segunda-feira, 20 de maio de 2013

A OBRA “CRUZ DE ANCHIETA” na PRAÇA SANTA CRUZ em SANTO AMARO/SP

VICENTE LAROCCA E JOSÉ WASTH RODRIGUES


Muitos artistas que norteiam obras por São Paulo foram integrantes da Escola de Belas Artes de São Paulo, iniciadas suas atividades em 1925, fundada por iniciativa de Pedro Augusto Gomes Cardim[1] juntamente com outros colaboradores. Foram sujeitos e objetos para análises historiográficas para o desenvolvimento do patrimônio do “monumento-documento” objetivo primordial para um reavivar o espaço urbano e sua valorização de uso comunitário.

VICENTE LAROCCA, AUTOR DA ESCULTURA[2] CRUZ DE ANCHIETA.


Vicente Larocca foi o artista responsável pela obra Cruz de Anchieta juntamente com José Wasth Rodrigues, que criou a parte artística dos azulejos, conjunto idealizado em 1938 e localizado na Praça Santa Cruz, com seu frontispício voltado para a Avenida Adolfo Pinheiro, em Santo Amaro.

Vicente Larocca era professor catedrático e depois diretor da Escola de Belas Artes de São Paulo, lecionando modelagem, escultura, anatomia e fisiologia. Foi organizador de diversos Salões Paulistas de Belas Artes de São Paulo, influenciando novos escultores. Larocca seguia a base da escola clássica, buscando reproduzir os traços das linhas e curvas do corpo humano, nas proporções do Homem Vitruviano. Consagrou-se no Brasil e no exterior do século XX. Nasceu em São Paulo, em 2 de janeiro de 1892.
Estudou no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, com os renomados profissionais Fernando Caldas e Antonino Matos. Larocca foi professor da Escola de Belas Artes de São Paulo, lecionando escultura e talho direto[3], o qual era especialista. É autor da “Introdução a Modelagem” e “Anatomia Artística do Corpo Humano”. 

Participou em Exposições de Belas Artes na década de 1920, no Estado do Rio de Janeiro. Participou do Salão Paulista de Belas-Artes, conquistando as medalhas de ouro de 1943 e 1958, além do prêmio instituído pela prefeitura de São Paulo em 1946 e 1956, o segundo prêmio do concurso Euclides da Cunha em 1946, o premio Governo do Estado de São Paulo em 1954, 1957, 1958 e 1960. 

Em 1958, participou do II Salão Pan-americano de Arte, comemorativo do Cinquentenário do Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. No seu currículo, além dos prêmios recebidos, consta que exerceu por diversas vezes funções como Membro da Comissão de Seleção e Premiação no Salão Paulista de Belas Artes e, em 1934, foi membro da Comissão Organizadora do 1º Salão Paulista de Belas Artes, onde apresentou as seguintes obras: Mulher, Serenidade, Pedro Alexandrino, Inocência e Cabeça de Criança.

Autor de esculturas e monumentos como: Monumento aos Mortos da Revolução de 1924 que se encontra no pátio do Quartel da Luz, em São Paulo; Monumento Cruz de Anchieta na Praça Santa Cruz, em Santo Amaro, São Paulo, Monumento em Homenagem a Baden Powel, na Praça da República, em São Paulo, Monumento Comemorativo do Tricentenário de Ubatuba. Busto de Pedro Alexandrino, e Serenidade, na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Seguem outras obras no Rio de Janeiro; Caracas, Venezuela.

Vicente Larocca faleceu em São Paulo, em 27 de julho de 1963.

JOSÉ WASTH RODRIGUES, AUTOR DOS AZULEJOS DA CRUZ DE ANCHIETA.

José Wasth Rodrigues (1891-1957) foi pintor, desenhista, ilustrador, ceramista, professor e historiador, (publicou o “Documentário Arquitetônico”, em oito volumes) reintroduzindo a tradição de pintura em azulejos nas obras de arte públicas de São Paulo. Executou painéis decorativos para os monumentos que ornamentam a Calçada do Lorena e, nos anos de 1920, realizou os monumentos revestidos de azulejos no Caminho do Mar ou Estrada Velha São Paulo-Santos.

Wasth Rodrigues atuou em parceria com Vicente Larocca na elaboração dos azulejos da obra da Cruz de Anchieta de 1938, localizado na Praça Santa Cruz em Santo Amaro, e com Roque de Mingo em 1927 no projeto do Monumento Vitórias Esportivas na Europa, próximo ao Clube Paulistano, no Jardim Europa, em São Paulo.  

Na “Cruz de Anchieta” os azulejos representam os ensinamentos do Padre José de Anchieta com os nativos e o engenho de ferro de Santo Amaro, o primeiro das Américas, de 1607. 

Existiam brasões que representam as armas da família de Anchieta as armas de Santo Amaro. (furtado) 

Contribuiu na reforma do Largo da Memória, no primeiro monumento da cidade de São Paulo, construído em 1814, monumento mais antigo da cidade de autoria de Vicente Gomes Pereira e Daniel Pedro Müller, implantando novo chafariz, escadarias e azulejos decorativos com o brasão da cidade, escolhido por concurso público, vencido em parceria com Guilherme de Almeida no ano de 1917. 

Em 1919, integrando as comemorações do Centenário da Independência, o arquiteto Victor Dubugras e o artista plástico José Wasth Rodrigues, elaboraram um projeto para o Largo da Memória, que incluía a construção de um chafariz e de escadarias. Nos azulejos decorativos da obra vemos o brasão da cidade, escolhido por concurso público em 1917 e vencido pela parceria Guilherme de Almeida e Wasth Rodrigues.
 
Obras  de José Wasth Rodrigues em bico de pena retratando Santo Amaro/SP (Revista Interlagos)





Vide mais em:

O pedestal “Marco Zero” de Santo Amaro e a Ilha dos Amores da Rua 25 de Março, em São Paulo.



Bibliografia:

PONTUAL, Roberto. Dicionário das artes plásticas no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.

SÃO PAULO (Cidade). Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal de Cultura. Departamento do Patrimônio Histórico. Divisão de Preservação. – Catálogo das obras de arte em logradouros públicos de São Paulo: Regional Sé. São Paulo: Departamento do Patrimônio Histórico, 1987.

MODERNELL, Renato. Belas Artes 75 anos. São Paulo: Faculdade de Belas Artes
de São Paulo, 2001.

ANDRADE, Mário de. Evocação de Gomes Cardim. São Paulo: Faculdade de Belas
Artes de São Paulo, 1995.

http://www.muba.com.br/pdf/cidade-academia.pdf
Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 28 ago. 1923, p.5.
Departamento do Patrimônio Histórico – www.prefeitura.sp.gov.br


[1] Gomes Cardim fundou a “Academia de Belas Artes” que passou a denominação de “Escola de Belas Artes de São Paulo”, em 1932, ficando responsável pelo acervo da Pinacoteca do Estado, sendo Gomes Cardim seu diretor até 1939.

[2] Escultura – é um meio de expressão que cria formas plásticas em volumes ou relevos, tanto pela modelagem de substâncias maleáveis e/ou moldáveis, como pelo desbaste de sólidos ou pela reunião de materiais e/ou objetos diversos. Fonte:
Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. “Peculiarmente situado na junção entre repouso e movimento, entre o tempo capturado e a passagem do tempo. É dessa tensão, que define a condição mesmo da escultura, que provém seu enorme poder expressivo”.
Fonte: KRAUSS, Rosalind.  Caminhos da escultura moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 6.

Granito – uma rocha ígnea de grão grosseiro, composta essencialmente por quartzo e feldspatos alcalinos, tendo como minerais acessórios freqüentes biotite, moscovite ou anfíbolas. A cor negra variavelmente impregnada na matriz das rochas silicatadas é conferida pelos minerais máficos (silicatos ferro-magnesianos), sobretudo anfíbolas (hornblenda) e micas (biotite), chamados vulgarmente de “carvão”.
Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Granito.

[3]Talho direto: “O processo de esculpir pelo talhe direto consiste em retirar lentamente o material da pedra. As técnicas usadas podem ser o estilhaço, quando a pedra for de tamanho superior à forma desejada pelo artista; desbaste retirando camadas com a utilização do ponteiro, uma ferramenta que permite retiradas de matérias que vão desenvolvendo o processo de esculpir; e o uso do cinzel ou gradim, (Instrumento de escultor para acabar de alisar a pedra).ferramentas usadas para definir as formas e texturas da obra e que permitem modelagens mais minuciosas de tamanho superior à forma desejada”. Fonte: SANTAMERA, Camí. A escultura em pedra. Lisboa: Estampa, 2001.

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