Qual o futuro do Brasil?
Hoje fiz uma experiência na feira
livre a qual frequento, pois acho as feiras um lugar de “encanto de encontros”
de moradores, parentes, amigos, enfim uma gama muito grande de nuances que
transbordam em conversas de bastidores e algumas fofocas. É também um belo
campo de experiências do vender e comprar, das pechinchas e relações de compra
e venda e como falavam os antigos do “haver e dever”. Descobri tristemente que
aquele feirante antigo da barganha está sumindo, pois vejamos:
Na barraca de milho verde 6
espigas estavam sendo vendidas por $5,00 reais, logo por dedução “aritmética” 3 espigas deveriam sair por $2,00 reais e 50
centavos, ledo engano, o feirante respondeu que “desse jeito ele levaria
prejuízo”! Nossa onde estava o prejuízo do feirante? Ah, descobri, o prejuízo dele estava em eu não
levar as 3 espigas!
Depois foi a vez do cálculo do
vendedor de bananas, que as barracas antigamente eram tipicamente de japoneses,
mas acho que estão abandonando o ramo. O vendedor gritava a todos os pulmões (no
caso dois!!!) que a dúzia de bananas saia por $4,00 reais, logo por dedução
cada 3 bananas saiam por 1,00 real, sugeri colocar 15 bananas e eu pagaria
$5,00 reais para facilitar o troco, não houve acordo e levei apenas as 12
bananas por $4,00 reais, pois ele não aceitou o cálculo que fiz.
Na barraca de queijo o de meia
cura, cortado pela metade saia $12 reais e 50 centavos, dei uma nota de $ 50,00
reais, a dona da barraca perguntou-me quanto que ela teria que me devolver de
troco! Eu quem fiz o troco (justo) para "mim mesmo"! (essa colocação é do agente da ação)
Agora tem uma coisa espetacular: gritam sem cessar, aliás, de pouco entendimento mercantil, anunciando o preço baixo de algo que não pretendemos comprar nem de graça, pois já estão prestes a deteriorar.
Agora tem uma coisa espetacular: gritam sem cessar, aliás, de pouco entendimento mercantil, anunciando o preço baixo de algo que não pretendemos comprar nem de graça, pois já estão prestes a deteriorar.
No mercadinho ao lado da feira
livre, pedi “um quarto” de mortadela fatiada, a moça com ar de espanto
perguntou o que era “aquilo”, respondi ser ¼ de um “quilo”, logo duzentos e cinquenta
gramas, ela retrucou com ar de vencedora do debate: “duzentas” e cinquenta (sem
trema agora) gramas? Não retruquei afinal não iria discutir português também!
Falar em português, àquele
comerciante que fazia de cabeça os cálculos e confirmava rapidamente com a
caneta ao “pé da orelha”, sumiu de vez ou voltou para Portugal para ver sua “cachopa”
(essa é da terrinha mesmo)!
Esta língua é deveras muito difícil, mas é a nossa língua oficial. Aprendi também que em textos de redação
não se usam números, mas não perdi esse vício ainda.
Quem irá calcular o prejuízo do
futuro do Brasil?
*Esta crônica mesmo real não tira o brilho dos feirantes
que possuem a garra de trabalhar logo pela madrugada afora montando as barracas
de sol a sol todos os dias, exceto na segunda feira o “seu domingo”. Não esmorecem
em dias chuvosos ou mesmo de intenso frio, jamais desistem da jornada. Neste
espaço da feira livre encontram-se pessoas que são marcantes pelo humor
criativo e tem nas veias a perspicácia do saber comercial.
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