A VIOLA E A CASA DO VIOLEIRO[1]
A viola é o símbolo da música sertaneja[2],
conhecida como moda de viola ou música de raiz. É um instrumento de cordas e há
várias denominações desse instrumento como, por exemplo: viola de pinho, viola
de caipira, viola sertaneja, viola de arame, viola de cabocla, viola nordestina,
viola de Queluz, viola de serena, viola brasileira entre tantas outras denominações.
A origem está nas violas portuguesas provenientes de instrumentos árabes, como
o alaúde, trazidas provavelmente por colonos e jesuítas que faziam uso catequético
delas. Faz parte do folclore que preserva a cultura caipira oriunda de uma época
colonial e que possui fortes laços religiosos e com alguma superstição enraizada
no contexto. Sua relação está com os habitantes do interior onde se preservou
certas características de costumes como São Paulo, Minas Gerais, como um termo
próprio de capiau, no Nordeste conhecido como matuto e mais ao sul como colono.
A história destas pessoas foram passadas para entoadas próprias que muito
contavam de si e seu jeito de ser.
A PARÓQUIA SÃO LUIZ GONZAGA E A CASA DOS
VIOLEIROS DE SANTO AMARO
Em agosto de 1973 Santo Amaro com
auspiciosa colaboração da Paróquia São Luiz Gonzaga, através de seu pároco
Edmundo da Mata participava da formação da “Casa do Violeiro de Santo Amaro”,
onde houve apresentação de gala nas dependências da igreja que ocorreu em 14 de
outubro de 1973 em “missa ao som de violas e violões”. Na ocasião houve a
colaboração de seu organizador o “caboclo” Silva Araújo, o professor Armando
Vidal e o senhor Armando Cury, que á época era diretor da revista Acampamento.
SANTO AMARO E A MANIFESTAÇÃO DA MÚSICA
CAIPIRA
Com o passar do tempo os Violeiros
de Santo Amaro, como a população os chamava, foi se apresentando em “rodas de
viola” em manifestação de cultura popular ligada a história de Santo Amaro,
prontos a se manifestarem com boa música caipira, que em seus quadros possuíam compositores
e improvisadores. A manifestação era
imediata, espontânea e a platéia ficava entretida a observar os acordes de
grandes violeiros que se apresentavam em praça pública da Floriano Peixoto, o
Jardim de Santo Amaro e muitas vezes no Mercado Velho Municipal. Havia no grupo do já citado incentivador Silva Araujo que tinha vindo de São Manoel e fixado residência
em Santo Amaro e chegou a criar o Festival da Viola de Santo Amaro onde se
reunia uma turma grande de violeiros de várias partes do Brasil. A competição e
grande mais salutar com um show digno da grandeza santamarense e geralmente
apresentavam-se na Praça da Viola. Sem muito apoio conseguiram manter por muito
tempo apenas pela dedicação e amor a música de raiz. Silva Araújo levava toda
essa manifestação artística folclórica a se apresentar em Tietê na “Semana de Cornélio
Pires[3]”
no mês de agosto. Houve ainda o 1º Festival de Música Sertaneja da Rádio
Record, em São Paulo, em 1978, que apresentou esse universo da música
caipira.
Há uma série de manifestações que eram
apresentadas como a catira, cururu, folia de reis, fandango de tamanco, bugre
da caiapó, moçambique, congada, quadrilha, enfim uma série de manifestações folclóricas
de grande representatividade.
Assim era a música caipira alegrava Santo
Amaro!
Espera-se a crítica da crônica e material fotográfico que se possa disponibilizar para ilustrar este momento representativo sobre os Violeiros de Santo Amaro.
REFERÊNCIAS
Memória da Cultura Popular. Acervo
Instituto Memória do Brasil. Nº 17, 9/9/2013
OS TERRATENENTES DO
BRASIL (18): Termos Pejorativos Usados para Designar os Povos da América
[1] A criação da primeira
Casa do Violeiro do Brasil aconteceu oficialmente em
10 de fevereiro de1971, embora se apresentassem antes da formação da entidade
civil. Foi da Casa do Violeiro que saiu a primeira Orquestra de Violeiros do
Brasil, com sede em Osasco, São Paulo, iniciando na Igreja de Santo Antônio com
apoio do monsenhor Camilo Ferrarini. O fundador da Casa do Violeiro do Brasil
foi o tenente Marino Cafundó de Moraes (1921-2010), regente e compositor de
música sertaneja. É dele e de Marçal e Duartinho a autoria da Missa sertaneja
(Edições Paulinas), gravada em disco compacto em 1979. O tenente Mariano Cafundó de Moraes morreu em
28 de fevereiro de 2010, aos 88 anos e a orquestra perpetua-se com abnegados que
mantêm as tradições da música caipira.
[3] “O que são
caipiras? São os filhos de nossas brenhas, de nossos campos, de nossas
montanhas e de ubérrimos vales de nossos piscosos rios”, perguntava e ao mesmo
tempo respondia Cornélio Pires, o mais importante e dedicado estudioso espontâneo
dos usos e costumes do povo do campo.
O grande incentivador da vida
rural paulista até hoje foi Cornélio Pires (1884-1958), nascido em Tietê, que
viveu toda a vida desempenhando profissões de jornalista, humorista, brincante
etc.. Ele deixou 23 livros publicados, o primeiro de 1910 (Musa caipira;
Livraria Guimarães) e dois filmes, “Brasil pitoresco” de 1923; e “Vamos
passear” de 1934, dirigidos por ele, dando espaço a música caipira quando
ninguém acreditava ser rentável patrociná-la. Cornélio foi também o primeiro
produtor de discos independentes do Brasil. Cornélio em selo independente produziu
até o início de 1931 uma série de 49 discos, com 98 gravações, patrocinando os
custos de produção do que se convencionaria chamar de moda de viola. No campo
da música caipira, quase tão importante quanto Cornélio foi o seu sobrinho
Ariowaldo Pires (1907-1976), autodenominado de Capitão Prudêncio Pombo Furtado
ou Capitão Furtado, como gostava de assinar suas obras; um personagem fictício
da Revolução Constitucionalista de 1932. Descobriu talentos como Tonico e Tinoco,
Alvarenga e Ranchinho e Hebe Camargo, entre outros, era um homenzarrão brincalhão
e afável e também o mais profícuo compositor de São Paulo, possuindo muitas composições,
versões e adaptações do gênero.
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