Ideologias
do poder: Qual a melhor para o povo?
O Barão de Itararé, Apparício
Torelly incorporaria em São Paulo um personagem exuberante à sua coleção de
amigos, o senhor Celestino Paraventi, proprietário de várias casas elegantes que representavam o Café Paraventi, e dono da primeira torrefação de café de São
Paulo, herdada do pai.
Possuía espírito empreendedor e criativo, sendo pioneiro em marketing numa época em que a publicidade dava seus primeiros lampejos ele ampliava a C. Paraventi & Cia Ltda e a Café Paraventi S.A na Estrada de Santo Amaro, nº 601, além de ampliar o setor de torrefação situada na Alameda Barão de Limeira, nº 652. No seu rol de amigos estavam grandes artistas da época como Anita Malfati, Volpi, Di Cavalcanti.
Possuía espírito empreendedor e criativo, sendo pioneiro em marketing numa época em que a publicidade dava seus primeiros lampejos ele ampliava a C. Paraventi & Cia Ltda e a Café Paraventi S.A na Estrada de Santo Amaro, nº 601, além de ampliar o setor de torrefação situada na Alameda Barão de Limeira, nº 652. No seu rol de amigos estavam grandes artistas da época como Anita Malfati, Volpi, Di Cavalcanti.
Café Paraventi, no Palacete Piratininga, esquina da rua Líbero Badaró com Avenida São João (casa Paraventi ao lado do Café Colombo) em 1916.(Crédito: em pesquisa)
Celestino Paraventi gravou pela Odeon um disco com as valsas “Tardes de Lindoia” e “Longe dos Olhos”, tendo nível cultural estava sempre cercado por belas mulheres, e se interessava por disputas de cavalos de corrida e ainda por carros esportivos.
Celestino Paraventi frequentava o apartamento de Apporelly (Apparício Torelly, O Barão de Itararé) na Rua Major Quedinho, que ainda recebia integrantes da elite paulista, como Paulo Prado e sua esposa francesa Marjorie Prado, Caio de Alcântara Machado, fundador da primeira agência de publicidade de capital nacional, e Lila Byington, esposa do futuro governador do estado de São Paulo Paulo Egídio Martins.
O Almanaque publicava o
anúncio do Café Paraventi:
“Alegria de viver:
revigora o organismo e tonifica os nervos: o aroma do Brasil”.
Importou a primeira
máquina a vapor da Itália para ser incorporada no espaço da rua XV de Novembro,
onde se encontravam poetas, atrizes, pintores que pediam com freqüência a novidade:
“Expresso, por favor!”
O excêntrico milionário
Celestino Paraventi herdara do pai dezenas de imóveis espalhados pela cidade de
São Paulo e uma indústria de torrefação de café onde começara a produzir mais
uma modernidade européia: café enlatado a vácuo, que durava meses sem estragar.
Paraventi era o porto seguro a quem recorriam os intelectuais pobres, os atores
desempregados e os boêmios em geral quando em apuros financeiros, o que lhe
valeu o apelido de “Salvador”. (Morais, p. 37)
Paraventi tinha suas
convicções políticas e merecia toda atenção da polícia política. “Seu nome
figura em nossos arquivos desde 1935, quando foi preso por ocasião da Intentona
Comunista. Não foi processado por escassez de provas”, dizia um documento
policial a respeito do empresário. Em sua ficha constava: “Adepto do credo de
Moscou”. Teria Paraventi contribuído com “grandes somas de dinheiro” os
partidos do PCB (Partido Comunista Brasileiro) e ANL, (Aliança Nacional
Libertadora) embora, segundo a polícia ele não era visto com freqüência ao lado
dos comunistas, parecendo ter “se afastado daquele ambiente”.
Paraventi possuindo
suas convicções ideológicas deu guarita a Luis Carlos Prestes e sua esposa Olga
Gutmann Benário Prestes[1]
em sua residência em Santo Amaro como consta:
“Paraventi recolheu o
casal e sua bagagem no Largo do Arouche e minutos depois iam a bordo de um
luxuoso automóvel Lincoln do ano, para a casa de campo que possuía no então
distante bairro de Santo Amaro, às margens da Represa Guarapiranga” (Morais, p.
38)
“Durou pouco o veraneio
de Olga e Prestes na confortável casa de Paraventi às margens da Represa
Guarapiranga”. (Morais, p.44)
Quando perguntavam a
Paraventi se ele mantinha relação orgânica com o partido comunista, ele
respondia com uma gargalhada:
_Eu não tenho ligação
com o Partido. O Partido é que tem ligação comigo! (Morais, p. 37)
O
Clube de Campo de São Paulo e as terras de Celestino Paraventi
Corria o ano de 1937. São
Paulo tinha pouco mais de 1,5 milhões de habitantes; a passagem do bonde, o
cafezinho e o jornal custavam 200 réis.
Nesta época reunia-se
na Rua Uruguai, número 25, região do Jardim América, os amigos do proprietário
da residência Avary dos Santos Cruz, para informalidades habituais como bater um
papo de vários assuntos de cunho geral, político e econômico, jogar snooker e
bebericar, onde a descontração fluía e as senhoras presentes jogavam
cartas. Aventou-se certo dia a possibilidade da
criação de um clube de campo para um contato mais próximo com a natureza, uma
agremiação nos moldes que já eram promovidos por americanos e europeus. Deste
modo em 3 de julho de 1937 assumia corpo a ideia com a iniciativa do
empreendimento cabendo a Avary do Santos Cruz, Euzébio B. de Queiroz Mattozo, Fernando Gomes,
Luiz Assumpção Fleury e Luiz Romero Sanson, este último grande empreendedor que
foi responsável pela criação do Aeroporto de Congonhas, a Auto Estrada S.A.,
depois denominado de Washington Luís, que ligava São Paulo à Santo Amaro e a
cidade Satélite de Interlagos, projeto em conjunto com o urbanista francês
Alfred Agache.
Lista dos presentes à primeira reunião:(Vespúcci, Ana Cândida Johas; Fialdini, Rômulo, p. 16)
O projeto para construir-se um clube de campo era ambicioso para a época que previa-se uma área física de duzentos mil metros quadrados, junto a Represa Velha de Santo Amaro, depois denominada de Guarapiranga, e que era administrada pela Light and Power, com implantação de várias modalidades como equitação, natação, remo, tênis, golfe e iatismo.
O projeto para construir-se um clube de campo era ambicioso para a época que previa-se uma área física de duzentos mil metros quadrados, junto a Represa Velha de Santo Amaro, depois denominada de Guarapiranga, e que era administrada pela Light and Power, com implantação de várias modalidades como equitação, natação, remo, tênis, golfe e iatismo.
Seria formada uma sociedade de sócios proprietários em número de
quinhentos e os demais com direito a usufrutuários, com pagamento de joia de
dois contos de réis (2:000$000) e anuidade de
trezentos mil réis(300$000).
Cheque de Celestino Paraventi:(Vespúcci, Ana Cândida Johas; Fialdini, Rômulo, p. 21)
A reunião ocorreu no restaurante Biarritz com a presença de muitos adeptos que engrossavam a lista de presença. Luis Romero Sanson propôs uma grande área nos arredores da Represa, protegida do vento sul, além de um grande projeto de urbanização com plantas da região. Houve unanimidade na aprovação da ideia e onde estava presente o grande empresário do ramo do café, Celestino Paraventi, que possuía uma gleba de 1.500.000 de metros quadrados e já tinha pequena infra-estrutura e benfeitorias, como casa de campo, restaurante, piscina, cocheiras com vasta arborização. Havia pequenos lotes conjugados à propriedade de Paraventi além de gleba pertencente a própria Light que se tornava resistente em ceder a área. Em julho de 1937 o subgerente do Banco Commercial, Luiz Assumpção Fleury, encarregado de acompanhar as subscrições já tinha em mão 430 subscrições em setembro e atingir os número proposto de 500 subscrições faltavam poucos adeptos.
Cheque de Celestino Paraventi:(Vespúcci, Ana Cândida Johas; Fialdini, Rômulo, p. 21)
A reunião ocorreu no restaurante Biarritz com a presença de muitos adeptos que engrossavam a lista de presença. Luis Romero Sanson propôs uma grande área nos arredores da Represa, protegida do vento sul, além de um grande projeto de urbanização com plantas da região. Houve unanimidade na aprovação da ideia e onde estava presente o grande empresário do ramo do café, Celestino Paraventi, que possuía uma gleba de 1.500.000 de metros quadrados e já tinha pequena infra-estrutura e benfeitorias, como casa de campo, restaurante, piscina, cocheiras com vasta arborização. Havia pequenos lotes conjugados à propriedade de Paraventi além de gleba pertencente a própria Light que se tornava resistente em ceder a área. Em julho de 1937 o subgerente do Banco Commercial, Luiz Assumpção Fleury, encarregado de acompanhar as subscrições já tinha em mão 430 subscrições em setembro e atingir os número proposto de 500 subscrições faltavam poucos adeptos.
Em 26 de setembro de
1937 a comissão executiva apresentava seu relatório final na assembléia geral
realizada na Associação Auxiliadora das Classes Laboriosas, situada na Rua do
Carmo, número 25(atual ROBERTO SIMONSEN). Euzébio B. de Queiroz Mattoso abriu a sessão às 15 horas
descrevendo o empreendimento, justificando todas as decisões tomadas até aquele
instante e sugeria o nome da entidade de Clube
de Campo de São Paulo.
Em 20 de outubro de
1937 na Rua Boa Vista, número 73, 5º andar, a diretoria prestou contas das
aquisições de Celestino Paraventi, duas
glebas, uma com dez alqueires,
constituída pela chácara, e outra com onze
alqueires, nas margens da represa onde funcionava o restaurante Biarritz.
Somado a essas duas glebas adquiriu-se quatro
alqueires de José Schunck.
São Paulo deste modo ganhava
mais uma área de lazer somada a Santos e Cantareira: Santo Amaro!
Bibliografia:
Figueiredo, Claudio.
Entre Sem Bater: A Vida de Apparício Torelly, O Barão de Itararé. Rio de
Janeiro: Casa da Palavra, 2012
Morais, Fernando. Olga.
São Paulo: Editora Alfa Ômega, 1985
Vespúcci, Ana Cândida
Johas; Fialdini, Rômulo. Clube de Campo de São Paulo. São Paulo: Empresa das
Artes, 1991
MENDES, Giovana Oliveira.
OLGA, DE FERNANDO MORAIS: Memória Histórica de
uma Vida sob Regimes Autoritários. REVISTA MEMENTO V. 4, nº 1,
jan.-jun. 2013. Revista
do mestrado em Letras Linguagem, Discurso e Cultura – UNINCOR
[1] Olga Benario Prestes, grávida de sete meses, foi embarcada no navio La
Coruña, no dia 23 de setembro de 1936, rumo a Hamburgo, no norte da
Alemanha, ocorrido mesmo sendo contra todas as leis internacionais de
navegação, graças à ordem de embarque dada pelo presidente Getúlio Vargas.
(MORAIS, p. 218).
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