Os rios e seus limites desrespeitados
São Paulo possue rios, ribeirões, riachos, lagoas, que
fazem parte da formação hídrica num complexo de rede entre essas “veias” que
correm para rios importantes e maiores como o Tamanduateí, Pinheiros e o Tietê que
circundam a cidade de São Paulo.
Hoje toda essa malha hídrica esta canalizada, mas continuam
agora debaixo da impermeabilização de asfalto e cimento, são invisíveis e
tornaram-se malhas viárias onde por baixo escoam as águas pluviais. Antes esses
rios transbordavam para suas várzeas, e tinham em seu ciclo de cheias intensificadas
com maior ímpeto nos períodos chuvosos de transição de estações. Os três rios
citados receberam concreto em suas margens na cidade de São Paulo, foram “aprisionados”
e retificados, perderam suas várzeas e as matas ciliares e nestes locais o
homem invadiu sem cerimônia e “plantou” sua civilização moderna. Em todo esse cenário
foram avançando empreendimentos para essas áreas das antigas várzeas.
Só para se ter ideia o Rio Pinheiros que corria
caudaloso com seus longos e sinuosos movimentos de 45 quilômetros ao encontro
do Tietê, tornou-se uma reta de 27 quilômetros de esgoto a céu aberto
proveniente anteriormente de esgotos industriais e hoje provenientes de prédios
e residências ao longo de seu percurso!
Todos esses rios moribundos, mortos de vida aquática,
correm ainda como afluentes de outros rios maiores para onde escoa toda á água das
chuvas! As inundações sempre ocorreram, havendo relatos antigos, sendo as
maiores inundações em 1919, 1929, embora essa última, alguns a consideram de
origem “criminosa” para apoderarem-se de áreas de represamento.
Evidentemente que a cidade não tinha toda essa complexa
estrutura da atualidade, e as “águas de março” no ciclo das chuvas chegam com o
ímpeto da natureza e “recupera” as várzeas dos rios onde hoje há moradias,
lojas, indústrias que foram construídas nos aterros das várzeas dos rios e alagam
o que antes pertenciam aos rios e deles foram “roubados”.
Essas águas que invadem onde está o homem hoje e que
não lhe pertence, simplesmente são “propriedades” dos rios que estão se
apoderando apenas do que por direito é algo do ciclo natural das águas que fazem
parte da cidade onde os cursos dos rios recebem toda intervenção humana. Esse “apoderamento”
por parte do homem tem um preço e vemos que o custo é alto pela interferência
que acarreta o ônus a ser pago da ocupação sem critério analítico!!!
Mapa hidrográfico do município de São Paulo: Fonte: Atlas Ambiental do Município de São Paulo,
PMSP/SMVA/SEMPLA (2002)
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