Profissionais do poder:
“Hausmanização das Cidades Brasileiras”
O que escreveria o saudoso
Daniel Piza[1]em O
Estado de São Paulo a respeito de tão sublime momento histórico, não há com
imaginar, mas dá para entender “por que não me ufano” de suas colunas!
Será que o povo acordou
contra as mazelas do Estado? Será que os mandatários do desgoverno estão com os
dias contados? Será que a “Primavera Brasileira” está chegando?
Pode ser, e que seja
bem vinda desde que não assumam o controle das ações populares os partidos políticos
e sindicalistas interessados mais em causas próprias do que as causas reais do
país!
Parece existir agora um
êxtase que sem dúvida terá repercussão e dificuldades de manter as ações apartidárias,
vão sem dúvida aos poucos os escroques se aproveitarão do momento histórico para
ditar as regras do jogo político assumindo para si as ações e que sempre
tiveram a favor do povo.
São sutis para reverter
aquilo que geraram de tensão em beneficio próprio em futuras eleições. Sempre
há a indagação por que separam as eleições municipais das federais e não planejam uma única eleição. Porque não
governam todos os eletivos em apenas dois mandatos, não fazendo da política profissão.
As sutilezas destes
profissionais do poder fazem com que “pensemos que eles pensam que o povo não
pensa” sobre as tramas governantes e que eles são os verdadeiros organizadores
do país e podem mandar e desmandar ao bel prazer dos interesses particulares
dos conchavos partidários.
Engraçado que no país
há vários times de futebol e levanta-se a bandeira desta ou daquela agremiação,
mas não temos no país a ideia política da esquerda ou direita, e aqueles que
por ventura pensam em um modelo social é induzido a seguir os interesses da
direita, a esquerda do Brasil é sempre “direita volver”.
Os quartéis estão
sempre de prontidão para receberem ordens superiores de comando deste ou
daquele governo momentâneo, e parecem existir uma uniformização mundial para a repressão da
massa, inclusive todos os uniformes são padrões globalizados e agem sempre com
o mesmo modelo de operação de “avançar sobre as massas” de maneira a intimidar
o protesto geral. A única coisa que amedronta os políticos é “a massa em
movimento”, isto desde as primeiras comunas reivindicatórias culminado com a
Comuna de Paris, que obrigou a “hausmanização” das grandes cidades, tão bem
exposta por Walter Benjamin, no trecho de “Passagens”:
“A hausmanização
que desfigura a cidade, coincide com o apogeu do capital sob (o governo) de Napoleão
III. Ela aumenta uma especulação desvairada, e a bolsa substitui as formas tradicionais
do jogo. Às fantasmagorias do espaço, que constituem a experiência do flanêur[2]·, correspondem as
fantasmagorias do jogador. Durante os trabalhos, os operários se refugiam nos subúrbios,
expulsos pelos aluguéis altos. O verdadeiro objetivo das obras de Haussmann, (Georges-Eugène
Haussmann, prefeito do Sena, que incluía de Paris) , que se intitulava “artista
demolidor” (artiste demolisseur) era
facilitar o transporte das tropas das casernas aos bairros populares, e
impedir, pela largura das avenidas, a construção de barricadas”.
(Freitag, p. 58)
(A Queda da Bastilha preconizada na história linear como 14 de julho de 1789, começou muito antes, no movimento das várias Comunas. A ideia de uma história em "espiral crescente" com um núcleo da partida das ações de reação deve ser levada em consideração até culminar com o ato definidor ao longo do tempo histórico.)
(A Queda da Bastilha preconizada na história linear como 14 de julho de 1789, começou muito antes, no movimento das várias Comunas. A ideia de uma história em "espiral crescente" com um núcleo da partida das ações de reação deve ser levada em consideração até culminar com o ato definidor ao longo do tempo histórico.)
As formas tradicionais do
jogo mudaram desde as observações de Walter Benjamim, mas não os interesses
financeiros das grandes instituições bancárias que “bancam” ao alto custo tudo
o que há de interesse da FIFA (Fédération
Internationale de Football Association) e CBF (Confederação Brasileira de Futebol),
a primeira uma empresa internacional que manipula todas as competições futebolísticas
mundiais e a segunda uma empresa privada mancomunado com o governo brasileiro,
que aporta via BNDES ou proventos públicos sacados de áreas mais urgentes para
financiar jogo de futebol que sangram
necessidades como educação digna, saúde, habitação, transporte, trabalho e renda justa sem
paternalismo de distribuição de esmolas via bolsa de ajuda de subsistência.
Assim uma competição em
andamento, a Copa das Confederações, é ditada pelas regras padrão FIFA, em estádios
modernos em locais onde nada há de infraestrutura para mitigar a pobreza
brasileira, e outros em capitais mais afamadas, mas que sangram cofres
públicos, pela falta de um planejamento adequado.
Para este evento
deslocou-se uma grande parte da mídia internacional para a
cobertura esportiva, que além disso mostra as belezas do Brasil, “gigante
pela própria natureza”, mas a mesma mídia deparou-se com a verdadeira história
do Brasil, de pobreza misturado com o lodo político que vivemos, somado com a
falta de segurança total!
Um governo justo, não
vive da miséria de seu povo. Não se pode viver de pão e circo, aceitando a
submissão ou o ópio moderno de controle da nação, o futebol. Não se precisa
mais de futebol do que do bem estar da população como um todo. Todos os estádios
construídos no Brasil receberam aporte financeiro acima das condições de gastos
do país, mas isso vai ter uma repercussão futura, afinal depois das festas cairão as duplicatas bancárias. Não se pode aceitar o cabresto do Estado e o povo eternamente
dizendo amém.
Elitizaram o futebol, a
ilusão do povo brasileiro, acabaram com a geral, querem agora teu sangue, “impávido
colosso”; não caias na armadilha política!!!
Bibliografia:
Freitag, Bárbara.
Teorias da Cidade. Campinas, SP: Papirus, 2006.
Veja texto:
Viva o futebol, abaixo a educação!
[1] Há
110 anos o conde monarquista Afonso Celso escreveu um livro, Por Que me
Ufano do Meu País, em que defendia a superioridade do Brasil por motivos
como a grandeza territorial, a beleza natural, o clima ameno, a índole feliz e
a mistura racial. (Quem acha que foi Gilberto Freyre o primeiro a fazer a
exaltação da mestiçagem, portanto, está muito enganado.) Quando criei a seção Por
que não me ufano já na primeira coluna Sinopse, em 1996, muitos
acharam que significaria “Por que não gosto do Brasil”, esquecendo que sou
contra o orgulho nacionalista em geral, não apenas em particular, e que, se
quisesse o mal da nação, não me daria ao trabalho de martelar suas mazelas. E
convenhamos que toda semana somos martelados por elas.
[2] Observador existencialista da
cidade com o seu movimento constante.
Sem comentários:
Enviar um comentário