A Banda do Além (além do Rio
Geribativa, atual Rio Pinheiros), região de Santo Amaro, São Paulo
A história
do Brasil, e no caso o fragmento do Bairro de Santo Amaro, São Paulo, parece
ainda incompleta e em alguns momentos, por vezes, indecifráveis e as poucas informações
nos levam a buscar conteúdo em nova investigação mais detalhada para sanar
dúvidas existentes. Essa crônica não quer dirimir o contexto do que é corrente, mas
tentar buscar parte desta história oculta no tempo!
Há o consenso no bairro Santo Amaro, (Titulada de Vila a partir de 1832) que o referido nome do local adviria do padroeiro dos agricultores e discípulo de São Bento, a partir de 1560, quando o casal João Paes e Suzana Rodrigues doou um santo de madeira à capelinha instalada no aldeamento de índios catequizados naquela área!
Qual Suzana Rodrigues doou o “Santo”
em 1560 para a Vila de Santo Amaro, São Paulo?
Há o consenso no bairro Santo Amaro, (Titulada de Vila a partir de 1832) que o referido nome do local adviria do padroeiro dos agricultores e discípulo de São Bento, a partir de 1560, quando o casal João Paes e Suzana Rodrigues doou um santo de madeira à capelinha instalada no aldeamento de índios catequizados naquela área!
Não se
contesta o fato, pois a data de 1560 está em conformidade com a referência histórica
e faz parte do “batismo” de outras regiões que se tornaram aldeamentos. A
questão é outra, ou seja, quem são os doadores Suzana Rodrigues (veja as datas de nascimento das duas Suzanas Rodrigues (mãe e filha) nesta crônica) e João Paes que “dizem” ter
ofertado a imagem do Santo em 1560!
Será que a imagem veio por outras mãos a partir dos interesses da colonização portuguesa, tanto de âmbito da Coroa quanto do religioso, á época controlada pelos jesuítas?
Será que a imagem veio por outras mãos a partir dos interesses da colonização portuguesa, tanto de âmbito da Coroa quanto do religioso, á época controlada pelos jesuítas?
*QUEM SÃO AS SUZANAS RODRIGUES
DE SANTO AMARO?
Há duas
Suzanas Rodrigues, em São Paulo, no século 16, uma nascida por volta de 1559 e
outra que era sua filha, nascida em 1597, sendo chamada de Suzana Rodrigues, a Moça, para
diferenciar do nome da mãe, foi casada
com o Capitão João Pais (ou Paes), casal que hipoteticamente deu a imagem ao hoje bairro de
Santo Amaro!
Segue abaixo cronologia
e genealogia de envolvidos na “colonização de Santo Amaro”, São Paulo:
Capitão-Mor Martim
Rodrigues Fernandes Tenorio de Aguillar nascido 1560,
falecido em1608, (1612) Paraupava, Sertão do rio Paraná.
Susana Rodrigues consta como data de nascimento
estimada de 1559, sendo viúva de Damião Simões, depois casada com Martim
Rodrigues Fernandes Tenorio de Aguillar em 1589
e em 1631 tem inventário.
Suzana Rodrigues, a Moça, nascida por 1597, ainda era solteira em
1619, falecida após 1650, em Santo Amaro, São Paulo. Era filha de Susana
Rodrigues e Martim
Rodrigues Fernandes Tenorio de Aguillar, esposa do Capitão João Paes
Capitão
João Pais (ou Paes), nasceu em São Paulo por volta 1580 casado em primeiras núpcias com Luiza
da Gama falecida em 1615, em 19 de abril de 1616,
foi inventariante da mãe, Maria Paes e posteriormente casou-se com Suzana Rodrigues, a Moça.
João de Borba Gato, genro do Capitão João Pais e Susana Rodrigues, (a Moça) tiveram uma filha Suzana Rodrigues, mas acrescida do sobrenome Borba, mas esta é outra história!
Abaixo colocamos a
estrutura familiar dos envolvidos e que fizeram parte, ou direta ou
indiretamente no caso:
Tudo se inicia com Capitão-Mor Martim
Rodrigues Fernandes Tenorio de Aguillar (às vezes sem o termo Rodrigues)
Natural de Castela, nascido pelos anos de 1560, residiu em São Paulo, no lugar então denominado Ibirapoera, sendo tronco desta família em São Paulo de nobre ascendência, povoador e célebre conquistador dos sertões no posto de Capitão-mor da tropa e da governança de São Paulo. Foi ativo bandeirante tomando parte na bandeira de Nicolau Barreto em 1602, ocasião em que escreveu seu testamento. Saiu chefiando bandeira própria em 1608 em direção à Paraupava e nunca mais retornou.
Natural de Castela, nascido pelos anos de 1560, residiu em São Paulo, no lugar então denominado Ibirapoera, sendo tronco desta família em São Paulo de nobre ascendência, povoador e célebre conquistador dos sertões no posto de Capitão-mor da tropa e da governança de São Paulo. Foi ativo bandeirante tomando parte na bandeira de Nicolau Barreto em 1602, ocasião em que escreveu seu testamento. Saiu chefiando bandeira própria em 1608 em direção à Paraupava e nunca mais retornou.
Em 1589 casou-se com Suzana Rodrigues, viúva de Damião Simões. Suzana
ainda vivia em 1624, mas já fora inventariada em 21 de Fevereiro de 1631, ano provável de seu falecimento.
Martim Tenorio de
Aguillar e Suzana
Rodrigues tiveram quatro filhas, a saber:
1. Maria Tenório, casada em 1601
com Clemente Álvares. Faleceu Maria Tenório em 1620 e seu marido foi
inventariado em 1641.
2. Ana da Veiga, casada com
Teodósio da Fonseca. Teve seu dote escriturado pelo pai pouco antes da saída da
bandeira de Nicolau Barreto em 1602. Já era falecida em 1612, deixando o filho
único Diogo, que foi levado pelo pai ao Rio de Janeiro.
3. Elvira Rodrigues nasceu por volta de 1590, casou-se
com Cornélio de Arzam (ou Arzão) depois da saída da bandeira de Martim
Rodrigues em 1608. Elvira ainda vivia em 1672, ocasião em que possuía casa
defronte ao convento de São Francisco, São Paulo.
4. Suzana Rodrigues, a Moça, nascida por 1597, ainda era solteira em
1619. Em 1631 seu marido João Paes aparece pela primeira vez no inventário do
sogro e também é neste ano que João Paes tardiamente fecha as contas no
inventário de sua primeira mulher, Maria da Gama.
Martim Fernandes Tenorio de
Aguillar foi
sogro dos mineiros e fundidores Clemente Álvares e Cornélio de Arzão,
interessados num engenho de ferro, construído em Ibirapuera (Morro da Barra, em
Santo Amaro)inaugurado a 16 de agosto de 1607 e que por isso tomou o nome de
Nossa Senhora de Agosto[1].
O inventário e testamento do Capitão-Mor Martim Rodrigues Fernandes
Tenorio de Aguillar foi feito pelo juiz Bernardo de Quadros e os
avaliadores foram João da Costa e Antonio Lopes Pinto.Local: Ebirapoeira, termo da Vila de São Paulo,
sendo declarante sua mulher, Suzana Rodrigues, deixando bens abaixo
relacionados, além de outros pertences:
- Escritura
dada por Jerônimo Leitão a Baltazar Rodrigues, que por certidão passada
por Belchior da Costa pertence a este inventário (capões entre os rios Jeribatiba e Bohi)
- Outra
escritura do mesmo Baltazar Rodrigues, que ele comprara de Belchior da
Costa e foram arrematadas por Martim Rodrigues, por dívida que Baltazar
tinha com o órfão Damião Simões
- Chãos na vila e que entregou por dívida
que tinha com o órfão Damião Simões
- Terras no Rio Bohi arriba, dada por
Roque Barreto
- Idem, no rio Bohi abaixo, dada por
Gaspar Conqueiro
- Casa
que foi de Pedro Grande arrematada por Martim Rodrigues
- Carta
de dada por Gaspar Conqueiro a Clemente Alvares, Martim Rodrigues e Damião
Simões e que estava em poder de Clemente Álvares.
Cornélio de Arzão,
genro do Capitão-Mor
Martim Fernandes Tenório de Aguillar
Cornélio
de Arzão, nasceu no
Condado de Flandres, Bélgica, pelos anos de 1565, faleceu em São Paulo em 30 de
outubro de1638, casou com
Elvira Rodrigues.
Era
cristão novo, ou seja, judeu convertido ao catolicismo, chegando em
São Paulo em 1609, quando Martim Rodrigues já havia partido em sua bandeira em
1608. Foi sua sogra,
Suzana Rodrigues, quem tratou de seu casamento com Elvira Rodrigues e não conheceu o sogro.
Cornélio de Arzão
aparece em 1616 como um dos primeiros donos de moinhos movidos a roda d’ água
nas beiradas do rio Anhangabaú, e 12 anos mais tarde estava em Santo Amaro, ás
margens do Rio Pinheiros, perto do Engenho de Ferro. Seu moinho “de moer trigo
moente e corrente” foi avaliado pela Inquisição em 1638 em 10 mil réis e no
pregão foi arrematado por 14 mil réis, o que sem dúvida, pelo valor atingido,
era uma boa peça, mecanismo valioso. O moinho de trigo referido com esse
produto foi substituído pelo milho que era\ menosprezado e rotulado como
“Farinha de cachorro”, mas que no século seguinte fazia parte da alimentação
inúmeros produtos provenientes do milho e que já se dizia que em nada se
diferenciava da farinha européia, salvo em ser esta cozida ao forno e levar sal.
Cornélio de Arzão apesar de seu trabalho honesto entrou em conflitos com
os jesuítas, em 1618, que não conseguiam fazer negócios vantajosos com ele. Assim
foi submetido a julgamento pela Inquisição, perdendo todos os seus bens,
confiscados que foram pelo Santo Ofício, mesmo não se comprovando crime que
tenha perpetrado. Esteve preso por cinco anos em Setúbal, Portugal. Em 1627 foi
libertado e retornou ao Brasil, conseguindo uma carta de sesmaria para um
terreno nas cercanias de São Paulo, em área onde é hoje o município de Cubatão,
por volta de 1628, local onde passavam diversos ribeirões e córregos e era
praxe o pagamento de pedágio ao proprietário quando alguém precisava transpor
as águas em viagem. Os jesuítas para aumentar suas rendas nos pedágios e na
exploração das terras em Cubatão, conseguiram nova expropriação de sua sesmaria
e de inúmeras outras propriedades vizinhas, resultando perda de todos os seus
bens em 1628. Morreu em São Paulo em 30 de outubro de1638, deixando testamento
no qual distribui o que sobrou de seus pertences para seus familiares.
O Capitão João
Pais era filho de Maria Pais e foi
inventariante da mãe com testamento em 1616
e foi inventariada em São Paulo, tendo sido casada com André
Fernandes estando viúva também de seu 2º marido, Juan de Sant’Ana,
castelhano, falecido abintestado[3] no sertão em 1612, sem
geração desse matrimônio. Fez no testamento
disposições pias e determinou sepultura no Convento de Nossa Senhora do Carmo,
com o acompanhamento do vigário e dos irmãos da Santa Casa de Misericórdia. No
inventário declarou-se um sítio em “Virapoeira”, roças, casa de taipa de pilão
na vila, etc...
Tiveram
quatro filhos:
1
- André Fernandes
2
- Jerônyma Fernandes
3
- Cap. João Pais
4 -
Izabel Fernandes
O capitão João
Pais nasceu em São Paulo por volta 1580 e casou-se na Vila de São Paulo pela
primeira vez por 1607 com Luiza da Gama, nascida antes de 1584, em Portugal. Luiza
da Gama teria vindo com o pai Francisco da Gama, com a mãe e o irmão Francisco
da Gama, o moço, falecido em 1600.
João Pais falecida
a esposa em 1615, com testamento e codicilo[4],
fez disposições pias e determinou sepultura na igreja de Nossa Senhora do
Carmo, como irmã da Ordem do Carmo.
Casou-se pela
segunda vez, com Susana Rodrigues, a Moça, nascida em 1597, filha do Capitão
Martim Rodrigues Tenório de Aguilar, natural da Espanha, pessoa da governança
de São Paulo.
Suzanna Rodrigues entre 1616
e 1619 estava já casada com João Pais e tiveram os descendentes:
Anna da Veiga Pais
Antonio Paes
Sebastiana Rodrigues Pais
Martim Rodrigues Tenório
de Aguilar
João Paes Rodrigues
O Capitão João Pais
exerceu na Câmara de São Paulo os cargos de almotacel[5]
em 1624, vereador em 1625, 1635, 1644, 1648, 1651 e juiz ordinário em 1657.
A DESCENDÊNCIA DOS “BORGA GAT(T)O” EM SANTO AMARO
BELCHIOR DE BORBA
GATO, GENRO DE CORNÉLIO ARZÃO.
Os Borba Gato são originários da Ilha Terceira, nos
Açores,
sendo Belchior de Borba Gato (e não Balthazar como referido
em outras publicações) e seus sobrinhos Manoel e João, casaram-se com as netas
do bandeirante Martim Rodrigues Tenório, e se estabeleceram na região de Santo
Amaro, ao sul da Vila de São Paulo.
Belchior já estava na Vila de São Paulo em primeiro de
abril de 1628. No inventário dos bens de Cornélio de Arzão feito pela
Inquisição, assina-se como forasteiro, isto é, recém chegado. No inventário que
se fez por morte de Cornélio Arzão em 30 de outubro de 1638, Belchior de Borba
Gato estava casado com Ana Rodrigues de Arzão, filha de Cornélio Arzão e Elvira
Rodrigues.
Belchior
aos 23 de outubro de 1639 recebeu termo de juramento para ser arrumador de terras.
" Neste
estado se achavão as Minas de ouro de São Paulo ate o tempo da glorioza e feliz
acclamação o Sr. Rey D. João o 4º. a quem os camaristas de S. Paulo mandarão
render a sua reverente, e humilde odediencia, pelo dous enviados desta honrosa
conducta Luiz da Costa Cabral, e Belchior da Borba Gato, que conseguirão
aventura de beijar a Real Mão do seo Principe Soberano, e natural Senhor, a
quem os Camaristas declarão, que os certoens da Capitania de S. Paulo erao
ricos de haveres encobertos eficavao dispostos os Vassallos Paulistas a
penetrarem-os para os descobrimentos de ouro, e prata, porque esperavam, que S.
Magestade tivesse nesta America outro Potocci[6],
como a Coroa de Castella; (....)"
Belchior de Borba Gato e Anna tiveram os filhos abaixo, com descendência parcial indicada por Silva Leme,:
Belchior de Borba Gato , o moço
Lucas de Borba Gato
Balthazar de Borba Gato
Maria / Beatriz de Borba
João de Borba Gato, genro do Capitão João Pais e Susana Rodrigues
Nascido por entre os anos de 1615 a 1620, na Ilha Terceira, Portugal. Casou-se
com Sebastiana Rodrigues Paes, filha do Capitão João Pais e Susana Rodrigues, a
Moça, irmã de Elvira Rodrigues, esta sogra de Belchior de Borba Gato.
Sebastiana nasceu depois de 1625 e faleceu em dezembro de 1669 em São
Paulo
No Arquivo do Estado de São Paulo existe o inventário da Sebastiana
Rodrigues Paes datado de 03 de agosto de 1670 com seu testamento feito em 15 de
agosto de 1669, com declaração do tabelião em 22 de agosto de 1669 e dado o cumpra-se
em 9 de dezembro de 1669.
O auto de inventário foi feito em 08 de março de 1670 na casa do viúvo
João de Borba Gato, na Vila de São Paulo, capitania de São Vicente, assinado
por Manoel Pacheco Borba porque o viúvo João de Borba estava completamente cego
desde pelo menos 1662.
Em seu testamento, datado de 15 de agosto de 1669, Sebastiana declara
ser natural da Vila de São Paulo, filha do defunto João Paes e de Suzana Roiz (ou
Rodrigues) já defunta, sendo casada com João de Borba Gato e nomeia seus seis
filhos. Pediu para ser sepultada na Matriz envolta no hábito de São Francisco,
“na cova de meu pae e mãe”. Entre seus bens declara fazenda, casas, etc e
"um sitio com duas casas de taipa de pilão que compramos do defunto
Belchior de Borba”.
João de Borba possuía casas na Vila de São Paulo, “defronte à porta do
Convento de São Francisco” que oferece em fiança no inventário de Bento Pires
Ribeiro com o aval de João Paes, em 1671.
Sebastiana Rodrigues Paes,
(filha de João Paes com Suzana Rodrigues filha de Martim Rodrigues Fernandes
Tenorio de Aguillar) esposa de João
de Borba Gato tiveram seis filhos, nomeados no testamento e arrolados em 1670 no
inventário materno:
Capitão Manoel de Borba Gato, com 21 anos
Maria de Borba, casada
Suzana Rodrigues Borba, com 16 anos.
Paula ou Paulina de Borba, com 14 anos, nascida por 1656,
comparece como madrinha em alguns batizados em Santo Amaro, SP.
Ana de Linhares, com 12 anos em
1670. Casou-se com Antonio Álvares Machado e tiveram filhos batizados em Santo
Amaro, onde Antonio faleceu por 1700 e Ana manteve casa aberta com servos e
administrados até 1706.
Isabel, com 3 anos em 1670, sem mais notícias
Tenente General do Mato Manuel de Borba Gato
Manuel de Borba Gato, personagem fundamental na descoberta,
conquista e povoamento das minas, é sempre citado nos tratados das bandeiras
paulistas, nos estudos sobre a Guerra dos Emboabas administração das Minas do
Rio das Velhas, nem sempre com dados muito precisos. Com a segurança que nos dá
o inventário de sua mãe, podemos afirmar que o bandeirante nasceu em São Paulo
em 1649, já que tinha 21 anos na abertura do inventário em 1670. Nada indica
que já fosse casado, era provavelmente ainda solteiro.
Casou pouco depois com Maria Leite[7], filha
de Fernão Dias Paes, o Caçador de Esmeraldas, e Maria Garcia Rodrigues Betting.(ou
Betim) Em 1674, já casado, partiu com o sogro, cunhado e mais bandeirantes na
grande bandeira organizada por Fernão Dias Paes, que durou 7 anos
embrenhando-se nos sertões das Minas Gerais. Basta lembrar que, em decorrência
do assassinato do fidalgo emissário da Coroa portuguesa Dom Rodrigo Castel
Branco[8], que viera a mando da Metrópole, obrigou Borba Gato a se esconder pelos sertões, vivendo com os
índios em exílio forçado.
Passado o incidente e conseguindo anistia, Manoel de Borba Gato voltou em
definitivo para as minas do Rio das Velhas, Minas Gerais, para onde levou a
família. Um escrito de meados do século XVIII, abaixo referido , assim relata o
acordo feito entre Manoel de Borba Gato e Artur de Sá pelo qual obteve perdão
pelo assassinato de Dom Rodrigo Castel Branco em troca da descoberta de minas
de ouro:
“Lançou-se como
humilde rato o Gato aos pés de seu benfeitor, agradecendo a promessa de perdão,
suposto sempre receoso, por ser condicional; mas animado da certeza com que
cumpriria a condição, manifestando o ouro que tinha descoberto no Rio das
Velhas .... que sempre teve oculto, por alta providência do céu, para lhe
servir de livramento naquele tempo”.
Esta crônica está sujeita
a interferências de quem assim o desejar para melhor compreensão deste momento
histórico! Foram feitas sinalizações para que o estudo fosse dirigido de maneira
a evitar ambiguidade no entendimento de passagem com toda a rede genealógica!
Referências e fontes:
M.E. de Azevedo Marques, Província de São Paulo, Editora Itatiaia e
Editora USP,1980
Francisco de Assis Carvalho Franco, Dicionário de Bandeirantes e
Sertanistas do Brasil, Martins Editora e EDUSP.
Cúria Metropolitana de São Paulo
Inventários e Testamentos- publicação do Arquivo Publico do Estado de
S.Paulo
Registro Geral da Câmara de São Paulo
Revista do Instituto Heráldico - Genealógico
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo
Luiz Gonzaga da Silva Leme, Genealogia Paulistana.
Afonso de E. Taunay, Relatos Sertanistas, EDUSP, 1981
POVOADORES DE SÃO PAULO
– (Primeiras gerações)
Revista da ASBRAP n° 6
Vide mais em:
A
FÁBRICA DE FERRO NO MORRO DA BARRA DE SANTO AMARO – SÉCULO XVII – UMA INDAGAÇÃO
[1] (“O engenho de Ferro começou a fundir
quinta-feira a 16 de agosto de 1607 ao qual possuíram por nome Nossa Senhora de
Agosto que é a Assunção Bendita e seu dia 15 do dito mês”
Diogo de Quadros era provedor das
minas, tinha poucas posses e ia devagar com o projeto, mas acabá-lo era
importante, pois ali havia muito metal de ferro. O equipamento era composto de
dois malhos de 175 quilos, duas argolas de mesmo peso, duas chapas cada de 30
quilos e duas de 60 quilos. Tudo perfazendo a soma de investimento de 36 mil
réis. Não havia mão de obra especializada, e era tudo lento, demorando quase
dois anos para sua implantação. A produção tornou-se dispendiosa, o ferro era
produzido a custo de 4 mil réis o quintal, quando valia só a metade.
Queixava-se Diogo de Quadros da baixa produtividade dos “índios maramomís” na
produção de carvão e o serviço não se desenvolvia como “Sua Majestade”
pretendia, perdendo seus reais quintos, imposto da produção efetiva.)
[2]
(Vem esse
bandeirante registrado por Silva Leme como Martim Fernandes Tenório de Aguilar
(Inventários e Testamentos – II, 5 e segs. – Atas, cit., II, 217. – A. Taunay –
História das Bandeiras – I, 185-190. – Roque Leme da Câmara – Nobiliarquia
Brasiliense – Rev. Inst. Hist. São Paulo – XXII, 210)
[3] Abintestado: diz-se daquele que morre sem deixar testamento.
[4] Codicilo é ato jurídico de última vontade, em que a pessoa
antes de morrer, escreve de próprio punho como gostaria que fosse seu enterro
ou destina determinado valor para o patrocínio do mesmo.
[5] Almotacel: Inspetor dos pesos e medidas e da
fixação dos preços dos gêneros alimentícios.
[6] Cerro de Potosi, na atual
Bolívia, de onde a Espanha retirou grande quantidade de prata enviada à Europa.
[7] Da união, nasceram três filhas que casariam com portugueses
provenientes do Reino, aliás, três Franciscos: Francisco Tavares, Francisco
de Arruda, Francisco
Duarte de Meireles
[8] O Rei o nomeou pelo alvará de 14 de julho de 1673 fazendo mercê do foro de fidalgo da
Casa Real por serviços que ia prestar nas minas do Brasil. Foi ainda nomeado
administrador-geral das minas.
Sem comentários:
Enviar um comentário