sábado, 19 de janeiro de 2013

O PAÇO, O ANFITRIÃO, O MAITRE E OS COMENSAIS.

FESTA À MODA DA CASA
A sociedade nos brinda constantemente com temas expostos nas relações do homem e o meio em que vive. Não se trata de alguma regra nova, isso acontece todos os dias, há muito tempo. É uma das que mais aparenta questões educacionais e o modelo que isso representa nas relações sociais.

Criemos, a partir desta idéia, o que muitos até poderiam pensar em conceito de relacionamento: 

Quem chega a algum local, onde já haja pessoas,  adentrando ao recinto é quem deve cumprimentar, e, quando não conhecer todos, deve ser apresentado pelo anfitrião. Isto cabe como etiqueta da Casa em que o anfitrião representa e assim ele em nome desta deve apresentar os convivas que estão ali para participar de um evento festivo programado pelo “dono” do Paço.

A sociedade fez com que o modelo aceito é estar em trajes propícios para cada momento, mesmo que a roupa não faça o monge, este deve estar adequadamente distinto para que as portas do Paço se abram para adentrar na antessala.

O Paço por sua vez deve estar adornado com as expectativas do conviva, e isto é a alma da apresentação que advenha do Real Castelo, e ao anfitrião convém assentar os convidados na disposição que permita o recinto. Por outro lado o conviva deve aguardar esta indicação, é salutar.

A presença do anfitrião é primordial para que todos se sintam bem no Salão Principal. Respeitando o padrão do Paço o conviva adequadamente assentado passa a fazer parte do todo que estarão em “pé de igualdade” nesta disposição, sem distinção de classes. Neste momento todos são comensais igualitários na festa. Não estarão assim “medidos pela medida” da vestimenta distinguida por hierarquias.  Deste modo o jardineiro do Paço, incluído na lista deve estar no patamar de igualdade do soberano, afinal foram ambos, parte de uma lista de convivas. Ao anfitrião cabe estar atento, pois é ele o ponto chave para que tudo ocorra a contento.

Mesas coloridas postas e expostas cada qual assentado, o serviço estará a cargo dos serviçais da Casa que para isto foram contratados, adentrando deste modo ao campo do “maitre”, que deve ter em mente, auxiliado pelo anfitrião do Paço, que todos devam ser servidos igualitariamente!

Um parêntese ao anfitrião, ao maitre e comensal: 

O anfitrião é aquele que recebe os convidados em eventos organizacionais, O dono da casa com relação aos convidados que banqueteia.

O maitre é o responsável geral  em banquetes podem ou não servir as mesas,auxiliando o restante do pessoal. 

O comensal e aquele que come com outros à mesa (latim tardio commensalis, do latim cum, com + mensa, -ae, mesa)

Deve estar claro ao organizador que ele faça a festa para promover algum fato importante para o meio social, e para isso, ele deve ter espírito imparcial de ação, não dando mais importância a comitiva que segue o poder local. Isto é uma questão de bom censo, pois há agora no espaço do Paço, pessoas “inter pares”, não havendo um primeiro que o outro (Primus inter pares)!

A cozinha, em todas as casas é um lugar sagrado e a mesa faz parte da socialização familiar, logo a mesa da festa organizada também se enquadra nesta socialização. 
CARPE DIEM: "COMAMOS E BEBAMOS, PORQUE AMANHÃ MORREREMOS"-1 Coríntios 15:32. Verso atribuido ao poeta  Menandro, que viveu no século  4º antes da era cristã

Não deve o maitre cometer o deslize, de servir mais a um do que ao outro por distinção de poder, pois no caso estará comprometendo o andamento do evento, e, ainda subleva a autoridade do anfitrião de bem servir os comensais. Ocorrendo o fato, deve o anfitrião admoestar o “serviço servido” para que o mesmo não perca o controle do andamento salutar da festividade e sua estrutura, que não deve ter como foco os interesses de cargos de realeza.

 O administrador deve ter em mente que na festa ele é semelhante a qualquer comensal, e está fora do conceito do “beija a mão” do rei, pois todos, como dito, naquele instante são “inter pares”, se não ali não estariam e não fariam parte da partilha da mesa! O escudeiro vale, neste instante, tanto quanto o cavaleiro, pois é a “cousa comum” independente do ofício de cada um.

Aos comensais, depois de tudo colocado conforme manda o figurino, à moda da casa, deve  ter em mente que não esta ali para se fartar até empanturrar, repeitando cada par ao seu lado. O pecado da gula faz mal a quem a pratica, sendo ele o mais prejudicado de sua ação animalesca.

Uma questão apropriada ao momento: O  mais obeso, no conviver da festa, merece tratamento especial em relação ao menos obeso, rompendo a igualdade dos convivas?

Volta-se a figura do anfitrião dispor a boa acolhida fazendo com que cada comensal seja servido com a medida da igualdade, sem exageros a um e menos atenção ao outro!

Com licença, por favor, muito obrigado completa as relações sociais, independente do local.

Este breve relato de relações não é da maneira alguma, nem possuo nisso poder, uma crítica de diferenças das classes sociais, cada qual com seu galardão e suas joias familiares passadas por gerações.

Quando a pregação não chega ao ouvinte é culpa exclusiva do pregador! Quem tem ouvidos que ouça!

Referência:

CÍCERO. Tradução e notas de João Mendes Neto. Dos Deveres. São Paulo: Coleção Saraiva, nº 206

SCHOPENHAUER, Artur. Tradução organização e notas de Pedro Sussekind. Porto Alegre (RS):L&PM Editores,2005

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