a ser seguido por todo um “grupo” que tem como plano diretor um paradigma único e, acima de tudo, importância primordial do controle das massas.

A Farda

Quando a farda assume seu papel primordial de garantias sobre a propriedade ela garante ao mandante, aquele que detém o poder, sua supremacia sobre os demais e demanda ordens com todas as regras de mando a ser seguidas, para manter o controle e preservar a propriedade, até pode-se dizer, acima da própria vida, algo a ser direcionada como missão dada, missão cumprida, independente do que possa ocorrer para quem defende as fronteiras relativas do poder. O manejo do aquartelado está diretamente proporcional com as atividades e com o número de divisas que possuem todos os comandos, restando aos subalternos apenas cumprirem ordens do “servidor” supremo e que genericamente costuma-se titular como comandante. Este por sua vez recebe ordens dos governantes que são considerados “caput” máximo das ordens que devem ser seguidas, mesmo que demandem baixas em suas fileiras ao defender uma causa. Tem que se persuadir a massa que vive sobre as circunstâncias de regras constituídas a se levantar a favor daquilo que se defende como verdade absoluta e lutar por ela nos campos de batalha.

O Terno (político)

O terno, três peças distintas masculinas, por vezes e revestida pela envergadura da toga, para que seja feita “justiça” para alguém que deve ser julgado por algum ato dentro do território de mando, uma fronteira fictícia para, deste modo, tentar manter a ordem em nome da lei decretada pela justiça e que dela demanda todas as diretrizes do governante. Não deve o homem público aproveitar-se de seu cargo estabelecendo normas pessoais para se beneficiar das benesses parlamentares. Deve sim estar presente em todas as sessões que for convocado e dar o parecer que convir para as necessidades daqueles que o empossou no cargo, sem fazer barganhas ocultas se beneficiando do erário público. O sufrágio foi lhe dado como voto de confiança como um “contrato social” entre as partes, ou seja, o escolhido como representante para falar em nome daquele que o escolheu no sufrágio universal. O parlamentar deve respeitar princípios de bom caráter, ter acima de tudo ética e moralidade para não ser suprimida sua autoridade diante da bancada onde eleva e leva sua voz pelas causas sociais, sempre respeitando os que por ventura escutam-no em assembléia. Deve ser apto de responder por demandas que respondam ao crescimento geral dos compromissos assumidos em palanques.

A Batina

O pastor deve pastorear em nome da Divindade que representa e usar a “Regra de Ouro” de todas as religiões presentes na face da Terra: “Fazei ao próximo o que queirais que façam a ti”! O restante vem da esperança que possui o ser vivente em acreditar na existência da Superioridade Divina. Deve estar acima de tudo o modelo Divino de perdoar sem medida e ter complacência através das atitudes em buscar dar alívio ao necessitado. Não compete à vestimenta em cátedra julgar em nome da Divindade que representa, pois o incenso que é lançado na atmosfera é para representar todos sem exceção dos envios aos céus das grandes intercessões entre o homem e a Divindade, por isso é sempre necessário “religar” constantemente o Céu e a Terra em nome daqueles que fervorosamente buscam os favores por suplicar em nome de suas necessidades. O púlpito não deve ser local de ofensas em suas pregações, mas sim respeito daquilo que é sacro. É dever daquele a quem “muito foi dado” ter a compreensão necessária de aceitar as limitações humanas e não ser o juiz dos atos dos crentes. A caridade deve ser um ato expressivo de aceitação e não de julgamento terreno, pois as falhas existem em tudo que compete a ação do homem e isso não é exclusividade do ouvinte, mas também do pregador, e se a pregação não chega ao primeiro a culpa única é do que faz a pregação. Controlar a assembléia por ameaças não faz parte daquilo que representa a atividade do pastor, pois o medo não é o que faz o homem refletir, mas sim o que o faz agir combatendo o que o faz desviar de princípios de humanidade. Não se instrui um filho por agressões físicas ou verbais, mas pelo exemplo de ações perante aqueles que o cercam. O pastor deve dar exemplos de humildade e não possuir a soberba de seu cargo para controlar a massa que acredita na salvação suprema.

Enfim, nem o militar que milita em sua causa, nem o homem público que se reveste da vestimenta parlamentar nem aquele que pastoreia em nome dos céus e sua interseção com a Força Divina, tem o direito de usufruir das benesses do seu cargo, mas servir em nome da causa que abraçou como carreira. Não possuem direitos alienáveis diante das massas e sim obrigações que devem estar embasadas pelas causas das defesas humanas respeitando a diversidade e individualidade de cada ser. Não devem ser mandatários da força e sim evitá-la, através de um saber adquirido para respeitar os direitos supremos, tendo o dever de agir sempre comprometidos com a justiça nos termos dos juramentos pelos quais foram empossados. Não são donos de seus cargos e sim ocupam um patamar de prestígio e jamais de posse das multidões que acreditam nas entidades que devem, no mínimo, respeito ao compromisso de seus cargos.


A roupa não deve fazer o monge, mas o monge dar sentido a roupa que não é hierarquia de manejo e sim um comprometimento com a verdade absoluta, pois seus cargos são parte de uma relatividade momentânea.

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