MONARK, DA SUÉCIA PARA O BRASIL
Esta crônica constituí os
tramites de como foi construída a planta de produção da empresa Bicicletas Monark
e seus primeiros colaboradores da implantação da empresa em São Paulo. Não nos
atemos nos modelos dos produtos produzidos, pois para isso há excelentes matérias
sobre esse assunto.
A origem da Monark vem da pequena Aldeia de
Hunnestad, perto de Varberg, no sul do Condado de Halland, na Suécia. Lá, um
jovem de 25 anos, Birger Svensson, em 1908, começou através de uma pequena loja, onde a Monark
originou-se, montando e vendendo bicicletas. Conforme o tempo foi passando a
demanda foi crescendo e evoluiu para uma empresa de fabricação de peças para
fabricação de bicicletas.
Antes da Segunda Guerra Mundial, havia planos para a exportação para a Noruega, Finlândia e os países bálticos. Muitos destes planos foram alterados com a destruição de cidades inteiras e a dificuldade de reconstrução da Europa devido ao conflito bélico ocorrido pela Segunda Guerra Mundial.
Deste modo a matriz sueca
da Monark optou por implantar uma fábrica
no Brasil em 1948 e outra planta na Colômbia em 1951.
O Grupo Monark foi um dos
primeiros participantes europeus no desenvolvimento industrial do Brasil com uma
fábrica de montagem em instalações fabris alugadas no bairro Bela Vista, de
peças de bicicletas importadas da Suécia, modelo conhecido como CKD, Completely Knock-Down ou Complete Knock-Down[2], conjuntos
de partes criadas geralmente pela fábrica matriz ou pelo seu centro de produção
para exportação e posterior montagem nos países receptores destes kits,
geralmente fábricas menores ou com produção reduzida.
ANÚNCIO MONARK NO LARGO 13 DE MAIO, EM SANTO AMARO, SÃO PAULO
PLANTA INDUSTRIAL EM SÃO PAULO
MONARK: ANTES E HOJE!!!
O início da produção na
América do Sul também afetou as operações em Varberg, na Suécia, pois aumentou a
produção para abastecer as novas fábricas com equipamentos e peças inteiras ou semifabricadas.
A compra de tubos era feita pelo departamento da Suécia. As primeiras peças
foram fabricadas já acabadas e embaladas para não sofrer danos durante o longo
transporte marítimo. Algumas máquinas, equipamentos e produtos semiacabados
passaram a ser exportados para o Brasil, desembarcados no
porto de Santos e transportadas por rodovia para iniciar a montagem na fábrica
de São Paulo.
O “staff”[3]
da empresa era todo sueco para implantar o projeto inicial, com nomes que
fizeram parte dessa história como Erik Gustafsson, Folke Carlsson, Jonh Erik
“Jonne” Andersson transferidos para o departamento de exportação.
O investimento inicial para
construção da fábrica foi financiado principalmente com empréstimos suecos. A
produção anual em 1952 era de 35.000 bicicletas, aumentando para 60.000 no ano
seguinte.
Nas instalações da
fábrica em São Paulo, havia treze grandes galpões de produção conectados, adaptados
para todos os conjuntos de montagem, organizados de forma que a produção fosse
desenvolvida com planejamento eficiente. A soldagem do quadro era feita
em correias transportadoras, sendo os quadros lixados e preparados para pintura
pelo processo eletrostático, sendo as
peças pintadas por spray.
A Monark sueca desde 1927 possuía uma linha de motocicletas de 250 a ou
600 cilindradas, inclusive durante a Segunda Guerra, na década de 1940 e depois
optou para produzir motos, com motores de próximo de 100 cilindradas. No Brasil
optou por um modelo prático e de custo acessível, pois as motocicletas eram importadas e evidentemente caras. A primeira
motocicleta fabricada no Brasil foi montada em 1951, pela Monark, com motor inglês
BSA de 125 cilindradas. Depois a fábrica lançou modelos maiores e um ciclomotor, nomeada
por Monareta, equipado com motor NSU alemão. A Monark depois firmou compromisso com a empresa fabricante das motocicletas JAWA[4]
ganhando os direitos de distribuição, com modelo comercializado na década de
1950, com baixa cilindrada foram produzidas no Brasil, mercado à época ainda
incipiente nesse ramo.
GRANDE PRODUÇÃO INTERNA
Deste modo a cidade de São Paulo na década de 1950 assumia para si a condição de industrial, e a Monark absorvia uma diversificada mão de obra que se deslocava do interior com trabalhadores imigrantes vindos de toda parte do mundo, como japoneses, alemães, romenos, poloneses e italianos e brasileiros que assumiram a responsabilidade de cooperação para a produção de bicicletas no Brasil. A força de trabalho em 1953 era de cerca de 600 funcionários.
Em 1958 a empresa já empregava
1450 funcionários em uma área efetiva de 26.000 metros quadrados. Com capacidade
para produzir 14.000 bicicletas, 400 motocicletas e 500 ciclomotores por mês, gerenciada
em São Paulo pelo administrador sueco Stig Einar Anring. Assim como na manufatura sueca, a
maioria dos componentes das bicicletas à época já eram produzidas na fábrica de
São Paulo.
A fábrica no Brasil
funcionou até 1979, quando foi repassada para consolidar as operações na Suécia
através de ações entre a Monark AB (sueca)[5]
e a Dyon BV (holandesa), com representação no Brasil pelas
Bicicletas Monark S.A. e Monark Comércio de Máquinas e Administração Ltda,
sendo seus gerentes à época Stig Einar Anring e Inge
Ljunggrenn.
Em 2008 a sede da empresa
transferiu sua sede para a cidade de Indaiatuba, São Paulo, à rua Francisco Lanzi Tancler, 130 -
Distrito Industrial Domingos Giomi, SP, para onde foram
destinadas suas atividades industriais.
Referência:
Material disponibilizado
por Angel Maria Beñarán Ariztela, espanhol,
técnico de projetos à época da implantação da Monark, que nos disponibilizou
preciosas informações, além de contato por e-mail para que pudéssemos desenvolver
esta crônica.
Links disponibilizados
para ampliar o leque de informações a respeito da empresa Monark:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Monark
https://www.facebook.com/pg/MuseudaBicicletaCP/photos/
https://monaretas.wordpress.com/2017/05/06/monark-crescent-mixte/
https://engrenarjr.com.br/blog/historia-da-motocicleta
https://monaretas.wordpress.com/2017/05/09/a-monark-das-motos/
https://monaretas.wordpress.com/2017/05/20/ciclomotores-monark-crescent-suecos/
https://autoesporte.globo.com/motos/noticia/2017/08/mahindra-compra-fabricantes-de-motocicletas-jawa-e-bsa.ghtml
http://www.escoladebicicleta.com.br/historiabicicletaBrasilA.html
História do Monark (original sueco) https://www.cykelaffaren.se/page/monark
[1] Em documento pesquisado (fonte de
artigo sueco) não consta que a empresa iniciou suas atividades com a referência
Monark Indústria e Comércio Ltda, nem como Monark Comércio de Máquinas e Administração Ltda, detentora
da Monark Sul exportadora Ltda, como às vezes mencionadas em artigos de
terceiros, referências posteriores ao fato histórico, esta última como parte da
Dyon Veículos Ltda.
[2] CKD, Completely Knock-Down ou Complete Knock-Down, é um kit de um produto com peças completamente desmontadas, fornecidas por empresas estrangeiras, para outra empresa montadora de outro país, que fornecerá o produto ao mercado consumidor.
[3]
Staff é um termo inglês que significa
"pessoal", no sentido de equipe ou funcionários. O termo é utilizado
para designar as pessoas que pertencem ao grupo de trabalho de uma organização
particular.
[4] Jawa, empresa fundada em 1929 em
Praga, antiga Tchecoslováquia.
[5] Sede: 13 Hallands län S-432 82 Varberg, TARIC: nº 8963(Pauta Integrada das Comunidades Europeias) - Referência anterior: Monark Crescent / Nova referência: Cycleurope Sverige AB
(https://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:C:2003:092:0005:0005:PT:PDF
)
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