PATRIMÔNIO SACRO NA PERIFERIA DE SÃO PAULO
No início do ano de 2004 a
Paróquia São Luiz Gonzaga estava em fase de término na sua construção civil,
mas na arquitetura necessitava complementos de acabamento.
Suas amplas paredes necessitariam
de uma representação artística que desse o sentido religioso e fosse condizente
com toda parte litúrgica e mostrasse uma obra sem excessos, necessitando que
fosse elaborado um projeto de estrutura artística às mesmas.
Era necessário contratar um
artista que completasse uma ideia que transmitisse algo que fornecesse
consistência a parte interna, uma construção reta, sem excessos. Apareciam sete
vãos nas laterais onde seriam as aberturas das janelas restando no fundo
próximo ao presbitério um espaço suficiente para ser completado como mural
religioso, de ambos os lados.
ESPAÇO SAGRADO
Toda a simbologia completada pelo
serviço do culto (liturgia) tem a representação de um mistério que se celebra,
e deste aproximar pelo “religare” do homem com Deus, quando se apresenta as
oferendas do pão na patena e o vinho no cálice que é a participação do banquete
na mesa que é o altar, morte e vida, o derradeiro momento da paixão de Jesus
Cristo e sua Ressurreição.
A eucaristia está ligada em participar do banquete e se aproximar da ceia oferecida por Deus, onde se manifesta o Sagrado, a transubstanciação do pão em corpo e vinho em sangue elevado aos céus pelo sacerdote. O envio por vezes incensado como para alcançar o Divino nas necessidades humanas.
Este espaço sagrado deveria ter representação iconográfica sagrada, onde a mente do artista já define toda a estética deste cenário, de um momento sublimado pela paleta e pincéis que darão forma aos momentos em todo seu trabalho.
A ARTE E O ARTISTA
Padre Edmundo da Mata conheceu o
Frei Lázaro Aparecido Diogo, pintor e músico no Colégio Jesus, Maria, José, no
bairro de Santo Amaro e sabendo de seus dotes artísticos em pintura sacra o
convidou para idealizar um arrojado empreendimento: pintar os painéis da
Paróquia São Luiz Gonzaga e sua sacristia. Não se resumem a vida em algumas
linhas por vezes algumas laudas, pois a individualidade de cada ser é maior
pelos feitos apresentados.
O padre artista nasceu na cidade
de Andradas, no sul de Minas Gerais em 11 de março de 1954.
No ano de 2004 começava um árduo
trabalho de preparação para a obra, com andaimes sendo montados, o preparo das
paredes para receber a pintura a óleo em painéis de aproximados 6 metros de
altura, onde possui como auxiliar o piauiense Bento Alves. Nos espaços vazios
das laterais e da parede frontal do presbitério foi construída uma segunda
parede saliente as estruturas originais feitas de alvenaria que receberiam os
painéis de três passagens bíblicas do novo testamento.
A formação estudantil de Frei
Lázaro começou na cidade de Andradas, em Minas Gerais, e mais tarde ingressou
no seminário dos capuchinos de Ouro Fino. Com aprofundamento acadêmico resolveu
seguir estudando Filosofia e Teologia no Seminário de Petrópolis, na região
serrana do Rio de Janeiro, onde seu professor no Instituto Teológico
Franciscano fora Dom Fernando Antonio Figueiredo, que era bispo de Teófilo
Otoni. Somou a este dom a formação em Artes pela Universidade Federal de Minas
Gerais, em Belo Horizonte, bacharelando-se em Artes na Faculdade de Belas Artes
de São Paulo, em 1993, com bolsa de estudo financiada por entidade da Alemanha.
Devido ao trabalho constante não
possui uma igreja para ministrar os ofícios religiosos, mas sempre que possível
exercia seu sacerdócio pleno oficializando o culto religioso onde era convidado.
Quando se formou a Diocese de Santo Amaro em 1989 escolhendo Dom Fernando
Antonio Figueiredo como primeiro bispo de Santo Amaro, Frei Lázaro veio junto e
se fixou em Santo Amaro, São Paulo.
Formar os traços dar a dimensão
física das imagens, fazer o esboço com croqui, deslizando o carvão pela
superfície plana, formando as proporções ideais da imagem requer sempre uma
paciência e experiência que forma e forja o artista que desde pequeno enveredava
pelo campo do desenho, esboçando imagens sacras familiares em seu tempo de
criança em sua terra natal.
Antes desse desafio apresentado
pela Paróquia São Luiz Gonzaga, já havia tido outras experiências como a
Catedral de Caratinga, Igreja da Padroeira Nossa Senhora Aparecida de
Uberlândia, ambas em Minas Gerais, vindo a apresentar sua obra em São Paulo, na
Igreja de Santo Antônio de Lausane Paulista, entre outras obras, somando a isso
muitas honrarias recebidas em nome da arte sacra que criou.
A pintura a óleo é sua técnica
mais utilizada nas igrejas, e onde possui larga experiência profissional, com
preparação do “primer” de absorção de superfície, exigindo “planicidade” perfeita
para depois receber a pintura definitiva.
As pinturas dos painéis fixos da
Paróquia São Luiz Gonzaga foram aos poucos tomando forma, por vezes do trabalho
pouco se via das alegorias impedidas por algum entrave dos andaimes, mas pelas
frestas aparecia delineada a grandeza da obra.
Do lado esquerdo de quem entra
no templo está representada a passagem da Anunciação à Virgem Maria. Do lado
direito tem-se a representação de outro anjo que também anunciaria a Ressurreição
de Jesus.
Na parte frontal há a representação do Jesus elevado no Trono Divino
com apóstolos estupefatos, seis personagens bíblicos de cada lado a olhar ao
alto o momento da sublimação de Pentecoste. Há ainda várias passagens de
imagens menores que representam as passagens terrenas de Jesus e vários anjos
em posição de oração.
Na capela tem-se o momento da
Transfiguração com Jesus assumindo seu poder Divino.
Na sala de acesso a sacristia,
onde estão todos os paramentos, alfaias, livros litúrgicos e outras simbologias
cristãs, aparece outro painel de beleza plástica de igual importância as demais
escritas, que representa Maria com o filho Jesus ao colo, ladeados por dois
anjos postados de cada lado.
Depois desta obra completada, a
paróquia recebeu a tonalidade da arte sacra, dando ares de soberania como lugar
sagrado. Mais tarde o Frei Lázaro recebeu a incumbência de produzir as estações
da via Sacra, que está representado em 14 quadros colocados ao longo das
paredes laterais, e que assumem toda a plenitude artística deste momento
doloroso da paixão de Cristo, mas que foi representado com a singeleza pelo
artista, Frei Lázaro.
A paróquia São Luiz Gonzaga deste
modo tem um acervo representativo do Patrimônio Sacro paulistano e que é
engrandecido pela fé religiosa do povo jardinense que tem a primazia em possuir
esta riqueza de alto valor artístico.
A OBRA EM SUA PLENITUDE
Aguarda-se a crítica da crônica para complemento e/ou
alterações necessárias do texto.
Depoimento de Frei Lázaro Aparecido Diogo.
Gostaria muito de poder ver fotos da antiga Paróquia S.Luiz Gonzaga no começo dos anos 80 ,sua escadaria que dava a Av. Maria Coelho de Aguiar,as ruas ao arredor da igreja,
ResponderEliminarA Igreja tinha várias salas e um pátio muito bonito que os jovens daquela época ficavam lá conversando depois das missas.
E ainda tinha o Colégio S.Luiz Gonzaga,onde aos domingos era realizada uma escolinha para catecismo,eu fui uma das professoras,era muito legal.
Gostaria de pedir também fotos das antigas escolas. Prof.Marechal Eurico Gaspar Dutra, o colégio que era feito de tábuas eu estudei nele,só existia da 1ª a 4º série se chamava primário, e a escola Prof. Luiz Gonzaga Pinto e Silva muito legal em meio dos anos 70 e 80 que foi minha época.
É possível conseguir estas fotos? faça uma pesquisa entre os moradores que tenham estas fotos seria maravilhoso revê-las,antigamente não se tirava muita foto porque o custo era muito caro,era um luxo ter uma máquina ou pagar as revelações.
Me lembro de um local no final da Rua Arlindo Fraga de Oliveira onde o proprietário era um japonês ele tinha uma loja que revelava fotos e vendia filmes,tente com a família dele.
Talvez seria uma boa opção de resgatar momentos da estória do Jd, São Luiz.
Adorei o blog,esta de parabéns.
Fico ansiosa para visualizar as fotos.
Existe um museu com fotos do Jardim São LUiz?
Excelente trabalho.
Atenciosamente,
Rosemeire.